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Cenário - Exercício 3

a guest
Jun 16th, 2015
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  1. Olhava para o céu quase que a cada instante como se estivesse procurando por algo. Não era o céu que lhe incomodava, mas sim a falta dele. Um grande teto abobadado e distante cobria todas as sessões subterrâneas da cidade, e mesmo o zênite figurando estrelado e magnânimo, havia qualquer coisa de inatural em seu brilho noturno que fazia os olhos arderem. Quando a brisa tocava-lhe o rosto, as rajadas fracas e constantes vindo das tubulações que orlavam as grandes avenidas, era impossível não ser tomado por uma inquietação ao lembrar-se que tudo que o rodeava era produto da mais avançada engenharia humana. Enormes estruturas de aço projetavam-se às alturas e, se é que estas tinham um fim ou não, a simples ideia de olhar para o alto parecia-lhe tão terrível quanto a de estar nas alturas e fitar o abismo.
  2.  
  3. Veículos meandravam os espaços vazios que dividiam os prédios e edifícios massivos que perfilavam-se ao horizonte. Carros impulsionados por motores iônicos e rotores antigravidade trocavam pistas, vertical e horizontalmente, como em uma dança sem fim. Moviam-se com tamanha velocidade que suas silhuetas se transformavam em sutis linhas coloridas cruzando o ar. Um erro de trajetória seria fatal. Ninguém temia ou fazia perguntas acerca do funcionamento do sistema de trânsito do subterrâneo. De fato, se alguém se interessasse por tais questões logo perderia o interesse quando as explicações se mostrassem demasiadamente longas e complexas. A população não se interessava por tais coisas. Bastavam-lhes os hologramas e os simuladores de realidade. Alguns créditos gastos e uma pessoa teria um dia inteiro de entretenimento sem sentido.
  4.  
  5. As ruas e estabelecimentos do subterrâneo possuíam um cheiro peculiar, uma mistura de lavanda e flores que era esguichada por pequenos jatos de pontas arrendondadas postadas em todos os lugares. Aquilo o irritava pois atacava-lhe uma súbita alergia que nunca tivera e sentia as narinas queimarem. Era como se aquele cheiro fosse o resultado de algum experimento malsucedido e o governo, ante ao mal odor que se espelhava pela cidade baixa, decidiu que aquilo era a melhor opção para a população que nunca fazia perguntas ou manifestava opiniões. Se todos fossem substituídos por robôs ninguém notaria a diferença. Todos andavam por entre as ruas entrando e saindo de todo o canto, evitando lançar olhos ao que não lhes era devido, e quando sentiam-se coagidos por algo que não conseguiam explicar, a sensação de ser vigiado, o questionamento interno se poderiam ser punidos por algo que estivessem a praticar, colocavam-se a fitar o asfalto, como crianças travessas que não querem ser pegas, ainda que não soubessem exatamente o que tinham feito.
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