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Snownevo

Untitled

Apr 23rd, 2017
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  1. Diário de bordo 151.
  2. Feito por Matheus Lacerda(Snownevo).
  3.  
  4.  
  5. Estava parado. Olhar fixo. Para ele, esse era um momento perfeito. Estava do lado de trás de uma janela de um submarino. Não havia som, por um momento tudo sessou. As águas com tons de azul marinho escuro realçavam as algas que ali brilhavam. Por mais alguns minutos, várias espécies marinhas estavam se aproximando. Uma medusa ficou muito próxima a ele, parecia entender todas as expressões que fazia para o imenso cenário que a janela lhe mostrava. Ele, por sua vez, a admirava. Seu disco na cabeça de cor alaranjado, lentamente se deslocava para cima e para baixo. Estava se movimentando. Quando a majestosa medusa estava quase sumindo nas profundezas do oceano, é interrompido.
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  7. – Valter? – Não existe tempo para se recompor depois do espetáculo que havia presenciado.
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  10. Ele inclina sua cabeça e olha para seu colega de trabalho e irmão, Jonas. Consegue ver cada traço de sua aparência. Cabelos negros, ao lado raspados. Seus olhos eram verdes como as algas que acabara de ver. Não sabe por que fez essa comparação com as algas, mas continua-o analisando. Estava barbeado. Mas ainda conseguira ver presença de alguns tocos grossos de cabelo que iam de seu queixo a garganta. Sua roupa era branca. Um jaleco, ele propõem. Os botões, brancos, todos abotoados. E próximo a seu peito, um bolso onde havia uma caneta azul.
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  12. – Não dá pra acreditar que alguém pode fazer mal para essas criaturas por ganancia. Que tipo de pessoa trocaria isso por dinheiro? – Falou para Jonas, enquanto olhava para qualquer lugar fixo dentro do submarino.
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  14. – Precisamos de prova concreta antes de acusar alguém, maninho. A marinha não vai cessar os testes com sonares sem provas que está afetando alguma vida marinha.
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  16. – Os encalhamentos com baleias nas praias de toda região não foram o bastante? – Sua expressão facial demonstra indignação.
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  18. – Logo, logo isso vai acabar. Vai da tudo certo, quando teu irmão mais velho já mentiu para tu? – Demonstra um leve sorriso no canto da boca.
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  20. – Me deixa pegar minha lista? – Fala com um tom sarcástico.
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  22. – Tem que pedi permissão para o capitão. – Leva sua mão para testa, justa todos seus dedos e estica.
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  24. – Sei, sei. Capitão. Capitão que quase nos fez morrer por causa de uma pedra. – Começa a sorrir, está prestes a rir.
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  26. – Mas estamos vivos, não estamos? E vamos para a sala de condução para levarmos essa belezinha para seu ponto final.
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  29. Começam a andar para sala de condução, era assim que gostavam de chamar. Antes de chegar ao seu destino, passam por um corredor. Valter consegue ver vários canos parafusados. Pelos canos passava a pressão que estava submetida. Não queria nem imaginar oque aconteceria se caso aqueles canos começassem a rachar e se abrir. Morreriam esmagados? Sem ar? Ele não queria pensar nisto.
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  31. – Bem vindo à toca do pajé. – Fala simulando um nativo indígena.
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  33. – Vamos nos pintar e fazer cocares? – Novamente usa seu tom sarcástico para entrar na brincadeira do irmão.
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  35. – Quase isso. Vamos ficar sentados, comendo, bebendo e tentar não dormir. – Levanta sua mão, exibe seu polegar e da um sorriso.
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  37. – Uma festa do pijama, eu acho. – Da uma leve risada que mostra alguns dos seus dentes.
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  40. As horas passam muito rápido. Será dia? Noite? E há quanto tempo ficaremos a vagar no oceano? Esse e outros eram uns dos pensamentos de Valter. Quase não conseguia se manter acordado. Seus olhos piscavam repentinas vezes. Abre. Fecha. Abre. Fecha. Abre. Fecha. Decide se render ao sono. Antes de tirar um cochilo olha para seu irmão. Está concentrado e atento para onde está levando o submarino. Então, não há tanto pânico para um simples cochilo.
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  43. Acorda com um barulho não comum. Vira sua atenção para seu irmão. Ele está imóvel. Parece que está tentando ouvir algo. Seu coração acelera. Tenta olha o painel para sua frente. Mas não existe nada além da escuridão das águas.
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  45. – Oque aconteceu? – Pergunta em tom baixo e em pânico.
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  47. – Acho que ouvir algo. – Move sua cabeça para todos os lados buscando algum tipo de sinal.
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  49. – Algo oque? – Seu coração está quase saltando da sua boca.
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  51. – Não, esquece, pensei que era algum animal. Não deve ter sido nada de mais.
  52. A conversa dos dois irmãos é interrompida por um grande choque entre a embarcação e outro objeto desconhecido. As sirenes começam a fazer barulho. A sala é inundada pela cor vermelha do painel. Erro era a palavra reluzente e em destaque. Uma simples palavra que colocou todos naquela sala em aflição.
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  54. – Mas que merda tá acontecendo, Jonas!? – Eleva o seu tom de voz em consequência ao pânico.
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  56. – Eu não sei! – Fala quase sem voz.
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  59. De repente, uma mão com membranas entre os dedos, surge no vidro a sua frente. Não possuía unhas, pelos ou marcas. Não podia ser um peixe ou humano essa aparição. Logo após é feito um disparo de uma lança ao submarino. A lança atravessa o vidro e penetra na pele de Jonas. Aguá e sangue viram uma mistura única naquela sala. Valter ainda sem reação do que acabou de acontecer demora um pouco para sair da sala quase inundada.
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  62. Ele abre a porta e corre para uma das cabines. Era seu quarto, possuía alguns postes e cartazes sobre uma baleia azul e peixe dourados. Após entrar na cabine, sabe que não tem como sobreviver a tal catástrofe. Então, aproxima-se da sua cômoda e pega um gravador.
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  64. - Diário de bordo 151. Fomos atacados por algo e eu logo estarei morto!- Se desmonta em choro, mas tenta se acalmar.
  65. Enquanto Valter vai gravando suas últimas palavras finais, na espera que alguém encontre o gravador, o submarino lentamente vai afundando nas aguas escuras e repletas de criaturas inimagináveis.
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