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JoeSalvatore

Untitled

Sep 19th, 2014
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Never
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  1. Já havia se passado um mês, e lá estava ele, jogado na cama, garrafas espalhadas para todos os lados, guimbas de cigarro perdidas em cinzeiros por toda a casa, e um rock algo, em uma tentativa de ao menos não pensar. A voz gritava em sua mente, e quem era ele para ouvir, quando nem mesmo as batidas de seu próprio coração sentia mais. O ar lhe faltava as vezes, culpa dos tantos maços de cigarro fumados desenfreadamente nessas 4 semanas, e tudo ao redor girava por conta de tanto álcool. Já não sabia mais se chorava ou não. Vez ou outra passava a mão por seu próprio rosto e o sentia molhado. Alucinação ou não, ele não sabia. As vezes, quando olhava rápido demais a via refletida no espelho do quarto, ficava tentando lembrar de tirá-lo de lá, quebrá-lo, tanto faz, o que seriam mais sete anos de azar afinal?
  2. Viveu sua vida inteira com um tanto faz, um sorriso no rosto, e os punhos fechados em uma tentativa de conter a raiva, a ira que sempre havia dentro de si. O resto viria no meio de toda essa batalha, e não importaria pelo que tivesse que passar, prometeu a si mesmo que seria forte. Por ele, por todos. Não sabia dizer ao certo como se perdeu nesse caminho, apenas acordou um dia, e olhou ao redor, e percebeu que os outros não eram tão importantes assim. Colocou seu jeans, uma camisa de rock e bagunçou os cabelos, e estava no melhor dos seus dias para viver seus 16 anos. Os quatro anos a seguir foram de muitas festas, muitas bebidas, e principalmente, muitas mulheres. Já havia perdido as contas de quantas mulheres havia beijado, ou levado para sua cama. Era especialista em sexo, mas não entendia nada do coração. Não entendia se quer o seu. Nunca o sentiu bater mais forte, e se fosse pra ter o rosto úmido, que não fosse por suas lágrimas, mas sim pelo suor de um vai e vem interminável dentro dos segundos que durasse.
  3. Agora aqui, deitado, os olhos vazios, o rosto molhado, já não era mais ele. Não era o garoto que fez tantas chorarem, não era o garoto que não se importava, não era o garoto que sorria diante das coisas ruins, não, não era ele. E isso não se dava apenas por não ter mais seus dezesseis anos. Naquela idade parecia ter mais, havia um ar de quem sabia lidar com todas as coisas do mundo, de quem seguraria todo o mundo com a ponta de seus dedos. E agora, aos vinte anos, mais parecia um menino assustado, acuado, que não conseguia se quer se segurar, quanto mais ao mundo. A força que teve pra enfrentar tantos abusos e agressões, que teve pra se tornar um homem, onde ela foi parar? Foi levada por uma voz doce, a voz dela. E o sorriso insistente, o olhar firme, onde está? Foi levado, foi levado, e não sei se poderá voltar. Nem suas roupas pareciam caber mais, naquele pequeno espaço de tempo, ele parecia tão pequeno que não precisava mais de uma cama, talvez coubesse até em uma caixa.
  4.  
  5.  
  6. "Cresci de um modo muito isolado. Me tornei anti-social. Comecei a compreender a realidade do universo em que vivia, que tinha muito pouco pra me oferecer. Não encontrava amigos de quem gostasse, que fossem compatíveis comigo, ou que gostassem do que eu gostava. Bem, eu realmente aprendi algumas coisas e uma delas é que a felicidade não tem nada a ver com a aprovação das outras pessoas. O que é realmente importante é estar feliz com você mesmo, encontrar alguém que é importante pra você e seguir adiante sem ligar para o que os outros falam.” — Kurt Cobain
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