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- >Macron, o novo líder da Europa | Deutsche Welle
- Em seguida ao ataque aéreo conjunto com EUA e Reino Unido na Síria, presidente francês inicia uma ofensiva midiática.
- A mensagem é inequívoca: ele é o novo lobo-alfa da União Europeia, opina o jornalista Max Hofmann.
- — Foi ele próprio quem convenceu pessoalmente seu homólogo americano, Donald Trump, a retaliar o ataque com gás tóxico em Duma, assegurou o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, em sua segunda grande entrevista numa semana memorável.
- Com certeza ele não queria fazer o mesmo papel que seu antecessor, François Hollande, que em 2013 preparou tudo para entrar na guerra junto com os americanos – já na época o regime do presidente Bashar al-Assad aterrorizava a Síria com seus ataques com gás.
- No entanto, no último segundo, o então presidente Barack Obama voltou atrás. O francês se sentiu traído.
- Macron conseguiu evitar essa impressão.
- Ele tampouco repetiu o erro de Obama, de traçar uma "linha vermelha" e depois não agir quando ela é ultrapassada.
- Permanece em aberto se essa é a maneira correta para melhorar a situação na Síria, mas claro está: o presidente da França agora posa de estadista de ação, que faz o que promete. Mas também ele vai constatar que a posição de lobo-alfa da União Europeia – sobretudo em questões de guerra e paz – logo pode se tornar terrivelmente solitária.
- Na declaração dos ministros do Exterior divulgada nesta segunda-feira (16/04) leem-se muitas sugestões conhecidas: acesso humanitário, cessar-fogo, solução política.
- Só faltou a reivindicação de uma zona de exclusão aérea.
- Aí se poderia dizer que os europeus retomaram todos os tópicos que já há anos estão sobre a mesa, no conflito armado da Síria.
- Mas há muito tempo já está claro: isso tudo pode soar pacifista e construtivo, mas para a população da Síria não faz a menor diferença.
- O Ocidente fracassou, e Macron sabe disso.
- Contudo, ele quer no mínimo dar a impressão de que, aqui na Europa, há alguém que tenta ao menos fazer alguma coisa, e para isso se utiliza de todos os palcos disponíveis.
- Além das duas entrevistas de várias horas dos últimos dias, na terça-feira Macron fará um discurso no Parlamento Europeu sobre o futuro da UE. Dois dias mais tarde ele vai se encontrar em Berlim com a chanceler federal alemã, Angela Merkel, pois não quer deixá-la de fora.
- O que não é assim tão simples: o francês está tão presente, em todos os canais, que por vezes precisa se esforçar para preservar a impressão de uma estreita cooperação franco-alemã. Já foi assim durante a inusitadamente longa formação de governo em Berlim.
- Porém, quando se trata de questões militares, a Alemanha já está quase automaticamente de fora. Isso vale, aliás, para a maior parte dos Estados da UE.
- Apesar de todos os planos de uma política interna e externa conjunta para o bloco, em termos de ataque e defesa cada país está à própria sorte. Isso ficou confirmado no pronunciamento conjunto dos ministros europeus do Exterior: o apoio aos ataques aéreos na Síria é ostensivamente contido.
- É a história de sempre:
- — A França e o Reino Unido se encarregam do trabalho sujo militar, e nenhum dos demais países possui nem a vontade nem as possibilidades técnicas para executar ofensivas aéreas como as de sábado passado. Muitos podem achar isso bom, mas não é a melhor maneira de ser levado a sério no palco internacional.
- Além do impulso para agir, do carisma e dos amplos poderes, o presidente francês é um dos poucos na Europa que também dispõe da potência militar para se fazer ouvir no mundo.
- Não há dúvida:
- — As ações da Alemanha são de alta importância quando se trata de questões econômicas. No conflito da Síria, porém, visto de fora, o país não tem nenhuma relevância.
- Tal divisão de papéis pode funcionar para a União Europeia como um todo, mas para a estrutura interna de poder, entre Paris e Berlim, ela tem consequências.
- Macron mostrou que leva tremendamente a sério os próprios compromissos.
- Lançar mísseis é bem diferente de reivindicar um ministro europeu das Finanças.
- Com essa ação, Macron deixou definitivamente de lado aquela leveza juvenil que lhe valeu a vitória eleitoral em 2017.
- A União Europeia e o mundo veem agora um novo presidente da França: desencantado, mais sério, mais decidido;
- — Macron, a autoridade, o comandante supremo.
- Desse modo, ele também passa a ser o chefe de governo para quem os colegas da UE primeiro voltam os olhos.
- Talvez não em todas as questões, mas certamente em muitas, e acima de tudo nas de política externa.
- Isso não traz só vantagens para Macron:
- — Um líder é alguém que muitos querem seguir, mas também atrás de quem muitos preferem se esconder.
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