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JACKINHO E JONGSUK BG

Nov 29th, 2014
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  1. Desde que pisara fora do quarto, a cada passo dado, pensara em retornar. Embora fosse natural da situação o nervosismo, o garoto não podia deixar de se sentir temeroso quanto ao resultado do que iria fazer. Entretanto, como palavras sempre lhe pareciam faltar nas situações mais complicadas, restava-lhe agir, como sempre. Assim, seguindo o conselho de Jaebum e de Choa, o coreano passou o dia na sala mais escondida que fora capaz de encontrar, com o violão emprestado em mãos e o celular logo ao lado, gravando a música escolhida para presentear o amigo e, juntamente, demonstrar de certa forma aquilo que vinha sentindo.
  2. Yejun não cantava com frequência, tampouco na frente das pessoas, mas a verdade é que por mais que dissesse ser ruim na coisa era detentor de uma boa voz. A timidez era a responsável por nunca fazer coisas daquele tipo, mas frente ao aniversário alheio e a própria falta de possibilidade de comprar algo, gravar a canção era o melhor presente que poderia dar. E assim sendo, o garoto cantou repetidamente a música de uma de suas bandas favoritas, Neon Trees, até que considerasse tudo bom o suficiente para fazer a gravação.
  3. Ao fim do dia, a garganta doía um pouco, a rouquidão era clara, mas o sorriso pequeno e nervoso que manteve-se nos lábios demonstrava sua satisfação consigo mesmo. Assim, aproveitando-se da distração dos amigos e do próprio aniversariante com a festa preparada para Jackson, é que foi parar no quarto do chinês. A porta foi aberta com cautela e o pendrive, escondido dentro do envelope que continha em seu verso o próprio nome e a palavra "presente", foi deixado em cima da cama de Kayee. O suspiro escapou baixo dos lábios rosados do mais novo que deixou escapar um riso em sopro e cansado, derrotado pela própria situação, a mão bagunçando os próprios cabelos antes de encaminhar-se para fora do cômodo. Por um momento, pensou-se em recostar-se a porta de madeira para, mas o tempo o fez mover-se de volta a companhia dos demais. E assim Yejun retornou a comemoração pelo aniversário do rapaz (agora homem) que vinha lhe tomando a maior parte dos pensamentos, incerto sobre o próprio futuro e sobre a reação alheia.
  4. No fim, quando tudo acabou e ele retornou ao próprio dormitório, foi incapaz de cair no sono. Ao invés disso, a solução foi sair para a sala de lazer novamente, assistindo algum programa baixinho na TV enquanto imaginava se o presente e a declaração velada nas palavras da letra seriam suficiente para que Kayee se fizesse ciente de sua afeição. Afinal, lá tinha jeito certo de se dizer que estava afim de alguém? Restava-lhe esperar e rezar para que o outro não achasse tudo idiota e para que, independente das próprias vontade, tudo ficasse bem no final. Assim sendo, deixou o corpo afundar um pouco mais no sofá, prestando atenção na animação enquanto o sono teimosamente não chegava.
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  25. Desde cedo, aprendeu que condições sociais e dinheiro infelizmente ditam a sociedade e a maneira como as pessoas são tratadas dentro dela. Não foram poucas às vezes em que Jongsuk assistiu seus pais serem tratados como lixo, tampouco as que ele próprio o foi, mas a inteligência e jeito safo por muitas vezes serviram como o perfeito escuro. Ele era um mestre em enrolar as pessoas quando se metia em encrencas, sempre dando o seu jeitinho pra tudo, e também era dono de um imenso coração.
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  27. A família Lee era realmente pobre e oriunda da Coreia do Sul, os país de sua mãe e de seu pai mudaram-se quando jovens para o país vizinho, em busca de uma vida melhor que nunca veio. A situação financeira era a mesma desde sempre, faltavam coisas desde sempre e moravam numa casa no fim do mundo, de madeira, desde de sempre. Na zona de pobreza de Tokyo, sem nunca ter tido muitas perspectivas sobre a vida, toda a trajetória de Jongsuk era um milagre.
  28. Ele, diferenciando-se da maioria que saia da região (e ignorando o preconceito que vinha de brinde por ser no país um gayjin), ia bem na escola, não estava em gangues e conseguia manter uma relação pacífica até com a mais encrenqueira das pessoas. É claro que se irritava com algumas coisas como qualquer mortal, especialmente se havia algo de errado com alguém que lhe era querido, mas não estourava fácil e conseguia pensar frente as mais diversas situações; tal fator, provavelmente, foi sua salvação mesmo que ele e a família mal tivessem o que comer durante a semana e isso bastasse para muitos como motivo para indignação e irritação.
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  30. Mas a verdade é que a indignação já era fiel amiga e servia como o melhor dos combustíveis para que ele buscasse sempre uma vida melhor. A concepção quanto à necessidade de fazer mais para mudar de vida era tão grande que logo ao entrar na adolescência foi arrumando bicos, ajudando os pais a pagarem tudo que entrava dentro de casa, sempre se esforçando para ser o primeiro da classe. No fim, não foi surpresa quando, graças às notas tão impecáveis mesmo com as intempéries da vida, ganhou uma bolsa de estudo para um dos melhores colégios de Tokyo. Dentro da instituição era o outcast, o que em nada lhe incomodava. Demonstrava que aceitava sua situação e não se importava com ela, um jeito tão irreverente que aos poucos deixou de ser indesejado para se tornar apenas alguém que não importava – mas que era sempre útil quando tinham trabalhos para serem entregues.
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  32. Os anos passaram como um foguete e então, como era esperado, ele ganhou uma bolsa e ingressou na Todai, sendo aprovado com louvor como calouro no curso de medicina. Ali as coisas finalmente começaram a melhorar. Com o trabalho ele ganhava mais e, mesmo quando teve de largar o mesmo para se focar de vez nos estudos, já tinha uma poupança boa o suficiente para que a situação dos pais se tornasse bem mais confortável assim como a sua própria; continuavam pobres, mas não mais miseráveis e passando por altos perrengues. E foi na universidade , também, que ele não demorou a descobrir quais das especializações lhe agradava mais. Ele se tornaria a coisa mais necessária em um mundo em que todos pareciam viver tanto das aparências: cirurgião plástico.
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  34. Quando os cinco anos do curso se encerraram e ele foi fazer residência tornou-se de todos o mais aplicado em cirurgia geral e, ao fim do período necessário para aprendizagem e sua aceitação como médico residente no próprio hospital da universidade, pode finalmente começar sua especialização final em cirurgia plástica. Agora, aos vinte e seis anos e faltando apenas mais um ano para concluir seus estudos na área, Jongsuk havia se tornado uma das mais engraçadas figuras do estabelecimento. Nunca usava as roupas certas, meio que dormia pelos cantos e era dono de um leve sarcasmo que divertia alguns e irritava outros. Sempre que tinha algum problema ele estava no meio, sempre que haviam risadas ele estava lá... E sempre que haviam broncas também.
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  36. Ainda assim, o talento nato e a garra não permitiam que qualquer um contestasse se ali era seu lugar ou não. Especialmente agora que, ganhando bem e morando sozinho em um apartamento em Nakano, podia finalmente gozar de alguns dos luxos da vida. O dinheiro vinha sempre em primeiro lugar, ele tinha criado certa aversão à pobreza e com toda a certeza faria de tudo para continuar onde estava e só subindo... E aí de quem tentasse derrubá-lo.
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