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Nov 26th, 2014
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  1. Título: Mulheres nas ciências exatas
  2. A descoberta do formato de dupla hélice do DNA é atribuída a os cientistas Watson e Crick. Porém, quem desempenhou um papel fundamental a essa descoberta foi a biofísica Rosalind Franklin, chamada de bruxa pelo próprio chefe de laboratório em uma carta a Crick. Assim como Rosalind, outras grandes cientistas tiveram suas descobertas e contribuições cientificas deixadas de lado ou creditadas ao marido. A biofísica faz parte das ciências exatas, uma área por muito tempo dominada por homens, mas que conforme a luta pela igualdade de gêneros continua e progride, as mulheres vêm conquistando cada vez mais seu espaço.
  3. Entretanto, de acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as mulheres ainda são apenas 30% nas áreas de exatas, e nas engenharias, somente 26%. Mas por que um número tão baixo? É muito comum a conclusão de que isso se deva a falta de interesse ou afinidade com cálculos e números por parte das mulheres, que possuem altas porcentagens de participação nas áreas de ciências humanas. Porém, não se pode atribuir essa baixa porcentagem apenas a isso.
  4. A exclusão intelectual a que foram submetidas às mulheres historicamente é um importante aspecto a ser observado. “No caso das ciências exatas, a baixa presença feminina, historicamente, não se devia à rejeição das mulheres a essas carreiras, mas sim ao fato de que elas não podiam ingressar nelas ou não as percebiam como uma possibilidade, por causa da falta de modelos” aponta Natalia Fontoura, pesquisadora do IPEA. No Brasil, a educação destinada às meninas, quando presente, limitava-se ao ensino religioso, de afazeres domésticos e bom comportamento.
  5. Apenas em torno do século XIX o processo de educação feminina foi lentamente se consolidando, mas ainda assim elas não tinham acesso a todas as matérias que eram ministradas aos meninos, especialmente as que exigiam cálculos e maior raciocínio em geral. A primeira universidade brasileira foi fundada em 1808, contudo as mulheres só puderam ingressar em 1879, e seus trabalhos eram continuamente desvalorizados pela comunidade cientifica. Até a metade do século XX, o número de universitárias era muito menor do que dos homens. Atualmente, elas são mais da metade nas universidades do país.
  6. A ideia de que indivíduos do sexo feminino são determinados biologicamente a serem inferiores ao que diz respeito a habilidades matemáticas em relação as do sexo masculino continua a ser perpetuada na sociedade, tanto dentro de casa, pelos pais ou parentes, quanto nas próprias salas de aulas, pelos professores. Por meio de piadas, por exemplo, preconceitos de gênero são reforçados e legitimados, e são motivos de desencorajamento e ansiedade para as alunas, em um ambiente que deveria estimular a busca pelo conhecimento.
  7. A falta de incentivo na infância e de representatividade, isto é, a falta de exemplos que sirvam de inspiração com os quais as pequenas possam se identificar e se espelhar, nos livros didáticos, por exemplo também é um fator para a baixa adesão de mulheres a esses cursos. “Em certas comunidades, as meninas nunca viram um cientista, muito menos uma mulher cientista” afirma a física mexicana Deborah Berebiche, que ficou conhecida pelos seus vídeos no Youtube e palestras, onde explica a ciência em acontecimentos cotidianos. Ela também relata que no início não obteve apoio de professores, nem de sua mãe. “Onde cresci, eu era tratada como uma anomalia por me interessar por matemática e gostar de analisar as coisas.”, disse em entrevista ao blog Ciência Hoje On-line.
  8. Enquanto meninos são incentivados desde cedo a construir, transformar, brincar com máquinas e ferramentas, as pequenas são estimuladas a exercer o papel de “donas de casa” com panelinhas, fogõezinhos, vassourinhas e bonecas que até usam fraldas, em um momento tão crucial para o desenvolvimento cerebral quanto a infância. “Diferentes tipos de brinquedos trazem diferentes mensagens sobre o que é apropriado a meninos e meninas, e tem diferentes conteúdos educacionais – ambos os elementos são importantes e podem influenciar o desempenho na escola e a escolha de uma carreira mais tarde.” Afirma a professora Becky Francis da Universidade de Roehampton no Reino Unido que realizou estudos nesse assunto.
  9. O preconceito na área ainda é muito recorrente e também influencia negativamente a experiência das mulheres nessa área. A programadora de softwares Priscila Mayumi, em um relato sobre sua experiência em seu curso, conta: “ [...] os meus colegas me diziam que eu nunca deveria seguir na carreira -- onde acabei de completar quatro anos profissionais. [...] Confesso que foi complicado, muitos homens ridicularizavam mulheres, diziam que não éramos capazes. [...]”. Também são comuns os estereótipos relacionados a aparência física das mulheres que escolhem profissões consideradas masculinas. Suas capacidades intelectuais acabam sendo reduzidas á como se vestem, sua maquiagem ou a falta dela.
  10. Aferir o baixo número de mulheres nos diversos ramos da matemática, química ou física á simples falta de interesse não é suficiente. É preciso analisar diversos aspectos históricos, sociais e culturais, e perceber que esses aspectos negativos podem ser mudados e vem sendo ao longo do tempo. Políticas públicas que visam o estímulo à inclusão de mulheres nessas áreas são imprescindíveis, assim como promover métodos de ensino não excludentes, criar brinquedos que estimulem a capacidade cerebral independentemente do gênero das crianças e desconstruir estereótipos.
  11. Promover condições favoráveis ao ingresso das mulheres às ciências exatas é uma maneira de promover a igualdade de gênero, pois são ampliadas as possibilidades para que as elas protagonizem sua própria história, exercendo a totalidade de seu potencial intelectual e criativo, através de equações, fórmulas, projetos, pesquisas, e descobertas. A escolha do curso que se deseja seguir carreira, não deve ser fundada em concepções definidas de papéis de gênero, mas sim nos próprios desejos e interesses do individuo, em qualquer campo do conhecimento.
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