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Beauty Queen I - O que poderia dar errado?

Aug 11th, 2019
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  1. “Hm... Olá... M-meu nome é Kang Seulgi... Por favor, cuidem de mim.”
  2.  
  3. Mãos suadas. Coração palpitando. Boca seca. Sintomas da timidez de Seulgi se apresentando no lugar dela para suas novas colegas de classe. Era difícil não se sentir apreensiva quando tantos olhares eram direcionados para si. Por que aquelas garotas pareciam estar a julgando?
  4.  
  5. “Sente-se ali, ao lado da Sooyoung.” A jovem professora, que mais cedo descobriu se chamar Yongsun, apontou para a última carteira vaga próxima a longa sequência de janelas da sala.
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  7. De cabeça baixa, caminhou entre os olhares nada discretos de suas colegas e sentou-se em seu novo lugar. Pela janela, era possível enxergar o lado de fora. Um vasto campo verde que formava uma bela paisagem, cheio de alunas andando de um lado para o outro, conversando. Mais longe, havia a imagem diurna da cidade de Seul e seus prédios. Aquela era sua nova escola. Seu novo lar.
  8.  
  9. O colégio feminino Gyeongja tinha um nome importante e uma reputação excelente entra as diversas escolas da capital. Seu lema era formar mulheres líderes de uma sociedade igualitária. Vestir o uniforme rosa daquele internato era uma honra, qualquer garota que tivesse o privilégio de estudar lá tinha um bom currículo garantido. Kang Seulgi teve essa sorte.
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  11. Na verdade, ela não chamaria isso de sorte, mas sim uma péssima escolha. Ela nunca estudou em um colégio interno antes, mas seu pai teve essa ideia quando foi transferido de Gwangju para Seul a trabalho. Entrar no meio do ano letivo não era um bom começo para nenhum novato, mas Seulgi esperava que pelos menos conseguisse se adaptar bem àquele novo ambiente. O que poderia dar errado?
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  13. “Kang Seulgi, certo?” Foi tirada de seus pensamentos por uma voz feminina. Se desfocou da janela e olhou para garota sentada a sua direita.
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  15. “É... S-sim.” sua timidez se tornava evidente de novo, limpou sua garganta e tentou soar mais firme. “Quer dizer... Sim, sou eu.”
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  17. A garota de cabelos pretos e longos soltou um riso, achando graça do nervosismo da outra. Ela era bonita. Parecia uma atriz, tinha uma aura intimidadora, olhar de superioridade e lábios carnudos pintados de vermelho pelo batom. Ela era realmente bonita.
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  19. “Eu sou Park Sooyoung.” Sorriu de canto. “Já conheceu sua colega de quarto?”
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  21. “Não, eu não a conhecia ainda...” Seulgi ajeitou seus óculos redondos no rosto.
  22.  
  23. “Bem... Você até que é bem cuidada.” A Kang arregalou os olhos. Aquele elogio foi tão abrupto que pensou ter ouvido errado — se é que aquilo podia ser chamado de elogio. “Tome cuidado, algumas alunas têm inveja de garotas bonitas.”
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  25. Não soube o que responder para a fala de Sooyoung, não entendia o que ela queria dizer com aquilo, mas o sorriso em seu rosto carregava uma leve presunção.
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  27. “Se você quiser, eu posso te apresentar o colégio depois da aula.” ela sugeriu.
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  29. Seulgi ponderou bastante antes de responder. Ela queria negar. Sabia que era errado se deixar levar por primeiras impressões, mas aquela garota parecia o tipo de pessoa que não deveria ter por perto.
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  31. “Por mim tudo bem.” Sorriu. Ela era boazinha demais para recusar qualquer coisa.
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  33. Observou a outra retribuir o sorriso e logo voltar a prestar atenção na professora. Conhecer o colégio ao lado de Sooyoung talvez não fosse ser tão ruim, afinal, o que poderia dar errado?
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  36. Park Sooyoung era uma ótima guia, sem dúvidas ela parecia ter decorado toda a história de Gyeongja, já que a cada lugar por qual passavam ela parava para explicar a história e significado por mais simples que fosse. Era informação demais para o cérebro de Seulgi, por isso, em certo ponto do passeio não estava nem mais prestando atenção no que a mais alta dizia.
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  38. Mas algo que não deixou passar despercebido foram os cochichos e olhares enquanto andava ao lado de Sooyoung. Não demorou muito para processar que talvez ela fosse uma aluna popular e as outras garotas estavam se perguntando o que ela fazia andando ao lado da novata esquisitona. Não era tão lerda quanto parecia.
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  40. “Nós temos aulas eletivas, Seulgi. Já sabe com qual vai preencher seu currículo?” A Park parou de andar e virou de frente para si.
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  42. “O que?” perguntou, saindo de sua bolha de distração.
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  44. “Você não ouviu nada do que eu disse, não é?” Ela gargalhou, fazendo o rosto de Seulgi ficar vermelho de vergonha por ter sido pega distraída.
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  46. “É... Me desculpe.”
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  48. “Eu perguntei sobre as aulas eletivas, já sabe com qual vai preencher seu currículo?”
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  50. Ah, as aulas eletivas. Todas as alunas podiam preencher seu currículo escolar com aulas extras de sua preferência. Um dos privilégios de estudar em Gyeongja.
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  52. “Eu ouvi falar sobre comunicações audiovisuais, talvez eu me inscreva. Eu gosto disso já faz um tempo.” tentou responder de forma menos nerd possível, mas a quem queria enganar? Seulgi era a maior nerd, principalmente se tratando daquilo.
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  54. “Oh, audiovisual? Legal.” Não, ela não achava legal. Não precisava de muito para perceber, estava literalmente escrito em sua testa. “Caso você mude de ideia, eu acho que moda possa ser uma boa opção, nós podemos ser colegas de classe.”
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  56. “Obrigada, mas acho que vou ficar com audiovisual mesmo.” Sorriu meio sem graça, ajeitando seus óculos.
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  58. A expressão da Park se fechou e ela virou para frente. Seulgi tinha a impressão que estava acabando com a paciência daquela garota aos poucos.
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  60. “Vamos continuar o passeio, tem um lugar que eu quero te mostrar.”
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  62. E elas continuaram andando pelos corredores, ainda recebendo olhares e cochichos.
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  64. Chegaram até o lado de fora do prédio escolar, dando entrada no jardim. Sem dúvidas, aquele era o lugar mais lindo de todos pelo qual já haviam passado. As árvores de cerejeira eram um deleito para os olhos, mesmo que a maioria das alunas não parecessem estar realmente concentradas na paisagem. Elas andavam com celulares em mãos, toda hora.
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  66. Só pararam de andar quando estavam ao lado de outra construção, não era um prédio, parecia mais uma casa. Protegida por um portão dourado, ela tinha um jardim com grama verdinha e as mais variadas flores espalhadas por ele. Toda pintada de rosa, parecia uma casa de boneca. Ao alto, era possível ler em letras garrafais de preto em uma faixa branca escrito “Palácio Top 10”.
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  68. Seulgi não evitou franzir as sobrancelhas e se virar para Sooyoung, confusa.
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  70. “Essa é a casa do top 10, o melhor dormitório do colégio.” a mais alta explicou ternamente com um sorrisinho no rosto.
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  72. “Top 10?” Aquilo só colaborou ainda mais para a confusão de Seulgi. O que diabos era top 10?
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  74. “Oh, você não sabe?” Sooyoung se virou para si, como se parecesse realmente chocada por saber o que aquele prédio significava. “Qual é o lema do colégio Gyeongja?”
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  76. “Hm... Criar mulheres líderes de uma sociedade igualitária...?” repetiu o que se lembrava da reunião com o diretor.
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  78. “Exato, mas para ser uma líder, no mundo dos negócios, ter só talento não é o suficiente.” Pela segunda vez no dia, a Kang se via confusa com as palavras da morena. “Gyeongja é referência entre os outros colégios femininos porque nós somos efetivas em empoderar a nossa feminilidade de forma que nós estejamos preparadas para encarar a fase adulta.”
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  80. “O que isso quer dizer?”
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  82. “Isso quer dizer que quando os homens dizem que a beleza é o aspecto mais importante na vida de uma mulher, eles não estão errados.” Explicou simplista. “Uma mulher poderosa tem que saber usar seus atributos naturais, Deus nos deu a dádiva da beleza da mesma forma que deu aos homens a dádiva da força. É algo natural.”
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  84. A cabeça de Seulgi parecia dar um nó a cada palavra que Sooyoung proferia. Se perguntou em qual ponto aquele passeio se tornou tão bizarro.
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  86. “O que isso tem a ver com a casa?” indagou.
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  88. “Essa casa é o lar das garotas mais bonitas daqui. Gyeongja tem um sistema diferente de todos os colégios coreanos porque ao invés de sermos classificadas por nossas notas, nós somos classificadas pela nossa beleza.”
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  90. A garota de óculos deixou um riso soprado escapar ao escutar aquilo. Só podia ser uma brincadeira.
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  92. “Você ‘tá zoando, né? Como vocês decidem isso? Como vocês sabem quem são as mais bonitas?”
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  94. “Você sabe por que tantas garotas ao nosso redor estão no celular?” Seulgi negou com a cabeça. “Porque nós temos um aplicativo que monitora nossos rankings em tempo real. Toda aluna é cadastrada no sistema ao fazer a matricula, tem um telão que exibe esse ranking no refeitório e outro na sala principal do Top 10.”
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  96. Um aplicativo? Que mostrava rankings de beleza em tempo real? Essa ideia parecia muito surreal.
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  98. “Dependendo do que você faça, você pode cair de posição. Por isso, nesse colégio, nós sempre tomamos cuidado em estar bem arrumadas, você sabe... Com o uniforme alinhado, pele bem hidratada, cabelo penteado, maquiagem no lugar, e etc.”
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  100. “Isso não é um pouco... rígido?”
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  102. “Se você quer formar bons líderes, às vezes rigidez pode ser necessário.” A expressão fria no rosto da morena fez Seulgi se arrepiar. “Além do mais, nós deixamos bem claro que acreditamos no potencial e beleza de todas as alunas. Não existe pessoas feias, mas sim preguiçosas, e aqui nós não admitimos preguiça.”
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  104. O fato de que as alunas eram avaliadas por beleza e não talento fazia Seulgi se perguntar se estava mesmo em um colégio e não em um concurso de Miss.
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  106. “Eu entendo sua confusão, Seulgi-ah.” Sentiu o toque amigável de Sooyoung em seu ombro. “Quando eu entrei aqui, tudo parecia muito estranho, mas então eu me acostumei e consegui entrar no top 3 rapidamente. Você não é feia, se esforce e conseguira pelo menos um top 30.”
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  108. O tom arrogante que a Park usou para terminar aquela sentença fez algo ferver no interior de Seulgi. Aquela garota tinha mexido com a pessoa errada.
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  110. “Escuta aqui-“ estava pronta para esbravejar contra a morena, mas foi interrompida imediatamente.
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  112. “Shhh... Eu sei que você vai dizer.” Sorriu com cinismo. “Guarde suas palavras para você, nós precisamos voltar para a aula agora.”
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  114. E saiu andando. Deixou uma Seulgi irritada para trás, arrependida por ter aceitado passear com aquela garota prepotente.
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  117. As aulas terminaram. Tanto Sooyoung quanto Seulgi não tentaram falar uma com a outra, mas a garota de óculos sabia que a mais alta a encarava com desdém durante a aula. Preferiu ignorá-la, não queria arranjar confusão no seu primeiro dia de aula.
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  119. Caminhou cansada até seu dormitório, quando ligou as luzes percebeu que sua colega de quarto ainda não havia chegado. Talvez ela fosse de outra sala.
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  121. O quarto não era tão grande, mas também não era pequeno. Próximo do beliche, a direita, tinha uma pequena janela e perto dela uma escrivaninha, julgando pela decoração na parede sua roommate gostava de esportes. Do outro lado, tinha duas portas, uma parecia levar ao closet e a outra ao banheiro.
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  123. Aproveitou o momento sozinha para ligar para alguém que sabia que estava com saudades. Ficou de frente para beliche, de costas para a porta, onde havia uma boa iluminação. Pegou seu celular e ligou a chamada de vídeo para o contato que escolheu.
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  125. Não demorou muito para que um garoto de cabelos vermelhos sorrindo aparecesse na tela.
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  127. “Baekkie!” Seulgi exclamou entusiasmada por ver a imagem do irmão mais velho.
  128.  
  129. “E aí, piralha!” Brincou, abrindo ainda mais seu sorriso. Ele parecia tão animado quanto Seulgi.
  130.  
  131. “Te atrapalhei?” Percebeu que o irmão estava de costas para a porta fechada de seu quarto.
  132.  
  133. “Nada demais, eu só estava ajudando o Chan a lamber o próprio cotovelo.” A mais nova não evitou dar risada, já conhecia as bobagens de seu cunhado. “Ele mandou um oi para você.”
  134.  
  135. “Diga que ele está me devendo uma partida de Mortal Combat.” se lembrou do game que mais gostava de jogar com os rapazes.
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  137. “Se ele estiver aqui no próximo final de semana, talvez isso seja possível.”
  138.  
  139. Baekhyun era o irmão mais velho de Seulgi. Diferente da dongsaeng, ele já tinha concluído seus estudos e era maior de idade, mesmo assim, ele resolveu acompanhar seu pai e a irmã em Seul e tentar uma bolsa para cursar Medicina na capital. Entretanto, ao deixar Gwangju, ele também precisou deixar seu namorado que só podia visita-lo três vezes no mês. Seulgi dizia que Baekhyun e Chanyeol eram seu casal favorito.
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  141. “Como está a escola?” o ruivo perguntou, curioso. “Se você tiver qualquer problema, me avise e eu te tiro daí imediatamente.”
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  143. “Tá tudo ok, não se preocupe.” riu do jeito protetor do mais velho. “Todo mundo é legal.”
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  145. Preferiu não mencionar o incidente com Sooyoung, não queria deixa-lo preocupado com garotas arrogantes. Pessoas como ela existiam em qualquer lugar, mas se Baekhyun soubesse que uma delas estuda com Seulgi, ele seria capaz de perder a cabeça.
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  147. “Já arranjou alguma crush? E nem vem com essa de ‘sou hétero’! Você precisa passar o legado homossexual da família para frente.”
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  149. “Oppa...” Seulgi resmungou, não querendo entrar naquele assunto.
  150.  
  151. Ah, aquele assunto. A sexualidade da Kang caçula era um tópico pouco comentado, porém muito complexo.
  152. Aceitar que Baekhyun era gay foi um choque tanto para o pai quanto para Seulgi. Ver o seu oppa chorando com medo de ser expulso de casa era uma imagem que não desgrudava de sua mente. Porém, apesar de seu pai ser um homem “das antigas”, ele nunca seria capaz de machucar um filho, então aceitou Baekhyun e seu genro mesmo que estranhasse uma relação entre dois homens.
  153.  
  154. Entretanto, depois disso, Seulgi começou a sentir o peso de carregar o título de “filha hétero” da família. Ela sabia que o seu pai queria ter netos e como Baekhyun não podia e nem pretendia dá-los, Seulgi era a única esperança do velho sr. Kang.
  155.  
  156. Mal sabia ele que antes mesmo que Baekhyun conhecesse Park Chanyeol, sua menininha já tinha dado seu primeiro beijo aos treze anos com uma colega de classe. Ela contou para o irmão, ele disse que ela podia ser lésbica, mas a garota também tinha medo do que o seu pai diria, por isso se consolou dizendo que só estava curiosa. Essa mentira se perdurou por anos e a confissão de seu irmão só colaborou para que ela continuasse escondendo esse sentimento.
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  158. Volta e meia Baekhyun voltava no assunto, insistindo para que ela se assumisse, como era aquele caso.
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  160. “Aproveita que ‘tá aí e tira as teias de aranha de boca.” o rapaz brincou, fazendo a irmã corar.
  161.  
  162. “Baekhyun!” repreendeu, escondendo seu rosto com a mão.
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  164. “Tudo bem, não ‘tá mais aqui quem falou.” Ele gargalhou, porém ficou sério em seguida. “Você sabe que eu só falo isso porque não gosto de ver você se reprimindo dessa forma. O papai meu aceitou, ele vai te aceitar também.”
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  166. “Você sabe que não é essa a questão, Baekkie...” Tirou a mão do rosto, mostrando sua expressão preocupada.
  167.  
  168. “Ele não vai ficar decepcionado com você, sei lá, eu acho que ele vai até ficar feliz. Quer dizer, alguém precisava gostar de mulher nessa família, né?” Seulgi gargalhou com a piada infame.
  169.  
  170. “Você não presta, garoto." falou entre risos.
  171.  
  172. “Eu sei, por isso você me adora.” Sorriu aberto de forma convencida.
  173.  
  174. “Quem disse?” Ela arqueou a sobrancelha, pronta para começar a provocar o irmão.
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  176. “Não adianta negar o seu amor incondicional por mim, mocinha.”
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  178. “Amor, eu consegui!” a voz grossa de Chanyeol meio abafada pela porta se fez presente do outro lado da linha e Seulgi soube que Baekhyun tinha que ir.
  179.  
  180. “Meu deus! Sério? Incrível!” o ruivo exclamou entusiasmado, mas logo se virou para a dongsaeng com um biquinho triste. “Vou ter que desligar agora, carrapatinha. Acho que ele conseguiu lamber o cotovelo.”
  181.  
  182. “A gente se fala amanhã, manda um beijo pro pai por mim.”
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  184. “Pode deixar. Tchauzinho!” o mais velho acenou.
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  186. “Tchau.” ela acenou de volta, sorrindo para a tela que logo desligou, mostrando que a chamada de vídeo tinha acabado. Suspirou, se sentindo mais leve. Seulgi amava seu irmão.
  187.  
  188. “Garoto bacana.” Pulou de susto ao ouvir uma voz feminina desconhecida soar pelo quarto. Deu de cara com uma garota de cabelos vermelhos, encostada na porta. “Você deve ser Kang Seulgi, não é?”
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  190. Ela se desencostou do lugar e caminhou em sua direção com um sorrisinho sarcástico no rosto.
  191.  
  192. “Sim.” murmurou, meio assustada. “E você é...?”
  193.  
  194. “Kim, Yerim, sua colega de quarto.”
  195.  
  196. Oh, aquela era sua colega de quarto. Seulgi estendeu sua mão, esperando um cumprimento, entretanto, a menina simplesmente passou por si e se sentou na cadeira giratória da escrivaninha.
  197.  
  198. “Pode ficar com a cama de cima, eu durmo embaixo.” Se virou para si, girando a cadeira. “Tá curtindo o colégio?”
  199.  
  200. “É... mais ou menos...” A Kang respondeu, ainda meio desconcertada por ter tido seu aperto de mão ignorado.
  201.  
  202. “Te vi passeando com Park Sooyoung no almoço, mal chegou e já virou amiga de uma top 10. Proeza incrível.”
  203.  
  204. Não precisava de muita percepção para notar o sarcasmo carregado na voz de Yerim. Também não precisava de muito para notar que talvez ela não gostasse tanto de Sooyoung.
  205.  
  206. “Ela não é minha amiga!” interviu imediatamente, o que fez a ruiva dar risada.
  207.  
  208. “Pelo jeito ela já te mostrou as garrinhas, não é?” a garota riu ainda mais ao ver Seulgi assentindo. “Não se preocupe, ela pode parecer cínica daquele jeito, mas isso é um traço comum entre as top 10. Tem outras piores.”
  209.  
  210. “Existe alguém pior que ela?”
  211.  
  212. Pensar que existia mais garotas iguais a morena ou até piores fazia a cabeça de Seulgi doer só de imaginar.
  213.  
  214. “Toda as outras são tão superficiais ou alienadas quanto, mas a pior de todas é a líder. Bae Joohyun, a top 1. Uma cobra, daquelas bem venenosas, melhor ficar longe.”
  215.  
  216. Bae Joohyun? Não se lembrava de ter visto ou esbarrado em nenhuma garota com aquele nome.
  217.  
  218. “Eu não me lembro de ter visto.” comentou, enquanto se sentava na cama de Yerim.
  219.  
  220. “É óbvio que não viu, né?” Viu a outra revirar os olhos. “Ela é do terceiro ano e é muito difícil acha-la andando entre os reles mortais. Quando tem tempo livre, ela só fica na casa das top 10.”
  221.  
  222. “Esquisito...”
  223.  
  224. “Você é bonitinha, entraria com facilidade no top 10.”
  225.  
  226. Diferente de Sooyoung, Yerim parecia sincera ao elogia-la, isso reconfortou Seulgi.
  227.  
  228. “Você também é, por que não está lá?”
  229.  
  230. E então, a ruiva se pôs a rir como se a de óculos tivesse contado a maior piada do mundo.
  231.  
  232. “Quantas garotas de cabelo vermelho você encontrou hoje?” perguntou retoricamente entre risos. “Aposto que nenhuma. Eu nunca vou entrar no top 10 porque a primeira coisa que eu ouvi quando tingi o cabelo foi que parecia uma prostituta.”
  233.  
  234. Os padrões para subir de ranking eram tão altos que implicavam até mesmo com a cor de cabelo, isso deixou Seulgi chocada.
  235.  
  236. “Além do mais, eu não quero fazer parte daquele ninho de cobras. Eu prefiro meu time de basquete.” Apontou com orgulho para os pôsteres da NBA que tinha pendurados na parede.
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  238. “Eu também não quero entrar lá, esse tipo de classificação soa tão... opressivo.” Torceu o nariz.
  239.  
  240. “O nosso diretor não é um homem à toa. Ele não foi e nem é o primeiro a dizer para mulheres que elas são só um rostinho bonito.” Yerim deu de ombros e girou na cadeira. “Eu não me esforço para ser bonita porque sei que essa droga de classificação não vai valer de nada quando eu tiver fazendo todas as cestas na liga feminina.”
  241.  
  242. Só com aquelas palavras era possível enxergar o tipo de pessoa determinada que a Kim era, aquilo agradou Seulgi e percebeu que nem todas as garotas dali eram fúteis como pareciam.
  243.  
  244. “Gostei de você.” Sorriu de lado.
  245.  
  246. “Gostei de você também, não estou compartilhando quarto com mais uma tonta.” Sorriu de volta, mas logo levantou da cadeira e caminhou em direção a de óculos. “Levanta, vou te ensinar a cumprimentar direito. Bate aqui.”
  247.  
  248. Estendeu a mão em direção a Seulgi, que levantou um tanto confusa, mas obedeceu. Assistiu a ruiva fechar a mão em um punho, pegar a sua com a mão livre e fechá-la, então bater nela com seu punho direito fechado.
  249.  
  250. “É assim que nós vamos nos cumprimentar.” Ela sorriu, finalizando o toque.
  251.  
  252. Seulgi se permitiu sorrir de volta, contente por fazer sua primeira amiga em Gyeongja.
  253.  
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