cappuccino sem gosto.

dissemos que seria pra sempre, mas e agora? seu sonho bate à porta e você vai, sem ao menos olhar para trás, e ver o nosso amor. diz que nada mudará, mas com quem? com quem eu vou tomar meu capuccino, lendo poesias totalmente desconcertantes? com quem eu vou escutar jazz sem ser julgada por ter apenas dezesseis anos? quem vai em uma odiada quarta-feira comer uma pizza comigo na nossa escada? quem vai me dizer que me ama quando ninguém mais se dá ao trabalho de me fazer uma ligação? quem será o único a lembrar do meu aniversário e fazer com que o dia mais odiado da minha vida se torne suportável ao seu lado? eu entendo que você não está me abandonando, mas sabemos que lá você vai conhecer uma garota linda, ela gosta do seu cabelo e não critica sua forma de lidar com os problemas, ela ama seu sorriso, não terá crises existenciais e não fará com que você saia às três horas da manhã pra comprar antidepressivos, creio que ela terá olhos castanhos claros, você sempre falou que os meus olhos eram os mais lindos que você já havia visto e continua pensando assim, mas o que te encanta nela é o sorriso, ele te lembra felicidade e eu nunca fui assim, me recordo da última vez que sorri, foi ao seu lado, estávamos na cozinha e você fez a piada mais ridícula e eu ri, não pela piada, mas por você, pelo momento e sem saber que em menos de uma semana estaria te deixando em um aeroporto, despedaçada ao chegar na nossa (minha) casa, fiquei na varanda, eu choro e crio o mais completo drama, eu poderia levar tudo muito bem, mas os meses se passam e aqui estou, narrando o exato drama que vivi, ainda espero o dia que você chegará com um buquê de margaridas, não eram as minhas preferidas, mas você as amava e isso já bastava pra mim, se arrependendo de escolher um sonho ao invés do nosso amor. daqui 10 meses faço dezessete anos, estou bebendo café, você sabia o quanto eu odiava, mas desde de que você fez pouco do nosso amor, o cappuccino nunca mais foi o mesmo, faltava você.