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a guest
Nov 2nd, 2017
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  1. Jeon Jungkook não aguentava mais olhar para a tela do computador. Estava ali fazia horas e ainda não tinha conseguido digitar uma palavra sequer; E quando conseguia, apagava por achar péssimo.
  2. Escrever não era só um hobby para o Jeon, era também uma paixão. Seu único problema era escrever sob pressão ou, nesse caso, sobre algo que não gostasse. Seu professor tinha sugerido naquela semana que escrevessem sobre um romance clichê e completamente meloso. Odiou já que nunca sequer tinha lido um livro do gênero e sempre furava com Namjoon quando ele ia ao cinema assistir filmes de romance clichês. Seu forte era escrever sobre ficção e terror, e não sobre um casal que se apaixona a primeira vista, se casam e vivem felizes para sempre; Nem mesmo acreditava em amor a primeira vista ou o velho clichê de almas gêmeas. Para si aquilo era algo inventado por Hollywood e quem acreditava era um bobo iludido. Fim.
  3. Para sua sorte, Namjoon apareceu na porta o chamando para ir até a cafeteria consigo. Não pensou duas vezes antes de dizer sim e se levantar da cadeira velha, sentindo um dor no bumbum e murmurando um palavrão qualquer ao desligar o computador.
  4. Foram até a cafeteria da esquina e se sentaram na mesa mais afastada. Pra variar, Namjoon tinha olheiras enormes e um semblante cansado. Nem precisou perguntar o motivo daquilo para saber que era pelo estressa da faculdade. O Kim cursava medicina, e embora dissesse amar seu curso, direto aparecia daquele jeito e se questionava porque tinha escolhido algo tão difícil.
  5. Eu ainda vou ter que passar a madrugada terminando meus trabalhos. Parece que os professores decidiram pegar ainda mais pesado essa semana. — tomou um gole do café. — Se eu sobreviver até o final dessa semana vai ser um milagre.
  6. E eu que não consigo concluir meu trabalho porque não estou inspirado? — bufou. — O professor me complicou passando o pior tema possível para uma estória.
  7. Qual?
  8. Romance.
  9. Namjoon teve que se controlar para não rir. Sabia o quanto o amigo odiava essas coisas relacionadas ao amor, então ele ter que escrever algo do gênero era quase tortura.
  10. Qual é, Kookie. Não é tão difícil assim.
  11. — É sim! Como que eu posso escrever sobre algo que eu não gosto e sequer tenho experiência?
  12. Não, Jungkook nunca tinha namorado. Achava relacionamentos complicados e nunca tinha gostado verdadeiramente de alguém. O máximo achava a pessoa bonita e interessante, mas nada além. Óbvio que já havia beijado e tinha companhia nos fins de semana, mas um namoro mesmo... nunca.
  13. Bem, tem alguns escritores que tem um alter ego. Sabe o que é isso, certo? — o mais novo assentiu. — Então, crie um alter ego. Por exemplo, um cara completamente bobo e apaixonado que tem uma quedinha por um rapaz qualquer e manda bilhetes românticos pra ele todo dia.
  14. Isso é meio... — fez uma careta. — Não consigo nem pensar em um nome para esse alter ego.
  15. Que tal Jungho?
  16. Fala sério! Você só pegou meu nome e trocou a última silaba. — o maior riu. — Tem que ser um mais criativo.
  17. O nome não tem tanta importância, Jeon. Apenas incorpore aquele cara e escreva algo do gênero. Porque você gostando ou não, vai precisar escrever sobre.
  18. Antes que pudesse responder, viu um rapaz de cabelos loiros entrar no local. Conhecia bem aquele rosto, mesmo que de perfil. Era Kim Taehyung. Os fios loiros estavam cobertos por uma touca naquele dia, o que deixou Jungkook surpreso já que sempre o via de boinas. Ele também usava um casaco cor caqui e tinha em mãos seu fiel sketchbook. Observou ele fazer o pedido, e esquecendo de tudo ao seu redor, não ouviu Namjoon lhe chamando.
  19. Terra para Jungkook! — disse a voz grossa. — Jungkook!
  20. Só então voltou para a realidade e encarou o amigo, que balançava a mão em frente ao seu rosto.
  21. Desculpe, o que disse?
  22. Eu disse para irmos embora porque eu já terminei. — ele se levantou. — Vamos?
  23. Assentiu e se levantou. Antes de sair, encarou pela última vez o rapaz, que agora estava sentado em uma mesa próximo a entrada e rabiscava algo no stechbook. Ao notar o olhar sob si, o maior ergueu o rosto. Se encararam brevemente, e um tanto tímido, Jungkook desviou o olhar e apertou o passo, por fim saindo dali.
  24. Enquanto voltavam para o apartamento que dividiam, o Kim filosofava sobre o céu. Embora Jungkook amasse ouvir as coisas que o mais velho dizia, naquele dia acabou ignorando porque sua mente ainda estava no rapaz de cabelos loiros e pele bronzeada. Assim que chegaram no apartamento o mais velho correu para o banho, dizendo que em seguida iria terminar seus trabalhos e que era para ele não fazer barulho. Concluiu então que não iria poder jogar vídeo game e foi direto para seu quarto se deitar. Encarou o velho computador durante alguns segundos, e quando se deu conta, já estava em frente a ele, o ligando e passando a digitar freneticamente.
  25. Parecia que a volta tinha lhe feito bem e agora tinha conseguido sua inspiração. Sua estória era bem clichê, assim como Namjoon tinha sugerido. Nela falava sobre um rapaz alto e bonito que fazia o coração de Jungho se derreter. O personagem observava o outro de longe e era um perfeito covarde que não conseguia se aproximar ou tentar alguma coisa com sua paixão platônica. Só depois de concluir a estória que percebeu que, não era seu tal alter ego Jungho escrevendo, e sim ele próprio enquanto pensava em Kim Taehyung.
  26. Fechou na mesma hora o arquivo e passou as mãos pelo cabelo, ainda surpreso com sua própria confissão. Não era possível que estivesse apaixonado por alguém que não conhecia e só sabia o nome do mesmo pelo fato dele ser popular. Aquilo era estúpido! Porém era inevitável dizer que não se sentia estranho em relação ao estudante de artes. Sempre o via caminhando pelo campus com seu sketchbook em mãos, sorrindo para os outros alunos e dizendo “bom dia!” animadamente ainda quando eram sete horas da manhã e ninguém estava no clima para ficar daquele jeito. Ele era diferente aos olhos do Jeon. A espontaneidade e o modo como ele sorria causava sensações estranhas em si. E embora a vontade de se aproximar fosse grande, não conseguia. Isso porque o achava tão legal e diferente que se sentia sem graça só de se imaginar ao lado de alguém como ele. Afinal, Jeon Jungkook era o tédio em pessoa.
  27. Um tanto frustrado com o rumo que seus pensamentos estavam tomando, decidiu por fim se deitar. Amanhã seria um longo dia.
  28. E ele não imaginava o quanto.
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  36. A primeira aula era sempre a pior. Jungkook preferia estar na sua cama dormindo do que ouvir a voz irritante do professor Kang em plena manhã.
  37. Hwarang foi destruído pelos outros reinos. Eles eram o maior reino naquela época, mas quando alguém próximo ao rei o traiu, isso começou a mudar. O reino de Kwan se uniu aos outros, e aos poucos começaram a atacar Hwarang. Com a morte do rei e da rainha, o príncipe Hansung teve que assumir o reino. No final, Hwarang perdeu a batalha mais importante com o reino de Kwan. Hansung fugiu para longe dali e ninguém soube qual foi o fim do rei, mas antes se sabe que quem salvou sua vida foi seu amado, que era um plebeu qualquer do reino por quem ele tinha se apaixonado. O plebeu entrou na frente de Hansung e foi atingido pela espada, porém o soldado que fez isso acabou sendo morto em seguida por um guerreiro do reino de Hwarang. Mas não se enganem, o reino de Kwan também não durou muito já que o ambicioso rei Kang acabou gerando certa revolta no povo e foi caindo aos poucos. Em menos de dois anos aquele reino deixou de existir.
  38. Jungkook estaria mais interessado na história caso o seu sono não fosse tão grande, mas gostou da estória. Era melhor do que a clichê que o professor Bae contou no dia anterior.
  39. Agradeceu mentalmente por aquele dia ter passado rápido. Logo já estava na entrada do prédio C esperando Namjoon, que apareceu com vários livros em uma das mãos enquanto a outra segurava um copo de café.
  40. Cara, você precisa pegar mais leve no café.
  41. Eu não dormi nada hoje, Jungkook. Precisei de algo pra me dar um pouco de energia e não cair morto na mesa da faculdade.
  42. O Jeon riu e assentiu.
  43. Mas e aí, terminou a estória?
  44. Eu consegui finalizar ela, já até entreguei para o professor.
  45. Então a minha sugestão de ter um alter ego deu certo?
  46. Kim Taehyung aparecendo naquele café deu certo, pensou em dizer.
  47. — É, deu sim.
  48. O mais velho ficou se gabando e o Jeon nada dizia, apenas sorria forçado.
  49. Podemos ir comer alguma coisa? Eu estou faminto.
  50. Você sempre está com fome, Jungkook. — brincou, recebendo um tapa de leve nos ombros. — Mas eu também estou então vamos logo.
  51. Caminhavam pelo campus em direção à saída. Pra variar, Kim Taehyung estava na entrada conversando com seu grupo de amigos. Daquela vez tentou ser discreto, e antes mesmo que ele notasse o olhar sobre si, virou o rosto. Se preparava para atravessar a rua, e vendo que o farol estava fechado, deu o primeiro passo, e em seguida outro, e mais outro... Mas quando tentou dar o próximo, a única coisa que sentiu foi o impacto. E então tudo ficou escuro.
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  56. Jungkook não conseguiu abrir seus olhos de imediato. Seu corpo estava dolorido e a cabeça parecia que iria explodir.
  57. Acho que ele está acordando, Majestade.
  58. Aquela voz não era familiar. Por isso criou coragem e abriu devagar os olhos, esperando ver Namjoon ali, mas tudo o que viu foram dois rapazes.
  59. Namjoon?
  60. Os dois lhe encararam confusos. Jungkook então os analisou melhor, vendo que usavam hanboks. Já estranhou aquele detalhe por estarem longe do feriado Chuseok então não havia nenhum motivo especial para se vestirem daquele jeito. O do lado esquerdo tinha o cabelo preso em um coque e lhe encarava com preocupação. Nunca o tinha visto na vida. Já o do lado direito tinha as roupas parecidas, no entanto as suas pareciam bem mais refinadas, e o cabelo era longo e estava solto. O que não esperava era que seu rosto fosse tão familiar.
  61. Taehyung?
  62. E novamente desmaiou.
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  64. [...]
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  66. Quando acordou de novo, a primeira pessoa que viu foi o rapaz do coque que tinha visto anteriormente. O mesmo estava no canto da sala, e ao ver que tinha se levantando, foi em sua direção.
  67. Se sente melhor?
  68. Ainda confuso, assentiu. Sua cabeço já não doía mais e a dor no corpo era suportável, o que não fazia sentido já que pelo pouco o que se lembrava tinha sido atingido por um carro.
  69. Beba isso.
  70. Um tanto desconfiado, hesitou. O rapaz suspirou e novamente lhe entregou o pote.
  71. Via te fazer bem. Beba.
  72. Por fim aceitou e bebeu, fazendo uma careta ao sentir o gosto amargo da bebida.
  73. O que é isso?
  74. Uma chá que vai te ajudar a ganhar mais energia e amenizar sua dor de cabeça. Quer dizer, pelo menos foi isso o que o médico disso.
  75. Médico? — encarou a sala, que se parecia mais com uma daquelas que via nos templos espalhados pela cidade do que um hospital. — E onde está o doutor?
  76. O doutor Park teve que ir embora, estavam precisando dele. Mas não se preocupe, se for necessário digo para ele voltar amanhã.
  77. Jungkook ficou quieto. Analisou o resto da sala sobre o atento olhar do rapaz.
  78. Ok, onde está Namjoon?
  79. Quem?
  80. Kim Namjoon, meu melhor amigo. Aposto que quem me trouxe aqui foi ele, então quero saber onde ele está.
  81. Oh, então sua memória  está voltando.
  82. O quê?
  83. Quando te encontramos no lago você não dizia nada, apenas murmurava coisas que nem eu ou o rei entediamos.
  84. Lago? Rei?
  85. Eu fui encontrado em um lago? E que rei?
  86. Você não se lembra de como chegou ao lago? — negou. — É melhor eu chamar o médico amanhã mesmo, sem duvidas!
  87. Bufou de modo impaciente. Só queria saber logo como tinha chegado ali e onde de fato estava.
  88. Pode me dizer pelo menos aonde estou?
  89. Está no reino de Hwarang.
  90. Jungkook quis rir. Aquilo só podia ser piada.
  91. Estou falando sério. Onde eu estou?
  92. Eu já disse. Você está em Hwarang.
  93. Antes que pudesse questioná-lo novamente, outra pessoa passou pela porta. Um tanto assustado, se encolheu no lençol fino que cobria seu corpo. Por fim conseguiu ver o rosto do rapaz, e novamente se surpreendeu ao ver Kim Taehyung ali.
  94. Kim Taehyung? O que faz aqui?
  95. O rapaz se aproximou do outro e murmurou algo sobre ainda estar confuso e que logo estaria melhor. O outro não pareceu convencido a franziu o cenho, se aproximando.
  96. O que você-
  97. Olá, eu sou o Rei de Hwarang e me chamo Cho Hansung. Esse é Kim Seokjin, meu conselheiro e amigo.
  98. Jungkook se lembrou da aula que tinha tido algumas horas atrás. Aquela história de Cho Hansung e Hwarang tinha acontecido anos atrás, não fazia sentido algum então um rapaz qualquer se apresentar como o rei daquele local. Devia estar ficando louco. Não era possível que aquilo de fato estivesse acontecendo, não mesmo.
  99. Agora me diz, qual é o seu nome?
  100. Jeon Jungkook.
  101. O maior assentiu e pareceu pensativo.
  102. Bem, Jungkook, se lembra de como chegou aqui?
  103. Eu só me lembro de estar atravessando a rua e um carro doido vir me atropelar e-
  104. Carro? — franziu o cenho. — O que é isso?
  105. Jura que você não sabe o que é um carro? — o outro negou com uma inocência que lhe surpreendeu. — Sabe, aquela coisa de dirigir, de quatro rodas...
  106. Não faço ideia do que você está falando. — olhou para Seokjin. — Já ouvir falar disso?
  107. Nunca!
  108. Então deve ser algo criado pelo seu reino, porque aqui não temos nada disso. Aliás, de qual reino você veio?
  109. Não vim de reino algum, eu sou de Busan e agora moro em Seul.
  110. Um estava mais confuso do que o outro naquele momento. Jungkook queria explicações e Hansung respostas, mas o segundo viu o estado que o rapaz estava e decidiu que era melhor que conversassem depois.
  111. Vou deixar você descansar mais um pouco. Depois Seokjin te traz algo para comer, tudo bem? — assentiu. — Fique deitado e não se esforce muito. Tenho certeza de que em breve sua memória irá voltar.
  112. Observou o mais alto se erguer e sair dali, juntamente com Seokjin ao seu lado. Sentiu-se estranho por estar naquela sala sozinho e quase pediu para os dois voltarem, no entanto achou que era melhor assim; Pelo menos agora poderia tentar digerir o que estava acontecendo.
  113. Ok, hora de pensar, Jungkook.
  114. A última coisa que se lembrava era do carro vindo em sua direção e seu corpo sendo arremessado. Depois tudo ficou preto. Fim. Parecia que sua mente não estava ao seu favor. O mais confuso no entanto era estar em um lugar que sequer existia mais — ou quase isso, afinal, se estava ali então existia — e com a companhia de Taehyung — ou Hansung. Por que o rapaz tinha se apresentado daquela forma? Por que usava aquelas roupas e o que tinha acontecido com o cabelo loiro e curto? E onde Namjoon tinha se metido?
  115. Nada ali fazia o mínimo de sentido.
  116. Porém, um último pensamento veio a sua mente, e por mais louco que ele fosse, era o que mais fazia sentido: tinha viajado no tempo.
  117. Demorou minutos para enfim aceitar aquela ideia. Não sabia como aquilo tinha acontecido ou se estava preso em sonho bizarro, mas era o que estava acontecendo. Tinha voltado para 1923. E estava em Hwarang.
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