O EPIA existe desde 1985, ocorre de 2 em 2 anos, e tem como objectivo divulgar trabalhos na área de Inteligência Artificial em Portugal. Este ano tive a oportunidade de apresentar um paper nesta conferência, que teve lugar na Faculdade de Ciências de Lisboa (FCUL). Houve uma grande afluência de investigadores nacionais, mas fiquei surpreendido com a quantidade de estrangeiros que foram expor o seu trabalho.

Para além da área onde apresentei (Artificial Life and Evolutionary Algorithms), houveram outras, como por exemplo Artificial Intelligence Methodologies for Games, Intelligent Robotics e Social Simulation and Modeling. Foram 4 dias de apresentações bastante interessantes. Assisti a várias sessões de robótica e deu para ter uma ideia que existem muitas equipas a focar a sua investigação na Robocup. Acho esta temática muito interessante e gostava de, um dia, participar numa equipa que fosse disputar o campeonato mundial.

Vi também trabalhos interessantes na área da robótica evolucionária, onde eu actualmente me insiro. Uma das coisas boas deste tipo de conferências é que podemos ver quais são as tendências actuais das várias áreas e tirar algumas ideias para adaptarmos o nosso próprio trabalho. Destaque para o Cristiano Castelfranchi, com uma talk fascinante sobre a temática da "Confiança".

Foi a primeira conferência na qual fui orador e gostei bastante da experiência. O nosso trabalho, desenvolvido com o Professor Anders Christensen e o Professor Sancho Oliveira, focava-se na evolução de controladores (redes neuronais) para robots de forma a emularem comportamentos que são normalmente observados em insectos. Alguns exemplos são a sincronização (ex: pirilampos com emissões luminosas síncronas), atribuição de tarefas (ex: abelhas que procuram pólen enquanto outras ficam a cuidar da colmeia) e comunicação (ex: abelhas que indicam a localização de pólen com uma dança, ou formigas com feromonas). A motivação para este trabalho tem a ver com a descoberta de condições que levem ao aparecimento deste tipo de comportamento, bem como a possibilidade de descobrir como é que este tipo de comportamento complexo evoluiu na natureza.

Houve bastante discussão sobre o trabalho, o que é positivo pois mostra que existe interesse por parte de quem está a ouvir. Existem sempre pessoas que não concordam com algumas decisões que são tomadas, mas é normal, não se pode agradar a todos. Não sei se estive à altura de todas as perguntas, mas temos que começar por algum lado. Agora aguardo pela experiência de ir a uma conferência internacional. É melhor começar a adiantar a tese para ver se surge algo de interessante!