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Apr 26th, 2018
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  1. O jogador Mohamed na terra dos Beatles
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  3. A pessoa mais popular da Inglaterra hoje em dia é um egípcio chamado Mohamed Salah, gênio do futebol
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  5. Arrisco dizer que a pessoa mais popular da Inglaterra é um egípcio chamado Mohamed. Mais popular do que o príncipe Harry com sua carismática noiva americana. Mais popular do que a rainha e seus bisnetos e certamente mais popular do que a desgastada premier. Mohamed Salah, este gênio do futebol, fez os súditos da monarquia reverenciarem um muçulmano de uma vila no Delta do Nilo.
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  7. O craque do Liverpool tem batido todos os recordes de gols do time semifinalista da Liga dos Campeões. É o maior artilheiro da Europa. Já o comparam ao argentino Messi e ao português Cristiano Ronaldo. Neste momento, estaria acima do brasileiro Neymar. Sua genialidade encanta torcedores não apenas da terra dos Beatles como também do Vasco, do Boca Juniors, do Barcelona e do Manchester United.
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  9. Claro, Salah não é o primeiro craque muçulmano da História. Zidane, filho de argelinos e carrasco do Brasil na final da Copa de 1998, também é seguidor do Islã, assim como Benzema, Özil, Ibrahimovic e Ribéry. Sim, todos estes gênios do futebol são muçulmanos. Com Salah, porém, pela primeira vez os torcedores ingleses têm como maior ídolo alguém nascido no denominado mundo islâmico. Trata-se de um símbolo para jovens do Marrocos à Indonésia. E também para árabes do Iêmen ao Líbano. Acima de tudo, Salah é um símbolo para os egípcios.
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  11. Costumam tratar o Egito como uma seleção menor, sem tradição em Copas do Mundo. Verdade. Disputaram seu último Mundial em 1990, na Itália, e tiveram uma campanha medíocre. No continente africano, no entanto, sempre foram gigantes. Na década passada, conquistaram o tricampeonato da Copa da África. O craque da seleção dos faraós também se chamava Mohamed. Mais conhecido pelo sobrenome Aboutrika, foi maior ídolo do futebol egípcio em todos os tempos. Tinha o estilo elegante de Sócrates, além de ter a mesma coragem do corintiano de defender suas opiniões políticas e bater de frente com a ditadura.
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  13. Por dez anos, Aboutrika atuou com a camisa dez do Al Ahly, equivalente ao Flamengo do Cairo. Conquistou cinco vezes a Liga dos Campeões da África e o hepta no Campeonato do Egito entre 2005 e 2011, além do tricampeonato da Copa África pela seleção em 2006, 2008 e 2010. Mesmo aposentado, ainda luta pela democracia e contra a acusação de que seria membro da Irmandade Muçulmana.
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  15. Este engajamento político de Aboutrika sempre esteve em sintonia com os torcedores egípcios, que são dos mais politizados do mundo. Das arquibancadas, historicamente, entoam gritos a favor da democracia e já pagaram com a própria vida quando 74 morreram em 2012 em confrontações com a polícia. Os torcedores organizados do Al Ahly se uniram aos ultras dos rivais Zemalek, que seria o Fluminense do Egito, para comandarem as manifestações da Praça Tahrir em 2011, que culminariam na queda do ditador Hosni Mubarak. Vale a pena pesquisar vídeos na internet destas torcidas, conhecidas como ultras, e ver cenas dignas do Maracanã nos tempos de Zico, Roberto Dinamite e Romerito.
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  17. Já Salah, diferentemente de Aboutrika, saiu muito cedo do Egito. Não chegou a ser ídolo do Al Ahly ou do Zemalek. Atuou por um time menor, chamado Al Mokawloon, também do Cairo. Seria, com todo o respeito, o equivalente ao Olaria ou ao Bonsucesso no Rio de Janeiro. Foi jovem para a Europa, onde conseguiu destaque. Nunca terá o mesmo peso político de seu ídolo Aboutrika, que talvez vencesse eleições presidenciais se pudesse ser candidato e houvesse democracia no Egito.
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  19. O que marcará Salah é ter sido o primeiro a dar aos jovens egípcios o orgulho de ser do Egito e de ser muçulmano. Nós brasileiros sabemos como boas referências esportivas nos ajudam quando vivemos ou viajamos ao exterior. Ao dizermos que somos do Brasil, somos associados a uma legião de craques como Pelé, Zico, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Kaká e Neymar. As pessoas abrem um sorriso. Para os egípcios, era diferente. Sim, lembravam dos faraós. Mas, dos dias de hoje, era complicado arrumar uma referência positiva conhecida ao redor do globo. Aboutrika, apesar de todo o seu gigantismo, estava restrito às margens do Rio Nilo. Salah é de uma outra dimensão. Os gols deste Mohamed serão fundamentais para ajudar a melhorar a imagem dos egípcios e dos muçulmanos no mundo.
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  23. Leia mais: https://oglobo.globo.com/mundo/o-jogador-mohamed-na-terra-dos-beatles-22628346#ixzz5DncjEyhy
  24. stest
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