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BG - PONY

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Apr 25th, 2015
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  1. Tudo começou há muito tempo atrás, no distrito de Queens, quando Estée começou a bater de porta em porta, vendendo seus produtos cosméticos caseiros pelos salões de Nova York afora. Os quatro produtos em potinhos azul turquesa que a senhora produzia junto de seu marido, Joseph, viraram um must have das nova-iorquinas e dois anos depois estabeleceram sua primeira loja de cosméticos na Saks Fifth Avenue. Ao longo dos anos os negócios foram se ampliando num leque de diversas possibilidades, com a ajuda de seus dois filhos, os negócios se expandiram além dos USA, nascendo a famosa marca de cosméticos Clinique. Era por esse motivo que o sobrenome Lauder tinha certo peso, não era como se o nome estivesse estampado em diversos livros de história, no entanto, carregavam consigo o respeito e admiração por onde fossem, graças aos esforços de seus antepassados, tinham comprado e criando diversas marcas famosas mundo a fora, como MAC, Bobbi Brown, Tom Ford, La Mer, bem como uniu forças com companhias do oriente, como a Amore Pacific, Kao Corporation, Shiseido Company, etc. Várias lojas foram instaladas ao redor do globo, fosse com o nome de Clinique, Estée Lauder, Make Up Store e muitas outras.
  2. Beatrice teve a grande sorte de nascer nesse berço de ouro, foi fruto de um casamento arranjado, por mais antiquado que pudesse parecer, aquela prática ainda existia entre as ricas famílias, na esperança de continuar a aumentar a fortuna que possuíam. Ainda assim, passaram a se amar, fosse por comodismo ou coisa parecida. O nascimento foi festejado com todas as regalias que a high society de Nova Iorque exigia, era a primeira neta, Jane (sua avó) não poderia estar mais feliz, talvez até mesmo mais contente que a mãe da criança rosada. Por mais que problemas de saúde deixavam a garotinha propensa a diversos tipos de doença, Beatrice cresceu teoricamente saudável, num mundo exclusivo para poucos, era a princesinha da família, e não era para menos! Tinha os melhores médicos do país para cuidar de sua frágil saúde, mesmo se fosse um inofensivo resfriado. Jane lhe comprava os mais variados vestidos, tendo até designado renomados estilistas para fazerem vestidinhos para sua princesa. Eram como carne e unha ela e a avó, Pony, como era chamada por ela (graças ao pequeno tamanho que sempre foi motivo de riso entre os primos), amava sua bisa como se fosse sua mãe, quem sabe até mais! Adorava as histórias que ela lhe contava, mais que isso, vibrava toda vez que era contado como sua tatara-tataravó fizera seu primeiro cosmético. Portanto, cresceu ouvindo que sempre deveria estar arrumada, partindo do pressuposto que nunca se sabia quando iria encontrar seu ‘príncipe encantado’. Era uma criança radiante, sempre bondosa e sorridente, era de fato como uma princesa, sua família era seu maior tesouro e enquanto os tivesse a seu lado, nada mais precisaria, inclusive príncipes e castelos.
  3. Entretanto, nem tudo era rosas, macarons e sapatinhos de cristal; quando estava terminando o ginasial notou como as meninas sempre lhe afastavam, nunca entendera o motivo, sempre se portava educada e gentilmente, sempre fixando em sua cabecinha que com bondade, gentileza e coragem poderia alcançar o topo do mundo. Não tinha muitas amigas, sempre era vista almoçando sozinha, conversando com flores, animais ou até mesmo com o nada. Até que alguém lhe disse que as garotas a tratavam com tanta indiferença graças ao “sucesso” que Pony fazia entre os garotos, uma vez que era como se uma princesa dos contos da Disney tivesse saído das páginas dos livros para viver no mundo real, elas enxergavam aquele comportamento da mocinha sempre forçado, como se daquela maneira pudesse ter o coração de todos os meninos de sua escola. Obviamente, a adolescente foi procurar refúgio nos braços da mãe e avó, a procura de conselhos, não queria ficar sozinha daquela maneira, não queria fazer com que os garotos se apaixonassem, na verdade, sequer se importava com eles. Lhe foi dito que jamais deveria mudar seu comportamento, que deveria seguir sendo quem realmente era e por fim entendeu o significado da palavra inveja.
  4. Conheceu Nadia, uma estudante do oitavo ano que ao contrário das outras garotas, decidiu conhecer realmente quem a garota era em seu âmago. Tornaram-se grandes amigas, inseparáveis até. Davam suas próprias festas do pijama, saiam fazer compras sempre juntas, e obviamente compartilhavam do mesmo amor por moda e maquiagem, trocavam dicas de beleza e tudo o que poderiam compartilhar. A amizade continuava firme em todos os aspectos, entretanto, o coração da mestiça parecia acelerar quando estava junta da amiga, aquele tipo de coisa nunca acontecera antes, foi depois de pensar e pensar que chegou a conclusão que estava apaixonada. O que em sua cabecinha não era visto como um absurdo e acreditava que para Nadia também não seria. Decidiu confessar o que estava acontecendo, mas as coisas não saíram como o esperado, ao contrário de shoujos bonitinhos que lia na internet, onde as garotas ficam juntas e viviam felizes para sempre em um palácio cor-de-rosa; a mais velha não aceitou a situação. Se não bastasse seus sentimentos rejeitados, a outra cortou todo o vínculo que possuíam, já não eram mais amigas, passaram a ser completamente estranhas. Pony não poupou nenhum esforço para conseguir uma reconciliação, porém, era apenas ignorada.
  5. Com o passar dos anos Nadia não passava de uma memória agridoce, um primeiro amor não correspondido, tentou de todas as maneiras se envolver com os rapazes charmosos que sua família lhe apresentava, entretanto, nenhum lhe chamava a atenção. Decidiu se focar em coisas mais importantes, como seu futuro. Estava em vias de completar o ensino médio, decidiu que seguiria o ramo fashion, assim como sua mãe. Mudou-se para San Fransokyo, e lá começou a andar com as próprias pernas (por mais que dependesse quase 100% dos pais ainda). Assim que terminou a faculdade, lhe foi dado de presente uma filial da famosa Make Up Store, estaria incumbida de administrar aquela loja com a ajuda de outros profissionais designados pelo CEO da companhia de sua família. Ainda assim, sentia que algo faltava, precisava de mais, tinha um sonho, uma meta a alcançar. Depois de tanta pesquisa, conversa com farmacêuticos, químicos e afins, conseguiu criar sua própria linha de maquiagem totalmente cruelty free, voltada à adolescentes e jovens adultos que gostariam de realçar a beleza que possuíam para serem admiradas por si mesmas, não para ‘príncipes em potencial’ ou para a sociedade. A linha carregava o mesmo ‘apelido’ que sua avó lhe chamava: PONY. Beatrice se encarregou do design de todas as peças, queria unir o prático ao visivelmente belo, e os resultados superaram suas expectativas, e por mais modesta que fosse, estava orgulhosa de si mesma. Não podia pedir por vida melhor, seus sonhos estavam tornando realidade, e por mais que escondia certo segredo de seus familiares, tinha finalmente entendido que princesas também poderiam ser acordadas pelo beijo de outra princesa.
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