Turno - Maria Clara II (adulta)

<center><div style="margin: 40px; text-align: justify; font-family: verdana; font-size: 12px; line-height: 16px; color: #000;">
  <div align="right"><div style="width: 350px; font-family: georgia; font-size: 13px; text-align: center; margin-bottom: 30px; margin-right: 20px;">───── <i>maria clara expósito</i>; <span style="color: #CD0000;">la dama roja de la mafia</span><br>❛ <i>no puedo pedir que el invierno perdone a un rosal</i> <span style="color: #CD0000;">❦</span><br><img src="https://66.media.tumblr.com/b3767f00d0dd9c5d611f8e85497250d8/tumblr_inline_pmcmxye2UU1t9ndkh_1280.gif" style="width: 80px; border: 3px double #000; padding: 3px; margin: 3px; margin-top: 5px;"><img src="https://66.media.tumblr.com/6f8085e175cddcf1dc7957e8d0bbc296/tumblr_inline_pmcmyfYpEQ1t9ndkh_1280.gif" style="width: 80px; border: 3px double #000; padding: 3px; margin: 3px; margin-top: 5px;"><img src="//66.media.tumblr.com/5e2c50fcde8e30e4f39771cd06c23199/tumblr_inline_pmcmxvPHK01t9ndkh_1280.gif" style="width: 80px; border: 3px double #000; padding: 3px; margin: 3px; margin-top: 5px;"><br><img src="https://agingerlyreview.files.wordpress.com/2018/03/2950337_orig.png" style="width: 300px; margin-top: -70px;"></div></div>

  ㅤㅤㅤㅤㅤ<i>F</i>amília. Há vinte anos aquela palavra se tornou algo de extrema importância para Maria Clara. Desde que pegou Lívia no colo pela primeira vez e escutou aquele chorinho que a fez chorar junto. Lembrava de cada detalhe daquele dia, do medo que sentiu quando a bolsa estourou e entrou em trabalho de parto; ela tinha medo de errar e ser uma mãe ruim. Não a leve a mal, Clara era uma criança de dezesseis anos que estava dando à luz a um bebê que precisaria dela, e durante um bom tempo Livia foi sua boneca. Tinha o amparo de babás para a hora de amamentar, trocar, dar banho... tudo o que tinha que fazer era deixar que Livia sugasse o leite materno e, depois, mimava sua filha com laços, roupas lilás e rosa, levava para tomar sol no jardim e voltava quando as babás precisavam banhá-la. Até que percebeu que <i>ela</i> era quem deveria fazer aquelas tarefas porque se tratava da <i>sua</i> filha; Clara precisou da visita da mãe, vinda de Barcelona, para levar uma bronca daquelas e entender que não era uma criança e sim mãe. Aprendeu que as noites em claro serviam exatamente para que conhecesse cada trejeito de sua <i>pequeña</i> Livia. Aí ela aprendeu a ser mãe. E aprendeu a ser a mais leoa das mães! Defendia sua filha com unhas, dentes e garras. Clara mostrava a quão agitada era e como era capaz de se tornar uma fera ao ver sua cria ameaçada.
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ㅤㅤㅤㅤㅤJá Adam lhe mostrou como ter um lado mais terno, calmo. Adam era sua metade caricaturado de Sebastian – os mesmos olhos e o cabelo castanhos que insistia em ficar bagunçado. Ele tinha uma calma e um coração amoroso que Clara nunca soube de quem ele havia puxado, e temia que algum dia aquele coração pudesse ser quebrado da pior forma. Claro que sabia que o filho não era totalmente santo, e tal como fazia com Lívia, o protegia, mas encobrindo todas as coisas que errada que Adam fazia, independente do que fosse – uma batida de carro ou uma multa caríssima. Até mesmo as apostar dele era Clara quem acabava encobrindo. Na verdade, Adam ensinou Clara a ir com calma, mas a perceber até onde podia se dobrar as vontades do filho. Ele era fácil de se lidar, não havia muito com o que se preocupar com seu Menino de Ouro.
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ㅤㅤㅤㅤㅤQuanto a Alexander, bem, era complicado lidar com a inteligência do caçula que a surpreendia cada dia mais. Ele era altamente inteligente, um garoto superdotado, segundo a psicopedagoga da escola que menino frequentava. Ele tinha habilidades que nenhum garoto de sua idade tinha, mas era extremamente difícil de lidar e Clara concordava com a psicóloga. Ela nunca esteve preparada para ser mãe, muito menos de um garotinho tão especial quanto Alex, que se assemelhava à Sebastian em tudo, inclusive o fato de ser genioso. Tinha uma resposta pronta na ponta de língua para tudo. Ah, como ele era espero para um adolescente de quinze anos. Se não tomasse cuidado, penaria com um Alexander ainda mais difícil em dois ou três anos. Clara amava seu pequeno gênio que havia ensinado que não adiantava querer prendê-lo. Ou qualquer um de seus três filhotes de leão.
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  ㅤㅤㅤㅤㅤA questão toda era que, ao mesmo tempo que amava seus filhos e quisesse dar a eles o mundo, ela também <i>conhecia o mundo</i> e ela temia demais porque não eram uma família normal.
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ㅤㅤㅤㅤㅤHavia aprendido ainda criança a manusear uma arma e aos dezesseis, após passar a noite com Sebastian e se apaixonar por ele perdidamente, que quando você está dentro do mundo do crime, pertencendo a uma família da máfia – seja lá qual fosse a máfia, se você não tomasse cuidado, só havia um destino certo: a morte. Clara não temia a morte para si, mas por seus filhos e, agora, tinha um motivo à mais para lhe tirar o sono todas as noites.
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ㅤㅤㅤㅤㅤAguardava seu quarto filho. E era um turbilhão de emoções brigando dentro de si: medo, felicidade, angústia, medo, raiva, mais medo. Amou seu bebê no momento em que viu aqueles dois risquinhos nos quatro testes de farmácia, mas no segundo seguinte chorou porque colocaria mais uma vida no mundo que estaria sujeita a dor, ao sofrimento. Chorou por medo e por felicidade. Havia decidido esperar até passar as catorze semanas de risco para poder contar aos mais velhos, e o período havia passado. Estava na hora de contar.
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ㅤㅤㅤㅤㅤComo eles aceitariam a chegada de um novo bebê na família? Livia já estava com seus quase vinte anos, Adam e Alexander dois belos – e complicados – adolescentes de dezessete e quinze anos. Parecia uma ideia maluca ter um filho àquela altura da vida de seus filhos mais velhos.
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  ㅤㅤㅤㅤㅤA melodia suave de <i>Vivir sin aire</i>, do grupo mexicano Maná, tocava baixo pela caixinha de som plugada no celular da mulher que aguardava a hora de finalmente conversar com os filhos e anunciar a gravidez. Em outra sala ela sabia que Sebastian tocava piano. Ele tocava bem, mas ela não conseguia ouvi-lo tocar quando precisava conversar com os filhos algo sério; era como se a música clássica de Sebastian a deixasse mais nervosa do que o necessário. Música latina a relaxava. Por isso aquela playlist da Espanha nos anos 1990. As mãos deslizavam pela barriga.
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ㅤㅤㅤㅤㅤJá havia mudado bastante.<br>
ㅤㅤㅤㅤㅤSentiu uma pequena vibração no colo do útero e quis chorar.<br>
ㅤㅤㅤㅤㅤComo podia amar tanto aquele ser tão miúdo? E ter tanto medo por ele ou ela? E se não conseguisse ser boa para ele? Faziam quinze anos que não lidava com um bebê.
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ㅤㅤㅤㅤㅤMas viu Sebastian entrar na sala de estar e respirou mais calma, esboçando um sorriso nos lábios carmim quando ele se aproximou selando os lábios aos seus. Ah, ela amava aquele homem aquela noite em que o viu na boate pela primeira vez, embora não soubesse naquele momento que ele era o homem da sua vida. Não esperava que se sentiria tão feliz e completa ao estar com ele. Ele era gelo, enquanto ela era fogo, e se completavam muito bem. Seus olhos verdes acompanharam o caminhar do marido até a janela.
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  ㅤㅤㅤㅤㅤ───── <b style="color:#CD0000;">Espero que eles não demorem para descer. Principalmente Alex, que não larga aquele vídeo game.</b> ───── Às vezes Clara achava que o caçula desperdiçava tempo demais com aqueles jogos eletrônicos. Havia tanta coisa que ele poderia fazer para exercitar a mente, mas nos últimos meses ele parecia gostar de se meter em problemas relacionados ao próprio aprendizado. Havia trocado os cálculos e robôs pelos vídeo-games.


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