Deixo de desenhar minhas lágrimas para que derramem-se as cores das lembranças, e tinjo meus momentos de tristeza com teus sorrisos,
Em minh’alma jaz teu nome pois és a artista que traz vida aos meus traços, em tuas mãos se moldam os sentimentos suaves mais precisos.
São teus passos o encantar das canções que ouço entre nossas danças, nas alianças deixo escrito aqueles versos banhados em juramentos,
Se pranteio, pago em pranto indulgências para encontrar o céu em teus braços e nos abraços apertados sentir o calor de teus sentimentos.

Em cálidos gritos fui me despedaçando em sementes de rosas d’amargura; em terras escuras observei minha vida se esvair enquanto regava-as com meu sangue. Me coroei com seus espinhos enquanto na mesma terra feneciam meus sonhos ao serem sugados por aquelas raízes, suas negras pétalas cortavam-me sorrisos, suas folhas, como carvão, mancharam memórias, e seu odor trazia-me as lágrimas para o brotar de lúgubres escritos. E quando vinha a escuridão tempestuosa, sepultava meu último sonho e com ele joguei as últimas sementes, e deixei-me a repousar sobre os espinhos a esperar que as negras rosas se erguessem em expressão de meu epitáfio... Mas, ao pousar em minha orbe, como um anjo, secaste minhas lágrimas e levara-me aos teus sonhos, me aquecendo em teus gestos e preenchendo um mundo vazio...

Ao teu toque, das sementes brotaram jardins e girassóis que se voltam à tua ternura, e cada cesura desvanecera em razão do calor de teus beijos,
Ao som de tua airosa voz as cristalinas pétalas esboçam teu encanto entre flores de esperança, e cada lembrança ergue-se no esculpir de desejos.
As rosas, cobertas em teu sorriso, refletem teu brilho com sua alvura, e a mais escura via agora é trilha para a paz que me trazem os teus abraços,
Sob a luz de teu excelso olhar meus medos descansam, e me deixo levar na confiança em tuas mãos em caminho a uma nova história que retraço.

Aos teus olhos me dou como o pouco que sou, mas a ti sou grato a cada vez que busca, entre tuas artes, dar a meu rosto algo mais que a tristeza,
Nas águas que observo o cair transluz em meu refletir o teu encanto enquanto peço para que teu ver te esclareça o quanto és ínclita por natureza.
E nas noites em que cada pouco de mim respira a magia de ornamentadas árias expressas em teu canto, a quem tanto se resguarda o meu convir,
Posso repousar sob o manto de tuas carícias e extinguir meu pranto, e no calor de tua aura sentir em mim a nova vida que me trouxe o teu sorrir...