Advertisement
Guest User

Untitled

a guest
Oct 15th, 2018
147
0
Never
Not a member of Pastebin yet? Sign Up, it unlocks many cool features!
text 26.51 KB | None | 0 0
  1. O básico de teoria econômica, as escolas de pensamento
  2.  
  3. Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de “metalismo”). Esse saldo positivo de metais (ouro, prata e cobre) seria oriundo do saldo positivo na balança comercial, ou seja, mais exportações que importações.
  4.  
  5. Fisiocracia (economistas fisiocratas): os principais expoentes foram os franceses François Quesnay e Jacques Turgot. Acreditavam que a riqueza das nações era determinada pela produtividade das suas terras, ou seja, pelo poder agrícola que as mesmas tinham. Influenciaram o liberalismo clássico e a criação da economia política. Eram notadamente entusiastas do campo e críticos da industrialização e do meio urbano.
  6.  
  7. Economia política ou economia clássica: foi quando a economia passou a ser uma disciplina de estudo nas universidades, através de Adam Smith, considerado o grande pai da economia (ou até mesmo da ciência econômica, antes dela ser designada como ciência de fato), com o seu magnum opus lançado, “A Riqueza das Nações”. Os maiores expoentes da economia política foram: o próprio Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus, John Stuart Mill, Jean-Baptiste Say, Frédéric Bastiat, etc. Essa escola de pensamento se caracteriza pela defesa do liberalismo (clássico), abertura de mercado entre as nações (substituição do protecionismo e do raciocínio mercantilista dos Estados), vantagens comparativas relativo às trocas comerciais (conceito de Ricardo), a primeira teoria do valor (ou valor-trabalho, de Smith), ao conceito de terras marginais (descrita na lei dos rendimentos decrescentes de Ricardo), etc. Outra importante teoria dessa época era a de Thomas Malthus, relativa ao crescimento demográfico e a escassez de alimentos (e mercadorias) que isso poderia acarretar. A teoria do valor de Smith é descrita inicialmente sobre o trabalho demandado (o esforço) para obter determinado produto. Ou mercadoria. Imaginem, por exemplo, um alce sendo caçado. A caça, que seria o trabalho, era o que determinaria o valor do alce morto. Além disso, o mesmo fala sobre as flutuações dos preços de mercado ao redor dos preços naturais (que teriam origem na soma do trabalho, aluguéis e lucros), que pode induzir o leitor a pensar sobre a oferta e demanda das mercadorias. Outro importante conceito de Smith em “A Riqueza das Nações” é relativo à divisão de trabalho, já o primeiro conceito teórico sobre a produtividade do trabalho e sobre a origem da escala de produção. Vale também mencionar que Malthus na sua época escreveu sobre a importância da demanda e acabou por influenciar muito mais na frente John Maynard Keynes (sobre a importância da demanda efetiva).
  8.  
  9. Economia neoclássica (marginalistas): um desdobramento da economia clássica, apelidada de neoclássica pelo americano Thorstein Veblen, e que tem origem no utilitarismo, conceito do filósofo inglês Jeremy Bentham. A partir do utilitarismo, conceito até então filosófico relativo a maximização do prazer (hedonismo), o inglês Stanley Jevons, com sua obra “A teoria da economia política”, desenvolveu o conceito de utilidade marginal, revolucionando toda teoria do valor (que sempre foi um dos principais pilares do estudo da economia), e foi daí que se ganhou o termo de “revolução marginalista” e os economistas dessa época também ficaram conhecidos como “marginalistas”. Jevons ressaltava a importância da matemática no estudo da economia, e foi também o responsável por várias equações e modelações matemáticas para demonstrar suas teorias, dando início então à ciência econômica, abandonando o conceito antigo de economia política (uma ciência até então puramente humana e tendo interligações com outras áreas de conhecimento). O francês Léon Walras, economista e também brilhante matemático, foi responsável posteriormente pela formulação da teoria do equilíbrio geral, a base mestra da economia neoclássica e da microeconomia atual, considerado por muitos como um dos economistas mais importantes da história, talvez até mais importante tecnicamente que o próprio Jevons, que deu o ponto de partida (algo parecido, na minha opinião, com o caso de Smith e Ricardo, onde o primeiro foi precursor, mas o segundo um teórico mais completo e denso). Sua principal obra se chama “Elementos de economia política pura” (note que os títulos das obras clássicas de economia são muito parecidos e sem criatividade, hahaha). Os escritos de Walras ainda flutuavam bastante em torno da utilização dos fatores de produção e vários outros raciocínios interessantes. Outros economistas importantíssimos dessa escola que merecem ser citados são: o italiano Vilfredo Pareto (do conceito de “Ótimo de Pareto”), o austríaco Carl Menger (deu o ponto de partida da escola austríaca) e o inglês Alfred Marshall (professor e a grande influência de John Maynard Keynes), que criou vários conceitos importantes, retomou alguns pressupostos da economia clássica, e, apesar de grande matemático reconhecidamente, minimizava a importância da mesma na teoria econômica, diferente de Jevons.
  10.  
  11. Economia marxista: o expoente seria o próprio Karl Marx, no caso da época dos clássicos e neoclássicos, e posteriormente alguns soviéticos (como: Bukharin, Preobajenski, Kondratiev, etc.). Também não poderia deixar de ser mencionada a economista polaco-alemã Rosa Luxemburgo, o economista polaco Karl Polanyi e o inglês John Hobson. O marxismo se caracteriza pela crítica à economia política (através da obra “O Capital”), por uma redefinição da teoria do valor-trabalho de Smith e Ricardo (há quem diga que a teoria do valor de Marx é apenas uma interpretação mais minuciosa em cima do que Ricardo já tinha escrito), que culminou na conceituação da mais-valia de Marx (que se divide em mais valia absoluta e mais valia relativa). Vários outros conceitos importantes devem ser mencionados, como a acumulação primitiva de capitais e o fetichismo da mercadoria, além da sua análise única do capitalismo e do que é o capital (um processo histórico e social de acumulação através do trabalho alheio, diferente da interpretação vulgar que fazem, alegando ser apenas um mero excedente possivelmente derretido com os riscos ou com a falência de um capitalista). O link da economia com a política, sociologia, filosofia e ética fazem dessa corrente de pensamento uma das mais influentes de todos os tempos, em campos diferentes, sendo então multidisciplinar. Marx também foi um crítico ferrenho da economia neoclássica (marginalistas), a qual se referia como “economistas vulgares”, e defendeu, em certo momento, a abordagem metodológica dos clássicos, a qual não sistematizava (modelava) o senso comum da burguesia, como faziam (segundo ele) os neoclássicos. Era algo nesse sentido.
  12.  
  13. Historicismo econômico: hoje pouco lembrada e diria até subestimada, foi a corrente de pensamento econômico predominante na Alemanha e no antigo reinado da Prússia, no século XIX. Tinha clara influência marxista e era um ponto de vista dissonante dos liberais clássicos e neoclássicos. O pensamento se caracterizava pela descrição da importância dos mercados internos na constituição de uma virtuosa industrialização, que daria suporte então para que uma nação pudesse competir em pé de igualdade com outras, no caso do liberalismo comercial (ou vantagens comparativas de Ricardo). Em termos teóricos em si, o historicismo (como o nome já diz) enfatizava a importância do estudo da história como substrato argumentativo e formulador de bases, tirando a importância da modelagem matemática e da lógica dedutiva em relação a teorias econômicas anteriores (como as diversas teorias do valor-trabalho). Na verdade foi essa escola que deu substrato teórico para outros grandes economistas (menos conhecidos, é verdade) do século XX, como Rosenstein-Rodan, Simon Kuznets, Albert Hirschman e principalmente Walt Whitman Rostow (da teoria dos estágios históricos de crescimento econômico), que por sua vez, foi uma grande influência do atual e excelente economista heterodoxo Ha Joon Chang. As vezes as pessoas confundem o keynesianismo com o protecionismo, mas o fato de Keynes enfatizar as políticas fiscais (no caso, poderia induzir o leitor a pensar nos estímulos fiscais diferenciados ou aumento de tributação para mercadorias externas em competição interna) não queria dizer, diretamente, ao protecionismo econômico. Pelo contrário, pois o famoso acordo de Bretton Woods (de orientação keynesiana) era exatamente um tratado de cooperação entre várias nações para o desenvolvimento, incluindo créditos, sistema monetário comum e acordos comerciais. A escola historicista alemã sim, via no protecionismo como um modelo de avanço. O historicismo também foi muito influente nos EUA, que em quase todo seu processo histórico de desenvolvimento econômico contou com o protecionismo comercial e industrial. O nome mais conhecido dessa corrente de pensamento foi o alemão Friedrich List, enquanto os outros são bem desconhecidos do grande público (Karl Knies, Étienne Laspeyres, etc.).
  14.  
  15. Keynesianismo: a escola de pensamento econômico criada pelo inglês John Maynard Keynes, até hoje considerado o economista mais influente da história. Tem no seu principal livro (A Teoria Geral do Juro, do Emprego e da Moeda) a sua matriz. Muita coisa formulada pelo mesmo é distorcida, confundida com um marxismo disfarçado, com uma espécie de planificação tímida, etc. Não tem nada a ver, ele foi um economista que pretendia reformar o funcionamento básico do capitalismo, mas bem longe de ser marxista (diferente da sua aluna Robinson, que tinha claras inclinações marxistas). Apesar de ter tido muito sucesso e influência, era natural ter os seus detratores, que fizeram caricatura de alguns dos seus postulados. Uma das suas ações foi rever e destruir a concepção geral acerca da famosa “Lei de Say”. Há quem diga que o próprio Keynes distorceu a Lei de Say na sua interpretação, mas há também quem diga que há distorção em cima da interpretação do mesmo. No caso, Keynes ressaltou a importância da efetivação da demanda (demanda efetiva) para que não haja crises de super-produção (estoques cheios, sem efetivação de vendas, que resultariam em demissões, encolhimento da renda, do consumo, da produção e da economia como um todo, por consequência). Foi o primeiro economista a enfatizar a importância da demanda agregada, escreveu sobre a importância do intervencionismo público no sentido do Estado participar ativamente da conta de investimento em momentos de crise econômica (que seria ocorrida e acentuada pela baixa de investimento na economia), visando reduzir o ciclo (crise) através de políticas fiscais expansionistas (aumento dos gastos de governo e redução tributária) e políticas monetárias também (com uma ênfase menor). No caso, criou a macroeconomia, que é a teoria econômica que enfatiza a importância de um conjunto maior de informações sendo analisada, algo como uma região, uma cidade, um país, um continente, etc. A abordagem micro, diferentemente no caso, com a teoria do equilíbrio geral, estimava (com aproximações) os pontos de interseções entre as curvas de oferta e demanda de algum produto ou setor econômico específico analisado. Da abordagem macro de Keynes nascem os conceitos de PIB (produto interno bruto), PNB (produto nacional bruto) e outros agregados que são conhecidos também como “contabilidade nacional” ou “contabilidade social”. – Vale lembrar que esses conceitos não são dele, mas nasceram e tiveram importância a partir da macroeconomia, criada por ele. – Outros conceitos importantes de Keynes foram a “armadilha da liquidez” (dentro da sua teoria monetária, que consistia na asserção básica de que a oferta monetária determinava a taxas de juros, que por sua vez afetava a demanda agregada e a renda), a incerteza sobre as decisões de investimentos e a famosa citação de “animal spirits” (espírito animal), que dizia respeito ao ânimo (e confiança) do empresariado em investir. Depois de suas teorias aceitas até mesmo pelos credores da microeconomia neoclássica, através da síntese neoclássica, suas ideias posteriormente no ensino moderno da teoria econômica ficaram conhecidas como a “macroeconomia de curto prazo”, e, no caso, os postulados neoclássicos (que enfatizavam a importância da poupança para o crescimento de longo prazo), ficaram conhecidos como “macroeconomia de longo prazo”. Alguns dos seus contemporâneos com ideias semelhantes eram: sua aluna Joan Robinson (até hoje considerada a maior economista mulher da história) e o polaco Michael Kalecki. Esse, por sua vez, desenvolveu raciocínios parecidos com os de Keynes antes do mesmo, mas ficou pouco conhecido devido a lenta divulgação (e tradução) do seu trabalho acadêmico, que ficava muito restrito à Polônia. O modelo de departamentos econômicos de Kalecki até hoje é um conceito fundamental que qualquer economista formado em qualquer lugar do mundo precisa saber.
  16.  
  17. Pós-keynesianos: evoluções constantes dos postulados keynesianos. Principais autores? J.K Galbraith, John Hicks, Frank Knight, Franco Modigliani, Paul Samuelson, Piero Sraffa, Paul Davidson, Hyman Minsky, Alvin Hansen, etc. No Brasil temos os bons representantes Antônio Carlos Macedo & Silva e David Dequech. Desses economistas que surgiram os modelos macroeconômicos de expansão e evolução das teorias de Keynes, como o modelo IS-LM (Hicks), modelo de Mundell-Fleming (IS-LM-BP), Curva de Phillips, etc. Além de que, estes também eram contrabalanceados pelos economistas da “síntese neoclássica” ou da “economia neoclássica moderna”, representados principalmente pelo modelo de crescimento de Solow (Robert Solow), teorema da impossibilidade de Arrow (de Kenneth Arrow), modelo NAIRU (do economista Edmund Phelps, ganhador do Nobel de economia também) e Gerard Debreu.
  18.  
  19. Monetaristas (escola de Chicago): teve ponto de partida na teoria quantitativa da moeda, de Irving Fisher, que depois foi aperfeiçoada e retomada como contraponto da teoria monetária dos keynesianos, por Milton Friedman, considerado o segundo economista mais importante e popular da história. Segundo Friedman, a demanda por moeda era estável e a oferta de moeda, historicamente, instável. Explicou que um dos motivos para a crise econômica de 1929 foi a incompetência da secretaria do tesouro norte-americano, que não enxergou os sucessivos déficits de moeda na economia do país. Friedman queria tirar (teoricamente) a centralização das políticas econômicas do setor fiscal e levar para o setor monetário, digamos que queria enquadrar os “fiscalistas” (como eram conhecidos os pós-keynesianos). Friedman dizia que a renda era afetada no curto prazo (até 9 meses) com a oferta monetária (quantidade de moeda em circulação), mas no longo prazo, apenas variáveis reais (orgânicas) determinavam outras variáveis reais (ou seja, no longo prazo a quantidade de moeda não tinha importância sobre renda, demanda agregada e afins, afetava apenas o nível de preços de uma economia). Para contrapor o conceito de preferência pela liquidez de Keynes, ele argumentou que Keynes tinha simplificado demais as opções de portfólio de um possível investidor, se baseando apenas pela opção de uma taxa de juros dada (X) e a opção pela liquidez (ficar com a moeda em mãos), porém, as opções de investimento eram muito maiores, incluindo investimento em capital humano (que exige também um certo tempo de maturação), investimento em renda variável (ações e derivativos diversos), investimento agrícola, etc. Não era simplesmente opção A ou B. Por esse motivo, a demanda por moeda era subestimada na teoria de Keynes, que afirmava que a mesma só era alterada drasticamente em situações de uma taxa de juros básica muito baixa, onde ocorreria o caso que ele denominou de “armadilha da liquidez”. Explicando melhor: Keynes descreveu sim um “motivo de portfólio” (para demandar moeda), só que a própria descrição do mesmo já dava a entender uma subestimação, pois o mesmo alegava um simples motivo especulativo de tentar prever uma alta de juros futura, enquanto enfatizava uma motivação maior na questão transacional (ou seja, os agentes econômicos preferiam manter a moeda em mãos para manter o poder de efetivar transações econômicas), e isso deixava totalmente obscuro as inúmeras opções de portfólio que um investidor tinha para colocar o dinheiro, que não em títulos lastreados em taxas básicas de juros. Uma demanda maior por moeda explicaria os fenômenos de inflação quando a oferta monetária fosse grande demais (no caso, porque a população já tinha moeda retida, e quando fosse colocada mais em circulação, ela soltaria mais o dinheiro, ocasionando um aumento substancial da demanda agregada, que ocasionaria na inflação) e no desemprego/estagnação quando a oferta monetária fosse restrita acima do ideal (no caso, porque as pessoas já estariam retendo moeda por demanda, então numa restrição de moeda pelo governo elas reteriam mais ainda, ocasionando a diminuição drástica da atividade econômica), ou seja, Friedman queria mostrar aos keynesianos que a moeda era sim, muito importante. Suas críticas às políticas fiscais tiveram vários capítulos, mas um dos principais era de que o indeferimento fiscal temporário era ineficaz na questão do desemprego, por criar apenas empregos de contratos, temporários… No final dos anos 70, com as crises do petróleo e o período conhecido como “estagflação” (mistura de inflação com estagnação), coincidindo também com a mistura de desemprego e inflação, a chamada curva de Phillips havia sido descredenciada diante dos fatos da época, levando então uma atenção maior às crenças de Friedman quanto às políticas monetárias. Porém, a maioria das políticas monetárias na prática também fracassaram (em controlar a moeda para tentar driblar a inflação e ofertar moeda para tentar driblar a crise e desemprego), devido a uma série de fatores (incluindo o fator que os bancos centrais não conseguiam mais controlar 100% a base monetária dos seus países, devido a imensos mecanismos de criação de crédito sem lastro por parte do sistema bancário, e além disso, outros mecanismos de contenção inflacionária se mostraram mais eficazes no mundo inteiro). Isso culminou na crença do próprio Friedman e dos adeptos da “escola de Chicago” de que as políticas econômicas eram praticamente inócuas no médio e longo prazo, e assim, o próprio Friedman se tornou um expoente clássico e bem famoso do liberalismo (que seria cunhado de “neoliberalismo”), onde até hoje no youtube tem seus vídeos falando sobre os tigres asiáticos, sobre o trabalho intensivo, a industrialização em países minúsculos (tipo Hong Kong e Taiwan), etc. Além da suas menções ao “milagre chileno”, devido ao Chile do ditador Pinochet ter alguns economistas (do governo) formados na Universidade de Chicago (os “Chicago Boys”), que tentaram implementar as ideias do monetarismo e neoliberalismo no país. Então trouxeram de volta aquela história de que os governos não deveriam se meter na economia, que o setor privado era estável, etc, etc, etc. Basicamente isso.
  20.  
  21. Escola austríaca: teve ponto de partida no austríaco Carl Menger, da época dos primeiros neoclássicos. Depois os seus maiores expoentes foram Bohm-Bawerk, Ludwig Von Mises, Von Wieser, Friedrich Hayek, Murray Rothbard (considerado o homem que fez ressurgir a economia austríaca nos EUA), Hermann-Hoppe e Israel Kirzner. Nos EUA, o político Ron Paul (candidato a presidente algumas vezes), o financista de Wall Street Peter Schiff, os empresários Charles Koch e David Koch (da Koch Industries), também são importantes financiadores e adeptos. Teoricamente, os pilares da economia austríaca, segundo o professor brasileiro Ubiratan Iorio (UERJ) – um dos poucos adeptos acadêmicos brasileiros -, descritos no site Instituto Mises Brasil, são: individualismo metodológico, subjetivismo metodológico, análise de processo, complexidade, heurística negativa e heurística positiva. A abordagem teórica dos austríacos nega a modelagem matemática, o passado estatístico-econométrico como fonte, o historicismo (na perspectiva marxista), etc. A sua principal obra, creio, trata-se de “Ação Humana”, de Mises. O livro demonstra o método de praxeologia para entendimento e análise da economia. No caso, a praxeologia consiste na investigação da ação humana, para criação de axiomas em relação a racionalidade humana, que seria a base para a estimativa de uma nova teoria. No caso, Mises foi bem além da ciência econômica, como também tentou mudar todo paradigma científico, querendo criar um novo método, uma nova episteme, digamos assim. Algo muito minucioso e complexo. Porém, o legado da escola austríaca são os postulados mais básicos, como: a defesa fundamentalista (sim) do mercado, defesa das liberdades individuais, da não intervenção do governo na economia, da crítica às políticas monetárias (todas as crises e quase tudo de ruim que ocorre para os austríacos é culpa da expansão monetária), da crítica ao Estado-empreendedor, da crítica às políticas fiscais, do protecionismo firme à propriedade privada e afins. Defendem a volta do padrão-ouro como sistema monetário comum mundialmente. E alguns novatos adeptos defendem uma moeda virtual também, o tal do bitcoin. Os “austríacos” se dividem entre anarco-capitalistas (que são a favor da extinção do Estado como decreto) e minarquistas (adeptos do estado-mínimo). Ambos são chamados também de “libertários”. Apesar dos gurus dessa corrente serem principalmente Mises e Rothbard, na verdade o único de fato muito relevante no “mainstream econômico” e também único a ganhar o prêmio Nobel foi Friedrich Hayek, que dividiu seu prêmio com o desenvolvimentista sueco Gunnar Myrdal (da “escola de Estocolmo”, pouquíssimo conhecida, a não ser o próprio). Hayek deu grandes contribuições teóricas nas suas análises em relação a moeda, produção, flutuações industriais e ciclos de negócios (termo do mesmo). Depois se tornou um pensador político, mais do que teórico econômico, com sua obra mais conhecida “O Caminho da Servidão”. Também ficou conhecido por sua crítica ao socialismo devido a impossibilidade de cálculos de oferta e demanda de bens, devido a ausência do mecanismo de preços. Hayek durante toda sua carreira foi um economista bastante ponderado, enfatizando em certos momentos a necessidade de programas de renda mínima para população pobre e de provisão de sistema de saúde básico pelo governo. Por isso vem sendo muito mencionado por economistas de contraponto aos austríacos contemporâneos, para tentar deixar os mesmos constrangidos, a exemplo de Paul Krugman. Essa corrente de pensamento vem ganhando força ultimamente nos EUA e no Brasil. No meio acadêmico ainda é visto como uma corrente “non-mainstream” e sendo considerada também heterodoxa (apesar do termo “economia heterodoxa” no contexto do Brasil remeter ao desenvolvimentismo e estruturalismo “cepalino” ). Vale fazer uma menção também à escritora e filósofa Ayn Rand, outra grande influência dos seguidores da escola austríaca, mas, é bom ressaltar, nada muito relacionado a economia, e sim a moral e ética, no caso dela. A escola austríaca também gosta bastante de enfatizar a função social, moral, ética e econômica da iniciativa privada e do empreendedorismo (o autor Israel Kirzner é um que procura falar bastante do empreendedorismo, assim como o próprio Mises na sua obra “As Seis Lições”). Porém, a exceção da corrente econômica marxista (que apesar de tudo, reconhece os avanços do capitalismo burguês ao superar o feudalismo medieval no processo histórico), creio que nenhuma outra escola de pensamento tenha desmerecido ou diminuído a importância da iniciativa privada, principalmente as pequenas iniciativas. Acabam tocando num tópico interessante, mas com pouca importância teórica e, numa linguagem mais informal, “chovendo no molhado”.
  22.  
  23. Institucionalismo e novo institucionalismo: seu precursor foi o norte-americano e filho de noruegueses Thorstein Veblen, com seu livro “A Teoria da Classe Ociosa”. Foi influenciado pelo marxismo e pela escola historicista alemã. Crítico feroz do consumismo, das classes abastadas, do sistema financeiro (que não era produtivo como a indústria), do desperdício, etc. A corrente se chama “institucionalismo” pelas menções às diversas instituições da sociedade, responsáveis pelo funcionamento, manutenção e organização do sistema econômico. Após Veblen, o pós-keynesiano John Kenneth Galbraith e o jurista Adolf Berle foram outros contribuintes para evolução da abordagem institucionalista da economia, com escritos sobre tecnoestrutura, governança corporativa, grandes corporações na sociedade, etc. Após esses, os brilhantes economistas Douglas North, Ronald Coase (da “teoria da firma”) e Oliver Williamson (da “teoria dos custos de transação”) criaram a nova economia institucional, que pôs a mesma no mainstream econômico da academia no mundo inteiro. Outros grandes expoentes da nova economia institucional são: o economista turco Dani Rodrik, o também turco Daron Acemoglu (do recente e conhecido livro “Por que as nações fracassam?”), o sul-coreano Ha Joon Chang e o jurista brasileiro (radicado nos EUA) Roberto Mangabeira Unger. O novo institucionalismo procura debruçar-se sobre as políticas industriais modernas, a destruição tecnológica dos empregos, a modernização (e refundação) das instituições políticas, as leis, assim como todas suas relações com variáveis clássicas da economia, como: inflação, câmbio, tributação, etc. Além de que também estuda minuciosamente as contribuições da educação e da cultura na economia. Os heterodoxos atuais se vêem identificados com essa vertente.
  24.  
  25. Novos-keynesianos e novos-clássicos: a evolução dos pós-keynesianos e neoclássicos, com novos modelos e novas teorias. Os novos-keynesianos mais conhecidos são: Olivier Blanchard, Gregory Mankiw, David Romer, etc. Os novos-clássicos mais conhecidos tratam-se de Robert Lucas Junior (da “teoria das expectativas racionais”) e Robert Barro.
Advertisement
Add Comment
Please, Sign In to add comment
Advertisement