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Rio 2016 : O Legado da Mentira

Aug 8th, 2016
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  1. Rio 2016: O Legado da Mentira
  2. Um perspectiva Anonbrnews
  3. A realização de megaeventos em qualquer país do mundo precisa de preparo, cuidado e acuidade. Consiste em criar um projeto que seja sustentável e realizável dentro dos prazos estabelecidos pelo comitê organizador da atração a ser apresentada, além dos detalhes desse projeto serem discutidos com o poder público, empreiteiras e membros da sociedade civi, afim de atender as exigências necessárias sem prejudicar a população local (que deveria sempre ser a beneficiada). Porém, apesar desses termos serem condições gerais e comuns à realização de grandes eventos internacionais, o processo de construção dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro passaram longe destas linhas organizativas. Com vistas a agradar as empreiteiras e suas obras superfaturadas, um estudo produzido pelo Comitê Popular da Copa e das Olímpíadas apontou que, desde a escolha do Rio de Janeiro para abrigar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, mais de 77 mil pessoas foram removidas de suas casas. Também houve registro trabalho escravo, mortes ocorridas nos canteiros de obras espalhados por todo o país (e encaradas como fatalidades comuns), abandono de espaços esportivos construídos para o Pan de 2007, o descuido com o futuro das famílias removidas e a falta de planejamento para o futuro destas obras após as Olímpiadas.
  4. Surge a pergunta: será que as moscas ,o capim e a oxidação serão os futuros habitantes da estrutura olimpica carioca?
  5. O que já se pode concluir é que de legado teremos uma cidade mais segregada, favelas e espaços urbanos cada vez mais miseráveis e ocupados por estruturas militares, obras repletas de irregularidades e crimes ambientais irreparáveis à curto prazo. Herdaremos um Rio de Janeiro abandonado pelo poder público e entregue às empreiteiras e imobiliárias. A prefeitura serviu à estas empresas, usando argumentos infundados para remover famílias sem discussão da realização de projetos alternativos que não prejudicassem as pessoas que ali já estavam. Ao mesmo tempo, executou projetos para revitalização de espaço públicos através do investimento privado para finalidades comerciais e meramente lucrativas, contribuindo fortemente para a gentrificação destes espaços. Para os moradores removidos, restou a inclusão de alguns no programa Minha casa,Minha vida do governo federal (muitas vezes mais distante de suas moradias originais) ou indenizações irrisórias ou sem nenhuma indenização.
  6. Foram encontrados 11 operários em condições semelhantes à escravidão em obras para as Olimpíadas, em agosto de 2015. Estes operários, oriundosde vários estados do país, estavam alojados em local sem nenhuma higiene. A empresa responsável construiu os apartamentos dos atletas da vila olímpica e segundo o CPCO, desde 2013 pelo menos 11 trabalhadores morreram durante as construções para os jogos. Dinheiro do Fundo de Garantia dos trabalhadores foi usado para a construção do Porto Maravilha, que é fruto da maior parceria público-privada do país e que já está sendo investigada por corrupção pelo Ministério público. O regime diferenciado de contratações fez das Olimpiadas e da Copa do Mundo eventos com capital público e legado privado, trouxe menos transparência por parte dogovernos estadual e municipal, além de "agências e órgãos especiais, ad hoc, aos quais foram delegadas atribuições e responsabilidades de governo."
  7. Falta transparência e interesse do Estado que com vistas "ao desenvolvimento econômico e estrutural" proposto com a realização de mega eventos não garante segurança, não investe em educação e não pensa em garantir a eficiência e a mobilidade que a cidade merece como legado. Ao pensar no cuidado com o meio ambiente, segundo foi apurado no Mapa dos Jogos da exclusão da campanha “Rio 2016-jogos da exclusão”, nenhuma meta de despoluição foi cumprida. As promessas feitas pelo governo municipal ao COI e também a cidade era que 80% do esgoto jogado na Baía de Guanabara seria tratado até 2016, contudo descobriu-se que não se chegou nem a 50% do total. Quanto a compensação dos gases lançados à atmosfera pelas obras das olímpiadas, o replantio de mudas só compensou 69% da meta proposta. As obras de vias expressas tiveram vários problemas como risco de desabamentos, desconforto, superlotação de usuários do transporte coletivo e claro favorecimento às empresas que comandam o transporte público na cidade (inclusive, o Tribunal de Contas do Estado e do Município já produziram relatórios à pedido do Ministério Público por conta de suspeita de formação de cartel pelas concessionárias responsáveis pelo transporte rodoviário na cidade).
  8. A morte do povo negro e pobre pela polícia aumentou 135% segundo a comparação realizada pela Campanha. O dinheiro gasto para militarizar favoreceu a polícia, a mílicia e esqueceu do investimento em programas sociais, deixando para a população a morte como consequência de uma guerra entre polícia-milicia e traficantes. A quem interessa a crise urbana, política e econômica que vive o estado do Rio de Janeiro e sua cidade? A quem interessa o estado de emergência que provoca a militarização do espaço público, num clima de guerra e de Estado de excessão? Segundo Vainer (2013) interessa à autoridade que comanda o poder público, que utiliza-se de seu poder para agir a margem da lei, ignorando aconsulta popular e dando espaço para que as empresas e seu capital transformarem a cidade em cidade de excessão, mergulhada na corrupção e no descuido de quem, através do voto, elegeu a autoridade que deveria zelar pela preservação dos direitos civis e sociais adquiridos com tanta luta e garra dos diversos movimentos sociais da cidade e do país. O que resta para a população carioca e quais os efeitos do projeto olímpico para o rio do presente e do futuro?
  9. Em entrevista para a BBC, o Prof. Wolfgang Maennig, especialista em economia do esporte da Universidade de Hamburgo, que vem estudando há anos os impactos econômicos de grandes eventos esportivos, declarou que essas competições "costumam ser um jogo de soma zero". Segundo ele, estudos empíricos não captaram nenhum efeito significativo dos Jogos na geração de emprego, renda e arrecadação de impostos.
  10. No que diz respeito ao fluxo de turistas, muitas cidades-sede de Copas ou Olimpíadas teriam até registrado quedas, uma vez que turistas tradicionais e corporativos costumam evitar esses destinos durante as competições.Baseado no que foi apresentado até aqui, acreditamos que os jogos não terão efeitos positivos na realidade carioca e brasileira como muitos previam após a eleição do Rio para 2016. Espera-se que haja maior consciência na população, através de projetos que devem ser começados por cada um dos que, assim como nós, não acredita na farsa montada pelos governos para a garantia dos megaeventos. Essa tomada de consciência será necessária, mesmo que aparentemente tardia, uma vez que as consequencias pós-olímpicas ao Rio de Janeiro e ao restante no país, principalmente levando em consideração o colapso político e econômico que estamos vivendo, apontam um futuro cada vez mais devastador e imprevisível.
  11. Em tempo: Não somos contra o esporte! Porém, a oportunidade de usar o jogos, para o desenvolvimentodo esporte como política pública de educação, formação e gerador de saúde para população,especialmente para os mais jovens e pobres. É comum se ouvir que não existe uma política pública esportiva, mas esta existe, porém na direção inversa do que diz a nossa Constituição no seu artigo 217, inciso II, que determina a destinação prioritária de recursos públicos para o desporto educacional. O que vemos, no entanto, é o incentivo e investimento quase absoluto voltado para o esporte de alto rendimento em detrimento do esporte como instrumento de educação, apenas para contabilizar algumas medalhas a mais, inexistindo um legado esportivo social depois dos jogos.
  12. Os patrocínios das empresas estatais e privadas são exemplares desta inversão, ao mesmo tempo que investem milhões em nossos atletas de ponta, destinam nada ou quase nada na estrutura esportiva das escolas públicas e centros esportivos de base. Obviamente,isto é funcional para diversos políticos que se utilizam da falta de estrutura pública para criar 173 centros sociais e esportivos, como as Vilas Olímpicas utilizadas como currais eleitorais. Enquanto vigora esta perversa política esportiva brasileira, diversas pesquisas apontam que investimentosem esportes tem potencial para diminuir gastos públicos em saúde e melhorar a qualidade devida da população. São mais que conhecidos os benefícios do esporte para a educação. Nesse sentido, é fundamental mudar essa lógica do esporte como negócio e transformar o esporte emum direito fundamental ao bem estar humano.
  13. Referências:
  14. O Mapa dos Jogos da exclusão - http://www.cartacapital.com.br/…/o-mapa-dos-jogos-da-exclus… (acessado em agosto/16)
  15. Dossiê “Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro” https://comitepopulario.files.wordpress.com/…/dossiecomiter… (acessado em Agosto/16)
  16. Rio 2016: Olimpíada atrapalha ou ajuda o Brasil em recessão? Reportagem BBC Online. http://www.bbc.com/portuguese/noticias/…/150803_olimpiada_ru (acessado em Agosto/16)
  17. Vainer, Carlos. "Cidade de exceção: reflexões a partir do Rio de Janeiro."Anais: Encontros Nacionais da ANPUR 14 (2013).
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