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Oct 16th, 2019
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  1. A geringonça já não é o que nunca foi
  2.  
  3. Foi na tarde do último 10 de outubro que se começou a desenhar a derrota de quem trabalha, nesta nova 14.ª legislatura. O mandachuva dos patrões ditou a sentença, após reunir com os negociadores do PS: "a legislação laboral que temos é mais do que suficiente para que o país desenvolva as suas atividades económicas com tranquilidade".
  4. Nos últimos minutos desse mesmo dia, conheceu-se a condenação final para quem precisa do salário e da pensão para viver: o PS indisponibilizou-se para um acordo com o Bloco de Esquerda.
  5. Assim, e cinicamente escondido num comunicado, o primeiro ministro indigitado revelou não querer 1) eliminar os resquícios da "troika" nas leis do trabalho; 2) subir o salário mínimo nacional; 3) revogar o período experimental; 4) impedir cortes em salários e pensões; 5) salvaguardar a Constituição de uma revisão suportada pela direita; 6) impossibilitar aumentos fiscais sobre bens e serviços básicos; 7) obstruir novas privatizações; e 8) obstar a diminuição da contribuição patronal para a Segurança Social.
  6. Mas a morte da "geringonça" só surpreende quem não acompanhou as miudezas da política parlamentar dos últimos anos. O acordo escrito nunca evitou verdadeiras maiorias negativas, que mantiveram vivos os interesses do "centrão".
  7. A estatística, relativa aos últimos 4 anos (fornecida pelo Hemiciclo), é inequívoca: o grupo parlamentar do CDS, enquanto Cristas liderou, foi desfavorável a apenas 9% dos diplomas do PS. O PSD, de Rui Rio, mostrou-se contra uns parcos 11% de propostas do PS. A bancada do PS votou contra 26% dos diplomas do CDS e 21% dos do PSD.
  8. O "centrão" coligou-se, por exemplo, para chumbar a reposição do valor de horas extra, tal como evitou limitar desigualdades salariais na mesma empresa ou barrou a igualdade salarial dos setores privado e público. Também se uniu para dizer "não" à renacionalização dos CTT, ao fim das propinas universitárias, ao reconhecimento do tempo de serviço dos professores, à anulação dos cortes aos pensionistas e à redução da idade de reforma...
  9. Estes factos remetem para os "subterrâneos" do acordo escrito. Mas oferecem uma visão privilegiada para os próximos 4 anos: os interesses do "centrão" manter-se-ão oxigenados, mediante a chantagem constante da instabilidade, a queda do governo e a esquizofrenia dos mercados. Nem os recém eleitos oportunismos populistas e falácias liberais serão suficientes para instar o "novo" governo e as direitas encostadas, onde o PS se abrigará quotidianamente, a repensar as propostas políticas para o país.
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