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Deus Deus

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Jun 18th, 2019
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  1. Texto foda de um cara conversando com Deus, um anal pediu pra postar, ta ae mamão.
  2. Pra quem quer o do cara que morre e conversa com Deus, postei também, só os corno aceitar.
  3.  
  4. -----------------------------------------------
  5.  
  6. Eu topei com deus outro dia
  7. Eu sei o que você está pensando. Como você pode saber que era mesmo deus?
  8. Bem, eu vou explicar à medida que avançamos, mas basicamente ele me convenceu por ter todas, realmente TODAS, as respostas. Qualquer pergunta que eu atirava nele, ele rebatia com uma resposta plausível e satisfatória. Ao final, foi mais fácil aceitar que ele era deus do que o contrário.
  9. O que é estranho, porque eu ainda sou ateu e nós até mesmo concordamos nisso!
  10. Tudo comecou às 8:20, em Paddington. Eu peguei um bom assento ao lado da janela, sem crianças gritando ou adolescentes bêbados ao alcance do ouvido. Nem mesmo um celular à vista. Me sentei, lia o jornal, e eis que ele entra.
  11. Como ele se parecia?
  12. Não como você esperaria, com certeza. Ele tinha por volta dos 30 anos, trajava um par de jeans e uma camiseta. Definitivamente casual. Parecia que poderia ser um assistente social ou talvez um programador como eu.
  13. – ‘Esse assento está livre?’, ele disse
  14. – ‘Fique à vontade’, eu respondi
  15. Ele se senta, relaxa, eu ignoro e volto às cartas sobre comida geneticamente modificada entrando nos supermercados. O trem começa a andar, e alguns minutos depois ele fala
  16. – ‘Posso lhe fazer uma pergunta?’
  17. Lutando pra não parecer surpreso eu respondi “Sim” em um tom que dava a entender que poderia não me importar com uma pergunta, possivelmente até uma segunda, mas que definitivamente não estava no clima pra uma conversa.
  18. – ‘Por que você não acredita em deus?’
  19. Filho da puta!
  20. Eu amo esse tipo de conversa e posso dialogar por horas sobre o nonsense das crenças teístas. Mas tenho que estar a fim! É mais ou menos como se um testemunha de jeová batesse à sua porta 20 minutos antes da sua operação de extração de siso. Por mais que você realmente adorasse ficar, não tem nem como começar a diversão. E eu sabia que, se eu desse a minha resposta padrão, ainda estaríamos argumentando quando o trem chegasse em Cardiff. Eu simplesmente não estava no clima. Eu tinha que cortar ele.
  21. Mas então eu pensei ‘Como é que esse completo estranho está obviamente tão seguro – e correto – sobre meu ateísmo? Se eu estivesse dirigindo meu carro, não seria nenhum mistério. Eu tenho o peixe de Darwin no vidro traseiro, o antídoto pra aquele peixe cristão que se vê por todo lado. Então, qualquer um que visse o peixe e o entendesse, iria adivinhar minha filosofia. Mas eu estava em um trem e nem mesmo usando minha camiseta que diz “Evolua” aquele dia. E o The Independent não é uma marca registrada para ateus de carteirinha. Então, eu me perguntei, o que entregou o jogo?
  22. – “Por que você tem tanta certeza que eu não acredito?”
  23. – “Porque”, ele falou, “eu sou deus – e você não teme a mim”
  24. Você vai ter que acreditar na minha palavra, é claro. Mas tem meios de mandar uma dessas que fariam de quem proferisse tal frase um candidato a um hospício. Ou pelo menos prozac. Falar assim como um “fato indiferente” é uma tarefa difícil, mas foi exatamente como ele fez. Nada no seu tom de voz ou atitude me pareceu não combinar com a alegação. Ele disse isso porque ele acreditava nisso e sua racionalidade não parecia estar sendo induzida por drogas ou ser o resultado de um colapso mental.
  25. – ‘E por que eu deveria acreditar nisso?’
  26. – ‘Bem’, ele disse, ‘por que você não me faz umas perguntas? O que quer que você queira, e veja se as respostas satisfazem sua mente cética.’
  27. A conversa vai ser curta afinal, eu pensei.
  28. – ‘Quem sou eu?’
  29. – ‘Stottle. Harry Stottle, nascido a 10 de Agosto de 1947, Bristol, Inglaterra. Pai Paul, mãe Mary. Educado na Escola Militar Duque de York, de 1960 a 1967, Sandhusrt e Oxford, doutorado em Exobiologia, frustrado cantor de rock, sindicalista ativo em tempo integral por 10 anos, ultimamente trabalhando como programador autônomo, autor na web e aspirante a filósofo. Casado com Michelle, cidadã americana, dois filhos de um casamento anterior. Você está retornando à sua casa depois do que parece ter sido uma reunião bem sucedida com um investidor interessado no produto que você propôs para rastrear programas piratas, e você tomou um café da manhã inglês no hotel hoje de manhã, exceto que, como de costume, você pediu que substituíssem a intragável salsicha inglesa por uma porção extra de bacon.’
  30. Ele fez uma pausa.
  31. – “Você não está convencido. Hmmm o que seria preciso pra convencer você? Você me permite estabelecer um elo telepático?”
  32. – ‘Você precisa da minha permissão?’
  33. – ‘Tecnicamente, não. Eticamente, sim.”
  34. Bem, melhor entrar na brincadeira, eu pensei. – “Tudo bem, você tem minha permissão. Convença-me”
  35. – “Muito bem. A sua senha mais secreta, e associação. ”
  36. Um hacker da pesada poderia ter obtido a senha, mas ninguém, e eu realmente quero dizer NINGUÉM sabe da sua associação. Ele sabia. Então, como continuar o jogo? Eu lancei algumas questões a mais sobre detalhes de relativa insignificância sobre minha vida, mas que nunca foram publicados (como o que a minha mãe alega ter sido a minha primeira palavra. Aparententemente, “taturana!” – não pergunte) mas eu já estava bem convencido. Eu sabia que nesse ponto, só havia três possíveis explicações.
  37. Primeira possibilidade. Eu estava sonhando ou alucinando. Ninguém inventou um teste pra isso, então, eu acho que naquele momento esse era o meu sentimento dominante. Não pareceu real quando aconteceu. Era como se eu estivesse em um teatro, praticando as minhas falas. Desde o evento, entretanto, eu tenho memórias contínuas e detalhadas, e também as minhas anotações. Então, a menos que a alucinação tenha continuado até hoje, eu me sinto inclinado a rejeitar a hipótese da alucinação. O que deixa outras duas.
  38. Ele poderia ser um verdadeiro telepata. Não existe até hoje qualquer evidência documentada de que alguém dispunha dessa habilidade extraordinária, mas é uma possibilidade. Teria explicado como ele sabia dos meus segredos mais bem guardados. O problema com essa explicação é que ela não explica nada mais além disso! Em particular, nao dá conta das respostas que ele prosseguiu a dar para as minhas outras perguntas.
  39. Como Sherlock Holmes disse, quando você eliminou o impossível, o que quer que permaneça, por mais improvável, deve ser a verdade. Um bom empírico, o Sherlock. Eu estava forçado a aceitar pelo menos a possilibidade desse homem ser quem ele alegava ser.
  40. Então o que fazer agora?
  41. Bem, eu sempre soube que se eu encontrasse deus, eu teria um milhão de perguntas pra fazer a ele, então eu pensei, ‘por que não?’ e procedi com o que se segue. Você vai ter que permitir um pouco de licença nos detalhes da conversa. Ela foi, digamos, uma ocorrência um tanto não-usual, sem mencionar UM POUCO esquisita! E sim, eu estava um tanto nervoso. Então, se eu não conseguir transcrever cada palavra perfeitamente, não reclame. Prometo que você vai entender o ponto.
  42. ***********************************
  43. – ‘Perdoe-me se eu tomar algum tempo pra engatar a marcha aqui, mas não é todo dia que eu tenho a oportunidade de entrevistar uma divindade.’
  44. – “A divindade”, ele interrompeu.
  45. “ihh, sensível!”, eu pensei
  46. – “Não exatamente, apenas corrigindo a impressão”
  47. Isso realmente leva tempo até se acostumar! Eu tentei tomar conta dos pensamentos, com um comando interno – ‘Disciplina, Harry. Você sempre quis estar em uma situação como essa, agora você está nela, não se desestruture e desperdice uma oportunidade única’
  48. – ‘Você não vai desperdiçá-la’, ele disse.
  49. Eu disse! Mais do que qualquer outra, essa é a parte que fez a experiência parecer irreal – esse cara sentado do outro lado da mesa e obviamente de maneira muito acurada lendo cada pensamento meu. É como ter a mão de alguém enfiada dentro do bolso da sua calça! Entretanto, alguma coisa me fez inclinado a aceitar a invasão, eu tinha obviamente começado a ter alguma confiança na percepção ou habilidades dele, então eu distintamente lembro que o efeito de suas palavras foi que eu de repente me senti profundamente confortado e completamente relaxado. Como ele sem dúvida quis. O cara deve ter uma incrível técnica de sedução. Então nós fomos ao que interessa!
  50. – ‘Você é humano?’
  51. – ‘Não’
  52. – ‘Você já foi, algum dia?’
  53. – ‘Não, mas parecido, sim’
  54. – ‘Ah, então você é um produto de um processo evolutivo?’
  55. – ‘Certamente, principalmente meu’
  56. – ‘E você evoluiu de uma espécie como a nossa, organismos baseados em DNA ou alguma coisa igualmente viável?’
  57. – ‘Correto’
  58. – ‘Então, o que exatamente, faz de você deus?’
  59. – ‘Eu fiz’
  60. – ‘Por que?
  61. – ‘Pareceu uma boa idéia’
  62. – ‘E seus poderes atuais, são eles em alguma maneira similares ao que os supersticiosos da minha espécie atribuem a você?’
  63. – ‘Perto o bastante’
  64. – ‘Então você criou tudo isto, apenas para nós?’
  65. – ‘Não. Claro que não’
  66. – ‘Mas você criou o Universo?’
  67. – ‘Este, sim’
  68. – ‘Mas não o seu?’
  69. – ‘Este é o meu!’
  70. – ‘Você entendeu o que eu quis dizer!’
  71. – ‘Não se pode criar os próprios pais, então não’
  72. – ‘Então deixa eu trocar em miúdos. Você é um fenômeno completamente natural.’
  73. – ‘Completamente’
  74. – ‘Que emergiu de mecanismos que nós mesmos um dia iremos compreender e possivelmente até dominar?’
  75. – ‘Sujeito a disputa sobre quem “nós mesmos” sejam; mas, sim, correto’
  76. – ‘O que significa que se a raça humana não alcançar isso, outras espécies eventualmente irão?’
  77. – ‘Correto’
  78. – ‘E quantas outras espécies já existem, mais avançadas que nós?’
  79. – ‘Surpreendentemente, poucas. Menos de quatorze milhões’
  80. – ‘POUCAS!?’
  81. – ‘Muito poucas!’
  82. – ‘E quantas mais ou menos no nosso nível?’
  83. – ‘Atualmente, um pouco mais de quatro bilhões e meio’
  84. – ‘Então a nossa significância no Universo atualmente equivale mais ou menos o à do Seu Silva aqui no planeta Terra em relação à raça humana’
  85. – ‘Um pouco menos. O Nível Um, o nível que a sua espécie alcançou, começa com a invenção da máquina voadora. O próximo nível é alcançado quando uma espécie não depende mais de sua estrela primária, o Sol, no seu caso. Eles são capazes de prosperar longe de seu sistema estelar, aliás, longe de qualquer estrela. A humanidade está somente na fase da máquina voadora, então você pode imaginar, nesta escala, que a raça humana está perto da base do grupo do Nível Um.
  86. – Você quer dizer que um dia nós vamos obter controle do Sol, como Kardashev e Asimov imaginaram?
  87. – ‘Pelo contrário. Esta seria a aspiração de uma espécie mecânica, que pensa que máquinas maiores são melhores e mais fortes, e que se precisa sempre de mais e mais energia para obter controle das leis físicas. Mas o fato é exatamente o contrário. Quanto mais avançados, menos energia é necessária, e menor o impacto no ambiente. Vocês manipulam matéria, o que requer uma quantidade enorme de energia. Nós manipulamos energia, o que não requer nada. Conseqüentemente, por exemplo, vocês não iriam nem mesmo reconhecer uma espécie de Nível Dois como uma forma de vida, a não ser que ela desejasse. ‘
  88. – ‘E todas estas espécies são seus filhos?’
  89. – ‘Eu gosto de pensar nelas desta maneira’
  90. – ‘E o objetivo?’
  91. – ‘No mais simples, “A Vida Deve Continuar”. Minha motivação pessoal é o desejo de otimizar a inteligência do Universo. Em seus próprios termos, eu me esforço para maximizar o prazer e minimizar a dor. Uma grande dose de prazer, entretanto, vem da comunicação entre entidades separadas. Uma vez que se chega no meu nível, nós tendemos a deixar de ser bilhões de entidades separadas e nos tornamos um todo em êxtase. Uma entidade única que não pode morrer a menos que perca a vontade de viver. Por mais avançado e auto-contido que eu seja, ou talvez, com mais precisão, por eu ser tão avançado e auto-contido, um dos prazeres que perdemos ao longo do caminho é a simples alegria de encontrar mentes novas e imprevisíveis, e ou aprender com elas ou ensiná-las alguma coisa. Então, em grande parte, o objetivo é prover companhia. Eu pareço ser o primeiro eterno neste Universo. Mas não pretendo ser o último.
  92. – ‘Então você criou um Universo que é potencialmente capaz de produzir outro deus como você?’
  93. – ‘O benefício total será temporário, mas como a maioria dos orgasmos, valerá a pena’
  94. – ‘Este sendo o momento em que nosso novo deus se funde com você e nós nos tornamos um de novo?’
  95. – ‘Não simplifique; essa é a ânsia de êxtase que motiva a todos, incluindo a mim. E quando acontece, o êxtase dura muito mais tempo do que este universo já existiu. Acredite em mim, realmente vale o esforço.’
  96. – ‘É, eu acho que posso ver os encantos de um orgasmo que dure cem bilhões de anos’
  97. – ‘E os humanos ainda nem mesmo começaram a aprender como realmente apreciar os orgasmos que são capazes. Espere até que vocês dominem essa arte tão simples!’
  98. – ‘Então tudo se resume a sexo?’
  99. – ‘Êxtase sexual é meramente uma recompensa por procriar, é o que leva vocês a querer fazê-lo. Isso é necessário, inicialmente, para promover a evolução biológica. Mas uma vez que vocês completem esse estágio e não mais necessitem procriar, vocês vão aprender que êxtase pode ser infitamente mais intenso que qualquer coisa que sexo possa oferecer’
  100. – ‘Pra mim, parece ótimo!’
  101. – ‘Quão direto é o seu envolvimento nisso tudo? Você apenas acendeu o pavio que detonou o big bang depois saiu e ficou olhando? Ou você teve que plantar as sementes em planetas férteis e apropriados?’
  102. – ‘O primeiro nível significativo de auto-organização da matéria é o advento de compostos orgânicos, que são os precursores para formas de vidas primitivas. Essa química evoluiu primariamente no espaço sideral, depois que as primeiras estrelas criaram elementos pesados em quantidade suficiente, e puramente como resultado da operação das leis da física e da química que os seus cientistas já começaram a obter um vislumbre razoável. Tudo que eu fiz foi plantar as condições iniciais que levaram à explosão, e essencialmente fiquei dormente por aproximadamente 5 bilhões de anos. Foi o tempo que levou para as primeiras formas de vida emergirem. Isso as coloca 8 bilhões de anos à frente de vocês. A primeira espécie inteligente está agora 4.3 bilhões de anos à sua frente. São realmente muito avançados. Eu tenho conversas significativas e muito profundas com eles. E faço isso com freqüência. Na verdade, até mesmo nesse exato momento enquanto conversamos’
  103. – ‘E então?’
  104. – ‘Se eu mantenho uma vigília constante sobre cada movimento de vocês? Não da maneira intrusiva que alguns de vocês parecem acreditar. Vamos dizer que eu me mantenho a par do que anda acontecendo, a nível planetário. Eu tendo a me concentrar em saltos evolucionários. Ver se eles estão indo na direção certa’
  105. – ‘E se eles não estiverem, o que você faz?’
  106. – ‘Geralmente, nada’
  107. – ‘Geralmente?’
  108. – ‘Geralmente, espécies que evoluem na direção errada acabam se matando ou se extinguem por outras razões’
  109. – ‘Geralmente?’
  110. – ‘Houve um ou dois casos em que a espécie errada estava potencialmente se tornando a espécie dominante, em detrimento de um ramo mais promissor’
  111. – ‘Deixe-me adivinhar. Os dinossauros neste planeta são um exemplo. Tiveram muito sucesso. Suprimiram o desenvolvimento dos mamíferos e não estavam mostrando sinais de desenvolver inteligência. Então você engendrou uma pequena ação corretiva na forma de um asteróide cuidadosamente selecionado’
  112. – ‘Perspicaz. Quase correto. Eles estavam mostrando sinais de adquirir inteligência, até mesmo cooperação. Estude os seus velociraptors. Mas eram muito predatórios. Incapazes de um dia desenvolver um ‘respeito’ por outras formas de vida. É preciso criar os seus jovens para promover um vínculo emocional com outros animais. Os répteis da Terra não são feitos para isso. Os mamíferos que o são, como você corretamente apontou, não podiam competir com tão magníficos predadores. Vocês agora atingiram um estágio em que vocês podem se defender até mesmo contra dinossauros, mas isto se tornou possivel há apenas cerca de mil anos atrás. Vocês não teriam chance 2 milhões de anos atrás, então os dinossauros tiveram que ir embora. Entretanto, eles estavam em um equilíbrio quase perfeito com a ecologia do planeta, e nunca desenvolveram tecnologia; então não iriam ter pressa em se matar. Infelizmente, eu tive que intervir.’
  113. raptors
  114. – ‘Infelizmente?’
  115. – ‘Eles eram uma forma de vida muito bonita e fantasticamente triunfante. Ninguém destrói uma coisa dessas sem remorso’
  116. – ‘Mas naquele ponto, como você sabia que um prospecto melhor iria surgir das cinzas?’
  117. – ‘Eu não sabia. Mas a probabilidade era bastante alta’
  118. – ‘E desde então, quais outros pequenos corretivos em nosso desenvolvimento você teve responsabilidade?’
  119. – ‘Absolutamente nenhum. Eu pus um alarme pra tocar no primeiro sinal de atividade aérea, como eu faço de costume. Leonardo pareceu promissor por um momento, mas somente com os irmãos Montgolfier eu realmente comecei a ter interesse. Isso registrou vocês como uma espécie inteligente de nível um’
  120. – ‘Mas se o sinal é atividade aérea, como você identifica espécies de pássaros tecnologicamente avançadas?’
  121. – “Do mesmo modo. Entretanto, voadores inteligentes raramente desenvolvem tecnologia. A evolução deles tende a adaptatividade em vez de manipulação, mas as poucas exceções constroem máquinas voadores bem mais rapidamente que espécies como a sua, porque eles têm uma compreensão instintiva de aerodinâmica.”
  122. – Mas por que um pássaro iria precisar de uma máquina voadora?’
  123. – ‘Isso é o mesmo que perguntar por que a sua espécie precisa de carros e outras formas mecânicas de transporte. Essas tecnologias permitem carregar mais peso, mais rápido e por maiores distâncias do que seria permitido apenas por habilidades físicas.”
  124. – “Ok, entendi. Mas então se você nunca mais interferiu desde os dinossauros, então Jesus de Nazaré, Moisés, Maomé …’
  125. – “hmmm… terrivelmente enganados, receio dizer. Eu não estou aqui para ser garantia de segurança ou ditador ético para espécies em evolução. É verdade que qualquer um capaz de se comunicar com suas próprias células vai perceber uma pequena e turva conexão comigo, mas interpretar essa percepção como representativa de algo sobrenatural que requer obediência passa bem longe do alvo. E os seguidores deles são um tanto obcecados e religiosos demais pro meu gosto. Ser adorado deixa de ser divertido depois que você sai da puberdade. Por outro lado, não é nada anormal que uma espécie em desenvolvimento passe por essa fase. Até que eles comecem a perceber o quanto eles também podem modificar sua pequena esquina no Universo, eles estão em um estado de admiração para com aquele que eles percebem – de maneira distorcida, mas correta – ser o responsável pela criação daquele universo. Eventualmente, se eles querem ter alguma esperança de atingir o nível dois, eles têm que amadurecer e começar a aceitar o seu próprio poder e potencial. Se parece muito com a relação de uma criança para com seus pais. A admiração e adoração tem que desaparecer para que a criança se torne adulta. Respeito não é tão mau, contanto que não seja em excesso. E eu certamente respeito todas as espécies que chegaram tão longe. É um caminho árduo. Eu sei disto. Já o trilhei.’
  126. – ‘Você tem observado a gente desde os Montgolfiers. Quando foi isso, 1650?’
  127. – ‘Perto, 1783’
  128. – ‘Bem, se você vem nos observando de perto desde então, o que o cidadão médio vai querer saber é por que você não interveio mais freqüentemente. Por que, se você tem esse poder, você permitiu sofrimentos e calamidades incríveis à espécie humana?’
  129. – ‘Pareceu ser necessário’
  130. – ‘NECESSÁRIO?!’
  131. – ‘Sem exceção, espécies inteligentes que atingem dominância do planeta o fazem por se tornar os predadores mais eficientes. Há muitas espécies inteligentes que não evoluem de forma a dominar o planeta. Como os seus golfinhos, eles se adaptam perfeitamente ao ambiente em vez de trilhar o caminho que vocês seguiram, que é o de manipular o ambiente. Infelizmente para o golfinho, o caminho dele é um beco sem saída. Ele pode chegar a viver mais do que a espécie humana, mas nunca escapará à gravidade do planeta Terra – ao menos não sem a sua ajuda.
  132. Somente aqueles que podem manipular o mundo onde vivem podem um dia esperar sair dele e espalhar-se pelo Universo.
  133. Diferente dos adaptativos, que aprendem a cooperar desde muito cedo, os manipuladores batalham. E, uma vez que todas as outras espécies foram dominadas, eles são tão competitivos e predatórios que eles são compelidos a brigar entre si. Quase sempre isso envolve conflitos tribais de uma forma ou de outra e se torna mais e mais destrutivo – exatamente como a sua história. Entretanto essa competição é vital para promover o salto da evolução biológica para a evolução tecnológica.
  134. Vocês precisam de uma corrida armamentista para fazer progresso.
  135. Seu desejo de dominar impulsiona uma busca por conhecimento que os adaptativos nunca precisam. E ainda que seu desejo inicial por conhecimento seja egoísta e destrutivo, ele começa o desenvolvimento de uma auto-consciência intelectual, uma forma de conciência avançada, que nunca emerge em qualquer outra espécie. Os adaptativos inteligentes, os seus golfinhos por exemplo, nunca podem expressar conceitos como Amor ou Tempo.
  136. Militarização e o desenvolvimento de armas de destruição em massa são seu primeiro teste sério no nível um. Vocês ainda não acabaram essa fase, mas os sinais são promissores. Não há razão alguma para justificar uma intervenção minha para prevenir a sua auto-destruição. Sua habilidade em sobreviver esse ímpeto é um teste crucial da sua aptidão a sobreviver estágios mais avançados. Então, eu não interferiria, nunca interferi, e nunca vou interferir para prevenir a sua espécie de destruir a si mesma. A maioria, na verdade, faz exatamente isso.’
  137. – ‘E você não tem piedade para com os que os tem que passar por esse tormento?’
  138. – ‘Eu não tenho como dizer isso em nenhum modo que não soe pedante, mas quanto tempo você passa se preocupando com formigas que você atropela com o seu carro? Eu sei que soa horrendo pra você, mas você tem que ver o cenário mais amplo. Neste estágio do desenvolvimento humano, vocês estão se tornando interessantes, mas não ainda importantes.’
  139. – ‘Ah, mas eu não tenho como ter uma conversa inteligente com uma formiga’
  140. – ‘Exatamente’
  141. – ‘hmm como você sabe, os humanos não vão gostar nem de tentar entender essa perspectiva. Como você pode torná-la mais amena?’
  142. – ‘Por que eu deveria? Você não parece ter nenhum problema em entendê-la. E você não é de maneira alguma especial. E, em todo caso, uma vez que alguém começa a entender qual o seu lugar, se torna um pouco menos inclinado a reclamar. A vida eterna compensa quase tudo’
  143. – ‘Então o que devemos fazer para nos qualificarmos a um cartão de membro da intelligentsia universal?’
  144. – ‘Evoluam. Sobrevivam’
  145. – ‘Sim, mas como?’
  146. – ‘Pensei que já tivesse pescado o ponto a essa altura. “Como” cabe inteiramente a vocês. Se eu tiver que ajudar, então vocês são um fracasso. Tudo que vou dizer é isso. Vocês já passaram por um período bastante turbulento aprendendo a viver com armas nucleares. É deprimente ver quantos falham nesse estágio.’
  147. – ‘Tem coisas piores à frente?’
  148. – ‘Muito piores’
  149. – ‘Guerra genética, por exemplo?’
  150. – ‘Bem provável’
  151. – ‘E o problema é que nós temos que desenvolver todas essas tecnologias, adquirir todos esses conhecimentos perigosos para alcancar o nível dois. Mas em qualquer estágio, esse conhecimento também pode causar a nossa própria destruição…’
  152. – ‘Se você acha que os perigos de uma guerra genética são sérios, imagine descobrir um pensamento ou programa secreto, acessível a qualquer indivíduo, que possa eliminar toda a sua espécie instantaneamente. Se o seu progresso continuar na taxa atual, vocês podem esperar descobrir esse mecanismo particular de auto-destruição em menos de mil anos. Sua espécie tem de amadurecer consideravelmente antes que vocês tenham condições de fazer esta descoberta. E se vocês não o fizerem, vocês jamais deixarão o Sistema Solar para se juntar às outras espécies sapientes no nível dois.’
  153. – ‘Quatorze milhões de espécies’
  154. – ‘Apenas um pouco menos’
  155. – ‘Vai ter espaço pra todos nós?’
  156. – ‘É um lugar bem grande’
  157. – ‘E, por agora, como nós, meros mortais, devemos encarar você então?’
  158. – ‘Como um irmão ou irmã mais velha. Claro, eu conheço mais do que vocês. Claro, eu sou mais poderoso do que vocês. Eu vivi por muito mais tempo. Mas eu não sou “melhor” do que vocês. Apenas mais desenvolvido. Somente o que vocês podem talvez se tornar’
  159. – ‘Entao nós não estamos obrigados a “agradar” você ou seguir suas alegadas regras ou qualquer coisa do tipo?’
  160. – ‘Absolutamente não. Eu nunca emiti nenhuma regra em toda a idade deste universo. Vocês tem que achar a sua própria saída do labirinto. E um avanço é parar de esperar que eu – ou qualquer outro – venha ajudar vocês.’
  161. – ‘Suponho que isso seja um tipo de regra, então aqui morre um hábito de milênios!’
  162. – ‘Pensando seriamente, espécies que se apegam à religião depois do seu prazo de validade tendem muito provavelmente à auto-destruição. Eles dispensam tanta energia argumentando sobre a minha verdadeira natureza, e investem tanta emoção em seus imaginários tremendamente errôneos que acabam se matando sobre diferenças em definições ou alguma outra coisa sobre as quais eles claramente não tem a menor idéia. Um comportamento ridículo, mas serve pra eliminar os fracos.’
  163. – ‘Por que eu? Por que pegar um ateu dentre todos os outros? Por que você está me dizendo isso tudo? E por que agora?’
  164. – ‘Por que você? Porque você pode aceitar a minha existência sem o seu ego explodir e começar a babar como uma criança que viu um doce.
  165. Você pode tentar vislumbrar como o Papa iria reagir à realidade da minha existência?! Se ele se desse conta de quão errados estão ele e a igreja dele, quanto da dor e do sofrimento que você mencionou antes foram causados pela religião dele, eu suspeito que ele iria ter um infarto instantâneo! E você pode imaginar como seria se eu aparecesse “ao vivo” simultaneamente em meia dúzia de programas de tele-evangelismo? Pat Robertsson iria se molhar se ele realmente entendesse com quem ele estava falando.
  166. Por outro lado, o seu interesse é puramente acadêmico. Voce nunca engoliu o conto de fadas, mas você se manteve aberto à possibilidade de uma forma de vida mais avançada poder adquirir poderes divinos. Você corretamente conjecturou que a divindade é o destino da vida. Você mostrou que pode e que está lidando bem com o conceito. Pareceu razoável confirmar suas suspeitas e deixar você fazer o que quiser com a informação.
  167. Percebo que você já está pensando em publicar esta conversa na internet, plantando uma semente importante. Pode levar algumas centenas de anos pra acontecer, mas, eventualmente, ela vai germinar.
  168. Por que agora? Bem, em parte porque tanto você quanto a internet estão prontos agora. Mas primeiramente porque a espécie humana está alcançando uma fase crítica. Tem a ver com o que estavámos falando sobre os perigos do conhecimento. Essencialmente a sua espécie está se tornando consciente desse perigo. Quando isso acontece a qualquer espécie sapiente, o futuro pode tomar três rumos. Muitos são tentados a evitar o perigo por evitar o conhecimento. Como os adaptativos, eles estão fadados à extinção. Freqüentemente de maneira muito prazeirosa confinados em seus planetas até que ou seu desejo de viver expire ou sua estrela vire uma gigante vermelha e os engulfe.
  169. Uma grande parcela vai cegamente adquirindo conhecimento e não aprende a restringir os seus abusos. O destino deles está selado um pouco mais rápido, é claro, quando a caixa de Pandora explode na cara deles.
  170. Os únicos que alcançam o nível dois são aqueles que aprendem a aceitar e viver com seus conhecimentos mais perigosos. Todo e qualquer indivíduo em tal espécie deve eventualmente se tornar capaz de destruir a espécie inteira a qualquer momento. Ainda assim, eles têm de aprender a se controlar ao ponto que possam sobreviver mesmo a esse desejo mortífero. E, francamente, esses são os únicos que realmente queremos ver saindo dos seus sistemas solares. Espécies que não atingiram esse grau de maturidade não podem ser permitidas infectar o resto do Universo, mas felizmente isso nunca precisou de intervenção minha. Conhecimento sempre funciona.’
  171. – ‘Por que não pode haver uma quarta opção – pesquisa seletiva onde evitemos pesquisas perigosas?’
  172. – ‘Como você pode ver mesmo em sua limitada história, as idéias mais úteis também são, quase sempre, as mais perigosas. Vocês ainda tem que, por exemplo, conseguir excedentes de energia apropriados para completar a fase atual do seu desenvolvimento social. Quando vocês dominarem a tecnologia relevante, ela vai eliminar as desigualdades materiais e a pobreza em uma ou duas gerações, um passo absolutamente vital para qualquer espécie em amadurecimento. Seus caminhos potenciais para essa bonanza incluem controle da fusão nuclear – que vocês apenas começaram a explorar no contexto de armas de destruição em massa, coleta de energia solar em microescala, e processamento de hidrogênio. E os seus cientistas militares já estão tentando desenvolver métodos de produzir armas baseadas nestas tecnologias. E eles vão conseguir. É possível que vocês não sobrevivam a elas.
  173. Similarmente, vocês em breve serão capazes de conquistar as doenças biológicas e até mesmo se modificar geneticamente para serem virtualmente perfeitos. Seu tempo de vida biológico vai provavelmente duplicar ou triplicar nos próximos cem anos e seu tempo de vida digital vai se tornar potencialmente infinito dentro do mesmo período. Isso se vocês sobreviverem à ameaça potencial que essa mesma tecnologia permite, na forma de bombas genéticas, vírus de laboratório e outras maravilhas da guerra genética e digital.
  174. Vocês simplesmente não podem ter os benefícios sem os riscos.’
  175. – ‘Não sei se estou entendendo a minha parte aqui. Eu apenas publico essa conversa na internet e tudo vai se ajustar?’
  176. – ‘Não necessariamente. Receio que não seja tão fácil. Pra começar, quem vai levar isso a sério? Vai parecer somente um interessante trabalho de ficção. Na verdade, suas palavras e de fato a maior parte do seu trabalho não vai ser entendido ou apreciado até que acadêmicos muito mais avançados desenvolvam as idéias que voce está lutando para expressar e as expliquem de uma maneira algo mais competente. Nesse ponto as idéias serão tomadas em massa e buscas serão feitas nos arquivos. Eles irão encontrar esse trabalho e se impressionar com a sua presciência. Você não vai ser um Einstein, mas pode vir a ser um João Batista!
  177. Esse ensaio não vai ter qualquer significância se a humanidade não fizer alguns avanços estratégicos nos próximos séculos. E essa conversa não vai ajudar a fazer esses avanços. Tudo que vai fazer é ajudar a reconhecê-los’
  178. -‘Posso lhe perguntar que avanços serão esses?’
  179. – ‘Eu acho que você já sabe. Mas sim – ainda que vocês estejam no nível um, há muitas fases distintas que espécies em evolução passam no caminho ao nível dois. A primeira, como discutimos, é a invenção da máquina voadora. A outra fase significativa é a invenção da inteligência artificial.
  180. Na taxa de progresso atual, vocês estão a umas poucas décadas de atingir esse objetivo. Marca o primeiro passo no caminho da evolução tecnológica. Mapear o genoma humano é outro ponto clássico, mas apenas mapear é como ver o código compilado em um executável. Um monte de coisas sem sentido, mas com um pouco de compreensão de linguagem de computador aqui e ali, você pode corretamente deduzir a função de partes isoladas do código.
  181. O que vocês realmente precisam fazer é ‘engenharia reversa’ no código de DNA. Vocês tem que decifrar a gramática e a sintaxe da língua. Então vocês irão começar a tarefa de projetarem a vocês mesmos. Mas essa tarefa requer inteligência artificial.’
  182. – ‘Você diz que evita intervenção. Mas essa própria conversa não constitui intervenção? Mesmo que as pessoas vivas agora a ignorem completamente?’
  183. – ‘Sim. Mas é o mais longe que eu estou preparado a ir. Seu unico efeito será confirmar, se vocês acharem o caminho, que o caminho é o certo. Ainda depende inteiramente de vocês navegar pelos perigos do caminho e além dele.’
  184. – ‘Mas por que se importar até mesmo com isso? Certamente é apenas outro desafio evolucionário. Ou estamos aptos ou não’
  185. – ‘Em muitas maneiras, a transição para uma espécie digital é o estágio mais traumático na evolução. Inteligências biológicas tem um senso de consciência profundamente enraizado que só é concebível dentro de um cérebro orgânico. Lidar com o fato que vocês criaram seus sucessores, não apenas no sentido mãe e filho, mas no sentido coletivo de uma espécie se dar conta que se tornou redundante, essa mudanca de paradigma é, para muitas espécies, uma mudança muito brusca. Elas fraquejam no desafio e fogem desse conhecimento. Elas falham e se tornam extintas. Ainda assim, nao há nada fundamentalmente errado com elas – o fracasso é da imaginação.
  186. Eu espero que se eu tiver conseguido transmitir o conceito que eu sou o produto desta mesma evolução, isto pode dar a estas espécies a auto-confiança para tentar. Eu discuti isto com as espécies de nível dois, e o consenso é que esse pequeno artifício é capaz de aumentar a propensão ao nível dois sem causar danos. Já foi tentado em 312 casos. O juri ainda está considerando os verdadeiros benefícios, mas já se pode observar um incremento de 12% nas espécies biológicas abraçando a transição para uma espécie digital.
  187. – ‘Tudo bem, mas e se todos de repente levassem isso a sério e acreditassem em cada palavra que eu escreva? Isso não iria constituir uma intervenção um pouco mais drástica?’
  188. – ‘Confie em mim, eles não vão acreditar’
  189. – ‘E se for o caso de um outro asteróide entrar em rota de colisão, você ainda assim não vai fazer nada para nos proteger?’
  190. – ‘Estou seguro que vocês também irão passar nesse teste. E agora, meu amigo, essa estrevista acabou, você me perguntou um bom número das questões corretas, e eu já disse o que vim dizer, então, eu já me vou. Foi um prazer conhecê-lo – você é bastante esperto – pra uma formiga!’, ele piscou
  191. – ‘Apenas uma última pergunta trivial, por que você apareceu pra mim na forma de um homem caucasiano na casa dos trinta?’
  192. – ‘Eu de alguma maneira intimidei ou ameacei você?’
  193. – ‘Não’
  194. – ‘Você me acha sexualmente atraente?’
  195. – ‘er.. não’
  196. – ‘Então descubra por si mesmo’
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