[III - 4.5.21.19]

deus está morto.
provisoriamente, o enterraremos sob sete palmos de ignorância e indiferença, junto às demais coisas que nós não mais usamos.
enterraremos, também, de suas palavras, aquelas das quais nós não gostamos.
por hora, serão enterradas a felicidade, o amor, a virtude, a moral e o perdão.
além disso, enterraremos junto a estes, as canções para o amor e quaisquer formas de celebração.
não mais as usaremos, não.
usaremos apenas o ódio.
o ódio de nosso pai e o ódio que temos por ele.
"ODEIE"
assim dirá o novíssimo testamento.
"quando cansar-se de odiar, deite-se sobre o chão para que possamos o enterrar também"


    [III - 9.13.1.7.9.14.1.3.1.15]

imagem ou ação,
fato ou ficção -
tão estranho é ao peito
as dores do coração
que até sofri por amores
que ainda hoje são
de um mero feito
da imaginação


    [III - 13.15.18.20.5]

a morte me levou logo cedo o amor primeiro
amor de jovem, amor faceiro -
daqueles que marcam o coração.
mas não serei o último, nem fui o primeiro -
eu não sou o único prisioneiro
das dores que levo para o caixão.


    [III - 15.22.15]

ó povo heróico,
filho esquecido deste solo,
ouvi vós o meu clamor e vinde a mim.
quando rasgarem o formoso céu de nossa pátria os fúlgidos raios deste sol cruel, levantai ao céu os punhos e bradai comigo:
"LIBERDADE OU MORTE".
erguei-vos, irmãos, já é hora.
tomai em mãos as suas armas e com braço forte abatei de vez esta vara que vos devora.
atirai ao ar suas pedras e derrubai de nossos céus este bando vil.
tomai de volta aquilo que nos pertence,
fazei nossa novamente a terra adorada,
a Pátria amada
e o Brasil.


   [III - 17.21.5.18.5.18]

quero fazer algo bem,
nem que isso me mate.
não vou morrer um ninguém,
quero que alguém me note.
por que vocês não me veem?
eu não mereço destaque?
se é talento, ok -
talvez talento me falte,
mas eu faço arte também!
isso aqui não é arte?
o que os meus textos não têm?
o que eu faço não vale?
tudo bem, já cansei.
talvez, como Van Gogh,
o que me faz tanto bem
só seja visto em morte.