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a guest
Dec 22nd, 2014
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  1. Oh.
  2.  
  3. Uma luz.
  4.  
  5. A cor realmente não importava. Foi um clarão que cobriu completamente minha vista. Fiquei tonto por uma fração de segundo, tempo mais do que suficiente para que o chão fosse pintado de vermelho. Fiquei parado ali por um instante, só observando tudo jorrando, com os olhos meio que esbugalhados eu acho. Depois gota por gota escorrendo pelo metal e desabando no concreto. Cada uma das minhas mãos era um terremoto, trêmulas por tudo que tinha acontecido. Uma delas encosta no corpo da lança e eu decido por alguma razão fechar o punho, segurando firme enquanto meu sangue deslizava pela pele.
  6.  
  7. Minhas pernas não aguentavam mais, eu não aguentava mais. Encostei um joelho no chão e o outro logo em seguida. Ele olhou para mim com um sorriso no rosto, aquele filho da puta. Aquele chapéuzinho amarelo de pedreiro, aquele macacãozinho de merda, aquela desgraça de sorrizinho maroto. Eu estava com raiva, eu juro que estava com uma puta raiva do caralho. Mas aquilo não me salvaria. Não seria como em filmes onde o mocinho leva uma surra e magicamente volta por pura determinação, oh não. Eu estava fudido. Com uma broca.
  8.  
  9. Colocou a mão em meu ombro e me deu uma pequenina chacoalhadinha. Me puxou para frente bruscamente, forçando a lança contra o concreto. Ela começou a correr pela minha barriga novamente e provavelmente deve ter rasgado uma porrada de coisas lá dentro. Eu senti uma porrada de coisas sendo rasgadas, e eu te digo amigão, não é uma sensação agradável.
  10.  
  11. Depois de ouvir o barulho do ferro raspando o chão por o que parecia ser uma eternidade, poça de sangue. Meu sangue. Não conseguindo mais mexer o corpo, sou forçado a olhar para o meu reflexo. Para alguém que acabou de ser impalado por uma enorme barra de metal, até que não estava tão ruim. Tava gatão até. Só um pouquinho manchado de vermelho, eu acho.
  12.  
  13. Decidi então tentar erguer a cabeça para soltar um último “vá se foder” antes de ir, como um ato de “rebeldia e bravura”. Meus olhos encontraram o fundo de um cano de revolver no caminho, e o meu nariz o enxofre. Ouço o barril girando, o martelo da arma clicando e vejo o dedo se curvando um pouquinho, puxando aquela maravilha de gatilho.
  14.  
  15.  
  16. Uau.
  17. Jaime seu corno.
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