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Thelisom

GT DO JAKE

Jul 25th, 2017
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  1. (NÃO É DE MINHA AUTORIA)
  2. GT do Jake
  3. Fictício
  4. >prazer, meu nome é Jake
  5. >tenho atualmente 21 anos de idade
  6. >vivi minha vida inteira na cidade de Chicago, nos EUA
  7. >minha família nunca teve muitas condições, meu pai era dono de uma pequena oficina de carros
  8. >e minha mãe costumava ser uma stripper (o que me fez ser alvo de diversas piadas durante o tempo que passei na escola) até conhecer meu pai
  9. >não, ela não parou por causa do meu pai, mas sim pq a cocaína matou ela
  10. >mesmo sofrendo muito bullyng na escola, eu costumava ser feliz
  11. >na escola, tinha uma garota, Jenny
  12. >nunca entendi essa garota
  13. >quando entramos no ensino médio, ela namorava o valentão da sala
  14. >o nome dele era Carl
  15. >ele ameaçava bater em todo mundo com quem ele não simpatizava
  16. >até que eu trombei com ele uma vez no corredor, o que fez o café que eu carregava cair por todo seu corpo
  17. >nesse dia, eu apanhei, e muito, dele
  18. >depois disso, Jenny terminou com ele e virou minha amiga
  19. >apesar de pertencer ao grupo das populares, ela era legal comigo, e rapidamente virou minha amiga
  20. >tinha um único outro amigo, chamado Lucas
  21. >ele era o nerdão da sala, parecia uma calculadora humana
  22. >também né, asiático
  23. >eu era só um viciado em carros
  24. >não conseguia aprender muito na escola, só o suficiente para passar de ano
  25. >em compensação, conhecia o nome de cada parafuso usado para montar um carro
  26. >desde quando me lembro como gente eu mexia com carros junto com meu pai
  27. >além de sempre que possível, eu ia pra pista de kart que tinha perto de minha casa pra correr
  28. >as vezes ficava sem comer pra poder correr no fim de semana
  29. >voltando ao que estava explicando
  30. >na escola, eu tinha o Lucas e a Jenny
  31. >e em casa, trabalhava na oficina com meu pai
  32. >e eu era feliz
  33. >suportei o ensino médio assim
  34. >e durante esse tempo, desenvolvi uma paixão por Jenny
  35. >mas nunca tinha tentado nada com ela, por eu ser um cara sem nada na vida, feio e sem amigos, além dela ser linda, e metade dos garotos da escola serem apaixonados por ela
  36. >até que chegou o baile de formatura
  37. >não pretendia ir, pois eu não ia ter nenhum par para ir
  38. >eu ia ficar em casa, trabalhando em um projeto pessoal (quando eu fiz 16 anos meu pai, conseguiu comprar os restos de um Camaro SS 1969, que tinha várias peças faltando, além de estar todo batido. Ele provavelmente pagou uns 500 dólares em algum ferro velho, pois nem banco tinha. Desde que ganhei esse carro, trabalhava nele pra fazer ele funcionar um dia)
  39. >até que o Lucas me ligou um dia
  40. >”alô, Jake?”
  41. >”fala Lucas, tudo bem?”
  42. >”tudo sim mano. Deixa eu te perguntar uma coisa. Quando que você vai chamar a Jenny pro baile?”
  43. >”é... nunca, por que? Você sabe que eu não tenho chance com ela “
  44. >”você que acha cara. Até agora ela não tem par”
  45. >”mas vai ter, e você sabe. Não falta gente que queira chamar ela pra sair”
  46. >”não cara, você não ta entendendo. Hoje eu vi ela recusando o Ivan, cara!”
  47. >pra você ter uma ideia, se metade dos garotos da escola gostavam da Jenny, 90% das garotas da escola gostavam do Ivan
  48. >”Não viaja Lucas!”
  49. >”é sério mano! Ela falo que tava esperando outra pessoa convidar ela”
  50. >”não deve ser eu, vou tomar um fora dela com certeza”
  51. >”Jake, meu mano, para de amarelar! Vamo fazer o seguinte: se você tomar um fora dela, eu compro um supercharger novinho pro seu Camaro”
  52. >pra quem não sabe, um supercharger é tipo um turbo diferente. Ambos são sistemas de indução forçada, que forçam mais ar nos cilindros, fazendo a explosão que movimenta os pistões ser mais violenta, gerando mais potência. A diferença é que um supercharger é melhor pra corridas curtas de arrancada, pois começa a funcionar assim que se liga o carro. O turbo demora um tempo pra ligar
  53. >e o Lucas vinha de uma família rica, então ele podia pagar um
  54. >”cara, você é louco, mas eu vo precisar de um supercharger pra conseguir disputar nas corridas na cidade, então eu aceito, amanhã falo com a Jenny. Se eu fosse você, já me prepararia pra pagar a aposta”
  55. >”hahaha vai nessa cara, você vai ver que eu estava certo. Vou estudar agora, falou mano”
  56. >”tranquilo Lucas, falou”
  57. >passei a noite pensando no que falar, e dormi muito pouco por que estava nervoso
  58. >no dia seguinte, tomei um banho, passei o único perfume que eu tinha, coloquei minha melhor roupa e parti pra escola
  59. >chegando lá, me encontrei com o Lucas, e fiquei conversando com ele até que ele me cutucou, falou “não se esquece da aposta, e de que o baile é amanhã” e saiu de perto de mim
  60. >olhei pro lado, e lá vinha a Jenny, me encarando com seus lindos olhos azuis. Fiquei sem saber o que falar, então apenas cumprimentei ela e fomos pra sala. Passei o dia juntando coragem até que quando a ultima aula acabou, fui até a mesa da Jenny e só falei
  61. >”ei Jenny, você quer ir ao baile comigo?”
  62. >”aleluia, achei que você não ia me chamar. Mas é claro que eu aceito!”
  63. >eu travei. Eu esperava um fora, não isso
  64. >fiquei feliz pra krl
  65. >meio puto pq ia ter q garimpar um supercharger usado em algum ferro velho
  66. >mas fiquei mais feliz pq ela aceitou
  67. >eu marquei de buscar ela as 18:00 na casa dela, e saí de lá
  68. >cheguei em casa e contei pro meu pai o que tinha acontecido . Ele ficou bem feliz por mim, e a gente saiu pra arranjar uma roupa pra eu usar no dia seguinte
  69. >passei a noite em claro, não conseguia parar de pensar no dia seguinte
  70. >acabei pegando no sono de madrugada, e acordei já na hora do almoço
  71. >comi, e depois assisti um filme pra relaxar e passar o tempo
  72. >na hora de sair, meu pai me chamou e perguntou como que eu ia buscar a Jenny
  73. >”eu ia com a caminhonete da loja, tem algum problema?”
  74. >ela era provavelmente um pouco mais velha que eu
  75. >”não filho, hoje é um dia especial, pode pegar meu carro”
  76. >eu não acreditei no que meu pai tinha falado
  77. >o carro dele era um Shelby Mustang GT500, que ele tinha montado do zero (montar um carro do zero pra si mesmo era uma tradição que meu avô tinha começado na família)
  78. >ele adorava aquele carro, só saia com ele em ocasiões especiais
  79. >e ele era uma delícia de dirigir
  80. >cheguei na casa dela felizão com o carro, e bati na porta dela
  81. >o pai dela abriu, e me falou que ela já estava descendo
  82. >ficamos jogando conversa fora, até que ela desceu
  83. >cara ela tava linda naquele dia
  84. >ela tava usando um vestido vermelho, colado ao corpo, bem curto até (acabava no meio da coxa dela)
  85. >os seus cabelos castanhos estavam soltos, e por algum motivo seus olhos pareciam brilhar
  86. >e o sorriso dela eu nunca vou esquecer
  87. >nunca vou esquecer como aquelas covinhas, naquele rosto angelical, me fizeram travar por alguns segundos
  88. >eu cumprimentei ela, e a levei para o carro
  89. >até ai não tinha falado nada, tanto por vergonha do pai dela ouvir, quanto porque eu tava bobo, perdido naquele sorriso
  90. >quando a gente entro no carro, eu demorei um tempo pra dar a partida nele
  91. >”desculpa, eu dei uma travada ali atrás, mas pelo amor de deus você ta linda hoje”
  92. >logo depois que falei isso me arrependi, foi muito ruim, mas acho que ela gostou
  93. >”ahahahaha você também fica bem charmoso com essa roupa” foi a resposta dela
  94. >”é sério, é bom você parar de sorrir ou eu não vou conseguir me concentrar no caminho”
  95. >ela riu, e nós seguimos pro baile
  96. >chegamos lá, ela cumprimentou umas amigas, eu falei com o Lucas, até que ela me chamou pra dançar
  97. >felizmente eu sabia dançar, então não passei tanto vexame assim
  98. >no meio da dança, ela me deu um beijo
  99. >naquele momento não existia mais nada no mundo, só eu e ela
  100. >minha cabeça só conseguia registrar a sensação do corpo dela contra o meu, do beijo dela
  101. >a gente passou o resto da noite dançando e se beijando, até as faxineiras expulsarem a gente de lá para limpar o ginásio
  102. >levei ela pra casa dela, e depois fui pra minha
  103. >não consegui parar de sorrir o caminho inteiro
  104. >nem dormir
  105. >a imagem do sorriso dela não saia da minha cabeça
  106. >depois disso passamos a sair todo dia
  107. >ela tinha sido aprovada numa faculdade em Chicago, e eu estava trabalhando na oficina com meu pai
  108. >e a gente era um casal feliz
  109. >morávamos juntos, e fazíamos planos para o futuro
  110. >um dia, decidi tirar umas férias do trabalho, para fazer uma viagem que sempre foi meu sonho
  111. >descer a estrada 66, que sai de Chicago e vai até a Califórnia num carro construído por mim
  112. >meu Camaro já estava mais do que pronto
  113. >eu tinha juntado dinheiro e tinha comprado tudo o que faltava nele
  114. >aquele carro era um monstro
  115. >de qualquer jeito, comecei a planejar a viagem
  116. >eu ia percorrer toda a estrada 66 e depois voltar, parando 1 semana em santa mônica para curtir a praia (eu nunca tinha saído de Chicago, então só tinha visto o mar por fotos)
  117. >infelizmente a Jenny já tinha muita matéria atrasada na faculdade e não ia poder ir comigo
  118. >eu planejei uma viagem de 3 semanas, pra poder parar nas cidades no caminho
  119. >chegou o dia e eu parti, muito feliz
  120. >a sensação de liberdade era incrível
  121. >depois de já ter me afastado um pouco de Chicago, decidi testar um pouco o motor do meu carro
  122. >e como ele corria
  123. >não passei muito tempo correndo, pra economizar gasolina, mas ainda assim era muito boa a sensação
  124. >os primeiros 3 dias correram tranquilos, foi muito legal
  125. >o problema parceiro, é que a vida adora fuder as pessoas
  126. >no quarto dia, recebi uma ligação
  127. >era do hospital, meu pai tinha sofrido um acidente na oficina e estava internado, em estado grave
  128. >na hora em que eu ouvi isso dei meia volta e corri de volta pra Chicago
  129. >o trajeto que eu percorri em 3 dias na ida eu percorri em 1
  130. >só parei pra abastecer uma vez, já que dirigir um dia inteiro a 200km/h num Camaro consome uma gasolina fodida
  131. >cheguei no hospital e corri pro lugar onde a recepcionista disse que ele estava
  132. >na hora que cheguei lá, me disseram que ele estava numa sala de cirurgia, pq nas últimas horas o quadro dele tinha ficado instável
  133. >passei 3 horas no hospital, acabei cochilando no banco
  134. >fui acordado por um médico, que tinha um semblante muito triste
  135. >ele não precisou falar nada pra eu entender que meu pai estava morto
  136. >foi um choque aquilo, meu pai sempre foi meu melhor amigo
  137. >dirigi de volta pra minha casa sem conseguir raciocinar direito
  138. >cheguei em casa, e fui pro quarto sem fazer barulho, pra não acordar a Jenny
  139. >quando entrei, meu mundo acabo por completo
  140. >a Jenny tava deitada nos braços do Lucas, os dois completamente pelados
  141. >nessa hora, meu coração foi destroçado
  142. >eu fiquei extremamente triste pelo que me aconteceu
  143. >mas fui consumido por raiva
  144. >raiva do Lucas e da Jenny pelo que eles tinham feito comigo
  145. >e da vida, por ser filha da puta a ponto de fazer isso que fez comigo
  146. >acendi a luz, e os dois acordaram confusos
  147. >quando a Jenny percebeu que era eu que tava parado na porta ela começou a chorar e a pedir desculpas
  148. >falei “acho que você gostaria de saber que meu pai morreu 1h atrás no hospital”
  149. >depois mandei ela se fuder e saí de lá
  150. >entrei no meu carro e saí
  151. >eu precisava me distrair, e dirigindo eu conseguia esvaziar minha cabeça
  152. >comecei a dirigir sem rumo pela cidade, as memórias passando como em um turbilhão pela minha mente
  153. >dos meus momentos felizes com meu pai, o Lucas e a Jenny
  154. >eram as únicas 3 pessoas que se importavam comigo
  155. >e em um dia eu perdi essas 3 pessoas
  156. >fui despertado dos meus devaneios por um cara
  157. >eu tava parado no semáforo, e ele parado do meu lado
  158. >ele tava me enchendo, querendo apostar um racha
  159. >ele dirigia um Porsche 911
  160. >eu pensei que seria uma boa idéia correr com ele, pra me desligar da realidade e focar na corrida
  161. >então aceitei
  162. >eu ia mostrar pra esse riquinho arrogante como se correr de verdade
  163. >na hora que o sinal ficou verde, de tanto torque, os pneus dianteiros do meu carro chegaram a sair do chão
  164. >meu carro tava completamente mexido, e o do cara era padrão de fábrica
  165. >graças a isso, eu tava muito na frente
  166. >olhei pelo retrovisor , e a Porsche tava ficando bem pra tras
  167. >pra trás demais
  168. >como se ele não tivesse mais correndo
  169. >olhei de volta pra frente
  170. >e meu coração parou
  171. >tinha uma viatura da polícia logo na esquina
  172. >pensei em parar, mas a velocidade em que eu estava, junto com o fato de eu estar participando de uma corrida ilegal, ia me render uma multa considerável e algum tempo na cadeia
  173. >então ao invés de parar eu acelerei mais
  174. >o policial tentou vir atrás, mas ele não conseguiu me alcançar e eu despistei ele depois de alguns quarteirões
  175. >me escondi em uma garagem daquelas com vários andares que tem em shoppings), desliguei o motor e esperei a poeira baixar
  176. >até que ouvi o barulho de um carro entrando no estacionamento
  177. >coloquei a mão na chave e me preparei pra dar partida, caso eu precisasse fugir dali
  178. >quando eu vi o contorno do carro e percebi que era uma viatura da polícia (a forma do Ford Crown é bem característica) liguei o carro e fugi dali
  179. >infelizmente só tinha uma saída naquele estacionamento, então eu tive que passar pelo policial, o que fez ele me ver
  180. >passei voando por ele, na esperança de ganhar tempo enquanto ele manobrava
  181. >quando saí do estacionamento que eu fiquei realmente preocupado
  182. >tinha um Dodge Charger da polícia me esperando do lado de fora, já pronto pra uma perseguição
  183. >virei a direita e ele me seguiu
  184. >dessa vez meu carro não me comprou tanta vantagem, o Dodge também corria muito
  185. >quase bati diversas vezes enquanto fugia, ainda que alguns carros na tentativa de sair do meu caminho tenham batido em outros carros
  186. >o que rendeu mais 3 viaturas da polícia me perseguindo
  187. >além de duas tentativas de bloqueio, que eu consegui furar
  188. >fugi por uns bons 30 minutos, até que virei a direita em uma esquina em alta velocidade e vi uma criança atravessando a rua
  189. >tentei me desviar dela, porque na velocidade que eu tava ela ia virar uma gelatina se eu acertasse ela
  190. >infelizmente, isso fez com que eu fosse parar na contra mão, na faixa do lado
  191. >e nela tinha uma SUV vindo na minha direção
  192. >não consegui me desviar dela, e meu pneu dianteiro direito colidiu com a frente do carro
  193. >isso fez meu Camaro sair voando (lembrando que eu estava em muito alta velocidade)
  194. >meu carro foi completamente destruído pelo impacto, e pelas diversas vezes que eu rodei depois do impacto
  195. >meu carro só parou porque ele bateu em um caminhão, e eu desmaiei
  196. >acordei em uma cela, sozinho
  197. >meus machucados tinham sido tratados, e minha roupa tinha sido trocada pela roupa laranja que os presos usavam
  198. >nessa hora, eu sentei no canto da cela e comecei a chorar
  199. >chorar porque a vida tirou tudo de mim em um dia
  200. >meu pai morreu
  201. >minha namorada me traiu com meu melhor amigo
  202. >e agora eu estava preso
  203. >e provavelmente ficaria por mais de 5 anos
  204. >sem contar a multa que eu não conseguiria pagar
  205. >eu teria que vender meu carro
  206. >não, o carro do meu pai
  207. >já que eu tinha destruído o meu
  208. >eu só queria me matar naquela hora
  209. >mas até a capacidade de me matar a vida me tirou
  210. >pq eu n tinha coragem pra isso
  211. >passei uma semana apenas remoendo o que tinha acontecido comigo
  212. >até que um dia um guarda veio pra minha cela e me levou para uma sala com duas cadeiras em lados opostos de uma mesa
  213. >ele me sentou em uma das cadeiras, me algemou na mesa e saiu
  214. >logo em seguida, um homem que aparentava ter uns 50 anos, com uma barba grisalha, óculos escuros, chapéu e terno entrou
  215. >ele se sentou na outra cadeira e se apresentou
  216. >”olá Jake, meu nome é Morgan. Eu estou aqui para te libertar. Imagino que você entenda que em troca terá que fazer algo por mim”
  217. >”preciso de uma resposta curta e rápida, e você estará fora daqui em poucas horas”
  218. >na hora eu nem pensei muito, aceitei de cara
  219. >eu tinha 18 anos e estava preso, e aquele homem estava me oferecendo uma segunda chance
  220. >”ótimo, em algumas horas mandarei alguém te buscar na porta da prisão”
  221. >saí de lá sem perceber a merda em que eu tinha me metido
  222. >da mesma forma que o Morgan me prometeu, fui liberado depois de algumas horas, e na porta da prisão um homem dirigindo uma SUV toda preta me chamou e mandou eu entrar no carro
  223. >entrei e ele dirigiu por alguns quarteirões
  224. >do nada ele jogou uma venda no meu colo e falou “coloca isso”
  225. >”mas por que?”
  226. >ele puxou uma pistola da lateral de seu banco, apontou ela pra minha cabeça e falou “outra pergunta e eu te mato. Põe a merda da venda logo e só tira quando eu mandar”
  227. >eu fiz como ele mandou, e depois de uma meia hora eu senti o carro parando
  228. >mãos fortes me puxaram pra fora do carro, e fui conduzido pelo que pareceu um labirinto de corredores
  229. >nesse ponto eu estava morrendo de medo, já imaginando que eu seria cobaia em algum experimento ilegal ou transformado em escravo
  230. >por fim, me sentaram em uma cadeira e tiraram minha venda
  231. >eu estava dentro de uma sala, e junto comigo, sentado em outra cadeira, uma mulher, cuja venda tinha acabado de ser retirada por um homem mascarado
  232. >depois que o homem saiu, a mulher me perguntou se eu sabia que diabos estava acontecendo
  233. >”não faço a menor ideia, esses caras me tiraram da cadeia e me trouxeram pra cá sem falar nada”
  234. >”eu também estava presa! Você foi preso por quê?”
  235. >”envolvimento em corridas ilegais e fuga em alta velocidade, ou algo do tipo. E você?”
  236. >”ah, eu fui presa por invadir os bancos de dados de uma empresa multinacional e ameaçar liberar dados sigilosos em troca de dinheiro”
  237. >nossa conversa fluiu mais um pouco a partir dali, até que a porta se abriu e o Morgan entrou
  238. >”vejo que vocês estão se dando bem. Isso vai facilitar a vida de vocês, já que serão uma equipe”
  239. >nesse ponto a mulher ia falar algo, mas o Morgan a interrompeu
  240. >”espere eu acabar e você poderá fazer suas perguntas”
  241. >”vocês foram recrutados por serem bons no que fazem, e por não serem ninguém. Infelizmente a maioria dos bons corredores tem nomes conhecidos, e os melhores hackers cobram muito alto por seus serviços. Vocês dois, em compensação, me devem um favor, já que eu gastei diversos recursos para retira-los da cadeia. Vocês seguirão as minhas ordens, e apenas elas, e nunca questionaram nada. Tentem me trair e vocês morrem. Peçam para sair e vocês morrem. Tentem pedir ajuda, e vocês e quem mais se envolveu morrem. Falhem, e vocês morrem. Alguma pergunta?”
  242. >nem eu nem a mulher falamos nada, então ele continuou
  243. >”Jake e Bianca, vocês irão agora seguir um homem que trabalha pra mim enquanto ele te explica o que vocês terão que fazer agora. Não me decepcionem”
  244. >depois de ele falar isso ele saiu, e um homem, que aparentava ter uns 35 anos entrou.
  245. >”venham comigo, por favor”
  246. >ele se virou e saiu da sala, e eu e a Bianca o seguimos
  247. >”vocês irão nos ajudar a roubar alguns carros fortes. Bianca, você terá que invadir o sistema do Banco Central e descobrir os percursos, os horários, as defesas, tudo o que puder sobre os carros fortes.” Nessa hora o homem entregou um cartão para a Bianca “dentro desse cartão tem 30 mil dólares. Use esse dinheiro pra comprar tudo o que precisar para concluir a missão. Quanto a você, Jake, você será o motorista de fuga. O dinheiro que tirarmos dos carros fortes será colocado no seu carro, e você terá que o levar até um esconderijo.” Ele entregou para mim um cartão “esses são os dados de uma conta no banco com 350 mil dólares. Você vai usar esse dinheiro pra construir 3 carros diferentes, todos preparados para corrida, para fugir com o dinheiro. É isso que vocês precisam saber por enquanto, façam o que lhes foi designado e aguardem o meu contato. Por fim, vocês vão compartilhar um apartamento, aqui está o endereço” ele disse, me entregando um pedaço de papel “as chaves estão debaixo do carpete. Vocês ficaram na mesma casa para ficar mais fácil de os localizar. Tentem fugir ou roubar esse dinheiro, e vocês morrem. Alguma dúvida?”
  248. >”onde eu poderei trabalhar nos carros?” eu perguntei
  249. >”o segundo subsolo do prédio onde vocês ficaram foi fechado e transformado em uma oficina. Diga para o zelador que o Morgan enviou vocês e ele lhe dará a chave. Esta é a saída, lá fora tem um carro pronto pra levar vocês pro seu apartamento”
  250. >ele deu meia volta e voltou por onde viemos, nos deixando na frente de uma porta
  251. >saímos do lugar onde estávamos sem dizer uma palavra, pois ambos tínhamos muito no que pensar
  252. >a viagem até nosso novo apartamento também foi silenciosa
  253. >o apartamento que nos foi dado pelo Morgan era incrível, era grande, com dois quartos, uma cozinha bem equipada e já abastecida, e uma sala de estar bem grande, na qual uma das paredes era feita apenas de vidro, o que nos dava uma vista incrível de Chicago
  254. >quando entramos, a Bianca soltou um assovio de admiração
  255. >”esses caras realmente tem dinheiro”
  256. >”nem me diga. Só estou curioso sobre porque eles estão confiando tanto na nossa mão”
  257. >”eu sei porque eles confiam em mim. Eu não tenho ninguém pra me ajudar, pra quem correr, ninguém que se importe comigo. Eu não tenho nada a perder, pois tudo o que eu tinha me foi tirado, e por isso eu tenho tudo a ganhar ajudando eles. A multa que eu tive que pagar me fez ter que vender tudo o que eu tinha de valor, ou seja, atualmente eles são tudo o que eu tenho”
  258. >”comigo aconteceu a mesma coisa”
  259. >pra pagar a multa que me foi aplicada, além de pagar pelos danos causados, eu vendi tudo o que eu tinha, exceto o carro do meu pai. Esse eu não consegui vender, e deixei ele guardado em um galpão de um amigo do meu pai
  260. >em cima da mesa da cozinha, encontramos dois notebooks idênticos, e uma carta colocada entre eles
  261. >”vocês tem 3 semanas para concluir os preparativos, na garagem tem dois carros que vocês podem usar para buscar peças e outras coisas necessárias. Em um envelope na primeira gaveta da cozinha, vocês vão encontrar documentos falsos, os quais vocês vão adotar como verdadeiros até o fim da missão. Jake, dando mais detalhes nos carros, vamos precisar de um esportivo que não chame atenção, para levar o dinheiro até o esconderijo. O segundo carro deve ser um carro com um torque muito grande, com mais torque do que os carros fortes. Por fim, o terceiro carro deve ser o mais rápido, para uma fuga longa, para levar o dinheiro para o outro lado do país em questão de horas.”
  262. >depois de ler isso, cada um de nós pegou um notebook e começou a trabalhar
  263. >abri diversos sites, e gastei um bom tempo decidindo quais carros comprar
  264. >optei por um Subaru WRX STI, um Dodge Challenger Hellcat e um Nissan GT-R Nismo
  265. >tudo isso saiu por “apenas” 270 mil dólares
  266. >eu tinha mais 80000, era mais do que suficiente para o que eu precisava
  267. >depois disso, fui a uma loja de peças automotivas, comprar o que eu precisava
  268. >comprei para o Hellcat um turbo, nitro e um sistema de escapamento melhor, além de uma embreagem nova e um sistema de resfriamento melhor, ou meu motor ia explodir quando eu ativasse o nitro
  269. >pro Nissan comprei apenas um kit de nitro. O modelo GT-R Nismo já vem com um biturbo, e peças de alta performance, fazendo com que trocar elas por algo melhor fosse me custar caro demais
  270. >por fim, pro STI eu comprei um supercharger (pra acompanhar o turbo de fábrica), um body kit, sistema de escapamento, um bloco novo pro motor (pra aguentar a potência a mais), suspensão e nitro
  271. >tive que visitar 5 lojas diferentes, e demorei 2 dias, mas por fim encontrei tudo o que precisava
  272. >as compras acabaram totalizando 100 mil dólares, mas a Bianca usou apenas 15 mil, então me emprestou o resto.
  273. >o STI eu ia transformar em um monstro escondido, já que ver um STI por aqui não é tão incomum, é um carro que muitos corredores de rua e fãs de velocidade compram
  274. >o Hellcat tem quase 90kgmf de torque
  275. >muito mais do que qualquer carro forte
  276. >isso sem contar os 707 cavalos de potência
  277. >com um turbo equipado, essa potência ia subir ainda mais, facilmente passando dos 1000cv de potência. O nitro, então, eu pretendia configurar tiros de 100hp, para evitar danos ao motor (um tiro de mais de 150hp num motor padrão de fábrica vai acabar explodindo)
  278. >para os que não sabem, o famoso nitro é como um supercharger químico. Você aperta um botão, e por alguns segundos o nitro é jogado no pistão junto com a gasolina, aumentando a explosão e podendo gerar aumentos de até 40% na potência, mas aumentando em até 80% o consumo de combustível
  279. >por isso são dados “tiros” de nitro. Quando o piloto precisa de mais potência, ele aperta o botão do nitro e ganha muita potência por alguns segundos
  280. >não tem quase nenhum carro que conseguiria bater a potência e o torque que o Hellcat ia ter
  281. >até porque mais potência=mais torque
  282. >por fim o GT-R já vinha pronto de fábrica, eu só ia instalar um nitro nele, o que ia me economizar um tempo, permitindo que eu focasse nos outros carros
  283. >as peças foram chegando, e eu passei meus dias enfurnado na oficina, trabalhando nos carros.
  284. >por fim, no antipenúltimo dia um homem apareceu na oficina, me entregou um gancho bem grosso de metal, e me disse pra soldar ele no chassi do carro de forma que ele não se soltasse, independente da pressão exercida sobre ele
  285. >acabei de instalar tudo no último dia do prazo
  286. >eu tinha em minhas mãos agora um Hellcat que tinha potência de sobra, graças ao turbo, o supercharger e o nitro
  287. >um STI com mais do que o dobro de potência de fábrica
  288. >e um GT-R Nismo com nitro
  289. >fiquei feliz por ter feito aquilo tudo, mesmo sabendo que não seriam usados para algo bom, eu tinha criado 3 monstros (2 na verdade, um eu comprei pronto e dei whey só)
  290. >no dia seguinte, o Morgan veio ver como nós tínhamos se saído
  291. >”estou satisfeito com o que vocês fizeram, agora para a próxima parte do plano, Jake, quero que você leve o Nissan para esse endereço”
  292. >e me entregou um papel
  293. >”Bianca, vá junto com ele, mas dirigindo o Subaru e dê carona pra ele na volta. Depois disso, voltem pra cá, peguem o Dodge e levem os 2 carros para esse outro endereço” e me entregou outro papel
  294. >depois de dizer isso ele se virou e saiu, sem dizer mais nada
  295. >como seu tom era de urgência, fizemos como ele mandou assim que ele saiu
  296. >dirigir aquele Nissan era uma delícia, fiquei imaginando como seria o Hellcat então
  297. >fomos até o endereço, era um galpão
  298. >lá, um homem me instruiu a deixar o GT-R dentro do galpão virado de frente para a saída
  299. >fiz como ele mandou e sai de lá no STI com a Bianca
  300. >voltamos para o apartamento, peguei o Hellcat e saímos em direção ao outro endereço
  301. >aquele carro parecia vindo do inferno
  302. >a potência que ele tinha me deixou bobo
  303. >eu nunca tinha entrado em um carro tão potente
  304. >chegando no endereço, era um outro grande galpão
  305. >entrei lá e dessa vez tinham várias pessoas dentro
  306. >o Morgan me cumprimentou e falou
  307. >”vamos repassar o plano mais uma vez. Hoje atacaremos 3 carros fortes diferentes. Bianca, o seu trabalho vai ser manter a comunicação entre os carros fortes normal o máximo possível, para que não descubram o roubo até que tenhamos roubado pelo menos 2 deles. Jake, você vai dirigir o Dodge. Você vai levar uma equipe de 4 homens com você, e eles te instruirão sobre o que fazer durante o caminho. O Subaru será pilotado por outro piloto, e levará o dinheiro para o esconderijo. Jake, depois de roubar os 3 carros fortes, você irá até o lugar onde deixou o terceiro carro. Você vai entrar no carro e levar o dinheiro até o endereço que já está programado no GPS. Alguma dúvida?”
  308. >ninguém respondeu, e a um sinal dele cada um foi para seu posto
  309. >entrei no carro junto com 4 homens que usavam uma roupa a prova de balas, e armados com fuzis de assalto. Um deles trouxe um arpão com cabo de aço e amarrou a outra ponta do cabo no gancho que eu prendi atrás do carro. Nesse momento comecei a entender o que eles queriam fazer. Ele passou o cabo pela lateral do carro, para entrar no banco traseiro do carro sem enroscar o cabo na roda. Os outros entraram no carro, e eu fiz o mesmo
  310. >o que estava na frente pegou um GPS no bolso e colocou um endereço
  311. >dirigi ate lá, com os nervos a flor da pele
  312. >aqueles homens estavam vestidos pra travar uma guerra, e eu estava vestindo uma camiseta simples e só
  313. >paramos em uma rua, e esperamos, enquanto eles me explicavam o que fazer
  314. >depois de alguns minutos, o carro forte apareceu na rua
  315. >liguei o carro logo depois que ele passou
  316. >me aproximei, e emparelhei com ele
  317. >o cara que estava com o arpão atirou, e acertou nos fundos do carro
  318. >nessa hora dei meia volta, diminui a marcha e acelerei no sentido contrário
  319. >senti um tranco na hora que o cabo esticou, e meu carro começou a ir pra trás
  320. >acelerei mais, até que estávamos quase parados, fazendo um cabo de guerra com os carros
  321. >nessa hora os 4 homens desceram do carro, engatilharam os fuzis e começaram a atirar
  322. >meu carro começou a vencer a disputa, então coloquei menos pressão no acelerador
  323. >meu trabalho era manter o carro forte parado enquanto eles não pegavam o dinheiro
  324. >uma das portas do carro forte se abriu, e dela saíram dois seguranças, que rapidamente foram alvejados pelos homens
  325. >um deles foi até a frente do carro, onde a porta estava aberta, e executou o motorista
  326. >depois disso abriu por dentro a porta do carro forte e começou a colocar o dinheiro dentro de diversas mochilas e sacolas (daquelas de academia)
  327. >nessa hora o Subaru chegou, e eles carregaram todo o dinheiro no porta malas e dentro do carro
  328. >ele partiu pra levar o dinheiro, e nós saímos de lá, para o lugar onde emboscaríamos o outro carro forte
  329. >repetimos a mesma coisa com sucesso nos outros dois carros fortes, e o dinheiro foi todo levado embora
  330. >o assalto nos rendeu por volta de 27 milhões de dólares
  331. >e eu ia contrabandear todo esse dinheiro dentro de um carro por todo os Estados Unidos
  332. >antes que você pense que isso é muito dinheiro
  333. >os carros fortes carregam no máximo 10 milhões de dólares cada
  334. >e 1 milhão de dólares cabem em uma maleta grande
  335. >nós escolhemos os caminhões com maior quantidade de dinheiro
  336. >e fazer esse dinheiro caber em um GT-R não foi tão difícil
  337. >sobrou espaço dentro do carro
  338. >de qualquer jeito, eu cheguei no esconderijo e me entregaram um celular
  339. >me disseram que era para que eu pudesse manter contato com eles
  340. >agora você deve pensar
  341. >que eles são loucos
  342. >por deixar 27 milhões de dólares nas mãos de um quase estranho
  343. >mas eu não tinha nada
  344. >aqueles homens, quem quer que fossem, tinham muitos recursos
  345. >me tiraram da cadeia como se fosse fácil
  346. >e tinham muitas armas e muitos homens capacitados para usa-las
  347. >eu não era nem louco de tentar fugir com aquele dinheiro
  348. >e quem sabe se eu levasse ele rapidamente para o destino eu não fosse recompensado
  349. >cheguei no armazém, o Nissan estava parado do jeito que eu o deixei
  350. >mas estava acabando de ser carregado com sacolas de dinheiro
  351. >”é muito dinheiro, não?”
  352. >a voz profunda do Morgan ne assustou
  353. >realmente, nunca tinha visto tanto dinheiro junto na minha vida
  354. >”se você tentar fugir com esse dinheiro nós vamos te encontrar e te matar. Agora, entregue todo o dinheiro no destino, e você pode ficar com os 3 carros que construiu, além de se quiser poder continuar trabalhando conosco. Eu fui claro?”
  355. >”sim senhor”
  356. >”então se apresse, eles já acabaram de carregar o carro e a polícia já foi acionada”
  357. >ele não precisou dizer duas vezes
  358. >peguei as chaves do carro e entrei nele
  359. >liguei o motor e parti
  360. >olhei o endereço no GPS e tomei um susto com o destino
  361. >eu ia levar o dinheiro pra Las Vegas
  362. >ia ser uma longa viagem
  363. >mas dirigindo um supercarro ela poderia ser prazerosa
  364. >mantive a baixa velocidade dentro de Chicago, e consegui evitar confrontos com a polícia
  365. >o GPS me levou para o início da estrada 66
  366. >respirei fundo, guardei as memórias que vieram a tona e parti rumo ao meu destino
  367. >depois de cerca de meio dia dirigindo, meu celular tocou
  368. >”alô”
  369. >”alô Jake?”
  370. >”eu mesmo”
  371. >”é a Bianca. Eu descobri algo que você não vai gostar”
  372. >”o que foi?”
  373. >”foram eles que causaram o acidente na oficina de seu pai. Eles iam fazer o mesmo com seu melhor amigo e sua namorada, mas aparentemente eles estavam te traindo juntos e você descobriu. Eles que tiraram tudo de você, pra te tornar um alvo fácil para eles. É assim que eles se sustentam. Eles escravizam pessoas por dívida ou necessidade, as fazem cometer um crime por eles e depois as matam. E nós não somos os únicos pegos por essa armadilha”
  374. >”mas quem são eles?”
  375. >”eu não sei, mas assim que você chegar em Vegas eles vão matar nós dois, nós temos que pensar em algo”
  376. >eu fiquei em silêncio por alguns instantes, ouvindo o ronco do motor e pensando nas minhas opções. Por fim, eu disse
  377. >”então nós vamos fugir”
  378. >”você ficou louco? Você viu o que eles são capazes de fazer”
  379. >”relaxa, eu tenho um plano”
  380. >”onde você está? Eu vou voltar para te buscar”
  381. >”não Jake! Se você se desviar muito do caminho, eles vão mandar gente atrás de você!”
  382. >”mas eles não vão saber, da pra ver tudo num raio de alguns quilômetros ao meu redor nessa pista, eu ia saber se alguém estivesse me observando”
  383. >”não, você não entendeu, eles colocaram um rastreador no seu carro. Na verdade, foram três. Você não achou que eles iam te deixar livre com todo esse dinheiro né? Eles têm rastreado a gente desde que fomos recrutados”
  384. >”se eles estão mesmo vigiando a gente, você não acha que eles grampearam esses celulares?”
  385. >”não se preocupe, eu consegui fazer essa ligação de modo não rastreável, porém não temos muito tempo. Marca o número do meu celular novo e me liga de uma linha segura”
  386. >ela me passou um número e desligou
  387. >fiquei pensando no que iria acontecer agora
  388. >dirigi por umas boas duas horas pensando
  389. >é óbvio que eu não tinha um plano
  390. >eu só sei de carros, nunca que eu ia bolar um plano pra fugir de uma organização terrorista dessas
  391. >mas eu tinha que passar confiança
  392. >pela sua voz, a Bianca tava quase pirando
  393. >e eu ia precisar dela comigo
  394. >eu provavelmente não ia ter pensado em nada
  395. >mas passando por Tulsa, em Oklahoma, tive uma ideia
  396. >vi um outdoor falando de um leilão de supercarros
  397. >que coincidentemente ia acontecer no dia seguinte, de manhã
  398. >olhando para ele eu tive uma ideia
  399. >abri o porta luvas do carro
  400. >e dei um baita sorriso quando percebi que essa organização era inteligente, mas ao mesmo tempo burra
  401. >olhei no relógio
  402. >eram 11h da noite
  403. >liguei para o único número salvo no celular que Morgan me deu
  404. >ouvi sua voz atendendo o celular
  405. >”alô, Morgan? Cara, eu estou muito cansado por causa de todo esse stress, tudo bem se eu dormir em Tulsa e continuar amanhã?”
  406. >”você tem que levar esse dinheiro o mais cedo possível pra Vegas e você sabe disso”
  407. >”eu sei, mas minha visão já está meio embaçada, estou com medo de bater o carro. Amanhã eu compenso correndo mais, as estradas estão sem polícia nenhuma. Além disso, depois que eu receber os carros eu vendo o Subaru pra pagar pelas despesas de hotel e gasolina extra”
  408. >”nesse caso tudo bem, mas você deve chegar amanhã em Las Vegas, ou você sabe muito bem o que vai acontecer”
  409. >”pode deixar que não vou te desapontar”
  410. >ele desligou o celular, e eu parei no primeiro hotel barato que encontrei
  411. >entrei no quarto
  412. >tirei minha roupa
  413. >deitei num colchão com molas que machucavam minhas costas e um travesseiro que mais parecia um pano
  414. >nem me importei com isso naquela hora, pois a fadiga de várias noites mal dormidas pesou sobre mim
  415. >eu apaguei, e acordei no dia seguinte mais ou menos as 10 da manhã
  416. >me vesti, corri para o andar de baixo e consegui pegar o finalzinho do café da manhã
  417. >entrei no meu carro, e fui para onde ia ser o leilão
  418. >eu conhecia aquele tipo de leilão
  419. >pras pessoas normais era só um lugar onde gente com dinheiro comprava supercarros mais baratos
  420. >mas pra quem viveu em um bairro ruim, cercado de integrantes de gangues e ladrões, aquilo era muito mais
  421. >era um lugar onde ladrões facilmente vendiam seus carros
  422. >encontrei o escritório onde eles compravam seu carro
  423. >falei para o homem que me atendeu que ia precisar de sigilo nessa venda
  424. >ele então me levou para uma sala separada e negociamos
  425. >no final, vendi por 110 mil dólares o carro
  426. >ele valia uns 180 mil, mas eu não me importava
  427. >só negociei para não levantar suspeitas
  428. >eu tinha 27 milhões guardados dentro dele, aquele dinheiro não ia fazer muita diferença
  429. >depois de fecharmos negócio, expliquei os meus termos para o vendedor, que os aceitou sem pestanejar
  430. >saí de lá e fui para onde os carros estavam sendo expostos
  431. >lá tinha de tudo
  432. >de um Golf GTI completamente mexido
  433. >várias Ferraris, Lamborghinis
  434. >lá tinha de tudo
  435. >rodei umas duas vezes por lá, até encontrar um carro que me interessou
  436. >um Dodge Viper SRT 2014
  437. >o leilão dele seria apenas no fim da tarde, mas negociei com o dono por 145 mil dólares
  438. >é muito mais do que ele valia, mas eu precisava dele naquele momento
  439. >paguei ele em dinheiro mesmo, se ele se impressionou não demonstrou
  440. >ele me entregou as chaves do carro e eu dirigi até onde o GT-R tava parado
  441. >passei todo o dinheiro pra dentro do Viper
  442. >passei no escritório pra entregar as chaves do Nissan pro vendedor e receber meu dinheiro
  443. >saindo de lá, fui para uma oficina que encontrei na internet enquanto tomava café da manhã
  444. >aproveitei que perto tinha uma loja de peças, e fui fazer umas compras
  445. >comprei um body kit novo, e peças para o motor
  446. >dois turbos, e peças pra aguentar a potência extra
  447. >e nitro
  448. >lá, mudei a pintura do meu carro
  449. >ele era azul normalmente
  450. >pintei ele com um preto metálico
  451. >e fiz duas faixas que saíam do para-choques frontal e iam até o traseiro de branco
  452. >além disso, coloquei alguns adesivos no capô, na lateral esquerda
  453. >não, eu não enchi de desenhos espalhafatosos
  454. >coloquei algumas marcas de peças automotivas
  455. >tava bem daora aquele carro
  456. >eu devia escolher algo que não chamasse muito a atenção, mas sinceramente eu não ligava
  457. >se eu morresse, pelo menos seria me divertindo
  458. >eu tava realizando todas as minhas fantasias relacionadas a carros
  459. >dirigi carros com os quais eu só sonhava
  460. >domei um monstro de mais de 1000cv de potência
  461. >e fugi da polícia
  462. >tava me sentindo no need for speed
  463. >paguei a conta na oficina e sai de lá
  464. >apesar de tudo, estar no volante daquele carro me deixou com um sorriso no rosto
  465. >eu não me lembrava da última vez em que eu sorri
  466. >fazia muito tempo já
  467. >de qualquer jeito, saí de lá e passei em uma loja de celulares
  468. >comprei o celular mais caro da loja e um chip pré pago
  469. >saí de lá e entrei no carro
  470. >passei em uma loja de roupas e comprei duas mudas de roupa novas
  471. >voltei pro carro
  472. >e me dirigi de volta para Chicago
  473. >liguei pra Bianca
  474. >ela atendeu, e percebi pelo seu tom que ela estava preocupada
  475. >perguntei o que que tinha acontecido
  476. >”me disseram que você tinha abandonado o trajeto e mandaram um monte de gente atrás de você! Eu achei que você estivesse morto, e eu seria a próxima... ah, eu tô com tanto medo Jake...”
  477. >”calma Bianca. Eu troquei de carro, e estou nesse momento voltando pra Chicago pra te buscar, devo chegar ai em umas 6 horas. Não se precipite, vou chegar ai logo logo”
  478. >”tudo bem... eu passei o tempo em que você não me contatou pesquisando, e descobri os nomes e as identidades de outros pegos pelo mesmo esquema que nós. Vou te passar tudo por mensagem, porque vou destruir meu computador antes de sair daqui”
  479. >concordei, disse pra ela me esperar no apartamento e desliguei
  480. >dirigi numa média de 210km/h até chegar nas proximidades de Chicago, onde diminuí a velocidade para chamar o mínimo de atenção possível estando dentro de um carro daqueles
  481. >fiquei o trajeto todo pensando em como tirar a Bianca do apartamento
  482. >estacionei em uma locadora de veículos, e aluguei um Civic
  483. >passei pela frente do edifício, e percebi o SUV parado do outro lado da rua, dentro do qual dois homens esperavam
  484. >um plano começou a se formar na minha cabeça
  485. >voltei para a locadora e devolvi o carro
  486. >deixei o meu Viper estacionado no mesmo lugar e saí andando a pé
  487. >passei em uma loja de roupas e comprei um sobretudo, dois bonés e luvas
  488. >passei em um posto, enchi uma garrafa de 1,5 litros com gasolina e comprei um isqueiro
  489. >passei em uma loja de armas, e comprei uma Uzi com dois carregadores, além de balas e um silenciador
  490. >eu estava nervoso pra fazer isso, mas como eu já disse não me importava com a minha vida
  491. >é como dizem, uma vida sem histórias pra contar não foi uma vida bem vivida
  492. >e se eu sobrevivesse a isso tudo, ia ser uma baita história pra contar
  493. >então voltei para onde ficava o apartamento em que a Bianca estava
  494. >liguei pra ela e falei pra ela descer
  495. >caminhei um pouco e parei um pouco atrás do SUV, fingindo que mexia no celular
  496. >quando a Bianca saiu pela porta da frente, eu caminhei até o lado do passageiro e bati no vidro
  497. >um dos dois homens olhou pra mim e, depois de eu sinalizar, abaixou o vidro
  498. >na hora reconheci o homem que estava ao volante, como o homem que tinha me dado as primeiras instruções, logo após ter sido tirado da cadeia
  499. >”que que ce quer?”
  500. >não respondi, apenas puxei a Uzi de debaixo do sobretudo e a descarreguei nos dois homens
  501. >eles morreram sem conseguir reagir
  502. >e eu, apesar de minhas mãos estarem suadas, não me senti mal por matar aqueles caras
  503. >eram eles ou eu
  504. >quando me viu, a Bianca correu e me abraçou
  505. >não falei antes na história, pois não era relevante
  506. >mas durante as 3 semanas que passamos nos preparando para o assalto, eu e a Bianca ficamos próximos
  507. >descobri que ela cozinhava muito bem e que apesar de não conseguir me fazer sorrir, ela me fazia sentir bem
  508. >viramos amigos
  509. >voltando pra história
  510. >depois que ela me soltou, joguei a gasolina no carro e ateei fogo
  511. >depois nos dirigimos para o meu carro
  512. >o lugar onde ele estava era a mais de 10 quadras do apartamento, então não tinha como ligar o meu carro com o assassinato daqueles homens e o desaparecimento da Bianca
  513. >tudo estava correndo perfeitamente
  514. >chegamos no carro e eu dirigi pra longe
  515. >passei em frente a antiga oficina do meu pai, que foi comprada por um cara que fez uma loja de roupas no lugar
  516. >ficamos hospedados em um hotel do outro lado da cidade
  517. >tomei o cuidado de fazer a Bianca usar o outro boné, a última coisa que eu precisava era uma câmera de segurança hackeada revelando nosso paradeiro
  518. >não que eu achasse que aquelas fossem, mas o que eu sabia que a Bianca era capaz de fazer me deixou mais paranoico, pois assim como ela existiam muitos outros que sabiam fazer esse tipo de coisa
  519. >chegamos no quarto, e relaxamos um pouco
  520. >deixei a Bianca tomando um banho, enquanto saí pra comprar roupas novas pra ela
  521. >tinha uma loja na esquina, e comprei duas calças e duas blusas, além de roupa de baixo
  522. >voltando pro quarto, vi dois homens jogando conversa fora em uma mesa num barzinho próximo
  523. >quando passei por eles, senti que um deles ficou me encarando
  524. >algo não estava certo ali
  525. >pelo menos eu sentia a pressão reconfortante da Uzi contra o meu peito
  526. >minha paranoia me fez levar ela comigo
  527. >apertei o passo, e depois de alguns metros senti que alguém me seguia
  528. >arrisquei uma olhadela, e como quem procura algo varri o horizonte atrás de mim
  529. >vi os dois homens vindo em minha direção, mas não detive o olhar sobre eles
  530. >olhei pra frente e continuei no mesmo ritmo, mesmo sabendo que estava sendo seguido
  531. >entrei no hotel e corri para o meu quarto
  532. >entrei correndo e me deparei com a Bianca só de toalha
  533. >por alguns milissegundos eu percebi como, por baixo das roupas largas que ela normalmente usava, ela escondia um corpo muito bonito
  534. >antes que eu enrolasse mais, meu instinto de sobrevivência falou mais alto
  535. >joguei a sacola de roupas para ela e falei
  536. >”se veste logo que temos que sair daqui, te explico no caminho”
  537. >ela sentiu a urgência em minha voz e se vestiu rapidamente dentro do banheiro
  538. >quando ela saiu, já tinha recolhido as nossas coisas (o dinheiro eu tinha deixado no carro, só tirei o suficiente pras roupas e pro hotel)
  539. >corremos pro carro, entramos e eu dei partida
  540. >quando virávamos a esquina do hotel, um Golf tentou fechar a gente
  541. >percebi que no volante estava um dos homens que tinham me seguido
  542. >desviei dele e acelerei pela rua
  543. >outro Golf idêntico ao primeiro surgiu de uma rua lateral e começou a me perseguir
  544. >ele emparelhou com a gente e eu vi o motorista se atrapalhando ao puxar uma pistola
  545. >tive tempo de pisar no freio antes de um tiro passar aonde minha cabeça estava alguns segundos antes
  546. >puxei a Uzi de seu coldre e descarreguei todas as balas no carro
  547. >não sei se o matei, se o feri, ou se destruí alguma coisa no carro, mas ele perdeu o controle e bateu em uma minivan que estava parada na lateral da pista e eu vi quando ele saiu voando pelo para brisa e deu de cara em uma placa
  548. >usem o cinto de segurança crianças
  549. >aproveitando essa distração, o outro Golf se aproximou de mim, e apesar de não me alcançar ele tentava acertar minha traseira
  550. >decidi que eu precisava de respostas
  551. >virei uma esquina que eu sabia que me levaria para uma rua reta e vazia, perfeita pro que eu pretendia fazer
  552. >pisei fundo, subi a marcha e usei o nitro
  553. >eu dei uma arrancada que teria destruído um carro não preparado
  554. >eu vi o Golf diminuindo no retrovisor, até quase desaparecer
  555. >nessa hora eu pisei no freio e girei o carro 180°
  556. >coloquei o braço pra fora do carro e atirei com a Uzi, que tinha sido recarregada pela Bianca
  557. >o meu perseguidor tentou desviar, mas perdeu o controle e bateu com o carro em um hidrante
  558. >vi seu carro rodar duas vezes e então parar, com as rodas pro ar
  559. >desci do meu carro e caminhei até onde o motorista tentava sair dos destroços de seu carro
  560. >puxei ele pra fora e dei um soco na cara dele
  561. >mais tarde eu me arrependi, mas naquele momento eu descontei toda a raiva que eu sentia pelo que me aconteceu naquele homem
  562. >como um soco não fez ele abrir a boca, peguei a Uzi e dei um tiro no pé dele
  563. >ele gritou de dor, mas não falou
  564. >então fiz o mesmo no outro pé
  565. >quando eu colei o cano extremamente quente da arma em sua virilha, ele abriu a boca
  566. >me contou que os homens que estavam atrás de mim pertenciam à Organização
  567. >eles não tinham um nome específico, mas se conheciam assim por consenso
  568. >eles tinham descoberto onde eu estava pelo celular que a Bianca esqueceu em seu apartamento
  569. >descobrindo meu número e depois o rastreando
  570. >e só ele e o parceiro dele sabiam qual carro eu dirigia
  571. >já que o parceiro dele estava morto, uma bala e eu não teria que me preocupar com trocar novamente de carro
  572. >depois que acabei com ele, voltei para o meu carro, onde a Bianca me esperava, com um olhar de nojo
  573. >eu não me orgulhava do que tinha feito
  574. >mas aquele olhar machucou mais do que uma bala
  575. >dirigimos por Chicago rumo ao sul
  576. >quando entramos na estrada, eu fiquei pensando no que tinha me acontecido
  577. >e no que eu tinha me tornado
  578. >de um fracassado qualquer, me tornei um assassino perseguido por uma organização
  579. >passei esse tempo conversando com a Bianca, após entrarmos na auto estrada
  580. >ela disse que entendeu por que eu fiz aquilo e me perdoou
  581. >dirigimos por algumas horas, até que chegamos em uma cidadezinha e paramos para comer
  582. >era uma lanchonete daquelas estilo anos 80
  583. >comemos um belo hambúrguer, e eu saí pra ir no banheiro
  584. >quando voltei, ouvi o barulho de tiros
  585. >me escondi e movi minha mão pra onde a Uzi deveria estar
  586. >mas eu tinha esquecido ela no carro
  587. >então eu só assisti quando os homens que entraram no restaurante levaram a Bianca
  588. >colocaram ela dentro de uma SUV e sumiram
  589. >corri pro meu carro, para tentar ir atrás deles
  590. >consegui alcançar eles, mas um homem colocou uma AK47 pra fora e começou a atirar em mim
  591. >tive que freiar, e perdi a SUV de vista
  592. >naquele momento, meu celular tocou
  593. >”olá Jake, espero que você saiba que acabou, a Bianca já esta conosco, e que depois que meus companheiros fizerem o trabalho deles ela vai ter contado onde você escondeu o dinheiro. Mesmo assim, espero que você saiba que você que causou tudo isso”
  594. >nessa hora, comecei a ouvir um bipe, como em uma contagem regressiva
  595. >parecia.. uma bomba
  596. >nessa hora fiz a conexão com o que ele tinha falado
  597. >’espero que você saiba que acabou’
  598. >entendi perfeitamente o qie tinha acontecido
  599. >pisei no freio do carro enquanto puxava duas bolsas de dinheiro pro meu colo, abri a porta e pulei do carro
  600. >uns 50 metros depois, o carro explodiu
  601. >peguei meu celular, que tinha caído e apesar de destruído ainda funcionava
  602. >”alo Morgan?”
  603. >”mas como?..”
  604. >”é bom que você saiba que seu capanga idiota acabou de explodir um carro onde estava todo seu dinheiro. E que eu vou voltar pra você, Morgan. Mas dessa vez, eu que vou estar no comando”
  605. >desliguei o celular, tirei o chip e o joguei longe
  606. >e passei os minutos seguintes refletindo, encarando as labaredas que subiam do meu antigo carro
  607. >saí caminhando, carregando as duas sacolas de dinheiro
  608. >dentro delas devia ter uns 4 milhões de dólares
  609. >devia dar para o que eu planejava
  610. >de lá, caminhei até uma loja de celulares
  611. >comprei um, novamente dos mais caros que o dinheiro podia pagar, e saí de lá
  612. >fui pra uma lan house, e lá acessei minhas mensagens
  613. >baixei a lista que a Bianca tinha me mandado com os nomes dos outros pegos nesse esquema
  614. >cara, ela era muito boa no que fazia
  615. >lá tinha o nome verdadeiro, a identidade falsa que eles usavam, uma foto e o endereço
  616. >mas o que importava mesmo
  617. >era que ela tinha instalado um rastreador nos celulares deles
  618. >caralho, ela era muito boa mesmo
  619. >a dupla que estava mais próxima de mim estava em Chicago
  620. >não queria voltar ao ninho das abelhas
  621. >mas o tempo não estava do meu lado
  622. >a cada segundo que passava eu imaginava uma tortura diferente que a Organização podia estar fazendo com ela
  623. >então me apressei
  624. >fui para uma loja de carros
  625. >aquela era uma cidade do interior, não tinha nada bom lá
  626. >acabei desistindo e fui pra Chicago de ônibus
  627. >demorou quase um dia inteiro, mas finalmente cheguei
  628. >decidi que eu teria que mudar minha aparência
  629. >passei em um cabeleireiro, e cortei meu cabelo (eu costumava usar um cabelo longo e solto, meio que como Jesus, mas dessa vez cortei ele curto e fiz um topete)
  630. >além disso, ele descoloriu meu cabelo, fiquei loiro
  631. >comprei roupas novas, agora eu estava vestindo um novo sobretudo, um gorro e uma calça jeans
  632. >fui ver os carros, escolher algum para comprar
  633. >optei por um Chevrolet Corvette Z06
  634. >comprei ele e dirigi até uma oficina que eu conhecia
  635. >lá eu instalei uma blindagem leve, pra me dar um pouco de proteção
  636. >coloquei pneus run flat, pra mesmo que furassem meus pneus eu conseguisse continuar correndo
  637. >um turbo e um supercharger, um sistema de escapamento novo, freios da Brembo e um aerofólio novo foram minhas próximas compras
  638. >um body kit, pq eu podia pagar
  639. >tirei tudo do interior, e instalei dois bancos de corrida, pra compensar um pouco o peso da blindagem
  640. >tive que trocar o bloco do motor pra aguentar a potência a mais, e por fim, comprei duas garrafas de nitro e um jogo de pneus da toyo tires de alta velocidade e aderência não tão grande
  641. >esse carro tinha sido feito pra ter muita aderência, mas meu estilo de direção era outro
  642. >eu sempre gostei de drift, simplesmente por que é mais difícil e mais divertido
  643. >girar o volante e manter o carro em linha reta é muito mais fácil do que manter um drift no meio de uma corrida
  644. >passei 3 dias trabalhando sem parar na oficina, junto com toda a equipe
  645. >paguei bem pra que eles se concentrassem 100% no meu carro
  646. >por fim, pintei o carro pra ficar mais bonito, e dormi enquanto a tinta secava
  647. >eu tinha dormido 3 horas por noite enquanto trabalhava no carro, tanto pra acabar rápido quanto por que não conseguia relaxar
  648. >no dia seguinte, saí de lá e fui em uma loja de armas
  649. >na verdade, em um contrabandista
  650. >saia mais barato e não envolvia tanta papelada
  651. >comprei dois M4A1 Sopmod, equipados com silenciador, lanterna, lança-granadas e grip, duas Skorpions, também silenciadas, e 5 glocks com silenciador
  652. >além de muitas balas
  653. >e granadas
  654. >e um colete a prova de balas
  655. >voltei pro carro e contei o dinheiro
  656. >tinha me sobrado 3 milhões e 640 mil dólares
  657. >peguei meu celular e comecei a mexer na internet, e depois de 30 minutos eu tinha alugado um grande galpão na periferia sul da cidade
  658. >depois fui atrás de um homem que costumava ser meu vizinho
  659. >ele vendia carros roubados
  660. >comprei dele um Subaru WRX STI, um Toyota Supra e um Honda S2000
  661. >pedi que ele deixasse os 3 carros no galpão que eu tinha alugado e coloquei em prática a segunda parte do meu plano
  662. >tinham atualmente 3 outras duplas assim como eu e a Bianca em Chicago naquele momento
  663. >e eu fui fazer uma visitinha pra cada uma delas
  664. >fui no primeiro endereço, na zona norte da cidade
  665. >era um prédio antigo e decadente, mas com um sistema de segurança surpreendentemente novo
  666. >pra conseguir entrar, então, eu causei uma pane no sistema elétrico da rua
  667. >entrei pelos fundos, e me esgueirei até o apartamento deles
  668. >os dois que eu deveria encontrar ali se chamavam Daniel e Carl
  669. >entrei no apartamento com a M4A1 na mão, e me deparei com eles sendo protegidos por um homem armado com uma AK47
  670. >ele não tinha me visto, então não foi difícil acertar 3 tiros seguidos nele
  671. >dois foram parados por seu colete a prova de balas, mas o terceiro acertou seu pescoço, e ele morreu sufocado no próprio sangue
  672. >liguei uma lanterna que tinha trazido, e me dirigi aos 2 homens
  673. >”eu não vim aqui machuca-los, vim libertar vocês”
  674. >”Jake?”
  675. >olhei para o homem que falou isso, mas não o reconheci
  676. >”quem é você?”
  677. >”sou eu, o Carl, que estudou com você”
  678. >eu não tinha reconhecido ele pela foto
  679. >porque ele tinha uma grande cicatriz descendo de sua testa até seu queixo
  680. >além de ter raspado o cabelo
  681. >”puta merda”
  682. >”puta merda digo eu! A energia caiu e você entrou atirando aqui, que merda esta acontecendo?”
  683. >”você conhece um homem chamado Morgan? 50 anos, pele clara, sempre de terno e óculos escuros?”
  684. >”conheço”
  685. >"então vem comigo que eu vou te explicar no caminho"
  686. >saímos pelos fundos, pela porta que eu entrei
  687. >dois agentes da Organização tentaram nos impedir, mas depois de uma troca de tiros os dois estavam estatelados no chão com um buraco no peito
  688. >roubamos um carro, já que só caberia mais um no meu carro e eu não sabia se os deles estavam com rastreadores
  689. >fomos eu e o Carl no Corvette e o Daniel foi no carro roubado
  690. >chegamos no armazém, e improvisamos bancos com caixotes que tinham lá pra conversar
  691. >expliquei tudo o que tinha acontecido comigo e o que eu tinha descoberto, e eles pareceram acreditar em mim
  692. >descobri que eles eram usados pela Organização para cobrar dinheiro dos outros, eram basicamente torturadores
  693. >expliquei o que eu ia fazer em seguida, e pedi a ajuda deles
  694. >e eles concordaram em me ajudar
  695. >felizmente eu e o Carl, talvez devido às circunstâncias do nosso reencontro, conseguimos deixar nossas diferenças de lado
  696. >saímos de lá com o Daniel dirigindo o STI, com o Carl de passageiro, e eu dirigindo meu Corvette
  697. >entreguei pra eles a outra M4A1 e duas das pistolas
  698. >fomos em direção aos outros endereços
  699. >por sorte eles ficavam a duas quadras um do outro
  700. >chegando perto de lá nos separamos
  701. >eles foram atrás de uma dupla de homens chamados Robin e Dave, e eu fui atrás de um homem chamado Liam e uma mulher chamada Sarah
  702. >cheguei no endereço e uma SUV bem suspeita estava parada do outro lado da rua
  703. >decidi testar eles, e paguei um homem que estava passando por ali 50 dólares pra entrar naquele prédio e sair depois de 2 minutos
  704. >observei de longe os dois homens da SUV enquanto eles observavam e tiravam uma foto do cara que entrou no prédio
  705. >cara, se você for vigiar alguém não use uma SUV preta
  706. >pra qualquer um com inteligência maior que a de uma porta era a mesma coisa que segurar uma bandeira dizendo “estou te vigiando”
  707. >de qualquer jeito, pelo menos o prédio não aparentava tantas câmeras quanto o primeiro
  708. >tirei a M4A1 do carro e a escondi debaixo do sobretudo
  709. >me aproximei do carro pelo lado do passageiro e bati no vidro
  710. >os homens o abaixaram e, assim que o vidro já tinha sido todo abaixado, puxei o fuzil de dentro do sobretudo e o descarreguei nos dois
  711. >ateei fogo no carro e me dirigi para o interior do prédio, a arma novamente escondida pelo sobretudo
  712. >subi pela escada de incêndio e, quando cheguei no andar onde os dois estavam, dei 2 tiros na fechadura da porta e entrei
  713. >eles se assustaram com a minha entrada, e colocaram as mãos para o alto quando viram minha arma
  714. >”eu vim libertar vocês, peguem o que precisar e venham comigo”
  715. >eles só colocaram um tênis e me seguiram sem falar nada
  716. >a Sarah se espremeu para entrar no espaço atrás dos bancos e o Liam foi no banco do passageiro
  717. >no caminho descobri que eles eram uma dupla de pilotos de fuga, que participavam de assaltos a mão armada
  718. >levei eles ao galpão, e lá esperamos
  719. >depois de uns 10 minutos, o Subaru chegou trazendo o Carl, o Daniel, o Robin e o Dave
  720. >Robin e Dave eram 2 hackers
  721. >me apresentei para eles e, depois de todos estarem reunidos, me apresentei
  722. >contei tudo o que tinha acontecido para os que tinham chegado, e expliquei o que iriamos fazer
  723. >todos concordaram, talvez por não gostarem de serem escravos
  724. >pedi pra eles me fazerem uma lista com as coisas que eles iam precisar
  725. >depois de 20 minutos, eu estava saindo dentro do STI
  726. >levei as chaves de todos os outros carros e as malas com o dinheiro, pois não podia confiar cegamente neles logo de cara
  727. >primeiro fui até uma loja de computadores
  728. >comprei diversas peças para os 2 hackers
  729. >foram 5 computadores, 4 pra eles (não me pergunte, não sei porque eles quiseram dois computadores diferentes cada) e um para os outros, caso precisassem
  730. >passei em uma empresa de internet e contratei internet para o armazém
  731. >lá ia ser minha casa, e dos outros fugitivos, alguns luxos desse tipo iam ser necessários
  732. >depois de acertar a internet (o galpão já tinha energia elétrica, esgoto e água corrente) passei em algumas lojas de móveis usados e de eletrodomésticos
  733. >comprei 3 sofás-cama, uma mesa de jantar, uma pra tv e uma pro computador, um armário grande, fogão, geladeira, micro-ondas, 6 colchões, uma tv grande
  734. >depois de procurar um tempo consegui encontrar um ar condicionado industrial com aquecedor que ia ser muito útil naquele espaço grande
  735. >comprei vidros para repor algumas janelas quebradas, e alguns tapetes pra cobrir o concreto do chão do galpão
  736. >algumas cortinas grossas e cordas, para servirem como paredes para isolar os quartos do resto
  737. >negociei em uma oficina que estava para fechar, e comprei diversas ferramentas que eles tinham, além de dois elevacar
  738. >por fim, voltei no mesmo contrabandista de armas que eu tinha visitado antes
  739. >dessa vez comprei bastante coisa
  740. >6 M4A1 Soapmod
  741. >12 Glocks G41
  742. >silenciadores pra todas elas
  743. >além de uns lança-granadas e miras térmicas pras M4A1
  744. >2 M2A1 .50
  745. >coletes a prova de bala
  746. >um RPG-7
  747. >granadas, tanto fragmentadoras quanto flashbangs, incendiárias e de fumaça
  748. >uns 3kg de C4
  749. >algumas facas bowie, outras menores mas tão mortíferas quanto
  750. >e só
  751. >é bom ter dinheiro
  752. >o cara levou tudo pro meu galpão em um caminhão
  753. >depois de uns 3 dias, 90% do que eu comprei já tinha chegado
  754. >nós montamos um cafofo lá
  755. >na verdade, uma fortaleza com cara de cafofo
  756. >reforçamos as paredes
  757. >fechamos as diversas entradas e deixamos só duas disponíveis
  758. >e montamos cada uma das .50 em uma das saídas
  759. >você sabe o que dizem né?
  760. >o seguro morreu de velho
  761. >preferi gastar quase 1,2 milhão de dólares e me garantir
  762. >e nos aproximamos muito nesse tempo
  763. >apesar de eu querer desesperadamente resgatar a Bianca
  764. >eu tinha que dar esse tempo pra eles
  765. >depois de 5 dias, abordei com eles o assunto de resgatar a Bianca
  766. >depois do que eu dei a eles, acho que eles se sentiram na obrigação de me ajudar, por que ninguém se opôs
  767. >os hackers começaram a invadir tudo o que eles conseguiram sobre a Organização
  768. >descobriram nomes e endereços, mas nada sobre o paradeiro da Bianca
  769. >decidi que eu ia descobrir isso de outro jeito
  770. >um jeito mais sangrento, mas ia descobrir
  771. >o Dave tinha, acidentalmente, descoberto que o Morgan na verdade se chamava Charles Westfield, e que ele morava em uma casa sozinho em um subúrbio tranquilo de Chicago
  772. >uma presa perfeita
  773. >eu e o Carl nos armamos e entramos no STI
  774. >dirigi calmamente até a casa do Charles
  775. >estacionei na esquina, desliguei o motor e esperei
  776. >vi quando ele estacionou seu carro e entrou na casa
  777. >esperei até muito depois do sol se pôr, mas ele não saiu
  778. >estava na hora de agir
  779. >eu e o Carl descemos do carro, armados e com máscaras cobrindo nosso rosto, e entramos na casa dele
  780. >estava de madrugada, então era improvável que alguém nos visse
  781. >arrombei a tranca da porta dos fundos dele e entrei
  782. >felizmente o bastardo estava muito confiante que ninguém o encontraria então a casa dele não tinha alarme
  783. >tudo bem que ela era dentro de um condomínio fechado
  784. >mas uma mochila cheia de dinheiro abre qualquer porta comandada por homens
  785. >esquadrinhamos o primeiro andar da casa, e não encontramos nada
  786. >subimos pro segundo andar, e encontramos o quarto dele
  787. >a porta estava entreaberta, então eu acabei de abri-la e entrei, seguido do Carl
  788. >e lá estava ele
  789. >dormindo
  790. >o desgraçado que me colocou nessa vida
  791. >acordei ele com uma coronhada na boca do estomago
  792. >antes que ele conseguisse gritar, o Carl o amordaçou
  793. >”olá Morgan, ou eu deveria dizer Charles Westfield? Como eu te disse na nossa última conversa, eu ia voltar para você”
  794. >percebi o terror passando por seus olhos durante alguns segundos, mas depois esse sentimento foi substituído por uma cara de ódio
  795. >então o amarramos
  796. >e o levamos de lá
  797. >colocamos ele dentro do carro e dirigimos pra um galpão abandonado, longe do nosso cafofo
  798. >amarramos ele ao teto com uma corrente
  799. >e então Carl fez o que Charles o ensinou ao recruta-lo
  800. >torturou-o de formas com as quais eu não pensaria nem nos meus piores pesadelos
  801. >no início, ele não abriu a boca
  802. >e o bastardo era casca grossa, não estava abrindo a boca
  803. >mas depois de algum tempo ele falou
  804. >me deu o endereço de onde ela estava sendo mantida
  805. >”você vai ficar aqui, caso esse endereço seja falso você vai sofrer de uma forma que você não consegue imaginar”
  806. >ele emitiu os grunhidos que conseguia com a mordaça na boca, mas nem me esforcei em compreende-lo
  807. >eu ainda tinha contas a acertar com ele
  808. >ele que ordenou o assassinato do meu pai
  809. >saímos de lá, e fomos observar o lugar indicado
  810. >passamos a pé pelo quarteirão, pois o carro chamaria atenção demais
  811. >então fingimos que estávamos bêbados e que um de nós caiu justamente na frente do armazém
  812. >demos uma boa olhada e seguimos nosso caminho
  813. >infelizmente o muro na parte da frente não nos permitiu ver muito
  814. >eu decidi entrar, e o Carl decidiu vir junto
  815. >então voltamos para o carro, e o estacionamos na rua do lado
  816. >colocamos o colete a prova de balas, pegamos as armas e voltamos, dessa vez ocultados pelas últimas sombras da madrugada
  817. >não podíamos nos dar ao luxo de esperar pelo dia seguinte, assim que dessem pelo desaparecimento de Charles eles iam saber que algo estava errado e sair dali
  818. >pulamos o muro dos fundos e nos deparamos com um único guarda, que estava de costas para a gente
  819. >tirei a faca que eu tinha trazido comigo de sua bainha
  820. >era uma Karambit preta, muito bonita
  821. >cheguei perto dele, e cobri sua boca enquanto cortava sua garganta
  822. >puxei seu cadáver para as sombras onde estávamos e o cobri com lixo e folhas que encontrei no chão
  823. >entramos por uma porta lateral, que dava acesso a uma escada que levava até uma passarela no andar superior
  824. >felizmente, só tinha um guarda lá
  825. >o Carl conseguiu lidar facilmente com ele, e aproveitamos a passarela para observar a disposição das coisas no galpão
  826. >contei 13 guardas no térreo, alguns sentados ao redor de uma mesa jogando poker, e outros de guarda nas entradas
  827. >sinalizei pro Carl o que eu pretendia, e ele assentiu confirmando que compreendeu
  828. >deixei ele lá na passarela e voltei pro térreo
  829. >pulei uma janela e surpreendi um guarda pelas costas
  830. >morreu antes de saber que eu existia
  831. >me esgueirei até uma posição onde tinha visão de todo o galpão
  832. >visualizei brevemente a Bianca, presa dentro de um contêiner localizado em um dos cantos do galpão, quando o décimo quarto guarda saiu de lá de dentro
  833. >olhei para cima e vi que o Carl olhava pra mim
  834. >sinalizei pra ele que era a hora certa, e como combinamos ele jogou duas granadas de fumaça no térreo
  835. >os guardas ficaram confusos, pois não sabiam de onde as granadas tinham vindo, e cada um começou a atirar pra um lado
  836. >como eles estavam dentro de uma nuvem densa de fumaça, um deles acabou acertando seu próprio companheiro
  837. >mirei minha arma e graças a mira térmica pude ver onde cada um deles estava
  838. >comecei a atirar, e esvaziei 3 pentes antes que o andar ficasse livre
  839. >gritei pro Carl parar de atirar e corri para onde a Bianca estava
  840. >abri a porta do contêiner e meu nariz foi tomado por um cheiro de dejetos humanos
  841. >que eu entendi de onde vinha quando vi o balde que ela foi forçada a usar como privada
  842. >quando me viu, ela tentou correr na minha direção, mas caiu depois de alguns passos
  843. >me apressei pra ajudar ela a se levantar, e a carreguei pra fora de lá
  844. >enquanto carregava ela pro carro, vi lágrimas em seus olhos
  845. >”achei que você tinha esquecido de mim ou estava morto... eu achei que ia morrer ali, servindo de saco de pancadas do Morgan...”
  846. >ela enfiou o rosto no espaço entre meu pescoço e meu ombro e começou a soluçar muito
  847. >apesar do cheiro que ela exalava, que estava quase me fazendo vomitar, apertei ela como em um abraço e disse
  848. >”nunca que eu iria te esquecer nas mãos deles, nunca te abandonaria”
  849. >ela se encolheu mais em meus braços, e senti seus braços sem força me apertando em um abraço
  850. >não falamos mais nada, mas não precisávamos dizer mais nada
  851. >as vezes, um gesto vale muito mais do que mil palavras
  852. >levamos ela pro cafofo, e a Sarah a ajudou a tomar um banho
  853. >depois disso, nos reunimos ao redor da mesa de jantar, e o Daniel perguntou
  854. >”e agora? O que vamos fazer?”
  855. >”agora” eu disse pra ele, com um sorriso vingativo no rosto “nós vamos acabar com a Organização”
  856. >nós passamos horas sentados, discutindo nossos próximos passos, até que a fadiga nos venceu e fomos dormir
  857. >no dia seguinte, depois que todos acordamos, voltamos a conversar sobre o que fazer
  858. >foi um consenso geral que estávamos gastando muito
  859. >e não tínhamos nenhuma fonte de renda
  860. >depois de conversar um pouco com eles, decidimos por um plano, para ganhar dinheiro
  861. >não ia ser legal, muito menos bonito
  862. >mas nós não tínhamos opções
  863. >um emprego de verdade ia envolver muitos dados
  864. >que não poderíamos divulgar, pois a Organização ia descobrir
  865. >e fazer uma identidade falsa estava longe das nossas habilidades
  866. >então depois de termos decidido o que fazer, fiz uma lista de compras e saí com o Carl e com a Sarah
  867. >Bianca, Dave e o Robin ficaram, trabalhando em outra parte do plano
  868. >fomos dirigindo dois carros, eu no meu Corvette e os dois no Supra
  869. >fomos para algumas lojas de carros usados, com um modelo já em mente
  870. >concordamos que esse seria o último carro que compraríamos, estávamos gastando muito com carros
  871. >na quinta loja, finalmente encontramos o que procurávamos
  872. >um Dodge Ram SRT10
  873. >é um carro difícil de encontrar
  874. >porque pouca gente vê necessidade de comprar uma picape com motor de um Viper
  875. >é, ela tem um motor V10 de 500hp
  876. >é a caminhonete mais forte que conseguimos pensar
  877. >pagamos por ela e a Sarah saiu dirigindo ela
  878. >fomos para uma loja de peças automotivas, e compramos diversas peças pra ela
  879. >um kit com turbo e supercharger não podia faltar, porque obviamente tínhamos que jogar essa potência lá pra cima
  880. >nitro, suspensão, embreagem, escapamento, câmbio, pneus melhores
  881. >e algumas peças pro exterior
  882. >quais? Vou explicar depois, quando será mais fácil de compreender nossa escolha
  883. >além disso, compramos diversas peças de performance pros outros carros
  884. >só o meu estava mexido
  885. >compramos vários turbos, garrafas de nitro, escapamentos
  886. >tudo o que falei que compramos para a picape, além de peças estéticas, pois íamos precisar delas
  887. >não precisar
  888. >mas ia ser bom, pra ajudar no disfarce
  889. >levamos a picape em uma oficina, e pagamos por uma blindagem
  890. >a mais pesada que ele tivesse
  891. >enquanto a picape estava na garagem, fomos ver mais uma vez o contrabandista de armas
  892. >os capangas dele já me conheciam, então me deixaram passar
  893. >”Jake! Você por aqui denovo? Está montando um exército por acaso?”
  894. >“ahahaha quase isso”
  895. >”bom, e no que posso te ajudar hoje?”
  896. >”preciso de duas M240 e muita munição, naqueles cartuchos de corrente, pra atirar por bastante tempo sem recarregar”
  897. >ele me olhou desconfiado, mas logo um de seus capangas trouxe o que eu pedi
  898. >”olha Jake, não sei o que você está tramando, mas se vai precisar de armas pesadas assim, é bom você tomar cuidado”
  899. >”pode deixar, eu vou. Obrigado”
  900. >e saí de lá
  901. >voltei pro cafofo, já que o carro só ia ficar pronto dali a duas semanas
  902. >paguei mais caro pra eles correrem com o carro
  903. >de qualquer jeito, fiquei feliz quando cheguei ao descobrir que os hackers conseguiram fazer exatamente o que eu tinha pedido
  904. >tudo estava encaminhado, só precisava esperar a caminhonete ficar pronta
  905. >nesse momento, lembrei que o Charles ainda tava preso em um armazém abandonado do outro lado da cidade
  906. >fui até lá com a Bianca, e felizmente (não pra ele) ele ainda estava vivo
  907. >deixei ela descontar toda a raiva, pelo que ele tinha feito a ela enquanto ela estava em cativeiro
  908. >ela me disse que ele batia nela todo dia, pra descontar a raiva de não ter me achado
  909. >além de ter tentado estuprar ela uma vez
  910. >felizmente algum superior dele não deixou que isso acontecesse
  911. >ela ficou socando ele sem parar por quase uma hora
  912. >quando ela acabou, fiz o mesmo
  913. >não me orgulho disso, mas no momento eu queria descontar minha raiva nele
  914. >ele tinha ordenado a morte do meu pai, assim como outros como ele faziam o tempo todo
  915. >não falei isso antes, mas nós tínhamos descoberto muito sobre o funcionamento da Organização
  916. >sabíamos que existiam diversos como o Charles em Chicago
  917. >eram chamados apenas de Recrutadores
  918. >a lista que a Bianca tinha feito, com os nomes dos outros que agora eram a minha equipe, era só dos que foram recrutados por ele
  919. >existiam muitos outros, e foi nisso que os hackers ficaram trabalhando
  920. >descobrir mais sobre os outros
  921. >de qualquer jeito
  922. >terminei dando um tiro na cabeça dele, e joguei seu corpo no rio Chicago
  923. >voltamos para o cafofo, e esse foi o nosso dia
  924. >no dia seguinte, eu e os outros dois pilotos, colocamos mãos a obra e começamos a tunar os outros carros
  925. >começamos com o STI
  926. >colocamos outro turbo, nitro, e trocamos as peças necessárias pra aguentar a potência
  927. >na verdade, fizemos isso em todos os carros
  928. >colocamos dois turbos em cada
  929. >os turbos iam entrar quando os motores estivessem a 1500rpm
  930. >então não colocamos um supercharger em nenhum
  931. >mexemos na estética dos carros, com body kits, aerofólios, rodas novas
  932. >pintamos, colocamos adesivos
  933. >criamos mais 3 carros de corrida
  934. >pra corridas de rua
  935. >passamos um mês e meio trabalhando nessa parte do plano
  936. >o término foi atrasado pela chegada da Dodge Ram
  937. >e é aqui que eu explico o que mais compramos na loja
  938. >lembra que eu falei de peças pro exterior?
  939. >então, eram barras de proteção e reforços pro chassi
  940. >mas barras de proteção externas
  941. >soldamos elas ao redor de todo a caminhonete
  942. >a idéia era criar um mini tanque de guerra
  943. >as barras, pra bater em outros carros e proteger a picape
  944. >foi um trabalho demorado, mas por fim acabamos
  945. >depois mexemos nas peças de performance
  946. >e por fim, fixamos as duas M240 que eu comprei nela
  947. >na oficina, eu tinha dito para eles fazerem um furo do tamanho do cano da metralhadora no vidro da frente, e o mesmo no de trás
  948. >coloque uma em cada um, e liguei os gatilhos a dois botões no volante
  949. >eu preferiria ter colocado do lado de fora, pois ia ser uma barulheira dentro do carro quando eu atirasse
  950. >mas ela já ia chamar atenção suficiente tendo uma armadura ao seu redor
  951. >imagina com duas metralhadoras presas no teto
  952. >percebi que não ia ser viável dirigir com ela por toda Chicago
  953. >eu ia precisar de um meio de transporte
  954. >então comprei um caminhão pequeno
  955. >não tão pequeno, pois a picape tinha que caber dentro dele
  956. >mas não um grande
  957. >depois que tudo estava pronto, só tínhamos que esperar a Organização organizar novos assaltos
  958. >nesse meio tempo, eu e os outros dois pilotos nos envolvemos nos circuitos ilegais de corrida
  959. >as vezes perdíamos, mas normalmente ganhávamos
  960. >era difícil alguém conseguir bater o meu Corvette, mesmo quando o piloto era melhor
  961. >então já começamos a ganhar um pouco de dinheiro assim
  962. >usávamos nomes falsos, e tínhamos mudado nossa aparência, então provavelmente não seríamos reconhecidos
  963. >depois de um mês só participando de corridas
  964. >um mês em que os hackers da minha equipe ficaram só vendendo cartões clonados pra ganhar algum dinheiro
  965. >a Bianca me avisou que ia acontecer um assalto, mais ou menos como o que eu tinha participado
  966. >e era nele que iríamos agir
  967. >pra tentar manter tudo no sigilo, os membros da Organização combinavam tudo por um chat IRC que apagava o histórico de conversa depois de 10 minutos
  968. >felizmente, o Robin instalou um vírus no PC de um dos recrutadores da Organização em Chicago que nos dava acesso a tela dele, e tudo o que ele via
  969. >além de descobrirmos que ele era um pedófilo, conseguimos descobrir detalhes sobre o assalto que ele estava planejando
  970. >os “pupilos” (como ele chamava quem ele recrutava por dívida, assim como eu e a Bianca) iam roubar uma casa onde um homem guardava muito dinheiro vivo e levar ele para um esconderijo, onde eles iam carregar um carro (conseguimos até o modelo, era um Subaru BRZ azul)
  971. >esse carro, então, ia ser pilotado por um dos capangas dele até outro esconderijo, onde o dinheiro então ia ser transferido para um caminhão e levado para Las Vegas
  972. >alguma coisa ia acontecer em Vegas e eu precisava descobrir o que
  973. >o assalto ia acontecer dali a dois dias, então pudemos nos preparar
  974. >o Robin era um homem de não mais do que 20 anos, bem pequeno, mas ágil
  975. >ele se dizia muito bom para invadir lugares guardados, pois costumava fazer isso para instalar fisicamente alguns vírus em máquinas de empresas
  976. >decidi, então, colocar as habilidades dele a prova
  977. >mandei ele para onde estava escondido o Subaru que ia ser usado no roubo
  978. >ele ia instalar um rastreador para sabermos qual o caminho que o carro ia seguir
  979. >ele foi na madrugada do mesmo dia
  980. >infelizmente, ele não voltou
  981. >foi capturado tentando colocar o rastreador
  982. >descobrimos que o plano deles, devido a isso, ia se manter o mesmo
  983. >com a diferença que o Subaru agora ia ter uma escolta armada
  984. >felizmente, a gente tinha um semi tanque de guerra, então nosso plano também só mudou um pouco
  985. >chegou finalmente o dia do roubo
  986. >do roubo onde íamos roubar outro roubo
  987. >mandei a Sarah dirigindo um Civic preto alugado para o lugar onde o assalto ia acontecer
  988. >ela ia ser meus olhos, já que eu não tinha um rastreador
  989. >junto com ela foi o Dave
  990. >ele disse que se o motorista do Subaru fosse burro o suficiente pra usar um celular como GPS, ele ia conseguir invadir e saber exatamente qual a rota do comboio
  991. >eles foram para a localização marcada, e eu carreguei a picape no caminhão
  992. >pilotando o caminhão ia estar o Carl
  993. >e o Liam foi dirigindo o Supra
  994. >mudamos sua pintura, fizemos ele todo preto e sem adesivos, pois não mais poderíamos sair com ele pra corridas
  995. >junto com ele, foi o Daniel, levando um fuzil de assalto
  996. >o RPG ficou comigo, dentro da picape
  997. >não podia me arriscar e explodir todo aquele dinheiro
  998. >na hora de sair, a Bianca me chamou pra conversar
  999. >”eu, toma cuidado lá fora, esses homens não estão pra brincadeira”
  1000. >pude ver nos olhos dela que ela realmente estava preocupada
  1001. >”eu não sei o que faria se você morresse, minha vida não teria mais rumo”
  1002. >”eu te amo”
  1003. >quando ouvi isso, fiquei sem reação
  1004. >percebi que o sentimento era recíproco
  1005. >aquela preocupação, aquela vontade de salvar ela
  1006. >não era só empatia, era algo muito maior
  1007. >então eu sorri, e ela me beijou
  1008. >percebi que, assim como quando beijei pela primeira vez a Jenny, meu cérebro parou de funcionar
  1009. >mas dessa vez, não sei por que
  1010. >eu sentia que podia confiar minha vida a Bianca
  1011. >sabia que ela não faria como a Jenny
  1012. >e me senti verdadeiramente feliz naquela hora
  1013. >depois disso, ela apenas falou “se cuida” e saiu andando
  1014. >depois disso, saímos para por o plano em prática
  1015. >cada um dirigiu para a sua posição
  1016. >eu, o Carl e o Liam ficamos em um lugar por onde calculávamos que o comboio ia passar, mas não tínhamos certeza
  1017. >ficamos aguardando o contato do Dave, informando se conseguiu o trajeto completo deles, ou pelo menos indicando onde eles estavam
  1018. >colocamos um rastreador no Civic, para poder visualizar no mapa sem ter que procurar muito
  1019. >depois de uns 30 minutos, meu celular tocou
  1020. >o Dave falou que invadiu o celular deles, e me passou o caminho exato que eles iam fazer
  1021. >óbvio que ele podia não ir pelo caminho do GPS, mas era um risco que eu precisava tomar
  1022. >organizei uma emboscada em um lugar deserto por onde eles iam passar
  1023. >escolhi uma rua que era mais escura e bem vazia, além de bem longa e reta, em um distrito industrial
  1024. >eu tinha medo de machucar alguém que não estava envolvido
  1025. >no distrito industrial de madrugada provavelmente não ia ter ninguém
  1026. >espalhamos tudo o que conseguimos encontrar de pontudo na rua, principalmente nos lugares onde não havia luz, para furar os pneus deles
  1027. >tínhamos equipados nossos carros com pneus run flat, então podíamos passar por ali sem problemas
  1028. >estacionamos em uma rua transversal, e esperamos
  1029. >quando eles entraram na rua eu saí do lugar onde eu estava e comecei a acelerar com tudo pra cima deles
  1030. >o Subaru vinha na frente, seguido por uma minivan, provavelmente a sua escolta
  1031. >eu não queria o Subaru, esse ia ser o trabalho do Liam
  1032. >se eu conseguisse parar ele, melhor
  1033. >se não o Liam ia cuidar disso
  1034. >mas
  1035. >meu objetivo era parar a escolta dele
  1036. >então continuei acelerando, mas abri espaço suficiente pro Subaru passar
  1037. >se o motorista fosse esperto
  1038. >se eu acertasse ele, provavelmente a escolta dele desceria e me mataria
  1039. >eu tinha que neutralizar eles o quanto antes
  1040. >ao me aproximar, apertei dois botões ao mesmo tempo
  1041. >o da metralhadora frontal, e do nitro
  1042. >felizmente a Bianca tinha me dado um protetor pro ouvido
  1043. >então só foi um pouco alto o barulho dos tiros
  1044. >o Subaru foi acertado por diversos tiros, e o motorista perdeu o controle e bateu em uma parede
  1045. >já o motorista da minivan, eu não acertei
  1046. >me aproximei da minivan, e me preparei pro impacto
  1047. >eu sempre fui ateu, mas naquela hora rezei pro meu cinto aguentar o impacto
  1048. >eu tinha trocado para um cinto melhor e bem estofado, para que eu não me machucasse tanto
  1049. >foquei a imagem da Bianca sorrindo pra mim, como se fosse um incentivo para continuar vivo
  1050. >no momento em que eu atingi a minivan, eu estava a uns 230km/h
  1051. >com o nitro ativado
  1052. >o impacto me deixou meio atordoado
  1053. >mas logo me recuperei
  1054. >vi que o motorista morreu esmagado, mas sabia que na parte de trás os outros homens iam se recuperar logo
  1055. >dei marcha ré, enquanto colocava o RPG no meu colo
  1056. >girei o carro e virei a minha janela para onde a minivan estava
  1057. >abri a porta assim que o carro parou e desci com o RPG em mãos
  1058. >apoiei um joelho no chão, mirei e atirei
  1059. >vi quando o míssil atingiu em cheio o lugar onde o motor ficava
  1060. >e quando a minivan explodiu
  1061. >o grito dos homens foi abafado pelo barulho da explosão
  1062. >não fiquei pra ver se todos estavam mortos, voltei para a picape e fui para onde o Subaru estava
  1063. >o Liam já tinha chegado, e o Daniel já tinha rendido o motorista e o homem que estava com ele
  1064. >atirei em um deles, me virei pro outro e falei
  1065. >”fala pros seus superiores que o recrutamento acabou, e que eu vou me garantir pessoalmente disso”
  1066. >dei um chute nele e peguei as sacolas de dinheiro do carro
  1067. >de lá, dirigimos até de volta para o cafofo
  1068. >quando me viu, a Bianca correu pra me abraçar
  1069. >e depois me deu um beijo
  1070. >contamos o dinheiro, tinha quase 10 milhões de dólares ali
  1071. >sorri, pois minha vingança já estava encaminhada
  1072. >porém, isso era só o começo
  1073. >minha guerra estava só começando
  1074. >os meses que se seguiram foram na verdade muito bons para nós
  1075. >nós tanto como equipe
  1076. >quanto como eu e a Bianca
  1077. >nunca imaginei que ia acabar namorando ela
  1078. >pedi ela em namoro depois de um mês
  1079. >nesse ano e meio que eu passei como fugitivo, aprendi muita coisa
  1080. >aprendi a viver a vida um dia de cada vez
  1081. >todo dia eu acordava, e o aproveitava como se fosse o último
  1082. >as vezes eu acordava com um café da manhã na cama
  1083. >as vezes com outra coisa
  1084. >as vezes, perdia o sono no meio da noite e não dormia mais
  1085. >ainda assim, aproveitava tudo
  1086. >os pequenos prazeres da vida, como uma simples refeição com os amigos
  1087. >nós compramos uma churrasqueira, e transformamos a parte externa atrás do galpão em uma área de lazer
  1088. >construímos uma piscina
  1089. >na verdade, fizemos uma “prainha”
  1090. >assim como eu, muitos nunca tinham visto o mar, então decidimos fazer o nosso próprio mar
  1091. >era uma piscina, mas que em um dos lados o chão tinha uma camada de 1m de areia
  1092. >lá construímos um pequeno quiosque
  1093. >colocamos em um canto mais afastado aqueles simuladores de surf
  1094. >dizem que dinheiro não compra felicidade, mas compra sim
  1095. >nunca vi nenhum de nós tristes enquanto surfando
  1096. >assim como nosso primeiro roubo, roubamos diversos carregamentos de dinheiro da Organização
  1097. >eles estavam atrás de nós, mas não conseguiam nos achar
  1098. >escondíamos nossos rastros como ninguém
  1099. >tínhamos diversas casas e galpões espalhados pela cidade
  1100. >depois de um ataque à Organização, passávamos normalmente por 3 desses galpões, trocando de carro, seguindo a pé até alguém nos buscar
  1101. >nos misturávamos à multidão no metrô
  1102. >mudávamos de roupa
  1103. >resumindo, era quase impossível nos rastrear
  1104. >o Supra e a Dodge foram ambos pintados completamente de preto, e colocamos um filme preto no vidro
  1105. >as lojas onde esses dois carros foram comprados “pegaram fogo” durante a noite
  1106. >sim nós causamos um incêndio
  1107. >assim pudemos apagar qualquer vestígio de onde tínhamos comprado nossos carros
  1108. >e misteriosamente, uma bolsa com dinheiro apareceu na casa dos donos dessas lojas pra pagar pelo prejuízo
  1109. >minha guerra era contra a Organização, não contra um vendedor de carros honesto
  1110. >a cada dia, descobríamos mais sobre a Organização
  1111. >mas uma coisa eu não conseguia descobrir
  1112. >o que diabos tinha em Las Vegas
  1113. >eles sempre mandavam o dinheiro pra lá
  1114. >provavelmente o centro de operações ficava lá
  1115. >descobrimos diversas coisas sobre a Organização
  1116. >causamos um escândalo em escala nacional ao divulgar anonimamente dados sobre certo senador envolvido com assassinatos e pagamentos de propina
  1117. >com a sua prisão, a Organização perdeu um pouco de influência
  1118. >mas eles ainda tinham diversos senadores sob seu comando
  1119. >era assustadora a influência que eles tinham
  1120. >em compensação, nossa rede de contatos cresceu também
  1121. >nos organizamos para criar outros grupos como o nosso
  1122. >os “pupilos” que eram resgatados se uniam em um outro galpão, do outro lado da cidade
  1123. >era um grupo com mais de 20 membros
  1124. >eles não mantinham contato direto conosco, tínhamos um sistema para o envio de mensagens muito bom
  1125. >o que fazia com que eles não nos conhecessem, apenas nos seguissem
  1126. >obviamente que era muito mais difícil convencer eles a se juntar sem nos mostrar
  1127. >mas mesmo assim acabávamos conseguindo, depois de mostrar a verdadeira face da Organização pra eles
  1128. >descobrimos que o Recrutamento era muito usado por eles, pois assim evitavam que a organização se desfizesse
  1129. >imagine como uma terceirização de serviços
  1130. >os “pupilos” não tinham ligação nenhuma com a Organização
  1131. >se eles fossem presos, ninguém poderia ligar os pupilos com a Organização
  1132. >todos os registros de prisão eram apagados assim que eles eram recrutados
  1133. >a Organização tinha homens em todos os lugares, por isso não podia correr o risco de algum dos pupilos ser um agente infiltrado
  1134. >por isso escolhíamos bem quem recrutar para a nossa causa
  1135. >matamos diversos “pupilos” que na verdade eram agentes infiltrados
  1136. >a partir de agora, vou chamar o meu grupo (eu, Bianca, Dave, Daniel, Carl, Sarah e o Liam) de Diretoria
  1137. >e o outro grupo de subalternos
  1138. >devido aos carros pretos que utilizávamos, ficamos conhecidos como os Demônios Negros pelos homens da Organização
  1139. >é um nome bem clichê, mas aceitamos como nossa identidade
  1140. >no circuito das corridas de rua, eu e o Liam corríamos utilizando máscaras, ninguém conhecia nossa identidade
  1141. >éramos muito bons
  1142. >rapidamente ganhamos certa fama, ficamos conhecidos como os Irmãos sem Rosto
  1143. >de certa forma, era bom que ficássemos famosos
  1144. >como o Charles me disse no dia do meu recrutamento, os bons pilotos tinham nome conhecido e não eram boas escolhas para serem recrutados
  1145. >compramos o galpão ao lado do nosso, e seguindo um conselho do Dave construímos uma fazenda de Bitcoins
  1146. >consumia muita energia, mas o retorno era bem maior
  1147. >e como estávamos em um distrito industrial, a energia extra consumida não chamaria tanta atenção
  1148. >além disso, instalamos painéis solares para economizar dinheiro na energia
  1149. >só tínhamos um problema: a polícia
  1150. >como eu disse, a Organização tinha homens em todos os lugares
  1151. >eles conseguiram incriminar os Demônios Negros pelo assassinato de uma família inteira, e conseguiram que a polícia abrisse uma investigação contra nós
  1152. >um dos nossos chegou a ser preso, mas não abriu a boca por nada
  1153. >também reforçamos a nossa base, tanto da Diretoria quanto dos subalternos
  1154. >e com uma propina bem gorda, a polícia não entrava nos armazéns para ver o que acontecia ali
  1155. >infelizmente tivemos que matar um policial que decidiu ser um herói e entregar os terríveis Demônios Negros
  1156. >nos odiamos por fazer aquilo, mas era necessário
  1157. >enquanto isso, estando com a Bianca eu senti o que eu nunca tinha sentido com a Jenny
  1158. >ela me fazia sentir completo
  1159. >estando com ela, eu não precisava de mais nada
  1160. >eu adorava cada coisa nela
  1161. >adorava como ela agia
  1162. >adorava o humor dela, que era quase idêntico ao meu
  1163. >adorava como uma mecha rebelde do seu cabelo castanho caía o tempo todo sobre seu rosto, e cobria um de seus olhos
  1164. >adorava como ela ficava vermelha quando eu falava algo fofo
  1165. >resumindo, eu estava vivendo uma vida ótima, apesar da minha situação
  1166. >estávamos ganhando muito dinheiro
  1167. >eu tinha um destacamento de 6 homens
  1168. >eram conhecidos como os Zangões
  1169. >cada um deles dirigia uma Suzuki GSX-R 1000 completamente preta com cano de descarga cortado
  1170. >e estavam armados com uma MP5 silenciada e munição explosiva
  1171. >eles tinham o apoio de uma equipe de 2 hackers, que coordenavam suas operações
  1172. >os outros 12 eram semelhantes a um pequeno exército
  1173. >treinados com técnicas militares, eu os usava quando a ocasião pedia por mais armas e menos motor
  1174. >eles usavam de tudo como armamento
  1175. >M16, M240, G36C, MP7, uma variedade de armas
  1176. >eu deixei cada um escolher seu armamento
  1177. >eu tinha uma dupla de atiradores de elite
  1178. >um usava uma Barret M95 .50
  1179. >o outro, uma Intervention .408 silenciada
  1180. >essas duas equipes, coordenadas por todos da Diretoria, mas principalmente por mim
  1181. >por ter sido o que começou com tudo isso, eu era o líder dos Demônios Negros
  1182. >atrapalhavam sempre que possível as operações da Organização
  1183. >fossem pequenos assaltos a uma loja de conveniência
  1184. >a assaltos a carros fortes e bancos
  1185. >o que envolvesse a Organização e dinheiro nós nos envolvíamos
  1186. >era nosso sustento tirar o dinheiro deles
  1187. >não o principal
  1188. >mas o que conseguíamos nas corridas e com a fazenda de Bitcoins basicamente pagava nossas contas, os custos com balas, etc
  1189. >mas não era suficiente para juntar
  1190. >quando queríamos fazer algum grande investimento, era com o dinheiro roubado da organização
  1191. >e tudo parecia dar certo
  1192. >a única vez em que quase capturaram um de nós foi em um assalto a um assalto a um carro forte
  1193. >mas o Carl conseguiu dominar os caras que estavam levando ele e no dia seguinte ele voltou para nós
  1194. >ainda assim, com tudo isso dando certo
  1195. >algo não fazia sentido pra mim ainda
  1196. >Las Vegas
  1197. >era o que me deixava acordado de noite
  1198. >não saber o que que tinha lá
  1199. >eu não fui até lá descobrir por ter que ficar tomando conta das coisas em Chicago
  1200. >mas não impedia minha curiosidade de querer saber por que diabos não descobríamos nada de lá
  1201. >de qualquer jeito, ainda era uma vida muito melhor do que qualquer uma que eu pudesse sonhar
  1202. >o problema
  1203. >é que todo sonho tem um final
  1204. >era uma quarta-feira ensolarada
  1205. >a Bianca tinha me acordado com um presente
  1206. >eu nem me lembrava por estar focado em acabar com a Organização, mas era meu aniversário
  1207. >eu estava fazendo 20 anos de idade
  1208. >foi um dia muito bom, alguém comprou um bolo e nós passamos o dia bebendo cerveja, conversando e se divertindo
  1209. >não poderia pedir por mais nada no meu aniversário
  1210. >a minha nova família, cada um deles tinha um lugar guardado no meu coração
  1211. >quando estava escurecendo, entrei para dentro do galpão para ir no banheiro
  1212. >enquanto estava lá dentro, ou ouvi o barulho de tiros
  1213. >saí do banheiro rapidamente, mas com cautela
  1214. >e vi diversos homens armados passando pelo galpão e indo para a prainha, onde todos estavam reunidos
  1215. >e vi quando o Carl puxou uma pistola e deu um tiro na barriga da Bianca
  1216. >quando eu vi isso, eu fui consumido pela raiva
  1217. >não, eu não ia deixar que eles levassem a única parte boa de mim
  1218. >não sem uma boa luta
  1219. >eu corri pra nossa sala de armas
  1220. >peguei uma M240
  1221. >corri para onde os homens estavam, enfileirando os sobreviventes para uma execução
  1222. >eu vi a Bianca caída, se contorcendo de dor
  1223. >vi o corpo do Dave, caído inerte, em uma poça de sangue, com diversos ferimentos no peito
  1224. >a Sarah, na mesma situação, mas com um buraco na cabeça
  1225. >naquele momento, eu não tinha nada a perder
  1226. >abri fogo contra os homens da Organização
  1227. >infelizmente, algum infeliz preferiu atirar nos meus parceiros do que em mim
  1228. >então eu vi quando o Daniel e o Liam tombaram, seu sangue rapidamente formando uma grande poça
  1229. >eu atirei sem me importar se me acertassem, eu só queria matar aqueles bastardos
  1230. >os 7 homens que entraram acabaram morrendo, e só sobrou o Carl, que tinha tomado um tiro na perna e apesar de agonizando estava vivo
  1231. >infelizmente, era ou ele ou a Bianca
  1232. >corri para onde ela estava caída, com lágrimas nos olhos
  1233. >pelo menos ela ainda estava viva
  1234. >fiz o melhor que pude para estancar o sangramento, pelo menos a bala não atravessou
  1235. >enquanto fazia isso, ouvi o barulho de um helicóptero se aproximando
  1236. >eu não precisava pensar muito pra saber que era um helicóptero da Organização
  1237. >levantei a Bianca e corri com ela para onde meu Corvette estava estacionado
  1238. >coloquei ela no banco de passageiros e entrei no banco do motorista
  1239. >liguei o carro e acelerei pela porta
  1240. >só pra me deparar com um bloqueio de carros
  1241. >atrás dos quais diversos homens armados esperavam
  1242. >assim que os vi eu dei meia volta e corri pra dentro do galpão
  1243. >desci do carro e corri pra tirar a Bianca de lá
  1244. >ouvi quando gritaram uma simples ordem
  1245. >”se afastem do raio da explosão!”
  1246. >nesse momento, eu corri como nunca
  1247. >coloquei a Bianca dentro da Dodge Ram
  1248. >e dessa vez saí do galpão sem medo
  1249. >mirei o carro onde num espaço entre dois carros
  1250. >eu ia ter que empurrar eles mas era mais fácil do que acertar em cheio um carro
  1251. >comecei a atirar enquanto acelerava, e vi uns 2 filhos da puta caindo
  1252. >atravessei o bloqueio como se não fosse nada, e saí correndo pela rua
  1253. >eu vi pelo retrovisor quando o galpão que foi minha casa explodiu
  1254. >e vi quando os carros que estavam no bloqueio, além de outros que estavam por ali, vieram no meu encalço
  1255. >nessa hora eu agradeci a mim mesmo por ter colocado uma metralhadora apontada para trás
  1256. >eu não ia facilitar aquela perseguição
  1257. >toda vez que algum carro chegava no alcance na metralhadora, eu disparava
  1258. >os que se aproximavam muito, eu jogava para fora da rua
  1259. >eu achei que ia conseguir fugir
  1260. >até que ouvi o barulho de um único disparo
  1261. >um barulho que infelizmente eu conhecia
  1262. >alguém tinha disparado em mim com uma Barret .50
  1263. >apesar da minha blindagem ser boa
  1264. >aquela arma era feita para atravessar a blindagem de tanques de guerra
  1265. >o tiro acertou alguma peça importante do carro, pois comecei a perder o controle dele
  1266. >ainda assim consegui me manter no caminho
  1267. >até que vi algo na rua
  1268. >eu não precisei olhar duas vezes para saber o que era
  1269. >C4
  1270. >tentei me desviar, mas eu não tinha tanto controle do carro
  1271. >a explosão acertou a traseira da picape, que foi jogada para cima
  1272. >meu carro girou
  1273. >e girou
  1274. >e girou
  1275. >só sei que nessa hora eu apaguei
  1276. >quando acordei, em uma cela escura, ouvi uma voz que infelizmente me era familiar
  1277. >”olá Jake, que bom que você acordou”
  1278. >era o Carl, aquele bastardo filho de uma puta
  1279. >”por quê? ”
  1280. >foi tudo que eu consegui dizer
  1281. >”porque você roubou minha namorada no colégio. Porque você acabou com as minhas chances de ser realmente rico e não ter que viver em um galpão em algum distrito industrial. PORQUE VOCÊ QUASE ME MATOU! Ou você acha que consegui fugir sozinho daquela vez que fui capturado?”
  1282. >”mas...”
  1283. >”MAS NADA. Eu tinha um futuro definido. Eu não tinha sido recrutado pela Organização, como você imaginou, mas sim me voluntariado. Eu não tinha opções, então aquele era um ótimo trabalho para mim. Mas aí você apareceu, e veio com esse papo de acabar com a Organização e roubar o dinheiro dela”
  1284. >”e eu caí como um pato nesse conto. Como você não ameaçou me matar, parecia mais seguro, achei que seria uma melhor escolha te seguir, mas como eu estava errado! Naquele dia em que eu fui capturado, eles me torturaram, e não foi pouco”
  1285. >nesse momento ele tirou a camiseta e ficou de costas para mim, de forma que eu pudesse ver as diversas cicatrizes que cruzavam suas costas
  1286. >”eles, então, ameaçaram minha mãe” eu tomei folego para falar, mas ele continuou “sim, eu sei, normalmente eles não recrutam quem tem família. Mas eu estava tão desesperado! Eles colocaram uma faca no pescoço da minha mãe, pra me fazer ajudar eles. E no começo, eu fui movido pela chantagem. Mas um homem veio falar comigo. Um homem muito poderoso. Ele me ofereceu coisas com as quais só pude sonhar, e nessa hora percebi que não pertencia com você e seu grupo de rebeldes. Percebi que meu lugar era aqui, com a Organização”
  1287. >ele continuou falando sobre os seus motivos, mas eu parei de prestar atenção. Minha cabeça estava em outro lugar, pensando na Bianca
  1288. >”ah, eu conheço esse olhar. Você está pensando nela, não está? Bom, se você vai ficar feliz com essa notícia ou não eu não sei. Mas ela vai viver. Vai viver, e meu chefe me deu autorização para fazer o que eu quiser com ela. Ah Jake, como a vingança é doce!” disse ele, enquanto se dirigia para a saída, assoviando
  1289. >tentei forçar as correntes que me prendiam, mas não consegui me soltar
  1290. >”EU VOU TE MATAR! SEU RESTO DE ABORTO, VOCÊ VAI DESEJAR NUNCA TER NASCIDO”
  1291. >ele riu e fechou a porta
  1292. >eu estava sentindo um ódio inexplicável dentro de mim
  1293. >não conseguia sentir mais nada
  1294. >eu tinha quebrado algumas costelas, mas nem sentia elas
  1295. >não sentia as correntes sobre a minha pele
  1296. >não sentia tristeza
  1297. >apenas ódio
  1298. >ódio da Organização pelo que ela fez a mim
  1299. >ódio do Carl, que se deixou corromper pelo dinheiro tão facilmente
  1300. >ódio de todos
  1301. >naquela hora, me prometi não confiar em mais ninguém
  1302. >nunca, com exceção da Bianca
  1303. >se a gente saísse vivo e são de lá
  1304. >nessa hora eu comecei a chorar
  1305. >chorei como eu não chorava a muito tempo
  1306. >não chorava assim desde o dia em que meu pai morreu
  1307. >chorei até não existirem mais lágrimas para serem choradas, e depois um pouco mais
  1308. >só parei quando caí no sono
  1309. >um sono marcado por um pesadelo
  1310. >onde eu via a Bianca tomando aquele tiro repetidamente
  1311. >onde eu via meus irmãos de outra mãe sendo assassinados a sangue frio
  1312. >acabei acordando depois de algum tempo, suando frio
  1313. >alguém tinha aberto a porta da cela onde eu estava
  1314. >meus olhos demoraram a se acostumar com a claridade, mas depois de alguns segundos eles focaram
  1315. >parado na minha frente, um homem que eu não conhecia
  1316. >parecia ter uns 60 anos, pele clara, um nariz meio torto, como se já tivesse sido quebrado
  1317. >usava um terno, e me encarava com nojo
  1318. >”você me causou muito prejuízo. E você vai pagar por isso”
  1319. >”quem é você?”
  1320. >”ah Jake, sabe tanto sobre minha organização mas não sabe nada sobre mim... esperava muito mais de você... de qualquer jeito, vou me divertir vendo você sofrer. Uma pena que você não quis ir pra Vegas, nós íamos nos divertir tanto lá. Bom, estou atrasado para algo. Até mais”
  1321. >ele se virou e saiu
  1322. >no lugar dele entrou um homem, que começou a me espancar. Depois, ele puxou um chicote da cintura e começou a usá-lo em mim
  1323. >não aguentei de dor, e desmaiei
  1324. >acordei com alguém me cutucando
  1325. >demorei para abrir os olhos
  1326. >e me surpreendi com quem eu vi na minha frente
  1327. >”bom te ver de novo Jake”
  1328. >”Robin? O que você está fazendo aqui?”
  1329. >”depois eu te explico, agora temos que sair daqui”
  1330. >ele veio e soltou minhas algemas, e me deu apoio para sair
  1331. >”espera! A Bianca”
  1332. >”merda, a Bianca foi capturada também? ”
  1333. >”foi”
  1334. >”merda, merda, merda. Vou te deixar no carro e ir atrás dela”
  1335. >eu queria ir junto, mas ele não deixou
  1336. >ele me conduziu por corredores da manutenção, e conseguimos evitar câmeras e guardas
  1337. >me deixou dentro de uma SUV, e volteou por onde viemos para buscar a Bianca
  1338. >me sentei no banco do motorista e deixei a chave no contato, para caso precisássemos fugir
  1339. >passei 30 minutos escondido dentro do carro, até que vi o Robin correndo, com a Bianca nos braços
  1340. >abri a porta do banco de trás para ele, mas ele a colocou no porta malas
  1341. >”entra lá você também, eu dirijo até sairmos daqui”
  1342. >”não me sentia em condições de dirigir, então fiz como ele mandou sem reclamar
  1343. >vi que pelo menos tinham cuidado dos machucados dela
  1344. >me deitei abraçado com ela e comecei a chorar
  1345. >ficamos uma meia hora assim, até que o carro parou e o Robin abriu o porta-malas
  1346. >ele carregou ela para dentro de uma casa, e eu o segui, já me sentindo um pouco melhor
  1347. >Robin, então, a colocou em uma cama e pegou seu celular
  1348. >ouvi quando ele disse que precisaria de um médico que mantivesse sigilo
  1349. >depois disso, ele voltou para a sala, onde eu tinha me sentado
  1350. >”imagino que você queira uma explicação, certo?”
  1351. >eu fiz que sim, e ele continuou
  1352. >”quando fui capturado, não sabiam que eu tinha sido recrutado pelo Charles, então assumiram que eu era um ladrão qualquer. Como eu consegui passar pela segurança deles até quase chegar no carro, eles me consideraram um bom ladrão, e me contrataram. Não como um pupilo, mas como um membro efetivo da Organização”
  1353. >”infelizmente, eles rastreiam tudo o que os funcionários fazem e suas chamadas, então não consegui te avisar que estava bem. De qualquer jeito, ganhei dinheiro trabalhando para eles e comprei essa casa. Eu ouvi quando disseram que tinham te capturado, então decidi que já era hora de abandonar eles”
  1354. >”agora estamos aqui, mas ao te ajudar a fugir perdi tudo o que tinha. Consegui sacar 75 mil dólares da minha conta, e nada mais. Teremos que nos virar com isso. Infelizmente, eles descobriram o esconderijo onde ficavam os outros que você resgatou da Organização. Estão todos mortos. Desculpa”
  1355. >aquilo me abalou, mas eu tinha outras preocupações em mente
  1356. >passei o resto do dia refletindo, sentado ao lado da cama da Bianca
  1357. >um médico passou lá, mas disse que não tinha muito o que fazer, só esperar
  1358. >de noite, a Bianca finalmente acordou
  1359. >quando vi ela com os olhos abertos, não aguentei e comecei a chorar
  1360. >ela me abraçou, e ficamos assim por vários minutos, em silêncio
  1361. >”eu achei que eu ia te perder, você quase me matou do coração” eu consegui dizer, por fim
  1362. >”mas eu voltei amor, nunca vou te deixar”
  1363. >depois disso contei pra ela o que tinha acontecido, desde que fomos capturados, dois dias antes
  1364. >ela chorou comigo pelos irmãos que perdemos, e ficamos lá até que o cheiro da carne que o Robin estava fazendo fez nossas barrigas roncarem
  1365. >apesar de estar machucado, ajudei a Bianca a ir até a cozinha, onde comemos e colocamos dois anos de conversa em dia
  1366. >próximo da meia noite, ouvimos a campainha tocando
  1367. >o Robin mandou ficarmos em silêncio, enquanto atendia o interfone
  1368. >depois, me falou com cara de preocupado
  1369. >”eles suspeitam que eu ajudei vocês na sua fuga, vieram revistar minha casa. Vão para os fundos, lá é onde eu guardo meu carro, e por lá tem uma saída para a rua de trás”
  1370. >”e você? Não vem com a gente?”
  1371. >”não, vou ficar e enrolar eles ao máximo, eu consigo me virar”
  1372. >ele falou isso e me entregou as chaves do carro dele e uma mochila com o dinheiro
  1373. >não tínhamos tempo para discutir, então ajudei a Bianca a sair pelos fundos
  1374. >era um Prius, mas ia dar pro gasto
  1375. >coloquei a Bianca no banco de passageiro e sentei no banco do motorista
  1376. >liguei o carro e dirigi pra fora de lá
  1377. >tivemos que dar a volta e passar pela frente da casa, e pudemos ouvir o barulho de um tiro
  1378. >o Robin estava morto
  1379. >meu ódio por eles só aumentou
  1380. >dirigi pra longe de lá, já sabendo para onde ir
  1381. >passei em um posto e comprei um galão de gasolina
  1382. >me perdi no caminho, pois fazia muito tempo que não ia lá
  1383. >acabei chegando, em frente a um pequeno galpão
  1384. >bati na cabine do porteiro e ele me reconheceu, depois que falei com ele
  1385. >abriu o portão e me deixou entrar
  1386. >estacionei o Prius e desci
  1387. >caminhei até os fundos do armazém, onde eu podia ver um grande volume, escondido por uma capa
  1388. >puxei ela e lá estava ele
  1389. >o Shelby Mustang GT500 do meu pai
  1390. >durante o tempo em que eu era o líder dos Demônios Negros, nem me lembrei da existência daquele carro
  1391. >mas enquanto conversava com o Robin acabei me lembrando dele
  1392. >as chaves estavam no para-brisas
  1393. >abasteci o carro e dirigi ele pra fora
  1394. >”você por acaso não tem um carro escondido no seu bolso também não?” disse a Bianca
  1395. >eu dei risada e roubei um beijo dela, e então a ajudei a entrar no carro do meu pai
  1396. >dirigi até chegar em um hotel barato, e passamos a noite lá
  1397. >no dia seguinte, fui analisar o que meu pai tinha feito no motor, e qual o seu estado de preservação
  1398. >meus olhos se encheram ao ver aquele V8 de quase 400cv sobre o qual passei tantas horas debruçado com meu pai
  1399. >entendo o lado dele, de querer que o carro continuasse o mais padrão de fábrica possível
  1400. >me lembro de dias inteiros procurando uma única peça específica por querer que o máximo possível do carro fosse original
  1401. >mas naquela hora, eu desejava que ele tivesse mexido no carro
  1402. >porque ia ter me economizado tempo e dinheiro
  1403. >infelizmente, eu ia mexer naquele motor
  1404. >óbvio que eu ia guardar todas as peças originais
  1405. >quando tudo isso acabasse, eu queria remontar ele do jeito que meu pai deixou
  1406. >mas naquele dia, separei 10 mil dólares para ficarem guardados e depois fui para uma loja de peças automotivas
  1407. >comprei 50 mil dólares em peças, só para o motor
  1408. >eu sou louco, mas não a ponto de estragar o exterior de um GT500 de 1967
  1409. >fui em uma oficina e, depois de pagar 200 dólares, eles me deixaram usar suas ferramentas e seu elevacar
  1410. >passei uma semana vivendo no hotel e mexendo no carro
  1411. >alguns funcionários da oficina me ajudavam quando não tinham nada pra fazer, e não cobravam por isso
  1412. >então foi mais rápido do que eu esperava
  1413. >já que os machucados nas minhas costas não tinham cicatrizado completamente, eu não podia fazer muita força
  1414. >mas no final deu certo, e consegui acabar o carro
  1415. >a potência dele tava passando dos 600cv fácil
  1416. >considerei suficiente pro que eu queria
  1417. >o meu mês seguinte, passei correndo
  1418. >também participei de assaltos
  1419. >qualquer coisa
  1420. >pra juntar dinheiro
  1421. >na conversa com o Robin, antes da sua morte, ele nos contou o nome do homem que visitou minha cela, do homem que liderava a Organização
  1422. >Cooper Cavazos
  1423. >era esse o homem que eu tinha que encontrar
  1424. >depois de dois meses juntando dinheiro, eu tinha arrecadado pouco menos que 300 mil
  1425. >eu e a Bianca morávamos em um galpão abandonado, e só gastávamos com gasolina e numa lan house para a Bianca pesquisar sobre o Cooper, além de comida e água
  1426. >com esse dinheiro em mãos, e com meu plano já decidido, parti para Las Vegas com a Bianca
  1427. >foram dois dias na estrada, parando apenas para dormir
  1428. >durante a viagem, discutimos diversas vezes sobre o que iríamos fazer
  1429. >a Bianca tinha descoberto que esse homem era o dono de um grande cassino de Las Vegas
  1430. >e que os últimos andares eram onde os líderes da Organização se encontravam
  1431. >por isso era pra lá que eu ia
  1432. >chegando em Vegas, me maravilhei
  1433. >as luzes, os prédios, tudo lá
  1434. >era muito diferente do que eu imaginava
  1435. >fiquei abismado com a cidade
  1436. >quase bati o carro olhando a réplica da torre Eiffel
  1437. >alugamos pelo Airbnb um apartamento pequeno, mas com um aluguel barato
  1438. >e lá eu me preparei para o que eu pretendia fazer
  1439. >nós passamos muito tempo estudando a estrutura do cassino
  1440. >e como as coisas funcionavam lá
  1441. >depois de duas semanas nas fases finais do planejamento, chegou o dia de por tudo em prática
  1442. >naquele dia, ia acontecer uma reunião com os principais líderes da Organização
  1443. >e eu ia estar lá
  1444. >fui para um comerciante do mercado negro, um conhecido do homem que me vendia armas em Chicago, para me armar
  1445. >comprei um colete a prova de balas
  1446. >duas UMP45 com supressor
  1447. >duas Glocks G41 silenciadas
  1448. >uma M4A1 SOPMOD silenciada, com mira, laser, grip e carregadores estendidos
  1449. >granadas
  1450. >C4
  1451. >um paraquedas
  1452. >por que um paraquedas?
  1453. >porque a chance de alguém disparar o alarme era muito grande
  1454. >e aquele cassino ia lotar de policiais e guardas
  1455. >então preferi ir embora de paraquedas
  1456. >além disso, eu sempre quis pular de paraquedas e nunca tive dinheiro pra isso
  1457. >de qualquer jeito
  1458. >comprei também um maçarico
  1459. >caso eu precisasse extrair informações de alguém
  1460. >depois disso, fiz uma visitinha para um funcionário da manutenção muito específico
  1461. >um que tinha acesso aos andares superiores
  1462. >peguei a roupa dele, as credenciais, e garanti que ele não ia trabalhar no dia seguinte
  1463. >voltei para o apartamento onde eu e a Bianca estávamos ficando
  1464. >preparei tudo pro dia seguinte
  1465. >em uma mochila bem grande, eu coloquei todas as armas, munição, e o paraquedas
  1466. >no dia seguinte, acordei cedo, coloquei o colete por baixo da roupa de funcionário e fui para o trabalho
  1467. >chegando lá, agi como se fosse um funcionário do cassino o dia inteiro
  1468. >a reunião estava programada para as 5 da tarde, então às 5:10 eu ia estar lá
  1469. >quando deu 4:30, subi para os andares superiores
  1470. >me tranquei em um armário da manutenção, e me preparei
  1471. >coloquei a mala com o paraquedas nas minhas costas
  1472. >prendi as duas Glocks em coldres na minha perna
  1473. >as UMP45 eu prendi nas costas
  1474. >e a M4A1 foi na minha mão
  1475. >quando deu 5:05 eu saí do armário
  1476. >encontrei dois guardas pelo caminho, que morreram sem nem perceber onde eu estava
  1477. >encontrei o escritório, e arrombei a porta com um chute
  1478. >o escritório era bem grande e amplo
  1479. >com uma grande janela com vista para Las Vegas
  1480. >só tinha um problema
  1481. >não tinha ninguém lá
  1482. >nessa hora, o telefone tocou
  1483. >claramente que era pra mim
  1484. >reconheci de cara a voz do Cooper
  1485. >”olá novamente Jake. Parece que eu venci, não acha? Você está encurralado aí, e sua garota está com o Carl. Falei para você que você iria pagar. Você vai morrer aí, sozinho, sabendo que sua garota vai ser repetidamente violada por meus homens, e depois que eles acabarem ela ainda será torturada, simplesmente porque vocês me causaram muita dor de cabeça. Agora, se você não se importa, tenho que recuperar o prejuízo que você me causou. Adeus Jake, até nunca mais”
  1486. >ele desligou, e eu ouvi passos pelo corredor
  1487. >espiei pela porta e vi muitos homens armados vindo na minha direção dos dois lados
  1488. >nessa hora, eu dei graças a deus por estar com um paraquedas
  1489. >joguei todas as granadas que eu tinha nos homens que estavam vindo, atirei na janela e, quando ela se quebrou, eu pulei
  1490. >fiquei em queda livre por alguns segundos, mas logo puxei o fio que abria o paraquedas e ele se abriu
  1491. >planei suavemente até o chão, onde me livrei do paraquedas e saí correndo
  1492. >corri até uma rua paralela ao cassino, aonde eu tinha deixado o meu carro parado
  1493. >entrei nele e corri até meu apartamento
  1494. >chegando lá, vi uma BMW M3 saindo
  1495. >ela passou por mim, e pude ver claramente o Carl no banco do motorista
  1496. >quando vi isso, dei meia volta com o carro e fui atrás dele
  1497. >percebendo que estava sendo perseguido, o Carl tentou fugir de mim
  1498. >quando viu que o meu carro era mais rápido que o dele, deu meia volta com o carro e tirou uma MP5 de dentro
  1499. >eu parei o meu carro de lado e deixei ele entre eu e o Carl
  1500. >trocamos muitos tiros, até que atingi um no braço dele
  1501. >fui até ele, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele me deu um sorriso e falou
  1502. >”acho que você vai adorar a surpresa que te deixei no seu apartamento”
  1503. >nessa hora me lembrei da Bianca, que tinha ficado lá
  1504. >fui voltar pro meu carro, mas lembrei que já tinha deixado o Carl sair vivo uma vez
  1505. >arrastei ele comigo e coloquei ele no banco do passageiro
  1506. >usei o cinto do carro e amarrei as mãos dele
  1507. >cheguei em casa, e arrastei ele comigo para dentro
  1508. >quando abri a porta, eu travei enquanto ele dava risada
  1509. >na sala estava a Bianca
  1510. >a mulher por quem me apaixonei
  1511. >a mulher que me ensinou a diferença entre transar e fazer amor
  1512. >a mulher que tinha o poder de transformar qualquer dia em um dia bom com um simples sorriso
  1513. >estatelada no chão
  1514. >sem roupa
  1515. >com cortes por todo o corpo
  1516. >os móveis estavam todos sujos com o sangue dela
  1517. >nessa hora eu chorei descontroladamente
  1518. >só parei de chorar quando me toquei que o Carl ainda estava rindo de mim
  1519. >fui até meu quarto e peguei o maçarico
  1520. >voltei até onde ele estava na sala
  1521. >”cadê o Cooper?”
  1522. >”vai se foder”
  1523. >ele falou isso e cuspiu na minha cara
  1524. >acendi o maçarico e comecei a queimar lentamente a perna dele
  1525. >comecei pelo pé, e fui subindo bem devagar
  1526. >até que ele falou
  1527. >”ta, ta, ta eu conto, mas para pelo amor de Deus. Ele está na casa de praia dele, em Fort Lauderdale”
  1528. >merda, o Cooper estava na Flórida
  1529. >eu ia ter que ir até lá
  1530. >mas antes, o Carl ia pagar
  1531. >fiz ele escrever o endereço em um papel
  1532. >quando ele acabou, acendi o maçarico novamente
  1533. >comecei pela virilha dessa vez
  1534. >perdão, eu não devia ficar entrando nos detalhes da tortura
  1535. >mas naquela hora, eu só conseguia pensar que queria ver ele e o Cooper sofrendo, pelo que eles tinham me feito
  1536. >quando eu terminei, quase que o corpo todo dele estava queimado
  1537. >depois disso, proporcionei um enterro de verdade para a Bianca
  1538. >foi no mesmo dia, só eu estava presente
  1539. >dormi em um hotel e no dia seguinte parti para a Flórida
  1540. >era uma viagem de 36 horas
  1541. >fiz em 23
  1542. >cheguei em Fort Lauderdale e fui direto para um hotel dormir
  1543. >no dia seguinte, fui cedo para a casa do Cooper
  1544. >na verdade, aquilo era uma mansão
  1545. >na garagem, um Bentley e um Aston Martin
  1546. >pulei o muro, pela praia (a casa era pé na areia)
  1547. >procurei pela casa até encontrar o quarto dele
  1548. >e lá estava ele, dormindo calmamente
  1549. >tirei o supressor da M4A1 e disparei uma rajada de tiros no teto do quarto
  1550. >o Cooper acordou assustado, com o cano quente da arma queimando em sua testa
  1551. >”Para! Tira isso da minha cara que ta queimando!”
  1552. >eu tirei, e dei risada
  1553. >”se isso estava te incomodando, não quero nem imaginar o que você vai achar disso”
  1554. >e acendi o maçarico que eu trouxe comigo
  1555. >não vou entrar em detalhes, só que quando eu terminei ele estava pior que o Carl
  1556. >e não parei por que eu quis
  1557. >parei porque alguém ouviu os disparos e chamou a polícia
  1558. >atualmente, como disse no começo dessa história, tenho 21 anos
  1559. >fui condenado a pena de morte
  1560. >como último desejo, me foi concedida a chance de escrever a minha história
  1561. >quando me perguntam se valeu a pena
  1562. >eu sempre respondo que teria valido mais a pena eu ter me matado aos 18 anos, pois teria me evitado mais sofrimento
  1563. >mas nunca tive coragem suficiente para fazer isso
  1564. >sinceramente, eu não ligo mais de morrer
  1565. >não desde que a Bianca foi assassinada
  1566. >amanhã é o dia em que vou ser executado
  1567. >finalmente alguém vai fazer o que eu não tive coragem de fazer
  1568. >eu vou morrer feliz, por finalmente abandonar esse mundo merda em que eu nasci
  1569. >o catolicismo prega que se você não for uma pessoa boa, você vai pro inferno depois de morrer
  1570. >na minha opinião, eu já estava no inferno quando estava vivo
  1571. >não consigo imaginar um lugar pior do que esse mundo
  1572. >bom, aqui eu encerro meu relato
  1573. >espero que isso mostre que eu sou bem mais do que o “maníaco do maçarico” do qual o jornal está falando
  1574. >bom, adeus pra vocês
  1575. >até nunca mais
  1576. _______GT DO LUCAS (CONTINUAÇÃO)_______
  1577. >olá, eu sou o Lucas
  1578. >vocês não me conhecem, mas talvez tenham ouvido falar do Jake, um conhecido meu
  1579. >ele ficou famoso por ter assassinado dois homens usando um maçarico
  1580. >quando vi essa notícia no jornal, me assustei
  1581. >não via o Jake a 3 anos
  1582. >mas nunca imaginei que ele fosse um assassino
  1583. >até o dia em que nós brigamos, ele não era capaz de fazer mal nem a uma flor
  1584. >aparentemente as pessoas mudam, e muito
  1585. >ele costumava ser meu melhor amigo
  1586. >infelizmente, eu fui um péssimo amigo
  1587. >fui para uma festa em que a namorada dele estava, enquanto ele viajava. Depois de ambos bebermos muito, acabamos ficando
  1588. >e eu transei com ela nesse dia
  1589. >infelizmente, ele voltou mais cedo da viagem, pois o pai dele sofreu um acidente no trabalho e morreu
  1590. >e nos descobriu juntos
  1591. >depois desse dia, nunca mais ouvi falar dele
  1592. >só que ele tinha sido preso no mesmo dia em que isso tudo aconteceu
  1593. >passei uma semana inteira juntando coragem para ir falar com ele, e lhe pedir desculpas
  1594. >mas quando cheguei na prisão onde ele deveria estar, todos me disseram que não havia ninguém com o nome Jake preso lá
  1595. >também não havia registro de ele ter passado por lá
  1596. >achei isso muito estranho, mas não consegui encontrar uma explicação plausível
  1597. >e, apesar de todo dia por um ano inteiro ter convivido com a culpa de ter perdido meu melhor amigo
  1598. >consegui seguir em frente
  1599. >fui aprovado em engenharia mecânica na Universidade de Chicago
  1600. >e, como hobby, eu participava de corridas de rua
  1601. >apesar de não entender de carros como o Jake
  1602. >meus pais me ajudavam a pagar um mecânico para mexer no meu carro
  1603. >nunca entendi o gosto do Jake por carros americanos
  1604. >o gosto pelos carros japoneses até dava pra entender, eu também gostava deles
  1605. >mas não os americanos
  1606. >meu lance mesmo eram os europeus
  1607. >BMWs, Porsches, Maseratis
  1608. >esse tipo de carro
  1609. >o meu carro era um Mercedes AMG GT R
  1610. >ele já vinha de fábrica com um motor biturbo e 585cv de potência
  1611. >mas meu mecânico conseguiu subir essa potência pra mais de 700cv
  1612. >e quando eu ligava o nitro então...
  1613. >meus pais só queriam me tirar de perto deles
  1614. >não gostavam de mim
  1615. >queriam um filho que seguisse a carreira militar
  1616. >o que claramente não era minha vocação
  1617. >de qualquer jeito, isso fazia eles me darem dinheiro só pra não ter que me aturar por mais do que alguns minutos
  1618. >não vou reclamar
  1619. >nos circuitos de corrida, tanto legais quanto ilegais, eu era só mais um
  1620. >não me destacava, mas também não era ruim
  1621. >sempre ficava entre a terceira e a sexta colocação
  1622. >mas me divertia correndo, então não parava
  1623. >um dia, vi dois homens correndo
  1624. >eles eram conhecidos como os Irmãos sem Rosto
  1625. >posteriormente eu descobri que era o Jake
  1626. >mas no dia, eu adorei o estilo de corrida deles
  1627. >eu sempre tive um estilo de direção com grip
  1628. >não gostava de derrapar, pois na minha cabeça era perder o controle do carro
  1629. >achava que drift era apenas exibicionismo
  1630. >mas quando vi aquele Corvette fazendo as curvas perfeitamente, mas derrapando
  1631. >decidi que queria aprender aquilo
  1632. >pedi dinheiro pros meus pais
  1633. >é, eles tinham muito dinheiro
  1634. >meu pai era dono de diversas filiais do mc donalds
  1635. >de qualquer jeito
  1636. >peguei esse dinheiro
  1637. >e comprei um Mazda RX-8
  1638. >levei pro meu mecânico, e disse o que eu precisava
  1639. >depois de uma semana mexendo no motor, ele me chamou para definir como ia ficar o exterior
  1640. >passamos o dia comprando peças, e depois de mais uns 3 dias meu carro tava pronto
  1641. >então fui pra um estacionamento, e pedi pra um conhecido que sabia como fazer drift me ensinar
  1642. >no primeiro dia, não consegui nada
  1643. >no segundo, quase bati o carro
  1644. >no terceiro, depois de girar muito, consegui fazer um “drift”
  1645. >bem ruim mas fiz
  1646. >depois disso ele começou a melhorar
  1647. >depois fui para uma pista, pra treinar em um lugar mais apertado
  1648. >a dificuldade aumentou muito
  1649. >e cara
  1650. >quando eu sentia que pisei na embreagem com a força certa, e que a traseira do carro tinha perdido a aderência
  1651. >e ainda assim eu conseguia controlar o carro e fazer a curva
  1652. >entendi por que tanta gente gostava de drift
  1653. >meu drift não era dos melhores, mas eu me divertia
  1654. >meus pneus duravam muito menos, mas valia completamente o custo extra
  1655. >de qualquer jeito
  1656. >eu tinha esquecido completamente sobre o Jake
  1657. >até que vi a foto dele bem grande no jornal, em uma manhã
  1658. >”maníaco do maçarico é preso em Fort Lauderdale, e será executado amanhã”
  1659. >como eu já disse antes, não conseguia imaginar ele fazendo isso
  1660. >então fiz uma viagem de última hora para a Flórida
  1661. >era o dia da execução dele
  1662. >quanto a isso, infelizmente eu não podia fazer nada
  1663. >mas podia pelo menos me desculpar
  1664. >comprei uma passagem de avião, e fui
  1665. >senti um frio na barriga quando cheguei na prisão, apenas duas horas antes de sua execução
  1666. >perguntaram a ele se ele queria me receber, já que não era da família, e ele aceitou
  1667. >fui levado para uma sala com duas cadeiras e uma mesa, na qual o Jake estava algemado
  1668. >quase não reconheci ele
  1669. >ele estava com o cabelo curto e loiro
  1670. >uma barba por fazer
  1671. >além de ter perdido a cara de criança
  1672. >agora ele parecia um homem, e eu pude perceber que não era só a aparência dele que tinha amadurecido
  1673. >”finalmente decidiu me ver Lucas? Eu esperava que você viesse antes, já que você foi a causa disso tudo, inclusive da minha execução daqui algumas horas”
  1674. >aquelas palavras cutucaram feridas que a muito já estavam cicatrizadas
  1675. >me machucaram muito mais do que deveriam
  1676. >”cara, eu queria te pedir desculpas, pelo que fiz. Não consegui dormir por causa do que fiz, e me arrependo até hoje. É sério, eu estava muito bêbado, eu nunca faria aquilo se estivesse sóbrio”
  1677. >”você pode calar a boca um pouco e me ouvir?”
  1678. >nos olhos dele só conseguia ver nojo por mim
  1679. >cara, aquele Jake era muito diferente do Jake que eu conheci na escola
  1680. >”vou te fazer uma pergunta muito simples. Imagine que você tem um copo de
  1681. vidro na sua mão. Agora, imagine que você jogou ele com toda sua força naquela parede. Obviamente que ele vai se quebrar. Agora, se você pedir desculpas pelo que fez a ele ele vai ficar inteiro de novo?”
  1682. >eu estava realmente me segurando pra não chorar naquela hora
  1683. >”não, mas...”
  1684. >”porra Lucas é obvio que não! Então por que você insiste em pedir desculpas pra mim? O que você fez naquela noite me fez ser preso. Na cadeia, fui recrutado por uma organização terrorista que fudeu com todos os segundos da minha vida. Todas as pessoas com quem eu me importava morreram! TODAS! Você sabe como é isso? Mas é claro que não! Você é só mais um riquinho mimado cujo maior problema na vida foi não ter roupas combinando pra algum evento chique! Você não tem a menor ideia do que eu passei, GRAÇAS A VOCÊ! Então não venha fingir empatia por mim, por que você não faz a menor ideia do que me aconteceu. Graças a VOCÊ eu virei a merda de um assassino! GRAÇAS A VOCÊ eu vou ser executado daqui alguns minutos! Graças a VOCÊ eu não tenho o menor desejo de passar mais um segundo vivo. Agora, se você me da licença, eu prefiro adiantar minha execução a passar mais um segundo nessa merda de mundo. Adeus Lucas. Guardas! Por favor, me tiram daqui!”
  1685. >ele foi, então, removido da sala antes que eu pudesse falar algo
  1686. >mas mesmo que ele continuasse ali, eu não ia conseguir falar nada
  1687. >eu fiquei em choque por causa das palavras dele
  1688. >então, quando a sala ficou vazia, eu comecei a chorar
  1689. >chorei por sentir que o sangue do Jake estava nas minhas mãos
  1690. >ainda assim, não compreendi o que ele falou
  1691. >sobre alguma organização terrorista recrutar ele
  1692. >só compreendi alguns minutos depois
  1693. >um guarda entrou na sala, e me entregou uma pilha de papéis
  1694. >ele disse que o Jake disse que gostaria que eu lesse aquilo e que depois publicasse
  1695. >não entendi o por que, até ler o texto
  1696. >um texto no qual o Jake contou tudo pelo que passou
  1697. >fiquei horrorizado pelas coisas que ele disse ter feito
  1698. >quando acabei de ler, tinha uma nota no final
  1699. >”desculpa Lucas, mas eu não posso te perdoar, não depois do que eu passei. Espero que conhecer minha história te faça entender o porquê de não poder te perdoar. De qualquer jeito, eu soube que a Organização apenas escolheu um líder novo e continua com as operações de sempre. Caso você possa criar uma denúncia anônima, aqui segue uma lista com o resto das informações de membros da Organização que consegui me lembrar de cabeça, denuncie eles que pelo menos uns 10 vão ser presos. Adeus Lucas, até nunca mais”
  1700. >fiquei olhando para o nada, tentando assimilar tudo o que ele tinha dito
  1701. >saí de lá para assistir a execução, e depois o funeral
  1702. >por fim, voltei para Chicago
  1703. >na viagem de volta, reli mais umas 3 vezes a história dele
  1704. >a cada vez que eu lia, meu estado de espírito piorava
  1705. >naquela noite não consegui dormir, a cara de nojo do Jake ao me ver me perseguia sempre que fechava os olhos
  1706. >no dia seguinte, tentei participar de uma corrida
  1707. >mas terminei em último
  1708. >minha cabeça não estava focada na corrida
  1709. >eu não conseguia tirar aquelas palavras do Jake da minha cabeça
  1710. >”graças a você”
  1711. >cara, isso me deixou muito mal mesmo
  1712. >acabou completamente comigo
  1713. >então eu decidi que ia continuar o que ele parou
  1714. >acabar com essa tal de Organização
  1715. >só tinha um problema
  1716. >eu não tinha condições de enfrentar uma organização terrorista sozinho
  1717. >nunca tinha atirado com uma arma na vida
  1718. >a única coisa que eu sabia fazer era lutar
  1719. >pratiquei Muay Thay, Jiu Jitsu e Krav Maga quando era menor
  1720. >sem contar que eu praticava Eskrima (pra quem não conhece, é um estilo de luta filipino que envolve combate com bastões, espadas, facas, armas improvisadas ou mão vazia)
  1721. >além disso, eu estava sozinho
  1722. >decidi que não me importava, se eu não fizesse isso eu nunca mais ia ter paz
  1723. >olhei na lista que o Jake me deu, e descobri que um desses “recrutadores” morava a alguns quarteirões da minha casa
  1724. >fui em uma loja de armas e passei o dia lá
  1725. >pois eles tinham um estande de tiro
  1726. >treinei atirar com tudo
  1727. >de pistolas a metralhadoras pesadas e snipers
  1728. >descobri que eu realmente adorava snipers
  1729. >por poder me manter longe do combate
  1730. >então saí de lá tendo comprado uma Glock G41, uma Intervention .408, e uma G36C, todas as 3 silenciadas
  1731. >fui pro endereço que o Jake marcou
  1732. >assim como ele fazia, deixei o carro parado numa rua paralela e caminhei com a pistola e a G36C escondidas debaixo do meu sobretudo
  1733. >deixei a Intervention no carro
  1734. >caminhei até encontrar a casa dele
  1735. >bati na porta, com a adrenalina correndo pelas minhas veias
  1736. >um homem que aparentava ter uns 40 anos, com uma barba rala mas bem cuidada e vestindo um roupão abriu a porta
  1737. >”o que que cê quer?”
  1738. >”Jordan Hayden?”
  1739. >percebi o reconhecimento nos olhos dele, mas que logo foi coberto por uma máscara de indiferença
  1740. >”acho que você errou a casa parceiro”
  1741. >”pois é, eu acho que não”
  1742. >falei isso e dei uma ombrada nele
  1743. >ele não esperava isso, e caiu pra trás
  1744. >a pistola que ele segurava na mão escondida pela porta caiu, e eu chutei ela pra longe
  1745. >rapidamente entrei e fechei o portão, e logo em seguida o imobilizei
  1746. >arrastei ele pra dentro da casa
  1747. >amarrei ele usando um cinto que encontrei e comecei meu interrogatório
  1748. >”cadê seus pupilos?”
  1749. >”você não vai arrancar nada de mim” e cuspiu na minha cara
  1750. >eu puxei a pistola do coldre e apontei pra perna dele
  1751. >”não adianta garoto, eu consigo ver nos seus olhos que você não vai atirar, que é só um blefe”
  1752. >eu realmente não queria, mas fechei o olho e respirei fundo
  1753. >visualizei a cara de nojo do Jake, e abri os olhos já sabendo o que fazer
  1754. >olhei bem fundo nos olhos do Jordan e falei
  1755. >”acho que não”
  1756. >dei um tiro na canela dele, sem desviar o olhar
  1757. >tanto pra parecer mais confiante
  1758. >quanto pra não vomitar
  1759. >ele gritou, e eu cobri sua boca com uma almofada para que os vizinhos não ouvissem
  1760. >olhei ao meu redor, e vi um sistema de som da Harman Kardon
  1761. >uma daquelas caixas “portáteis” que na verdade são grandes demais pra carregar pra todo lado, e que fazem uma barulheira dos infernos
  1762. >conectei meu celular ao cabo auxiliar e coloquei pra tocar “Bodies”, do Drowning Pool no volume máximo
  1763. >voltei pra onde ele estava e enfiei o cano da arma no buraco da bala
  1764. >”ta pronto pra falar?”
  1765. >”vai pro inferno”
  1766. >respirei fundo, forcei minha melhor cara de impaciência e atirei denovo
  1767. >dessa vez ajustei o ângulo da pistola pra bala descer pela panturrilha até o pé dele
  1768. >assim machucaria bem mais
  1769. >ele gritou, mas a música encobriu seus gritos
  1770. >dei 5 tiros no chão pra esquentar o cano da arma e colei ele no joelho da perna destroçada
  1771. >”Cadê. Os. Seus. Pupilos?”
  1772. >”já disse que você não vai tirar nada de mim, seu frouxo. Ou você acha que eu não percebo você desviando o olhar e fingindo essa cara de quem não liga?”
  1773. >ele disse isso e cuspiu denovo na minha cara
  1774. >ai eu levei pro lado pessoal
  1775. >dei um tiro no joelho dele, me levantei e dei um pisão em cima do buraco da bala
  1776. >continuei dando vários pisões na perna destroçada, até que ele gritou
  1777. >”PARAAA EU CONTO! Só para!”
  1778. >”então vamos lá”
  1779. >peguei meu celular e escrevi o nome, a ocupação e o endereço de todos os pupilos dele
  1780. >”agora, quem são seus superiores?”
  1781. >”eu não posso contar, eles vão me matar!”
  1782. >”olha pra mim, eu vou te matar se você não contar”
  1783. >”pelo amor de Deus, não!”
  1784. >”eu que sou seu deus agora, então é melhor você começar a falar”
  1785. >falei isso e coloquei o cano da arma em sua virilha
  1786. >depois disso, anotei os nomes que ele me passou, seus respectivos cargos e locais de reunião
  1787. >quando ele acabou, dei um tiro de misericórdia por sua cabeça, e vomitei
  1788. >eu estava muito mal
  1789. >tinha acabado de matar um homem
  1790. >ah se eu soubesse que ia ser a primeira vez de muitas...
  1791. >de qualquer jeito, depois de recuperar a compostura, arrastei o corpo dele pra cozinha, abri o gás do fogão e ateei fogo em tudo de inflamável que vi pela frente
  1792. >saí de lá, e enquanto caminhava pro meu carro ouvi a explosão
  1793. >virei e olhei pra bola de fogo que existia onde antes era a casa do Jordan
  1794. >consegui não sentir remorso
  1795. >entrei no meu carro e dirigi pensando no que eu tinha feito
  1796. >e em como, depois do choque inicial, eu não estava mais sentido nada
  1797. >será que eu era um psicopata?
  1798. >decidi que essa era uma pergunta que eu preferia não responder
  1799. >dirigi até o primeiro endereço, um apartamento num bairro de classe média
  1800. >falei pro porteiro que eu era o Jordan, e ele acreditou
  1801. >foi um golpe de sorte, mas não me importei
  1802. >subi pro apartamento deles e bati na porta
  1803. >deixei um papel com a mensagem “o Jordan está morto, venham ao endereço marcado no verso desse papel a meia noite se querem sobreviver, e usem apenas transporte público para chegar”
  1804. >saí de lá, e fiz o mesmo nos outros 5 endereços que eu tinha
  1805. >todos concordaram em me ajudar
  1806. >me encontrei com eles no galpão, que agora seria nosso quartel general
  1807. >”boa noite senhoras e senhores”
  1808. >olhei pros homens e mulheres que compunham meu grupo
  1809. >eu tinha uma dupla de hackers
  1810. >mais dois pilotos de fuga
  1811. >dois ladrões
  1812. >e o resto eram soldados
  1813. >ou melhor dizendo, eram treinados em tiro
  1814. >”devem estar se perguntando por que eu trouxe todos vocês aqui. Bom, não, eu não sou um funcionário da Organização. Eu quero acabar com ela, e quero que vocês me ajudem. Os que não quiserem, são livres pra nos deixar”
  1815. >nenhum deles mexeu um músculo
  1816. >”bom, então agora nós somos oficialmente os novos Demônios Negros!”
  1817. >todos eles soltaram um grito de guerra, e eu sorri
  1818. >a primeira parte do meu plano tinha sido concluída com sucesso
  1819. >agora só faltava mais 90% do plano
  1820. >depois de explicar meu plano, todos eles voltaram pra seus respectivos apartamentos
  1821. >dormiram e, no dia seguinte, venderam os carros da Organização e compraram novos
  1822. >as armas, computadores e outros equipamentos que iam ser reutilizados foram trazidos pro galpão
  1823. >felizmente, tínhamos armas suficientes pra todos
  1824. >então não precisamos gastar mais dinheiro
  1825. >só comprando uma van pra levar todo mundo em missões
  1826. >e colchões infláveis pra todo mundo
  1827. >menos eu
  1828. >eu ia continuar na casa dos meus pais
  1829. >pra não levantar suspeitas
  1830. >de qualquer jeito
  1831. >nós tínhamos 60 mil dólares sobrando
  1832. >mas aquilo ia servir
  1833. >coloquei os dois hackers pra trabalhar, e tentei ocupar da melhor forma possível os outros
  1834. >peguei a lista que o Jake me deu, e me dediquei a estuda-la
  1835. >montei um esquema associando os nomes, aos seus níveis na hierarquia
  1836. >além de, quando um hacker descobria uma conexão entre dois membros da Organização, ou algum membro novo, eu sempre o inseria nesse esquema
  1837. >eu usava uma parede do galpão como quadro, onde eu colocava tudo isso
  1838. >descobrimos um carregamento de dinheiro, fruto de um assalto a banco
  1839. >ele estava escondido em um prédio na zona leste da cidade
  1840. >juntei minha equipe e fomos pra lá, durante a madrugada
  1841. >estacionei do lado oposto da rua, um pouco antes do prédio, pra ficar fora de vista
  1842. >fiquei esperando na van, enquanto a equipe de soldados entrou
  1843. >ouvia um tiro eventual dentro do prédio, mas todos os Demônios Negros estavam bem
  1844. >fiquei feliz por estar funcionando
  1845. >até que senti um frio no estômago
  1846. >eu assisti quando diversos soldados se agruparam ao redor da saída, esperando meus homens saírem
  1847. >gritei no rádio pra eles não saírem, e expliquei a situação
  1848. >comecei a olhar ao redor, pensando no que fazer
  1849. >até que vi minha oportunidade
  1850. >peguei minha Intervention e saí do carro
  1851. >corri pro parque que ficava ali próximo
  1852. >o prédio onde meus homens estavam tinha, em frente a sua entrada, um grande pátio
  1853. >completamente aberto
  1854. >além disso, ele ficava em uma esquina
  1855. >no lado oposto dessa esquina, ficava um parque
  1856. >daqueles cheios de árvores
  1857. >tipo o central park, em nova york
  1858. >de qualquer jeito
  1859. >me esgueirei até esse parque, pois vi uma pedra que serviria como um ótimo ponto para atirar
  1860. >com um pouco de dificuldade, consegui as escalar, e me posicionei para atirar
  1861. >carreguei a arma, mirei no homem que estava mais afastado de todos
  1862. >e atirei
  1863. >logo em seguida, vi ele tombando para a frente
  1864. >nenhum dos outros soldados viu o que aconteceu
  1865. >puxei o ferrolho, e mirei novamente
  1866. >novamente no homem mais afastado o possível
  1867. >e novamente ele caiu sem que ninguém percebesse
  1868. >o terceiro também
  1869. >quando atirei no quarto homem, eles finalmente perceberam que estavam sob ataque
  1870. >todos correram para procurar abrigo
  1871. >consegui acertar mais um antes que ele se escondesse atrás de um banco
  1872. >eles se revezavam se levantando de seu esconderijo e atirando na direção do parque
  1873. >chamei meus homens no rádio e mandei eles saírem atirando, pois os soldados da Organização estavam concentrados em mim
  1874. >logo depois que acabei de falar isso, uma bala me atingiu
  1875. >foi felizmente um tiro de raspão, mas me preocupou
  1876. >passou um pouco acima da minha orelha, e provavelmente ia deixar uma cicatriz permanente
  1877. >depois que me recuperei, atirei e vi o cara que me acertou caindo
  1878. >logo em seguida, começou uma verdadeira guerra
  1879. >meus homens saíram do prédio jogando granadas e atirando
  1880. >consegui matar mais um, e o resto meus homens mataram
  1881. >corri de volta pra van, na qual eles já carregavam as malas de dinheiro
  1882. >entrei no banco do motorista, e logo me disseram pra dar partida
  1883. >quando virei a esquina, um Lancer saiu de outra rua e começou a me perseguir
  1884. >não consegui despistar ele, pois a van era muito lenta
  1885. >um homem sentado no passageiro do Lancer colocou um fuzil pra fora e começou a atirar
  1886. >gritei pros meus homens fazerem algo
  1887. >eles puxaram as malas de dinheiro pra mais longe das portas do fundo da van, e depois a abriram
  1888. >Peter, um soldado que usava uma metralhadora pesada, começou a atirar contra eles
  1889. >parecia que ele não ia conseguir, até que o Lancer deu uma guinada pro lado e bateu contra um poste
  1890. >dirigi o mais rápido que consegui até o galpão
  1891. >chegamos lá e contamos o dinheiro
  1892. >aproximadamente 30 milhões de dólares
  1893. >todos ficamos eufóricos
  1894. >nosso primeiro assalto tinha sido milionário
  1895. >nós agora éramos tecnicamente milionários
  1896. >naquele resto de madrugada, nós comemoramos
  1897. >bebemos cerveja e fizemos um churrasco
  1898. >as 5 da manhã mesmo, não ligávamos
  1899. >só curtimos o momento
  1900. >acabamos sendo vencidos pela exaustão, e um a um nós pegamos no sono
  1901. >dormi lá mesmo, e acordei no dia seguinte atrasado pra faculdade
  1902. >peguei um mc donalds no caminho e comi ele no carro mesmo
  1903. >só parei no caminho pra comprar um gorro, pra esconder o machucado da bala
  1904. >cheguei na metade do dia, mas pelo menos não perdi tudo
  1905. >finalmente acabaram as aulas, e fui pra casa
  1906. >tomei um banho, coloquei uma roupa nova, e voltei pro galpão que era nosso QG
  1907. >o clima ainda era de comemoração, mas todos já estavam de volta ao trabalho
  1908. >pedi para que eles me avisassem caso algo surgisse, e voltei para minha casa
  1909. >passei a viver minha vida normalmente
  1910. >bem, não completamente
  1911. >eu incluí na minha rotina, além das lutas, prática de tiro
  1912. >queria estar pronto para a próxima vez em que íamos assaltar a Organização
  1913. >e não tardou para isso acontecer
  1914. >depois de uma semana, Eric, um dos hackers, me ligou
  1915. >disse pra eu ir imediatamente pro QG
  1916. >parei no meio do filme que eu estava assistindo e fui pra lá
  1917. >eram por volta das 11 da noite
  1918. >cheguei depois de 10 minutos, e todos já estavam se armando
  1919. >”o que aconteceu? Por que essa muvuca toda?”
  1920. >”entra na van e pega suas armas, a gente te explica no caminho”
  1921. >fiz como eles falaram, e em 5 minutos estávamos novamente na rua
  1922. >eu, Peter, Dylan, Arthur e Tony
  1923. >todos soldados, tirando eu
  1924. >”e ai, vocês vão me dizer o que que está acontecendo?”
  1925. >”um novo carregamento de dinheiro, está sendo movido para Las Vegas de última hora. Nós vamos interceptar ele” disse Dylan
  1926. >”ta. O que sabemos sobre o comboio?”
  1927. >”não tem comboio, a grana ta indo escondida em um furgão”
  1928. >”parece uma oportunidade perfeita”
  1929. >”concordo”
  1930. >passamos o resto da viagem discutindo o plano
  1931. >ao chegarmos no lugar da emboscada, estacionamos e esperamos
  1932. >depois de 5 minutos, vimos o furgão virando a esquina da rua em que estávamos
  1933. >acenei pros homens que estavam na van comigo, e eles entraram em posição
  1934. >dirigi até entrarmos na parte mais estreita da rua
  1935. >por onde não havia escapatória para os lados, nenhum lugar onde eles pudessem se esconder da linha de tiro
  1936. >gritei “AGORA!” e eles escancararam as portas traseiras e começaram a atirar
  1937. >o Dylan e o Peter tinham apoiado suas metralhadoras pesadas em bipés, e o Arthur e o Tony tinham preparado seus fuzis de assalto com munição explosiva
  1938. >todos abriram fogo assim que a porta se abriu
  1939. >a minivan ficou parecendo um ralador
  1940. >fiquei com medo de ter destruído o dinheiro, então logo que o furgão da Organização parou eu parei o nosso e desci junto com os soldados, com a minha G36C na mão
  1941. >checamos o piloto. Morto
  1942. >fomos até as portas traseiras
  1943. >todos apontamos as armas para dentro, e o Arthur abriu as portas
  1944. >todos ficamos chocados
  1945. >pois o furgão estava cheio de bolsas
  1946. >ficamos parados, encarando aquele compartimento cheio
  1947. >o Arthur subiu e começou a arrastar as bolsas para as ruas
  1948. >o Dylan abriu uma das bolsas, como que não acreditando na nossa sorte
  1949. >”ei, é melhor vocês darem uma olhada nisso aqui”
  1950. >todos nos aproximamos para olhar
  1951. >e ficamos ali, encarando aquela mala cheia
  1952. >cheia de jornal
  1953. >até que ouvimos um bip cadenciado
  1954. >”É UMA ARMADILHA, SE AFASTEM!”
  1955. >me virei e comecei a correr
  1956. >o barulho da explosão foi ensurdecedor
  1957. >e a onda de choque me jogou no chão
  1958. >me levantei, depois de alguns segundos atordoado
  1959. >só para ver os homens da Organização arrastando meus homens pra dentro de um outro furgão
  1960. >me levantei e corri
  1961. >tentaram atirar em mim, mas não acertaram
  1962. >virei a esquina e vi um carro vindo em minha direção
  1963. >corri pro meio da rua e ele parou
  1964. >fui para o lado do motorista e falei
  1965. >”preciso de uma carona, eu te pago 50 pratas”
  1966. >”entra aí, só não tenta nenhuma gracinha”
  1967. >o cara era gigantesco, então eu não pretendia
  1968. >entrei no banco do passageiro e ele perguntou “pra onde?”
  1969. >”qualquer lugar perto do metrô”
  1970. >ele passou pela rua onde a emboscada tinha acontecido, e eu vi quando o último corpo foi arrastado pro furgão
  1971. >felizmente eles aparentemente desistiram de vir atrás de mim
  1972. >acho que eles queriam alguém pra dar o recado
  1973. >consegui finalmente chegar no galpão dos Demônios Negros depois de quase 1h na rua
  1974. >”ei, o que que aconteceu? Eu perdi comunicação com vocês”
  1975. >”eles estão todos mortos. Foi uma emboscada da Organização. Eu preciso ir pra casa, é muita coisa pra um dia só”
  1976. >não ouvi o que eles falaram, só entrei no meu carro e saí de lá
  1977. >cheguei na minha casa, coloquei Vintage Culture pra tocar no meu fone de ouvido
  1978. >porque? Porque era meu artista preferido
  1979. >teve uma vez, em um dia, em que eu terminei com a minha namorada, perdi meu celular e bati meu carro
  1980. >tinha tudo pra ser um dia horrível
  1981. >mas no show dele, não sei por que, eu consegui desligar disso tudo
  1982. >e por algumas horas, tudo o que passava pela minha mente era a batida das músicas que ele tocou
  1983. >por isso eu gostava das músicas dele
  1984. >me desligavam da realidade
  1985. >e graças a isso, eu estava absorto em pensamentos, ouvindo o remix dele da música “Ocean Drive” no volume máximo
  1986. >e não ouvi quando a porta da minha casa foi arrombada
  1987. >muito menos os passos dos 5 homens que invadiram minha casa naquele dia
  1988. >só percebi que algo estava errado quando a porta do meu quarto foi escancarada
  1989. >achei que eram meus pais, mas pude perceber o contorno de uma arma
  1990. >tentei fugir, mas tomei uma coronhada na nuca e apaguei
  1991. >acordei dentro de uma cela muito fria, acorrentado na parede
  1992. >na minha frente, uma outra pessoa estava também acorrentada
  1993. >só pude ver quem era depois que meus olhos se acostumaram com a luz
  1994. >e o que eu vi me deixou paralisado
  1995. >primeiro eu percebi o seu corpo, todo cortado por cicatrizes e hematomas
  1996. >depois, seu rosto
  1997. >um rosto que eu conhecia muito bem
  1998. >”olá Lucas”
  1999. >”Jake?! Mas que porra..!”
  2000. >”é Lucas, eu estou vivo”
  2001. >ele não parecia acreditar que eu era real
  2002. >e sinceramente eu não o culpo
  2003. >a minha execução foi completamente forjada
  2004. >e o meu enterro também
  2005. >a injeção que me deram (que seria a injeção letal) simulava os efeitos da injeção letal, mas só me fazia desmaiar
  2006. >e por que ela foi forjada?
  2007. >a Organização me queria vivo
  2008. >óbvio que depois de tudo o que eu causei a eles, de ter causado um prejuízo milionário e ter assassinado o líder deles, eles não iam me deixar morrer sem antes sofrer mais
  2009. >então eles conseguiram fazer minha morte ser forjada
  2010. >e eu fui levado pra um lugar no meio do nada
  2011. >lá eu descobri que o novo líder da Organização era o filho do Cooper
  2012. >seu nome? Matthew Cavazos
  2013. >era um bastardo igual ao pai
  2014. >a única diferença é que ele gostava de me torturar
  2015. >então ao invés de mandar alguém fazer o trabalho sujo pra ele, ele mesmo fazia
  2016. >passei todo o tempo desde minha “execução” sendo torturado
  2017. >minha rotina era ser acordado com um balde de água fria, um espancamento antes do café da manhã, um depois, um antes do almoço, um depois, e pelo resto do dia
  2018. >digo espancamentos mas na verdade eles fizeram de tudo
  2019. >arrancaram minhas unhas
  2020. >queimaram algumas partes de mim
  2021. >chicotadas tbm eram comuns
  2022. >meu corpo ficou marcado por isso
  2023. >cicatrizes e hematomas escondiam minha pele exposta
  2024. >e meu sono?
  2025. >bem, esse mudava de dia pra dia
  2026. >algumas vezes eu me via estrangulando o Mattew, ou atirando nele
  2027. >mas na maioria dos dias eu sonhava com a Bianca
  2028. >eram dois sonhos diferentes
  2029. >ou era algum dos nossos momentos felizes
  2030. >que me faziam acordar chorando no meio da noite
  2031. >ou, na maioria das vezes
  2032. >ela estava caída no chão do apartamento, assim como a encontrei no dia de seu assassinato
  2033. >”é tudo culpa sua”
  2034. >eu sempre ouvia a voz dela falando isso nesses sonhos
  2035. >e acordava suando frio
  2036. >pra depois chorar
  2037. >não sei como não morri desidratado
  2038. >por que o tanto que eu chorei dava pra facilmente acabar com a sede na África
  2039. >de qualquer jeito
  2040. >desde então, essa tinha sido minha rotina
  2041. >torturas, uma refeição, mais torturas, e um sono pior do que torturas na maioria das vezes
  2042. >contei isso, então, pro Lucas
  2043. >ele chorou, por se sentir culpado por isso
  2044. >e no começo, antes da minha “execução”
  2045. >eu achava que ele era culpado
  2046. >mas depois, me lembrei do que a Bianca falou
  2047. >que eles tinham armado a morte do meu pai, e iam fazer o mesmo com o Lucas e a Jenny
  2048. >então mesmo que eles não tivessem me traído, eu ia ter sido recrutado
  2049. >não dizendo que eu perdoei ele
  2050. >nunca que eu perdoaria uma traição dessas
  2051. >mas não o culpava pela minha desgraça
  2052. >então contei isso a ele
  2053. >tudo isso
  2054. >que eu não o culpava mais pelo que tinha me acontecido
  2055. >e eu vi que mesmo assim, ele ainda sentia culpa
  2056. >quanto a isso, eu não ia poder fazer nada
  2057. >”e agora, o que vamos fazer?”
  2058. >foi a pergunta dele
  2059. >”a gente sobrevive até darmos um jeito de fugir daqui”
  2060. >”mas como? Não temos mais ninguém do lado de fora”
  2061. >”isso a gente vai ter que descobrir, e logo”
  2062. >depois disso, ficamos em silêncio
  2063. >a cela em que estávamos era bem simples
  2064. >nenhuma janela, todas as paredes de concreto e pintadas de branco
  2065. >tinha espaço suficiente pra nós dois nos deitarmos com uma pequena folga entre nós dois
  2066. >um buraco no chão, pras nossas necessidades
  2067. >pelo lado bom, não era um balde
  2068. >e, em uma das paredes, uma porta de metal quebrava a monotonia
  2069. >nós ficamos acorrentados em paredes opostas, de lado pra porta
  2070. >e as correntes eram suficientemente grandes pra podermos nos mover dentro da cela
  2071. >mas só
  2072. >a única iluminação que tínhamos era uma lâmpada presa ao teto
  2073. >mais nada
  2074. >não tínhamos janelas, e apenas o ar que passava pela fresta da porta
  2075. >então você consegue imaginar o fedor que a cela tinha
  2076. >passamos uma semana e meia tentando fugir de lá
  2077. >sem muito sucesso
  2078. >o Lucas foi submetido a mesma rotina que eu
  2079. >e isso nos deixou acabados
  2080. >felizmente, depois de 1 semana e meia da captura do Lucas, nós conseguimos dar o primeiro passo pra fugir de lá
  2081. >bem, na verdade não foi bem graças a nós
  2082. >junto com a nossa bandeja de comida, foi entregue um envelope, do tamanho de uma folha A4
  2083. >eu abri, e não acreditei quando eu li a mensagem que estava lá dentro
  2084. >”caros Jake e Lucas. Este é um presente, de um velho amigo. Encontro vocês na saída!”
  2085. >junto com o bilhete, encontramos duas chaves, cartões (pra destrancar portas pelo caminho), uma planta resumida do lugar (com um X marcado bem grande em uma das saídas e embaixo escrito “ponto de encontro”) e uma faca pequena
  2086. >as chaves destrancaram nossas algemas, e passamos o resto da noite (ou o que imaginamos ser a noite, pois lá dentro perdíamos a noção da hora, só sabíamos que era “noite” porque não estávamos sendo torturados) estudando a planta do lugar
  2087. >quando nos decidimos qual o caminho que tomaríamos, nos revezamos em turnos para poder dormir, de forma que não fossemos surpreendidos
  2088. >depois de algumas horas, acordei com o Lucas me cutucando
  2089. >imaginei que era meu turno, mas quando meus olhos se acostumaram à luz eu pude ver o cadáver do guarda e a porta destrancada
  2090. >me levantei e, sem fazer barulho, encostei a porta
  2091. >vesti a roupa do guarda rapidamente, peguei sua arma e usei seu boné pra esconder meu rosto
  2092. >saí de lá “escoltando” o Lucas até uma “sala de tortura”, como eles sempre faziam
  2093. >fizemos o caminho pré-definido, e apesar de ter deixado mais dois cadáveres pelo caminho, conseguimos chegar ao ponto de encontro
  2094. >não vimos ninguém, mas isso não nos fez parar
  2095. >saímos correndo e, antes que atravessássemos a rua, um furgão preto parou na nossa frente
  2096. >já ia começar a atirar, assim que a porta se abriu, mas o rosto que eu vi ali dentro me fez parar de atirar
  2097. >”Robin? Você está vivo?”
  2098. >”depois eu explico Jake, entra ai!”
  2099. >ele não precisou falar duas vezes, e eu pulei pra dentro, seguido pelo Lucas
  2100. >ele gritou pro motorista, que saiu de lá cantando pneu
  2101. >”então, você quer me explicar por que caralhos você não está morto? Ouvimos um tiro dentro da sua casa, imaginamos que eles tinham te matado!”
  2102. >”eles tentaram, mas o homem que puxou o gatilho foi burro, e o tiro acertou minha barriga”
  2103. >ele levantou a camiseta e mostrou a cicatriz que a bala deixou
  2104. >”eles me deixaram lá, acreditando que o sangramento ia me matar. E ia, mas felizmente a ambulância chegou antes, e eu fui salvo, depois disso, comecei a trabalhar em um posto de gasolina, até conseguir contato com os Demônios Negros. Ai cheguei aqui, e consegui que um guarda entregasse o envelope pra vocês. Agora Jake, assim como metade dos Estados Unidos, eu assisti sua execução, eu vi quando a injeção foi dada. Como você ainda está vivo?”
  2105. >”o novo líder da Organização é o filho do Cooper, e ele queria me punir pelo que eu fiz. Ai ele forjou minha morte e, enquanto todo mundo achava que eu estava morto eu fui torturado sem parar. Agora me diga, como você nos achou?”
  2106. >”eu tinha invadido algumas câmeras de segurança da Organização, e vi vocês dois passando por uma delas, sendo levados por algum guarda pra algum lugar. Ai, já sabendo onde procurar, encontrei a cela de vocês e ai o resto vocês já sabem”
  2107. >nessa hora, a van parou, e nós descemos em um galpão, de onde várias pessoas saíram
  2108. >”e quem são eles?” eu perguntei
  2109. >”são os novos Demônios Negros, Jake. São os seus homens”
  2110. >depois disso, passamos uma semana nos recuperando dos estragos feitos pela tortura, e descobrindo o que podíamos sobre a Organização
  2111. >descobrimos que o dinheiro dos assaltos era levado pra um cofre, em Vegas, naquele cassino que eu tinha invadido uma vez
  2112. >mas, íamos precisar de dinheiro
  2113. >não tínhamos nada
  2114. >só os equipamentos que tinham ficado no galpão antes da captura do Lucas
  2115. >então organizamos mais um assalto a um carregamento de dinheiro
  2116. >na hora de decidir o que iríamos fazer, eu tive uma ideia
  2117. >vendemos um dos carros que tinham sobrado, e com esse dinheiro compramos um cabo de aço e fixadores pra prender ele na parede
  2118. >além de uma peça que era como uma roldana automática
  2119. >pra esticar o cabo rapidamente e o manter firme no lugar
  2120. >e isso era tudo o que íamos precisar
  2121. >rastreamos o caminho que o furgão com o dinheiro ia fazer
  2122. >e fixamos o cabo em uma rua deserta
  2123. >que apesar de não ser estreita
  2124. >era escura
  2125. >então o cabo ia ficar escondido pelas sombras
  2126. >tudo no lugar, mandei o Lucas pra uma rua paralela dentro do seu AMG
  2127. >na hora que o furgão entrou na rua, avisei por rádio pro Lucas, que começou a perseguir o furgão
  2128. >como eu esperava, eles aceleraram pra tentar fugir
  2129. >quando se aproximaram do cabo, eu apertei um botão e o fio foi completamente esticado
  2130. >o motorista não teve tempo de reação, e assim que o furgão atingiu o cabo, ele foi atirado pelo vidro
  2131. >e o carro capotou
  2132. >a traseira do furgão foi atirada por cima da parte da frente, e ele aterrissou sobre o próprio teto
  2133. >deslizou por alguns metros, e parou
  2134. >eu e os outros homens que estávamos escondidos atrás dos carros saímos de nossos esconderijos, com as armas já engatilhadas
  2135. >caminhamos lentamente até chegar no furgão
  2136. >quando chegamos perto, as portas se abriram, e dois homens rastejaram pra fora
  2137. >eles estavam desarmados, então não atiramos neles
  2138. >três homens mantiveram os dois homens da Organização como reféns, e nós passamos as malas de dinheiro pro nosso furgão
  2139. >por fim, me ajoelhei de frente pros homens da Organização
  2140. >”quero que vocês passem uma mensagem pro Cavazos. Vocês vão dizer pra ele que os Demônios Negros voltaram, e que dessa vez ele não vai conseguir se safar”
  2141. >depois disso, virei de costas e entrei no carro do Lucas
  2142. >o furgão já tinha partido, e nós fomos logo atrás
  2143. >chegamos depois de 20 minutos no nosso galpão
  2144. >lá, o dinheiro já tinha sido contado
  2145. >6,7 milhões de dólares
  2146. >ia dar e sobrar pro nosso próximo assalto
  2147. >”agora, eu quero que todos vocês façam suas malas, pois nós vamos pra Vegas!”
  2148. >falei isso e fui recolher minhas coisas
  2149. >depois de duas horas, todas as coisas já tinham sido carregadas nos carros
  2150. >fomos divididos em quatro carros
  2151. >eu e o Lucas no AMG
  2152. >e o resto das pessoas foram divididas entre o furgão (onde todas nossas coisas estavam), um Nissan Grand Livina e um Dodge Journey
  2153. >foram dois dias de viagem, até que bem tranquilos
  2154. >a calmaria antes da tempestade
  2155. >chegamos em Vegas, e alugamos um galpão na periferia da cidade
  2156. >descarregamos os carros, e enquanto os outros membros dos Demônios Negros (a partir de agora vou chamar eles de Demônios) montavam nossa base de operações, saí com o Lucas pra acertar uma conexão de internet e água potável pro galpão
  2157. >depois disso, saímos pra comprar dois carros
  2158. >depois de rodar um pouco, encontramos o que eu queria
  2159. >uma McLaren MP4-12C
  2160. >saí da loja dirigindo ela
  2161. >de lá, voltamos pro galpão, onde o Lucas deixou a Mercedes e saiu dentro da McLaren comigo
  2162. >fomos pra uma outra loja de carros e compramos duas Mercedes G35 AMG
  2163. >esses carros sim são uma ignorância
  2164. >ele tem um motor V12 biturbo de fábrica
  2165. >deixamos eles em uma oficina, pra instalar uma blindagem
  2166. >eles disseram que faziam em 30 dias, mas meus 75 mil dólares diminuíram esse prazo pra 10 dias
  2167. >de lá, fomos visitar o mesmo traficante de armas que eu tinha visitado da última vez que fui pra Vegas
  2168. >dessa vez, não comprei armas pesadas
  2169. >comprei submetralhadoras silenciadas, mas não esperava ter que usar elas
  2170. >além disso, diversos explosivos
  2171. >amônia em estado gasoso
  2172. >e uns aparelhos que serviam pra fritar sistemas eletrônicos
  2173. >voltamos pro galpão, e lá troquei de carro
  2174. >peguei a Mercedes do Lucas e fui pra uma loja de artigos esportivos
  2175. >comprei diversas bolsas daquelas de academia
  2176. >aquelas que sempre usam em filmes, pra assaltos a bancos
  2177. >você sabe de qual eu to falando
  2178. >de qualquer jeito, depois de comprar elas, voltei mais uma vez pro galpão
  2179. >saímos eu, o Lucas, e mais 6 Demônios, dentro de dois carros
  2180. >fomos para uma loja de ternos, e cada um de nós comprou um terno sob medida do tecido mais caro que conseguimos encontrar, todos pretos
  2181. >uma camisa branca e uma gravata vermelha completaram o visual
  2182. >voltamos, e dessa vez saí com o Rajid
  2183. >quem é ele?
  2184. >bom, é um dos Demônios
  2185. >mas o que o torna especial? Ele é descendente de árabes
  2186. >na verdade, ele nasceu em Dubai e se mudou pros Estados Unidos quando tinha 15 anos de idade
  2187. >ou seja, ela tem cara de árabe
  2188. >compramos um traje árabe pra ele
  2189. >novamente, do tecido mais caro o possível
  2190. >um relógio Rolex dourado, e óculos escuros Ray Ban, estilo aviador, e tínhamos comprado quase tudo
  2191. >compramos alguns milhões de dólares falsos de uma empresa de filmes que tinha falido
  2192. >e, por fim, voltamos pro galpão, e eu deixei ele praticando seu sotaque árabe enquanto fui ver como andava o resto das coisas
  2193. >o Robin tinha conseguido invadir o sistema de segurança do cassino e instalado um backdoor lá, pra podermos acessa-lo depois
  2194. >tudo estava pronto, só tinham que esperar a blindagem das Mercedes ficar pronta
  2195. >enquanto isso, dei 100 mil dólares pra cada um e fomos curtir Vegas
  2196. >foram 10 dias de pura festa
  2197. >nos divertimos muito
  2198. >o que serviu pra aliviar a tensão pelo que estávamos prestes a fazer
  2199. >quando as Mercedes ficaram prontas, colocamos o plano em prática
  2200. >enchemos algumas das bolsas com dinheiro, algumas com roupas e algumas com jornal amassado
  2201. >no total tínhamos capacidade pra 130 milhões de dólares, mais ou menos
  2202. >se conseguíssemos encher todas com dinheiro, o que nos dava uma margem boa
  2203. >enchemos apenas uma com dinheiro de verdade, pra podermos apostar no cassino
  2204. >cada um dos 8 que iam como seguranças vestiram os ternos que compramos e óculos escuros, e o Rajid vestiu a roupa árabe
  2205. >tudo pronto, carregamos a Mercedes com as malas com dinheiro falso e nos dirigimos pro cassino onde ficava o cofre da Organização
  2206. >entramos lá como uma comitiva
  2207. >o Rajid na frente, e nós 8 atrás dele, assim como seguranças fariam
  2208. >cada um de nós estava carregando 4 bolsas daquelas
  2209. >ele pediu o quarto mais caro do hotel pra ele, e os dois ao lado do dele pra gente
  2210. >nessa brincadeira toda, tirando o dinheiro que colocamos na bolsa pra apostar no cassino, gastamos todo o dinheiro que trouxemos
  2211. >era tudo ou nada
  2212. >entramos nos quartos e preparamos tudo
  2213. >tínhamos estudado minunciosamente as plantas do cassino
  2214. >o cofre ficava no subsolo, guardado por diversos sistemas eletrônicos
  2215. >felizmente, apenas dois guardas ficavam lá
  2216. >mas se o alarme fosse disparado, um pequeno exército chegaria ao cassino em 5 minutos
  2217. >o problema era passar por todas as trancas eletrônicas, portas e sensores
  2218. >podíamos cortar a energia, mas os sistemas de segurança possuíam um gerador próprio
  2219. >felizmente, nós tínhamos nos preparado pra isso
  2220. >o nosso quarto ficava no último andar do prédio, e era pra dizer pouco incrível
  2221. >tínhamos uma vista panorâmica da cidade de Las Vegas, e espaço suficiente pra uma festa com pelo menos 30 pessoas
  2222. >por dois dias, o Rajid foi no cassino apostar dinheiro
  2223. >não chamou atenção, as vezes ganhava, as vezes perdia
  2224. >sempre 2 “seguranças” acompanhavam ele
  2225. >quando o perguntavam da onde vinha sua fortuna, a resposta era sempre a mesma
  2226. >”minha família ganhou muito dinheiro vendendo petróleo”
  2227. >uma mentira bem esfarrapada, mas todos acreditavam nela
  2228. >de qualquer jeito, no final do terceiro dia era o dia de colocar o plano em prática
  2229. >nós tínhamos, durante esses dois dias, roubado roupas de serviçais
  2230. >cozinheiros, camareiros, seguranças
  2231. >no terceiro dia, cada um vestiu um disfarce desses e foi pra perto da cozinha, por onde era o acesso ao cofre
  2232. >as bolsas onde íamos por o dinheiro foram escondidas dentro do carrinho que um “camareiro” ia trazer
  2233. >nós íamos ter 4 minutos pra entrar no cofre, pegar o dinheiro e sair
  2234. >felizmente, o Robin conseguiu desabilitar todos os alarmes, menos o que ficava dentro do cofre
  2235. >esse ficava em um sistema separado do resto, e não podíamos acessa-lo por fora
  2236. >de qualquer jeito, tínhamos praticado carregar as bolsas com dinheiro
  2237. >nosso melhor “assalto”, em 4 minutos, foram 110 milhões de dólares
  2238. >já era mais do que suficiente
  2239. >não íamos conseguir levar tudo, pois pra ter a influência que a Organização tinha, eles tinham bilhões guardados
  2240. >o que não conseguíssemos pegar, íamos queimar
  2241. >pra isso contrabandeamos pra dentro do cassino diversas garrafas de 3 litros com gasolina dentro
  2242. >e as escondemos dentro das bolsas
  2243. >chegada a hora, cada um foi pras suas posições
  2244. >o Lucas ia nos encontrar depois, pois ele tinha que fazer algo antes
  2245. >ele se vestiu como funcionário da manutenção, colocou a amônia gasosa em um carrinho e se separou da gente
  2246. >nos encontramos próximo a cozinha, ainda vestidos como funcionários do cassino
  2247. >o Lucas nos avisou por rádio que era hora de por o plano em ação, então nós entramos na cozinha e nos dirigimos pro cofre
  2248. >se as pessoas nos estranharam, não falaram nada
  2249. >provavelmente eles eram pagos pra não fazerem perguntas
  2250. >passamos por uma série de corredores que desciam
  2251. >até que chegamos na sala onde o cofre ficava
  2252. >os dois guardas estavam na frente da porta
  2253. >rapidamente abatemos os dois usando as armas que trouxemos
  2254. >pegamos tudo do carrinho que tínhamos trazido (daqueles do serviço de quarto)
  2255. >colocamos os ternos, pegamos as armas, abrimos os zíperes de todas as bolsas pra acelerar o trabalho e nos separamos em duas equipes
  2256. >uma delas, composta por um homem só, ia espalhar gasolina por cima do dinheiro que não fossemos pegar
  2257. >o resto, ia encher as bolsas com dinheiro
  2258. >o Lucas se encontrou conosco, e entramos na sala
  2259. >nos aproximamos do cofre
  2260. >o Robin tinha nos passado a senha numérica, e quanto ao reconhecimento de retina, ele tinha conseguido hackear e desabilitar esse sistema
  2261. >o alarme ia ser disparado, já que não sabíamos como o desabilitar, mas íamos conseguir entrar
  2262. >soltamos o cronômetro e abrimos a porta do cofre
  2263. >um alarme ensurdecedor foi disparado, e sabíamos que qualquer segundo a menos podia ser a diferença entre a vida e a morte
  2264. >entramos e nos apressamos pra carregar as bolsas de dinheiro
  2265. >vi uma câmera de segurança que ainda estava ligada e gravando, e após encher todas as bolsas que eu tinha comigo me aproximei dela, tirei os óculos escuros e acenei enquanto sorria
  2266. >depois disso, coloquei novamente os óculos escuros, incendiei o dinheiro que sobrou e nós saímos de lá
  2267. >saímos correndo e nos misturamos a multidão que estava correndo pra sair do hotel
  2268. >por que?
  2269. >bem, o Lucas antes de se juntar a nós soltou a amônia no sistema de ventilação do hotel
  2270. >e uma evacuação tinha começado enquanto estávamos no cofre
  2271. >de qualquer jeito
  2272. >discretamente jogamos uma das garrafas com gasolina em um pedaço onde o chão do hotel era de madeira, e ateamos fogo
  2273. >ninguém percebeu pois todos estavam correndo por suas vidas
  2274. >não que isso fosse necessário
  2275. >mas ao ouvir “gases tóxicos” todos correram achando que iam morrer
  2276. >as duas Mercedes e a McLaren estavam paradas no estacionamento no lado do hotel
  2277. >corremos pra lá, e entramos nos carros
  2278. >o Rajid entrou na McLaren, e os “seguranças” nas duas Mercedes
  2279. >eu e o Lucas fomos dirigindo
  2280. >carregamos todas as bolsas em menos de um minuto e saímos de lá correndo
  2281. >por fim, vimos quando a chama que começamos tomou o cassino
  2282. >sorri, imaginando a cara do Cavazos ao descobrir
  2283. >dirigimos até o esconderijo, onde o Robin já nos esperava
  2284. >descarregamos o dinheiro do carro, ele me chamou pra conversar em particular
  2285. >deixei os outros Demônios contando o dinheiro e fui ver o que ele queria
  2286. >”foi um belo assalto, mas vocês no máximo incomodaram a Organização e nada mais”
  2287. >”como assim? Queimamos todo o dinheiro deles, isso não é só incomodar”
  2288. >”vocês acham que queimaram tudo, mas isso era só um cofre pequeno. O verdadeiro cofre não está aqui, não o cofre que contém toda a fortuna da Organização”
  2289. >”e onde que ele está?”
  2290. >ele me falou o lugar, e eu não acreditei
  2291. >voltei pra onde todo mundo estava, onde fui brindado com diversos sorrisos e a informação de que roubamos 103 milhões de dólares
  2292. >fiquei feliz por isso, mas depois que todos se acalmaram eu falei
  2293. >”isso foi muito bom, mas ainda não acabou. Façam suas malas, esse cofre era apenas uma fração da fortuna da Organização. O verdadeiro tesouro esta guardado em outro lugar, e é pra lá que vamos”
  2294. >”e pra onde vamos?” perguntou o Lucas
  2295. >”bem” eu respondi “nós vamos pra Tóquio"
  2296. >vendemos tudo o que tínhamos, colocamos o dinheiro todo em uma conta num banco na Suíça
  2297. >e, depois de dois dias estávamos em um voo comercial com destino ao Japão, usando identidades novas
  2298. >depois de 14 horas de voo, pousamos em Tóquio
  2299. >com o dinheiro, compramos uma casa grande na periferia de Tóquio
  2300. >agora, quando eu digo grande, é GRANDE mesmo
  2301. >lá no Japão o espaço é mínimo
  2302. >normalmente
  2303. >com o dinheiro que a gente tinha dava pra comprar metade de Tóquio
  2304. >de qualquer jeito
  2305. >era uma mansão, com um quarto pra cada um
  2306. >um jardim frontal até que grande, pros padrões de Tóquio
  2307. >ele era cortado por um laguinho, onde vários peixes viviam
  2308. >e na parte de trás da casa, um jardim bem maior existia
  2309. >um caminho de pedras levava pra o topo de um morro, onde havia duas cerejeiras, e alguns bancos de madeira
  2310. >além de outras cerejeiras espalhas pelo jardim
  2311. >era lindo lá
  2312. >só queria que a Bianca pudesse ver aquele lugar
  2313. >a lembrança dela trouxe lágrimas pros meus olhos
  2314. >então, enquanto todos desempacotavam suas coisas, eu fui até esse banco, debaixo da cerejeira, no topo do morro
  2315. >a vista de lá era inigualável
  2316. >eu conseguia ver Tóquio inteira de lá
  2317. >e lá, eu chorei
  2318. >chorei por tudo que eu perdi, nessa guerra louca contra a Organização
  2319. >mas parei de chorar, quando me lembrei das coisas boas
  2320. >dos momentos de diversão que tive
  2321. >os carros potentes
  2322. >a cara do Cooper e do Carl enquanto eu torturava eles
  2323. >será que eu me tornei um psicopata?
  2324. >me perguntei isso, e apesar de já saber a resposta, preferi não responder a essa pergunta
  2325. >me recompus e voltei pra onde todos estavam
  2326. >desempacotei minhas coisas, e arrumei um quarto
  2327. >uma cama de casal gigantesca só pra mim
  2328. >fiquei triste com a lembrança da Bianca, mas engoli as lágrimas e continuei arrumando minhas coisas
  2329. >depois que todos tinham se ajeitado em seus respectivos quartos, chamei todos pra sala de estar
  2330. >na tv, vimos uma reportagem sobre o incêndio e o roubo ao cassino, em Vegas
  2331. >uma filmagem da gente entrando nos carros e saindo do cassino com as bolsas de dinheiro passou
  2332. >todos comemoramos, e depois eu chamei a atenção de todos
  2333. >olhei pra cada um daqueles 10 homens
  2334. >que tinham arriscado sua vida por mim
  2335. >que tinham virado minha família nova
  2336. >Robin, Ed, Rajid, Joel, Sean, Will, Josh, Seth, Tony, e até mesmo o Lucas
  2337. >nunca eu ia esquecer daqueles 10 homens
  2338. >nem da Bianca, do Daniel, Dave, Sarah
  2339. >nem de ninguém que tinha me ajudado
  2340. >”agora, é nossa última missão, de um jeito ou de outro isso tudo acaba aqui. Não vai ter esse papo de ‘uma última corrida’ ou nada do gênero. Quando acabar, acabou. Ou vamos estar mortos, ou vamos ter dinheiro suficiente pra comprar metade do Japão. E vai ser a última vez que os Demônios Negros vão agir. Por isso, eu espero que essa seja nossa melhor missão até agora! Vamos fazer algo grande, maior do que o que fizemos em Vegas. Eles estão falando de ‘maior assalto já visto’, mas nós vamos fazer isso parecer brincadeira de crianças perto do que vamos fazer aqui em Tóquio!” um coro de gritos de aprovação me fez interromper o discurso. Logo que todos ficaram em silêncio, eu continuei “agora, apenas eu e o Lucas sabemos realmente dirigir um carro em alta velocidade. E pro que eu to planejando, dois carros são muito pouco. Nós vamos precisar de todos vocês pilotando. Então, como temos todo o tempo do mundo e MUITO dinheiro pra gastar, hoje nós descansamos e curtimos. Amanhã, nós vamos atrás de carros, e vocês vão aprender a dirigir como um verdadeiro piloto!”
  2341. >todos gritaram em aprovação, e passamos o resto da noite bebendo, comendo e conversando
  2342. >no dia seguinte, saímos para fazer compras
  2343. >aluguei dois galpões, um do lado do outro, pra guardar os carros
  2344. >saímos e fomos comprar nossos carros
  2345. >deixei cada um escolher o seu
  2346. >o Lucas comprou uma BMW E36
  2347. >assim como o Ed
  2348. >o Robin comprou um Nissan Silvia Spec-R
  2349. >o Sean, um Subaru Impreza WRX STI
  2350. >o Will pegou um Mazda RX7, e o Josh um Toyota Supra
  2351. >o Rajid e o Joel pegaram um Honda S2000 cada
  2352. >o Seth pegou um Mazda MX-5
  2353. >o Tony, um Honda NSX Type R
  2354. >e eu, por fim, comprei um Nissan Skyline GT-R R34 V-SPEC 1999
  2355. >sempre quis ter um desses
  2356. >comprei também três Subaru BRZ
  2357. >pra treinos
  2358. >dei 500 mil dólares pra cada um dos Demônios, pra eles customizarem os carros
  2359. >dei o endereço de algumas oficinas, mas disse que pros que quisessem eu ia ensinar a mexer no carro eles mesmo, assim que voltasse
  2360. >avisei pra eles que eu ia viajar, mas deixei o meu número de celular pra contato
  2361. >então, eu entrei numa minivan que eu comprei, e fui pra Chiba
  2362. >lá, dirigi até encontrar A oficina
  2363. >não é qualquer oficina
  2364. >é a oficina que me inspirou a fazer muito do que eu já fiz no quesito carros
  2365. >o seu nome?
  2366. >Top Secret
  2367. >os que conhecem o meio de tunning sabem do que eu to falando
  2368. >cheguei lá, e conversei com um dos funcionários
  2369. >ele me vendeu algumas peças, mas me passou uma lista de peças que eu ia precisar pro que eu queria
  2370. >então saí de lá, e rodei por diversas lojas no caminho
  2371. >consegui comprar tudo no caminho de volta pra Tóquio
  2372. >quando cheguei, levei as peças pro galpão
  2373. >faltava só uma, muito importante, que eu tinha comprado em um outro lugar pela internet
  2374. >descarreguei o carro , e fui buscar essa peça
  2375. >que não era nada mais nada menos que um motor novo
  2376. >um VK45DE
  2377. >é um motor da Nissan
  2378. >4.5 V8 biturbo
  2379. >levei esse monstro de volta pro galpão, e enquanto o elevacar e os outros equipamentos da oficina não chegavam, tínhamos outras coisas pra fazer
  2380. >cada um dos Demônios entrou no seu carro
  2381. >e fomos às compras
  2382. >ajudei todos a escolherem as peças certas pros seus carros, tanto pro motor quanto esteticamente
  2383. >depois de 5 dias e muita dor de cabeça, já tínhamos comprado tudo
  2384. >então fiz um curso expresso de mecânica, desmontando e montando um dos BRZ
  2385. >alguns não sentiram confiança em fazer isso, e levaram seus carros com as peças pra alguma oficina especializada
  2386. >sobraram mais 4 comigo, e então eu os ajudei a montar os carros
  2387. >foi muito divertido, colocar uma música alta pra tocar no galpão que transformamos em oficina e ficar lá, trabalhando
  2388. >foi mais lento do que eu imaginava, mas melhor assim
  2389. >demorando pra atacar novamente, e não chamando a atenção, fazíamos a Organização pensar que nós acreditamos que aquele cofre era a verdadeira fortuna deles
  2390. >óbvio que tinha sido uma baita paulada
  2391. >queimamos ou roubamos pelo menos uns 300 milhões de dólares
  2392. >mas eles iam se recuperar, e nessa hora nós íamos atacar
  2393. >por isso, não tínhamos pressa nenhuma em acabar
  2394. >o projeto da construção dos carros levou muito tempo
  2395. >assim como o Smokey fez no famoso Top Secret Skyline R34, eu substituí o motor do meu Skyline
  2396. >foi complicado, me custou 10 dias e muita dor de cabeça, mas finalmente consegui
  2397. >depenei o interior, instalei uma gaiola de proteção e dois bancos de corrida da Recaro
  2398. >o volante, coloquei um da Top Secret
  2399. >mas o que realmente me importava era ver se o motor funcionava
  2400. >instalar a transmissão foi difícil, mas consegui instalar também
  2401. >tive que trocar diversas coisas, até mesmo os pistões
  2402. >mas finalmente o motor estava pronto
  2403. >então, eu precisava testar
  2404. >coloquei a chave no buraco, e girei
  2405. >não ligou
  2406. >passei 2 dias tentando resolver o problema, até que consegui finalmente fazer o motor funcionar
  2407. >cara, que ronco era aquele
  2408. >sabe todos aqueles carros que eu dirigi?
  2409. >Viper, Corvette, até o Hellcat
  2410. >não se comparava aquele ronco
  2411. >com seus “meros” 1200cv de potência, existiam carros mais poderosos
  2412. >como o Hoonicorn, um Mustang com 1400cv de potência, por exemplo
  2413. >mas ainda assim, pqp
  2414. >era meu carro dos sonhos
  2415. >e daquele jeito, saber que aquele carro era único
  2416. >cara, foi uma sensação tão boa
  2417. >desliguei o motor e mexi em mais algumas coisas
  2418. >instalei freios da Brembo nas 4 rodas
  2419. >pneus da Toyo e rodas da Vörsteiner
  2420. >saí com ele na rua, pra testar e ver se precisava mexer em alguma coisa
  2421. >resultado: não quis estacionar o carro
  2422. >apesar de não ter me acostumado com a direção do lado direito do carro, consegui correr bastante
  2423. >rodei com ele o resto da tarde, e não conseguia parar por nada
  2424. >parei quando escureceu
  2425. >e voltei pro galpão
  2426. >comecei a instalar um body kit, mas só terminei no dia seguinte
  2427. >instalei um aerofólio, difusores
  2428. >depois levei ele pra uma oficina de pintura
  2429. >pintei ele completamente de preto
  2430. >fiz um desenho na lateral dele
  2431. >um desenho tribal, mas que se assemelhava a um dragão em pleno voo
  2432. >uma faixa branca no lado do passageiro do carro
  2433. >algumas marcas de peças automotivas, e o meu Skyline estava pronto
  2434. >os carros dos outros Demônios ficaram prontos mais ou menos na mesma semana
  2435. >e então fomos pra um circuito fechado
  2436. >alugamos ele por um dia, só pra gente
  2437. >passei o dia ensinando eles a correr
  2438. >mas principalmente, a fazer drift
  2439. >ou, como os japoneses falam, dorifuto
  2440. >saímos de lá com eles conseguindo correr
  2441. >já era o começo
  2442. >aluguei o mesmo circuito pro dia seguinte
  2443. >e depois desse segundo dia, já dava pra ir pras pistas
  2444. >eu e o Lucas, que já sabíamos como fazer driff, entramos no circuito de competições ilegais
  2445. >os outros Demônios continuaram praticando, até conseguirem entrar nessas competições também
  2446. >o meu objetivo, naquele momento, era que nós fizéssemos o máximo de amizades possíveis
  2447. >o por que vocês vão entender mais pra frente
  2448. >passamos cerca de seis meses envolvidos com as corridas de rua em Tóquio e região
  2449. >foi suficiente pra desenvolver o networking que eu queria
  2450. >juntei todos os Demônios em uma reunião, na sala da nossa mansão
  2451. >”seguinte, chegou a hora de por em prática o plano, e dar um fim definitivo à organização. Vou precisar que vocês liberem o máximo de espaço possível dentro dos seus carros. Deixem só o que for indispensável, o resto vocês reinstalam depois”
  2452. >deixei eles fazendo isso, e fui pra uma loja de carros
  2453. >eu já tinha 3 Subaru BRZ guardados
  2454. >comprei mais 7
  2455. >mandei todos serem blindados
  2456. >além disso, uma Dodge Ram SRT10, igual a que eu tinha nos EUA
  2457. >você não faz ideia de como foi difícil achar ela
  2458. >tive que importar dos Estados Unidos
  2459. >de qualquer jeito
  2460. >tunei o motor dos Subaru da mesma forma
  2461. >biturbo, nitro, sistema de escapamento novo, diferencial novo, esse tipo de coisa
  2462. >como é o mesmo de sempre não vou entrar em detalhes
  2463. >mas consegui subir a potência deles pros 500cv, no mínimo
  2464. >pintei todos de preto, coloquei um aerofólio e um difusor em todos
  2465. >troquei pneus e freios
  2466. >etc
  2467. >mas não é por isso que você ta lendo isso
  2468. >a Dodge, além de tunar colocamos uma grade de proteção na frente, pra quebrar algum eventual bloqueio
  2469. >reforçamos a carroceria
  2470. >basicamente tudo o que eu tinha feito na outra
  2471. >ela já tinha vindo blindada, então era algo a menos pra se preocupar
  2472. >de qualquer jeito, consegui preparar todos os carros, com ajuda do outros Demônios, em 3 semanas
  2473. >tudo estava pronto
  2474. >então marquei um grande encontro de carros tunados, pra dali a duas semanas, no Circuito Internacional de Okayama
  2475. >aluguei o lugar por um dia inteiro, consegui alguns patrocinadores
  2476. >entrada franca desde que viesse com um carro tunado
  2477. >se não, era o equivalente a 70 dólares a entrada
  2478. >não preciso nem dizer que se espalhou como fogo esse evento
  2479. >todos que eu conhecia das corridas disseram que iam, e junto com eles muitos outros que eu não conhecia
  2480. >criei um evento no facebook, ultrapassei os 1000 confirmados em algumas horas
  2481. >ia ser gigante o evento, assim como eu precisava que fosse
  2482. >ele ia começar cedo, por volta das 2 da tarde
  2483. >e ia até meio dia no outro dia
  2484. >conseguimos uma line up muito legal de DJ’s pra tocar lá
  2485. >iam ter dois palcos, ambos com música eletrônica
  2486. >em um deles, o Marshmello
  2487. >no outro, o Vintage Culture
  2488. >o Lucas não parou de me encher pra contratar ele, e a música que ele faz na verdade é muito boa, então concordei
  2489. >eles iam tocar a noite toda, das 10 da noite até 3 da manhã
  2490. >até as 10 da noite, em um dos palcos ia estar o Steve Aoki, e em outro o Tujamo
  2491. >alugamos tendas, para uma eventual chuva
  2492. >arranjamos muita comida
  2493. >obviamente que não ia ser open food, ou íamos falir
  2494. >também contratamos muita gente pra manter a organização do lugar
  2495. >colocamos gente com bafômetros na entrada da pista, só iam correr motoristas sóbrios, por motivos óbvios
  2496. >torramos facilmente uns 30 milhões de dólares nesse evento
  2497. >mas o lucro ia ser muito maior
  2498. >MUITO
  2499. >maior
  2500. >tudo organizado, partimos pra segunda parte do plano
  2501. >os carros já estavam prontos, nossa rota de fuga também
  2502. >só um detalhe
  2503. >o lugar onde esse evento ia acontecer
  2504. >fica a 8h de carro de Tóquio
  2505. >mas ia ter que servir
  2506. >só íamos ter que fugir por 8 horas dos homens da Organização
  2507. >mas a gente ia conseguir, conhecíamos essas estradas como a palma da nossa mão
  2508. >passamos 5 dias fazendo esse percurso diversas vezes
  2509. >reconhecendo o terreno
  2510. >aprendendo onde podíamos correr
  2511. >caminhos alternativos
  2512. >por fim, uma semana antes do evento, instalamos uns sistemas elétricos nos Subarus e no Dodge
  2513. >e contratei alguns programadores, pra fazerem um programa pra mim
  2514. >e comprei alguns brinquedinhos tecnológicos
  2515. >quais? Bom, mais pra frente você descobre
  2516. >de qualquer jeito, depois disso fomos atrás de armas
  2517. >armas pesadas
  2518. >conseguimos contato com um traficante de armas
  2519. >montei a nossa estratégia, e dentro de algumas opções deixei que cada um escolhesse sua própria arma
  2520. >o Lucas ficou com uma Barret .50 com mira térmica, e uma L96A1 silenciada
  2521. >eu fiquei com a minha M4A1 SOPMOD de sempre, equipada com um lançador de granadas, mira térmica híbrida (eu podia desligar a mira térmica e ficar com uma mira normal caso quisesse), grip, mira laser e supressor
  2522. >eu gostava daquela arma
  2523. >o Robin ficou com uma M4A1 SOPMOD igual a minha
  2524. >o Ed escolheu uma M240, e o Rajid uma AK47
  2525. >o Joel ficou com uma Mossberg 590 Mariner
  2526. >o Sean com uma MP7
  2527. >o Will com uma G36C
  2528. >o Josh com uma FN MINIMI
  2529. >e por fim, o Seth e o Tony pegaram uma Glock G45 cada, pois eles iam carregar aqueles escudos balísticos
  2530. >eram escudos especiais, pois além de serem a prova de balas, tinham uma série de luzes na sua parte da frente, que quando ativadas cegavam igual uma granada de luz
  2531. >por falar em granadas, compramos algumas delas
  2532. >ta bom, muitas
  2533. >compramos fragmentadoras, de fumaça, de luz, incendiárias
  2534. >C4 também não podia faltar
  2535. >óculos de visão noturna pra todos
  2536. >proteção também, compramos coletes a prova de balas, capacetes, etc
  2537. >comprei um maçarico também
  2538. >não pra torturar ninguém, mas caso precisássemos dele pra abrir alguma porta
  2539. >sempre bom estar preparado
  2540. >e uma serra industrial
  2541. >caso precisássemos cortar o cofre e o maçarico não fosse suficiente
  2542. >ela era portátil, e uma bateria de carro tinha energia suficiente pra ela ser ligada por quase uma hora em potência máxima
  2543. >depois disso, comprei um rolo de sacos de lixo
  2544. >ia ser lá que íamos por o dinheiro
  2545. >fizemos um teste com tudo o que tínhamos, e com as notas falsas que eu comprei em Vegas
  2546. >em cada carro cabiam mais ou menos 350 milhões dólares
  2547. >espremendo bastante, no porta malas e no espaço dentro do carro
  2548. >ia dar espaço de sobra
  2549. >com tudo finalmente arrumado, pudemos esperar pelo dia quando tudo ia acontecer
  2550. >e finalmente ele chegou
  2551. >deixamos nossos carros (os que usávamos pra corrida, não os Subaru BRZ) estacionados no pátio onde todos iam estacionar seus carros
  2552. >fizemos isso no dia anterior, já que não ia dar tempo de dirigir 8h até Tóquio no dia do evento
  2553. >depois disso, estacionamos em um shopping próximo ao prédio onde o cofre ficava e esperamos
  2554. >a escolha de dia pro evento não foi aleatória
  2555. >naquele dia ia acontecer algo grande
  2556. >não conseguimos descobrir o que
  2557. >mas isso, o que quer que fosse, exigia que muitos dos homens da Organização estivessem presentes
  2558. >com isso, o cofre ia ficar muito menos protegido
  2559. >ou você acha que os 6 meses só participando de corridas de rua foi só por diversão?
  2560. >só estávamos esperando o momento perfeito pra fazer isso
  2561. >olhei no relógio
  2562. >9:30 da noite
  2563. >hora de começar
  2564. >eu saí do estacionamento sozinho, e dei um jeito de grudar uma bomba eletromagnética nos postes com transformador
  2565. >uma carga grande o suficiente pra fritar os transformadores
  2566. >depois que eu dei a volta no quarteirão, coloquei nos quarteirões ao redor
  2567. >depois voltei pro estacionamento e, assim como todos já tinham feito, coloquei uma máscara de ski
  2568. >a placa dos carros tinha sido coberta com uma película quase invisível a olho nu, mas que fazia com que câmeras de segurança, ou qualquer outro tipo de câmera, não pudesse capturar a nossa placa
  2569. >ou seja, era virtualmente impossível eles rastrearem a gente
  2570. >ou a polícia
  2571. >ou qualquer um
  2572. >era o plano perfeito
  2573. >quando meu relógio indicou 10:30, era hora de colocar o plano em ação
  2574. >saímos do estacionamento e, quando estávamos na rua de trás, detonei as bombas
  2575. >explodiram uma depois da outra, e a energia no quarteirão do prédio e dos quarteirões ao redor foi cortada imediatamente
  2576. >o Robin acionou um dispositivo que ele tinha montado, que aparentemente impedia que telefones fixos, celulares e a internet móvel funcionassem
  2577. >aceleramos, e o Lucas, que estava dirigindo a Dodge usou até nitro e colidiu com os portões, que não tiveram uma chance e arrebentaram
  2578. >entramos voando pelos portões destruídos, e estacionamos no primeiro subsolo
  2579. >o cofre ficava no terceiro
  2580. >acessível através de um elevador único
  2581. >que tinha um gerador próprio
  2582. >descemos dos carros já trocando tiros com os homens da Organização
  2583. >nos escondemos atrás dos pilares e dos carros
  2584. >todos nós 11
  2585. >apesar de ser um sniper, o Lucas também veio
  2586. >ele correu pra um canto isolado do estacionamento, se escondeu entre dois carros e usou sua L96A1
  2587. >a mira telescópica convencional tinha sido substituída por uma mira ACOG, exatamente pra ele poder fazer isso
  2588. >fomos avançando aos poucos, até chegarmos no elevador
  2589. >mandamos 5 pro andar de baixo, e o resto ficou segurando os homens da Organização
  2590. >eu fui pro andar de baixo, junto com o Seth, o Joel, o Robin e o Will
  2591. >levamos uma bolsa com a serra, C4, o maçarico e a bateria
  2592. >no andar de baixo tinham apenas 10 guardas espalhados, e conseguimos lidar rapidamente com eles
  2593. >avançamos em formação militar, com o Seth na frente com o escudo levantado, e o resto de nós em fila indiana atrás dele
  2594. >conseguimos avançar até o lugar onde o cofre ficava
  2595. >usamos simultaneamente a serra e o maçarico, mas conseguimos só enfraquecer a porta
  2596. >mandei todos se afastarem e coloquei toda a C4 que tínhamos concentrada nos pontos enfraquecidos, corri de lá e a detonei
  2597. >o barulho foi ensurdecedor, o que queria dizer que tínhamos menos tempo, alguém ia acabar ouvindo e ligando pra polícia
  2598. >voltamos pra lá e a porta do cofre estava destroçada
  2599. >e na minha frente, o paraíso
  2600. >era muito dinheiro
  2601. >MUITO dinheiro
  2602. >o cofre era gigantesco, bem maior do que a antiga oficina do meu pai
  2603. >tenha em mente que conseguimos levar cerca de três quartos do dinheiro que tinha lá
  2604. >entramos e eu comecei a encher os sacos com o dinheiro
  2605. >formamos um tipo de fila indiana, no qual eu enchia os sacos, e eles eram jogados até o elevador, por onde eram levados pro andar onde os carros estavam
  2606. >depois que acabaram os homens da Organização, mais 4 homens desceram pra ajudar
  2607. >só ficaram o Lucas e o Sean carregando os carros
  2608. >depois de 25 minutos, tínhamos carregado a capacidade máxima dos carros
  2609. >botamos fogo no que sobrou
  2610. >e saímos correndo de lá, pra descobrir que a merda da polícia tinha sido acionada
  2611. >tinha um bloqueio com homens armados do lado de fora
  2612. >o Lucas acelerou e furou o bloqueio pra nós, que fomos atrás dele
  2613. >foram oito horas de insanidade
  2614. >fugir da polícia, dentro daquele Subaru modificado, fazendo drift pelas montanhas do Japão
  2615. >foi ao mesmo tempo aterrorizante
  2616. >e uma das melhores experiências da minha vida
  2617. >só... não tentem fazer isso em casa crianças
  2618. >quase fui jogado das ruas diversas vezes, mas consegui me manter nela
  2619. >cada um de nós tomou um caminho diferente
  2620. >que a primeira vista pareceriam aleatórios
  2621. >mas em compensação foram muito bem pensados
  2622. >cada um tinha um caminho pré definido
  2623. >um caminho que tínhamos feito exaustivamente, cada um em seu próprio caminho
  2624. >pra conhecer o caminho
  2625. >as irregularidades no caminho
  2626. >os becos sem saída
  2627. >os caminhos alternativos
  2628. >era tudo preparado
  2629. >e por que?
  2630. >pra que a penúltima parte do nosso plano fosse posta em ação
  2631. >seguindo esses caminhos, em média cada um de nós ia passar pelo encontro de carros tunados que eu organizei
  2632. >e lá que a mágica ia acontecer
  2633. >de qualquer jeito, o meu era o último carro a passar por lá
  2634. >o meu caminho demorou quase nove horas
  2635. >você com certeza não faz a menor ideia do que é fugir por 9 horas da polícia
  2636. >eu estava exausto
  2637. >até que vi a pista onde o evento estava acontecendo ao longe
  2638. >isso me deu forças redobradas
  2639. >usei o que me restava de nitro, e consegui abrir uns dois minutos de vantagem em cima da polícia
  2640. >era suficiente
  2641. >passei por um toldo, e lá dentro que a mágica aconteceu
  2642. >parei completamente o carro, e enquanto eu pulava pra fora dele o Kumagai, um grande amigo que eu tinha feito no Japão já tinha aberto o porta malas e puxado os sacos de dinheiro que estavam lá, e eu tinha feito o mesmo com os que estavam dentro do carro
  2643. >eles estavam amarrados juntos, pra facilitar nessa hora
  2644. >eu nem acabei de fechar a porta, e meu carro já saiu cantando pneu, de volta para a perseguição
  2645. >”rápido, por aqui”
  2646. >o Kumagai abriu um de muitos containers que tinham ali próximo (garantimos que algumas pessoas trouxessem seus supercarros em containers pra facilitar essa parte)
  2647. >lá dentro, um dos programadores que eu tinha contratado estava sentado em um daqueles simuladores pra jogos de corrida
  2648. >lembra que eu falei que eu tinha comprado alguns brinquedinhos eletrônicos? Então, eu estava falando disso
  2649. >montei um sistema que permitia eu controlar os carros a distância
  2650. >assim ninguém ia saber onde nós tínhamos pulado dos carros
  2651. >de qualquer jeito
  2652. >assim que ele me viu ele pulou pra longe e eu assumi controle do carro
  2653. >corri até a conexão ficar muito fraca pra fazer as curvas direito, e então detonei uma bomba que eu tinha fixado debaixo do carro
  2654. >troquei de roupa, passei um perfume pra mascarar o cheiro ruim que eu estava e fui curtir o resto da noite
  2655. >me lembro de cruzar com os outros Demônios na festa, mas apenas nos cumprimentamos como se ainda não tivéssemos nos visto
  2656. >a festa continuou até pouco antes do meio dia do dia seguinte
  2657. >disputei alguns rachas no meu Skyline, e apesar de star cansado de dirigir, sentar atrás do volante daquele carro era sempre muito divertido
  2658. >os shows, tanto do Marshmello quanto do Vintage Culture foram insanos, não consegui ver tudo dos dois mas o que eu vi foi absurdo
  2659. >infelizmente eu perdi o Show do Tujamo e do Steve Aoki, mas não me importei
  2660. >no dia seguinte, depois que todos partiram e finalmente a empresa que eu contratei pra fazer a limpeza do local chegou, eu fui pra casa, junto com todos os outros Demônios
  2661. >agora, caso alguém olhasse bem de perto, ia ver que os carros estavam mais pesados
  2662. >se olhassem bem pra dentro dos carros, iam ver diversos sacos de lixo dentro
  2663. >ah se as pessoas soubessem o que tinha dentro desses sacos de lixo
  2664. >nos encontramos na nossa mansão, e contamos nosso lucro
  2665. >tínhamos cerca de 3 bilhões de dólares
  2666. >aquele dia
  2667. >nós não comemoramos
  2668. >nós despencamos em nossas camas e dormimos
  2669. >ai sim, depois que acordamos, comemoramos
  2670. >assistimos o jornal, falando do “maior roubo do século 21”
  2671. >descobrimos que a Interpool, o FBI e mais umas 5 polícias secretas estavam atrás da gente
  2672. >mas não ligávamos, não era possível nos rastrear
  2673. >mesmo que alguém ligasse os pontos e visse que todos os carros passaram pelo meu evento
  2674. >e mesmo que esse alguém fosse atrás de descobrir quem tinha organizado o evento
  2675. >ia descobrir que foi um tal de “Cooper Kosami”
  2676. >que coincidentemente morreu em um acidente de carro três dias depois
  2677. >então, para que o mundo pudesse apreciar a obra prima que foi esse assalto
  2678. >cada um de nós tinha ido realizar o assalto usando uma GoPro
  2679. >sem contar que as câmeras nos carros gravaram tudo
  2680. >nós divulgamos tudo na internet
  2681. >então dividimos igualmente o dinheiro
  2682. >e cada um seguiu seu caminho
  2683. >só mantive contato com o Lucas depois disso, tanto porque voltamos a ser amigos
  2684. >quanto porque tínhamos ainda contas a acertar com o Cavazos
  2685. >montamos uma armadilha, e o sequestramos
  2686. >depois disso
  2687. >bem
  2688. >lembra daquele maçarico e daquela serra industrial?
  2689. >então
  2690. >usamos eles mais uma vez
  2691. >depois disso, nós nos mudamos
  2692. >pra onde? Bom, isso eu não posso contar pra você
  2693. >até por que não moro em um lugar fixo, vou para onde meu coração me manda
  2694. >mas posso te dizer que estou em algum lugar do mundo, correndo com alguma supermáquina
  2695. >usando um nome falso, pra evitar problemas
  2696. >felizmente, depois que acabamos com a fortuna da Organização e matamos mais um líder, ela se dissolveu
  2697. >depois disso, passei a usar Jake como meu primeiro nome
  2698. >e sempre mudava o sobrenome
  2699. >agora, tenho que acabar de escrever isso pois uma festa em Ibiza me aguarda
  2700. >adeus, e até nunca mais
  2701. >dessa vez, definitivamente
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