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- Os egípcios caíram na emboscada e a cavalaria avançou. Alluwamna e seu pai iam na vanguarda. Será que a sede de sangue era dele ou de sua espada?
- Porém, não pôde refletir nisso por muito tempo. As forças inimigas foram pegas de surpresa, mas estavam agindo rápido. Conseguia ver os arqueiros se preparando e as carroças avançando. E quando a chuva da morte chegou, os exércitos se deixaram levar pela desordem.
- Por um momento, era só ele e o pai, cavalgando no vale, como quando ainda era uma criança. Porém, essa visão nostálgica durou pouco. As flechas que zuniam no céu e algumas vezes passavam de raspão perto dele eram uma constante lembrança de que os dois estavam afundados no caos e à beira da morte. Ele se recusava a pensar nisso. Não, não iria morrer. Não naquele dia, não tão jovem, com uma linda mulher o esperando em casa. E o velho hitita que era seu mestre, professor e figura paterna? Ele era muito forte. Ensinara-o tudo o que sabia. Depois de lutar em tantas batalhas, imaginar que morreria ali era, no mínimo, irônico.
- Mas, quando viu a flecha perfurando a cabeça do seu pai, todos esses pensamentos saíram de sua mente, assim como a esperança saíra de sua alma.
- No dia seguinte, naquele mesmo lugar, o bafo quente da morte penetrava os soldados, tanto hititas quanto egípcios. O rio que um dia possuíra águas cristalinas estava banhado de sangue e corpos. O vale estava também cheio de cadáveres, com aqui e ali alguém despindo os homens mortos em busca de um item valioso. O som da ganância é mais alto que o da honra, e o desejo seduz mais que o respeito.
- Mesmo assim, eles ainda acreditavam. E rezavam silenciosamente à noite para que suas famílias estivessem a salvo, e para que conseguissem retornar a elas. Rezavam para que a desolação da guerra acabasse, e que a ambição do faraó diminuísse. Rezavam para que suas divindades os protegessem. Será que o fariam?
- Impérios iriam surgir e outros, desaparecer. Pois os humanos são, mais do que qualquer outra coisa, instáveis. E, assim que um deus é esquecido, ele deixa de existir.
- N.A.: O narrador é o narrador. Pode ser um professor de história macabro.
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