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Guest User

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a guest
Feb 26th, 2017
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  2. Mas deixe-me falar da menina que me fez abrir este parênquima paliçádico. Como disse antes ou, melhor, não disse, foi ela que me fez lembrar da menina que me pediu o número. Eu estava esperando o ônibus que leva estudantes de volta às suas casas junto com outros estudantes. A faculdade é noutra cidade e vários estudantes doutras cidades vêm a ela de ônibus. O ônibus estava demorando a chegar quando noto um movimento rápido de alguns estudantes passando pela minha frente e indo à esquina. Noto que uma deles é da minha cidade e decido segui-la e, cruzando a esquina, lá estava o ônibus. O filho da puta havia dado a volta pela quadra e, ao invés de seguir pela rota normal que eu esperava, seguiu pela outra rua. Quando cheguei ao ônibus quase todos já haviam entrado, menos outro desastrado que também não havia notado a tempo de chegar mais cedo. Há um lugar que eu especialmente gosto de me sentar, é na poltrona acima do pneu do ônibus. Como é mais alto, posso ter uma melhor visão da paisagem e, como não gosto de dormir no ônibus, posso ficar observando os outros dormirem; é legal. Como cheguei atrasado e já havia bastante gente lá atrás, achei que minha vaga estava perdida. Sentei-me na primeira poltrona livre que vi, já que o sujeito que vinha atrás poderia pegá-la e, dada a lotação do ônibus, eu poderia ficar em pé. Quando todos se sentaram, virei-me e vi que uma vaga ainda estava livre: era exatamente a que eu gosto, a da janela. Peguei minha bolsa e dirigi-me até lá. Pouco antes de chegar perguntei "Posso me sentar aí?", apontando para a vaga com o rosto. Por um momento minha esperança acabou: tinha duas bolsas na poltrona e uma sacola no chão, nem esperei pela resposta, apenas dei um "Ah" de decepção e me virei para voltar à poltrona inicial. Antes de me virar, ouço a voz da menina: "Não! Você quer se sentar aqui? Eu tiro!". Respondo que não precisa, mas de um jeito atrapalhado e até com um pouco de pressa ela começa a tirar as coisas. "Dá certo, já eu tiro.". Ajudo ela com uma bolsa e ofereço colocar na poltrona em que eu estava. "Não precisa, põe no corredor mesmo.". Com o ônibus já em movimento e com um pouco de pressa, apenas passo para a janela e quando me sento agradeço. Ela dá um sorriso bobo e olhando nos meus olhos diz "De nada!". Apenas nesse momento eu percebi a bela criatura sentada ao meu lado. Ela não era uma dessas 10/10 do chan, talvez nem dessem 9/10 ou 8/10 para ela, mas ela era a coisa mais bela que eu havia visto. Eu já a havia visto, mas sempre distante. Só de perto que pude perceber a beleza dela. Ela tem um biótipo meio índia, sabem? Aqueles cabelos lisos de índia, aquele olho puxado de índia, aquela pele morena de índia. Eu poderia compará-la à Pocahontas, mas sem a cara de down. Ela estava usando roupas que meninas usam no calor. Não eram longas suficientes para torna-la uma depósito de porra recatada e do lar mas não era curta o suficiente para declará-la uma puta. A voz doce e a gentileza me envenenaram. Imaginei como eu construiria uma família com ela. Poderíamos ter uma filha, ou um casal. Ela é universitária, como eu, então nossos filhos teriam bons exemplos em casa e juntos poderíamos financiar nossas próprias vidas calmamente. Se não tivéssemos filhos ou antes que tivéssemos, poderíamos viajar pelo mundo. Levado pelo que vi aqui, porém, logo imaginei todo tipo de coisa que alguém com a beleza dela já deve ter feito pela vida, em festas, calouradas. Com quantos caras ela já "ficou"? Com quantos ela já dormiu? Talvez mais do que o número de depósitos de porra que eu jamais irei ter. Senti um misto de ódio e decepção. Virei o rosto para ela, queria sentir nojo do semblante dela. Fui enganado e traído por meus paus no meu cu. Ela estava dormindo inocentemente ao meu lado. A cabeça, meio inclinada para trás, fazia com que sua mandíbula caísse e ela ficava com a boca um pouco aberta. O rosto, ainda com um pouco de suor pelo calor, estava com alguns fios pregados. Alguns iam mais longe, fazendo toda uma curva de suas orelhas, passando pela mandíbula e finalmente chegando à boca. Eu não fiquei horas observando ela, como você deve achar, anão. Eu tinha medo que ela acordasse e me visse a encarando ou que alguém visse e me achasse um esquisito. Apenas de vez em quando eu me virava, fingindo estar olhando a paisagem do outro lado, e por alguns centésimos de segundo apreciava a beleza ao meu lado. Eram apenas alguns centésimos, mas eram longos centésimos; eu me lembro de todos eles. Em um dado momento, viro-me para trás e observo que tem um casal do outro lado. A moça estava dormindo no ombro do rapaz, também dormindo. Foi como um veneno sendo jogado em mim: imaginei-me com ela. Se fosse amigo dela, poderia tocar seu rosto, tirar o cabelo e se acordasse diria que tinha cabelo no rosto. Ela sorriria e voltaria a dormir. Se fosse namorado, ela estaria dormindo no meu ombro e eu mexendo naqueles cabelos de índia a fim de acabar com o tédio causado por uma viagem longa em que não consigo dormir. Foi por aí que lembrei-me da moça que pediu-me meu número. Eu estava ali, fantasiando coisas. Algumas ruins, outras boas. A maioria boa. E ela? Ela nem deveria saber meu nome. Ela não sabe meu nome. Na verdade eu sou tão desinteressante para ela que ela sequer tentou resistir ao sono. Ela simplesmente dormiu, após ser gentil comigo tirando suas coisas da poltrona. Ela fez exatamente o que eu faria com uma menina extremamente desinteressante: seria gentil, mas pararia aí. Não iria atrás dela porque ela é o que é: desinteressante. Se você ainda está lendo isto esperando que eu diga que pedi-lhe o número e ela negou, não, não fiz isso. Eu não tentei mais interagir com ela. Depois que tive essa reflexão tentei não olhar mais para ela, não queria iludir a mim mesmo, envenenar-me ainda mais com falsas ilusões, planos. Apenas fiquei imaginando o quão desinteressante, baixo-nível eu devo ser para ela. Não que ela, especificamente, importe. Ela não é 80% do meu modelo de depósito de porra ideal, mas é o mais próximo que já consegui encontrar. Imagino se um dia encontrar a depósito de porra ideal, perfeita, serei a ela igualmente tão desinteressante?
  3.  
  4. É um pau no meu cu horrível. O que eu sentiria se fosse rejeitado pela depósito de porra perfeita para mim? Ou pior, se ela não ao menos me notasse? Ao mesmo tempo penso sobre aquela menina e talvez até outras, as quais deveriam ter planos bobos para comigo e eu simplesmente ignorei porque "tem algo melhor por aí" ou desinteresse em seus amores. Neste momento que relato isto para vocês, meus ir/b/ãos, não sinto raiva ou carência, apenas um pau no meu cu de vazio. Eu não posso odiá-la, nem ninguém, por me achar desinteressante. Talvez eu possa me odiar. Talvez eu deveria ter dado amor a quem ofereceu, talvez eu devesse ter ido às festas que, quando mais jovem, me convidaram para ir ao invés de ficar em casa jogando jogos. Talvez eu não devesse ter feito o que me disseram para fazer, e sim aquilo que seria prazeroso de se fazer.
  5.  
  6. A vida é uma merda, caras.
  7. Anônimo 25/02/17 (Sab) 23:23:0
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