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Cailie

eu queria te matar dentro de mim.

Oct 21st, 2017
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Never
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  1. 7 coisas que gostaria de dizer, mas provavelmente não terei tempo hábil:
  2.  
  3. 1. Eu tenho tanta inveja do mar que beija sua pele sem pedir licença.
  4.  
  5. 2. Camille Claudel, escultora brilhante, viveu um relacionamento merda com Rodin, também escultor. Ela esculpia, ele assumia os créditos. Viveram assim até que Camille fosse enclausurada em um hospício, plenamente sã, por ousar não aceitar a submissão que lhe tapava a garganta. Em uma de suas cartas para o mundo dos livres, Camille escreveu: Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta. Camille me dói como me doem todas as mulheres interrompidas, todas as mentes brilhantes tidas como loucas, como me dói aquela palavra maldita, quase – não te dói também, meu bem?
  6.  
  7. 3. Pessoas como você não se apaixonam por pessoas como eu. Você gosta do mistério. Eu sou nervo exposto, ferida aberta, explosão, erupção. Eu não sei me manter pra mim se você me pede, e me derramo inteira aos seus pés. Aberta, exposta. Eu queria saber me guardar, mas não é assim que eu sou, menino. Não é assim que eu sou.
  8.  
  9. 4. Tinha uma cortina meio transparente na sala, meio barrando a luz, meio iluminando seu rosto. Eu meio que quis parar para olhar como o sol fazia anoitecer alguns espaços, escondia metade dos lábios, como já fiz em tempos passados – mas o hoje não é o ontem, e segui pra cozinha como se eu pudesse apagar a sua imagem queimada a fogo nas minhas retinas, ignorando a tontura, as pernas vacilantes, o quase gritando seu potencial perdido no fundo da minha mente, tá tudo ótimo, bom dia, hoje dá praia, será?
  10.  
  11. 5. Escrito na capa de um caderno de cinco ou seis anos atrás – ““Il y a toujours quelque chose d’absent qui me tourmente”. Até hoje? Sim.
  12.  
  13. 6. Então me sabe aqui parada gripada debaixo de uma chuva fora de época, morta de frio e de cansaço, pra dizer que hoje eu acordei louca, que eu não quero conversar, que eu não quero nada mais que me lembre você, que eu vou arrumar uma maneira de te matar dentro de mim, nem que pra isso eu tenha que me matar um pouquinho a cada dia também porque morte pior é esse sentimento horroroso preso aqui no meu peito e eu não quero sentir mais nada nada nada-
  14.  
  15. 7. Sempre achei minhas mãos meios frágeis – os dedos longos e finos demais, percebe, dá a impressão que dá pra quebrar fácil, fácil. Por incrível que pareça, eu nunca quebrei um osso do corpo, muito menos da mão, e olha que eu já fiz muito por onde. É como se eu me sentisse muito mais frágil do que eu realmente sou. Como na sua frente: você vê fortaleza, eu sinto castelo de areia seca num dia de vento. Desmorono só de olhar.
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