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Apr 25th, 2018
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  1. O século XIX foi um dos séculos mais dinâmicos da história. Com o advento do Capitalismo na Europa, houve um crescimento populacional expressivo, aumento de trabalhadores na cidade, surgimento da fotografia, surgimento da eletricidade, surgimento do telefone, surgimento dos automóveis. Além dessas questões materiais, descobertas nos campos biológicos, físicos e químicos. Viagens artísticas de exposições de quadros percorriam as principais capitais europeias e americanas. As fronteiras entre os continentes diminuíam, ainda mais que um século anterior, James Cook tinham conquistado a Oceania. Uma literatura fantástica, especialmente pelo francês Júlio Verne, surge no século XIX voltada para o espanto com esse novo tempo: Volta ao Mundo em Oitenta Dias, Viagem ao Centro da Terra, Vinte Mil Léguas Submarinas.
  2. Em meio a todas essas questões será que o homem conseguia estar plenamente realizado e satisfeito? A religião, perdia parte da sua força por teorias que a colocavam em uma condição de atraso, como o Positivismo e as descobertas biológicas. Qual era o sentido da vida para esse homem do século XIX? Permeado de várias descobertas e inovações, será que o interior do sujeito estava plenamente resolvido ou o homem era apenas um indivíduo permeado de estímulos artificiais? Foi nesse terreno de indagações que a corrente do Existencialismo passou a ser praticada e vivenciada.
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  4. Arthur Schopenhauer (1788 – 1860).
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  8. Um dos grandes nomes do século XIX, Schopenhauer era cético e adepto do orientalismo (introdução de valores filosóficos orientais no Ocidente). Crítico ao idealismo hegeliano, Schopenhauer caracterizou-se pelo seu profundo pessimismo com a condição humana.
  9. Segundo Schopenhauer, não conhecemos as coisas como de fato são, mas como elas se apresentam a nós. Em razão disso, O mundo como Vontade e Representação é tido como umas obras que melhor explica as concepções do pensador alemão.
  10. Para o autor, o viver é esperar morrer e o que fazemos em nossa vida é apenas reprodução daquilo que nos é projetado desde o nascimento. Associamos ou associam coisas externas a nós que norteiam nossa consciência e subconsciência. Nesse sentido, boa parte da nossa construção, valores e concepções estão internalizados em nós e não o percebemos. Porque fazemos o que temos que fazer?
  11. Podemos pensar como exemplo a ideia de felicidade. Ser feliz é um valor interno, de vontade. No entanto, ser feliz com a aquisição de coisas ou realização de sonhos (sonhos estes que projetamos externamente) é representação. Assim, será que somos de fato felizes ou construímos uma concepção de felicidade em particular? Podemos trocar felicidade por outros elementos, como medo, ódio, sentimentos, etc.
  12. Assim, o pensamento de Schopenhauer faz uma crítica a uma vida baseada na representação, pelo qual seria uma vida inútil. Inutilidade é aquilo que existe fora de si: o presente quando se é vivido em direção ao futuro é inútil, por exemplo.
  13. Para Schopenhauer, a vida dessa forma perderia sentido. Correr atrás das coisas fazia a vida ser inútil. Perceba, que a fala de Schopenhauer é uma oposição a concepções religiosas de recompensa espiritual e até de filosofias iluministas, como liberalismo e socialismo, que acreditavam em um futuro a ser vivido.
  14. Dessa forma, viver é uma constante luta contra a natureza. Sabemos que vamos morrer, mas fazemos de tudo para retardar ou suavizar a finitude da vida. Chamamos a terceira idade de melhor idade, criamos planos de saúde, seguimos dietas para envelhecer com saúde, etc.
  15. Diante disso, Schopenhauer afirma que apenas a contemplação artística nos faz aproximar da real vontade da vida, já que o artista quando realizada suas obras está internamente inquieto e movido por aquilo que julga desconhecer.
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  17. Soren Kierkegaard (1813 – 1855).
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  21. Um dos grandes pensadores do XIX, o dinamarquês Kierkegaard abandonou a teologia para se dedicar a filosofia. De família protestante, Kierkegaard é tido como o pai do Existencialismo Cristão, embora ele faça crítica a instituição religiosa. A crítica de Kierkegaard a instituição deve-se a tentativa de uma leitura mais crítica do texto bíblico, razão pela qual Kierkegaard se aproxima da corrente do Criticismo Bíblico.
  22. Seu pensamento se caracteriza a oposição a racionalidade iluminista, voltando-se assim a irracionalidade e a subjetividade da vida. Crítico a impessoalidade da ciência e a filosofia marxista, pelo qual ele considerava anular o sujeito, Kierkegaard introduz a angústia como um problema da condição humana. Em virtude disso, O conceito de angústia tornou-se uma das obras mais lidas na filosofia do século XIX e XX.
  23. Para Kierkegaard, as nossas angústias ocorrem após as nossas escolhas, de modo que só seríamos plenamente satisfeitos quando mergulhássemos em Deus, não no Deus institucionalizado pela religião, mas pelo Deus para além do texto em bíblico em si. Assim, Kierkegaard aponta os caminhos de saciar as angústias:
  24. Estado estético.
  25. Quando os indivíduos fazem todas as coisas pensando em serem aprovados externamente. O medo de serem rejeitados os leva a uma constante angústia.
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  27. Estado ético.
  28. Quando os indivíduos fazem as coisas pensamento em terem uma consciência mais limpa, mais tranquilizadora. No entanto, a necessidade dessa aprovação individual seja uma angústia no sujeito.
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  30. Estado religioso.
  31. Quando depois de se decepcionarem ou não se sentirem satisfeitos procuram encontra a verdade em Deus. Para Kierkegaard crer em Deus era um salto no escuro, pois racionalmente não seria garantido ao indivíduo.
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  33. Friedrich Nietzsche (1844 – 1900).
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  37. Curiosamente, um dos grandes nomes na filosofia no século XIX, não era filósofo e nem tinha apreço por ela. O alemão Nietzsche era filólogo, sujeito que estuda a origem e sentido das palavras. A especialidade com as palavras fez de Nietzsche se pautar por uma transvalorização da verdade.
  38. Transvalorizar a verdade ou as palavras implica em ir a raiz das coisas e ao mesmo tempo constatar que a possibilidade de explicarem uma mesma coisa. Ademais, a verdade não existe sem sua negação. Afirmar algo, pressupõe excluir uma série de outras coisas, bem como, as certezas sofrerem mudanças no espaço e no tempo.
  39. Nietzsche não pretendia fazer discípulos ou criar uma nova filosofia. Na verdade, Nietzsche enxerga no conhecimento racional um freio aos nossos institutos, nossas vontades. Deve destacar, que o conceito de vontade que Nietzsche apresenta é de influência de Schopenhauer (autor que ele rompe posteriormente). Na perspectiva nietzschiana, no entanto, chama-se vontade de potência.
  40. Vontade de potência seria o desejo de controle sobre si e sobre a natureza, isto é, fazer o que apetece. Em Assim falou Zaratrusta, Nietzsche resumiu a concepção de vontade de potência na seguinte afirmação:
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  42. Se te apetece esforçar, esforça te, se te apetece repousar, repousa, se te apetece fugir, fuja, se te apetece resistir, resista, mas saiba bem o que te apetece, e não recue ante nenhum pretexto, porque o universo se organizará para te dissuadir. (NIETZSCHE, ANO, p.)
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  44. Então, em suma, o que propõe Nietzsche? O pensador propõe um retorno a arte trágica, ao saber instintivo e ao comportamento dionisíaco. Nietzsche, que é anti estético, afirma que há duas formas de conhecimento ou comportamento: apolínio e dionisíaco.
  45. O comportamento apolínio, do deus Apolo, se caracteriza pelo controle, razão, ordem. Já o comportamento dionisíaco, do deus Dionísio, se caracteriza pelo impulso, caos, festa. Segundo Nietzsche, o comportamento apolínio é responsável pela existência dos freios da religião e da filosofia. Tanto a moral quanto a razão são destrutivas, e nos inibe de fazer a nossa vontade de potência.
  46. Dessa forma, Nietzsche deseja a emancipação do homem por meio do retorno ao comportamento dionisíaco. A moral cristã enaltece a virtude, o sacrifício a anulação das vontades do corpo. A razão filosófica engrandece o esclarecimento, o discernimento pelo uso da consciência.
  47. Para Nietzsche, o excesso de razão do século XIX (especialmente como consequência do pensamento Kantiano, que Nietzsche tanto se opõe) produziria consequências danosas ao destino da humanidade, “profecia” que se comprovou pelas guerras mundiais no século XX. Como crítico a filosofia, sua obra Crepúsculo dos Ídolos – A filosofia a golpe de martelo, fez uma histórica “destruição” dos argumentos apresentadas pela filosofia desde a época de Sócrates.
  48. Na questão da moral, Nietzsche fez o mesmo trabalho de percurso histórico, escrevendo a obra Genealogia da Moral, em que retrata a morte do Cristo como início da naturalização da virtude e do sacrifício como um traço da prática cristã que reprime as vontade de potência.
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