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aslaman

Amigos, boates, decepção e feijão

Dec 31st, 2018
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  1. Felipe acordou num lugar desconhecido. A julgar pela aparência do local, ali aparentava ser a enfermaria da escola. Deu uma observada melhor, e conseguiu identificar dois garotos se pegando perto dele.
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  3. - Ué, quem são voc... – Os dois tomaram um susto ao perceber que o alce havia acordado.
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  5. Ainda surpresos por terem sido flagrados num ato obsceno, o maior da dupla de garotos se apresentou.
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  7. - Olá, eu me chamo Patrick e esse ao meu lado é o Bernardo. – Ele bagunçou o cabelo do menor, que parecia um tomate de tão envergonhado que estava. – Mas você pode nos chamar de Pat e Ber.
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  9. - Ah, prazer, eu me ch... – Ele foi interrompido de novo. Patrick o agarrou pelo braço com tanta força que fez o alce pensar que iria desmaiar de novo. – DÁ PRA PARAR DE ME INTERROMPER, POR FAVOR? – Patrick assentiu com a cabeça. – OBRIGADO! Enfim, eu me chamo Felipe.
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  11. - Felipe, por favor, nos prometa que não contará a ninguém o que viu agora. – Implorou o menor, quase aos prantos.
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  13. - Contar o que?
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  15. - O que você viu ué.
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  17. - O que eu vi? Foi algo bom?
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  19. - Você viu a gen- Ele parou por um instante - Ah, nada não. Quer ser nosso amigo?
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  21. - Quero!
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  23. Então, os três saíram da enfermaria, indo cada um em direção a sua sala de aula. Chegando lá, o garoto percebeu que tinha perdido todas as aulas após o almoço, mas, pra ele, isso não importava. Ele foi tocado por sua amada e conseguiu amigos sendo um bosta como ele era.
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  25. Resolveu aproveitar e sair do colégio. Durante o caminho para casa, ele foi abordado pelos seus amigos, que o levaram para uma boate gay no centro da cidade, achando que ele gostava desse tipo de coisa.
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  27. - Hey! Novo bom amigo, que achas de ir com a gente num lugar? Vai ser super divertido – Patrick falou, com um sorriso malicioso no rosto.
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  29. - Ah, vamos! – Felipe falou, animado – Nada pode estragar esse dia tão maravilhoso, né? – Falou para si mesmo.
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  31. Logo que colocou os pés naquele lugar, sentiu o forte cheiro de Viagra por todos os cantos. Olhou ao redor, e viu uma cena que iria aterrorizar sua mente por séculos. Ber, o mais novo, se encontrava num pole dance rebolando sem camisa. Havia diversos caras se pegando. Ele pensou ter visto o inferno na Terra.
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  33. Ele foi até o bar e pediu uma água. O garçom lhe deu outra coisa, mas estava tão cego por causa das luzes piscantes da boate que bebeu mesmo assim. Saiu do local chorando. Estava tão grogue por causa da bebida que lhe deram que esbarrou num poste. Agora, além de traumatizado, bêbado, tinha um galo do tamanho de uma bola de pingue pongue no meio da cara.
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  35. Parou por um instante, sentou-se no meio fio e observou as pessoas na calçada oposta a qual ele estava. Olhou com atenção um jovem casal que usava o mesmo fardamento da sua escola. Eram um menino e uma menina. Ele então se assustou. A garota era a sua amada. Ela estava com outro indivíduo.
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  37. - Espera um momento. Aquele ali é o ... – Não conseguiu terminar a frase. O garoto que estava com sua salvadora era um inimigo seu. Quando eram menores, o menino praticava bullying com o alce. Parou um momento para escutar o que diziam.
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  39. - E aí Sun, hoje nós – O cara deu um sorriso suspeito e pervertido ao mesmo tempo e ela ficou rindo. Quando parou de rir, ele passou o braço sobre a sua cintura e voltaram a caminhar.
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  41. Ainda tonto pela pancada e pela bebida, ele voltou a caminhar de volta a sua casa. Chegando lá, foi logo na sua geladeira procurando por seu sorvete do Homem Aranha. Pegou o pote de sorvete e foi comer no seu quarto. Sentou-se na cama, abriu e... era feijão. Nunca se sentiu tão decepcionado na sua vida. Mas já que estava com fome, comeu aquilo mesmo.
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  43. Após algumas horas, o jovem alce resolveu ligar pro seu único amigo da antiga escola. Então, quando pensou que poderia desabafar com ele, sentiu seu coração encher de determinação. Discou o número e apenas ouviu a mulher falando “ Esse telefone se encontra fora de área ou desligado “. Felipe agora era um perdedor por completo. Traumatizado, bêbado, com um galo maior que sua depressão no meio da cara, ignorado e cheirando a feijão.
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  45. Emputecido, jogou o celular na parede. O objeto voltou na sua cara como um bumerangue. Só restava então chorar e comer feijão. Sentia-se predestinado a sofrer.
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  47. Já estava na quadragésima colherada de feijão, o garoto escutou o barulho da campainha.
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  49. - Ora essa, quem será? – Ele mal tinha amigos, e nenhum deles sabia onde o mesmo morava.
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  51. Levantou emburrado e foi abrir a porta.
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