Sua pele ainda estava muito gélida por causa da ausência de suas chamas autossuficientes. Fez questão de trocar de roupa mais uma vez e por casacos pesados de pele, na tentativa quase inútil de aquecer a si mesma. Sozinha ela metida do porquê Frank ter deixado ela a mercê da chuva sem ninguém que pudesse ajudá-la a não ser si mesma.
Pôs todas as roupas molhadas dentro da bolsa e viu que seu estoque de roupas secas/limpas estava acabando. Essa briga estúpida precisava acabar logo pois tinha cansado de vez de viver de vento, queria criar raízes em algum lugar.
Imaginava o que poderiam ser aqueles pombos no restaurante. Formavam um mosaico assustador no céu, e a explosão que ela ouviu poderia muito bem ser coisa do Vanya pois ele tinha um poder muito parecido.
Agora o porquê deles estarem ali, em frente ao Mike's Restaurant era um mistério realmente. Achava que o plano deles era para deter a Gangue dos Sete e não ficar à toa por aí, como era o que parecia.
Devidamente sentada e com a cabeça apoiada na parede Helena pensava sobre o porquê daquilo tudo. O frio que antes assolava agora ia diminuindo de intensidade e podia finalmente sentir o mínimo de conforto naquele lugar esquecido.
Seus olhos deram de frente com outro envelope vermelho, dessa vez pregado no teto. Tinha que pega-lo. Abriu a bolsa novamente, pegou um daqueles bracinhos de brinquedo, eu não sei o nome, mas basicamente se resumem numa haste de plástico com um pegador em forma de mão no final. Muitas pessoas usam aquilo para coçar as costas, inclusive eu, mas isso eu imagino que não seja novidade.
Ela esticou aquele bracinho na fraca esperança de alcançar o teto e pegar o envelope. Não deu certo. Era curto demais. Deve que se levantar e ficar na ponta dos dedos para que as pontas daquela mãozinha alcançassem o envelope, que caiu suavemente no chão.
Sentou-se de novo, guardou o bracinho e abriu a cartinha vermelha. Nele vinha um cartão fino e delicado onde tinha escrito, numa caligrafia invejável "Ouça os primeiros quinze minutos da ópera 'A Flauta Mágica'. Você vai gostar, é bem animado até. Se você procurar bem por essa casa, vai achar um cartão de memória para pôr no seu celular. Boa Sorte". Isso só podia ser coisa do Vanya. Só ele que tem um gosto de música tão refinado assim.
Ela saiu a procura do cartão escondido. Não o encontrou.
Então ficou pensando se o cartão realmente estava ali ou se era só para atrasa-la ainda mais. A tentação de ir embora e procurar por Frank e os outros era mais forte que ela, mas tinha que ficar.