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a guest
Nov 11th, 2019
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  1. Sarinha fitou o céu com apreensão. Estava nublado e, por isso, o céu das 5h ainda era majoritariamente preto e roxo-escuro, dando um toque macabro à madrugada. E o frio que fazia, ah, o frio... era cortante.
  2. Sérgio estava ao lado dela e ambos andavam rápido pelo labirinto de ruas. Não era para menos: tão cedo assim, não era nem de longe seguro passear. Ir até o ponto para pegar o ônibus era: no mínimo, um desafio. E se ninguém a acompanhasse, que seria dela? Quase corriam pelas calçadas, as sombras desenhadas pelos postes em uma dança estranha e veloz. Não demorariam a chegar, mas, por algum capricho, o tempo se alongava em infinitas horas de caminhada no escuro, obrigando-os a encararem o desconhecido em cada esquina.
  3. A arma de fogo encaixada na cintura do namorado roçava no quadril dela, mas isso só reforçava seu nervosismo.
  4. - Ei, vai ficar tudo bem, ok? – ele falou, percebendo os tremores de Sarinha. Prosseguiu tentando distrai-la, puxar assunto, jogar conversa fora. A moça respondeu o que precisava, mas seus pensamentos continuavam soltos, imaginando que a qualquer momento seriam abordados.
  5. O que aconteceria se alguém mal-intencionado os encontrasse? Uma multidão de cenários desastrosos se desenrolava na cabeça da mulher: no melhor deles, apenas sua mochila era levada, no pior, percebia-se a arma. O vento frio fazia com que seus calafrios apenas piorassem. Não é que morasse em um lugar perigoso demais. Quer dizer, todo lugar era perigoso demais agora. Mas seu bairro não era tão violento quanto poderia ser, considerando-se estarem no Brasil, no Nordeste, neste Estado... Era um bom lugar para se viver durante as horas ensolaradas. Mas aqui, no breu da madrugada, não havia quase nada que a confortasse... E aquela arma! Não deveria oferecer conforto? Por que a deixava mais apreensiva? Por que o tempo não passava? Por que nunca chegavam?
  6. De repente pararam e Sarinha logo se deu conta do porquê: haviam chegado ao ponto de ônibus, assinalado por um painel luminoso que exibia orgulhosamente uma modelo de cabelo impecável. O ônibus virava a esquina da avenida, que já apresentava um carro ou dois. Ela subiu no veículo, acenando para Sérgio enquanto se afastava. Ficara tudo bem.
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