Arkangel, o segundo episódio da série de televisão Black Mirror, coloca em pauta os riscos do super-protecionismo praticado por parte dos pais em relação aos seus filhos. O episódio retrata a história de uma mãe, que após perder sua filha em um parque, recorre à uma tecnologia experimental que tem as funções de monitorar a localização da criança, observar a visão dela, verificar sinais vitais, dentre outros, tudo isso a partir da tela de um celular.
	Durante toda a trama, são mostrados pontos positivos e negativos da decisão de implantar o dispositivo apelidado de "Arcanjo" no cotidiano da criança. A série traz em alguns momentos uma representação realistíca e prazerosa dos fatos, denotando a função hedonística da literatura e juntamente desta, uma visão epistemológica, por ser realista e trazer conhecimento ao espectador. Além disso, é acrescentada uma visão crítica e satírica da sociedade moderna e suas tecnologias, e, assim, trazendo uma função social e psicologica, conscientizando e proporcionando um momento de auto-reflexão a quem assiste.
	A história direciona seus holofotes para a protagonista Sara, que recebe logo quando pequena o implante do dispositivo. Marie, sua mãe, também é apresentada como uma protagonista, apesar de se tornar uma antagonista em grande parte da história, pois ela se opõe aos interesses de Sara. Dentro de um ponto de vista periférico, a mãe e a filha podem ser classificadas como heroínas modernas, já que procuram a todo momento por uma forma de solucionar os seus problemas corriqueiros. São introduzidos também o avô de Sara, um personagem secundario, e Trick, que se encaixa na mesma classificação do avô.
	No desenrolar do episódio, são mostradas as duras consequências do uso do dispositivo por parte da mãe de Sara. A criança se depara com problemas sociais por ter tido zero ou pouca experiência com muitos pontos da vida, propiciando à menina um isolamento social. Diante desses fatos, Marie resolve parar de utilizar o aparelho, no sentido de fornecer a Sara mais privacidade e autonomia, cultivando assim, seus meios sociais. Eventos futuros e suspeitos fizeram a mãe recorrer novamente ao dispositivo, e dessa vez, ela acaba vendo uma cena de sexo entre Trick e sua filha. O super-protecionismo de sua mãe faz a adolescente ter problemas psicológicos, o que nos leva ao clímax da história, o momento que Sara agride seriamente Marie, ironicamente utilizando o dispositivo Arcanjo como arma.