A crescente urbanização das cidades, aliada a necessidade da preservação ambiental, torna a busca por alternativas de desenvolvimento sustentável cada vez mais importante. Entre essas alternativas se destacam, pelos benefícios e expectativas de crescimento, as práticas de agricultura urbana, que vão desde o pequeno cultivo de temperos e ervas medicinais à hortas comunitárias ou domésticas.
Estas práticas, que já são bem comuns em países europeus e no Canadá, promovem a segurança alimentar de famílias de baixa renda, além de diminuírem a dependência dessas famílias nos alimentos dos supermercados, que estão sempre sujeitos a aumentos de preços e são cultivados com alto uso de agrotóxicos.
Segundo a ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), cerca de 54% dos resíduos das cidades brasileiras é lixo orgânico. O uso de adubo orgânico como fertilizante na agricultura urbana é comum e incentivado; ele é obtido através do processo de compostagem, que reutiliza restos de alimentos e lixo orgânico em geral, e é facilmente realizado em casa; enquanto na agricultura comum, geralmente são utilizados fertilizantes químicos, que causam a degradação do solo e poluem as fontes de água.  Outros tipos de lixo como garrafas pet e pneus, podem ser usados para o cultivo de mudas, ervas medicinais ou flores.
No estado de São Paulo, a ONG “Cidades Sem Fome” desenvolve, desde 2004, diversos projetos de agricultura urbana sustentável, como hortas comunitárias e em escolas públicas e cursos de capacitação profissional. Os pequenos produtores e produtoras beneficiados podem proporcionar seu sustento e comercializar seus produtos em feiras ou cooperativas.  “É possível gerar muita renda com as hortas comunitárias. [...]  Não queremos apenas ensinar técnicas de plantio, queremos formar empreendedores”, afirma o administrador da ONG.
Algumas dificuldades, como a falta de planos e projetos nacionais e o acesso a água ainda precisam ser enfrentadas, mas por apresentar enormes possibilidades de aproveitamento, tanto ambientais como sociais e econômicas, a agricultura urbana apresenta uma tendência mundial.