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- Fernanda Miyabe Lantmann, 30 anos, diagramadora
- Criança tímida, começou a ler porque não tinha muitos amigos. Devorou os gibis, revistas e depois livros infanto-juvenis, clássicos, romances históricos da biblioteca da escola. “Eu leio de tudo, mas não leio aqueles livros que pegam carona. Teve o Crepúsculo, 50 tons de cinza, que eu gostei, mas as obras que surgem depois eu não leio. Não vai. Estão aí só para vender.” “A leitura faz parte de mim. É a coisa que eu mais gosto de fazer na vida. Aprendemos muito com os livros. Uma autora que eu gosto, Diana Gabaldon, escreveu na série Outlander sobre a Escócia e os levantes jacobitas, no século XVIII; teve toda uma pesquisa histórica envolvida, fazendo a gente aprender bastante.”
- Ricardo Augusto de Lima, 28 anos, assistente editorial, mestre em Literatura pela UEL
- Por influência das irmãs, que liam bastante, ele começou a pegar gosto pela leitura. Na escola, leu a série Vagalume. Leu também Clarice e Machado no período escolar, porém, não gostou. “Não tinha o amadurecimento necessário para ler os clássicos na escola. Achava maçante. Depois, já na faculdade, li-os novamente e achei mais digestíveis.” “Eu gosto de alguns best-sellers. Existem uns que têm preocupação literária, com a linguagem que agrega valor a eles.” Aqui ele cita A menina que roubava livros, O caçador de pipas e Cidade do sol como esses livros que possuem um apreço com a linguagem incomum aos best-sellers. “Simplesmente não dou valor à obra de Paulo Coelho, à saga Crepúsculo, Código da Vinci. Eles servem apenas para introduzir as pessoas ao gosto pela leitura. Esses livros não podem servir de base para a formação de um leitor crítico.” “Não há trama, os personagens não são bem construídos... O pior que pode acontecer é surgirem sagas que peguem carona nos best-sellers. Beira à auto-ajuda.”
- Literatura de massa!
- “Creio que no Brasil há mais livros bons do que livros ruins, porém, o problema da literatura nacional de hoje é a falta de nacionalidade. Os temas trabalhados não fazem parte da cultura nacional: bruxas, vampiros, enfim, não fazem parte do cenário brasileiro.” “Também tem a questão da panelinha de escritores, que ficam concentrados em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Vez ou outra aparece um escritor do Norte. O Milton Hatoum, para mim, um dos melhores escritores de romance brasileiros, é do Amazonas.” “O que acontece no Brasil, também, é uma fluência de escritores na internet. Se o escritor não estiver antenado nas redes sociais, ele está perdendo. Até mesmo os já falecidos, como Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector.. Parece-me que eles têm de estar marcando presença senão caem no esquecimento, o que é uma pena porque Machado de Assis não vai ser citado com tanta facilidade.” “Antes era sinônimo de qualidade um livro que valorizasse a cultura nacional, hoje talvez seja o contrário.”
- Sonia Pascolati, pós-doutora em Letras, 41 anos
- “Não falaria, jamais, em "pobreza" literária, seja em termos qualitativos ou quantitativos. Temos uma vasta produção, dentre a qual há muita coisa boa. Nem a imprensa nem a academia conseguem oferecer uma visão completa sobre o cenário contemporâneo, pois ele é por demais múltiplo, variado.” “Sei que eles seguem fórmulas, mas toda literatura o faz, à sua maneira. O problema, parece-me, é que a fórmula comercial não traz nenhum desafio ao leitor, não provoca, não incomoda.”
- ***
- As capas são pretas, punhos femininos segurando maçãs, rosas, ou qualquer outra coisa, a grafia do nome do livro é fantasmagórica. Ou quando a história apresenta um tema mais hot, onde a personagem assina um contrato de submissão: a capa é monocromática, figurando algum elemento que remeta ao mundo dos negócios. Você sabe do que eu estou falando: são os best-sellers. Já não bastasse copiar o enredo e as personagens, nem as capas agora escapam: um minimalismo de muito mau gosto tem tomado conta da cabeça designers na hora de “criar” algo que vai ser o rosto da publicação, o portal que adorna a entrada do universo das letras – e este tem andado decadente, também. Mas não é de todo ruim, não.
- “Creio que no Brasil há mais livros bons do que livros ruins, porém, o problema da literatura nacional de hoje é a falta de nacionalidade. Os temas trabalhados não fazem parte da cultura nacional: bruxas, vampiros, enfim, não fazem parte do cenário brasileiro”, afirma Ricardo Augusto de Lima, mestre em Literatura pela Universidade Estadual de Londrina. Por influência das irmãs, que liam bastante, ele começou a pegar gosto pela leitura. Na escola, leu a série Vagalume. Leu também Clarice Lispector e Machado de Assis no período escolar, porém, não gostou. “Não tinha o amadurecimento necessário para ler os clássicos na escola. Achava maçante. Depois, já na faculdade, li-os novamente e achei mais digestíveis”, relata. Quando questionado sobre a função que desempenham os best-sellers, Ricardo é claro: “Consumir criticamente essas obras é legal, porque elas foram produzidas para isso mesmo: serem vendidas como produto que servem apenas para introduzir as pessoas ao gosto pela leitura. Esses livros não podem servir de base para a formação de um leitor crítico.”
- A pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, feita no ano passado pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope, revelou que o brasileiro tem lido menos. Quem tem lido menos também são os estudantes, que leram 5,4 livros em 2011 ante os 6,9 livros registrados pelo levantamento feito em 2007. A falta de estímulos por parte da família é o principal fator que faz as crianças se afastarem das livros, aponta o estudo.
- O hábito da leitura começou cedo para Fernanda Miyabe Lant
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