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Jul 17th, 2019
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  1. Eu fui concebido em uma noite de luxúria, pecado e depravação, coisas que hoje sei que foram a causa de minha maldição. Entretanto nunca vou saber o que realmente aconteceu aquele dia, apenas imaginar o que levou minha mãe a se deitar com um Yuan-Ti, uma raça desgraçada que se rasteja pelo chão e deseja poder, mas o dia em que eu descobri isso foi mais estranho. Desde criança eu sempre tive uma fascinação por livros e conhecimento, por viver em uma cidade enorme era costume sair de casa de manhã para a biblioteca e sair de noite, com o velho Pyke me implorando para sair, dizendo que nem todo conhecimento é bom, mas eu não dava ouvidos. Parte de minha obsessão era uma forma de lidar com o que acontecia em casa, eu era o filho que recebia menos atenção e carinho, minha mãe nunca me olhou nos olhos e meu pai nunca me tratou como filho. Eu como uma criança nunca pude entender o motivo de seu ranço, então sempre me culpei por isso. Durante a adolescência consegui um trabalho na biblioteca como aprendiz, eu limpava e arrumava os livros e no tempo livre sempre lia as coisas, foi só quando comecei a trabalhar lá que pude notar uma sala estranha, um vulto que aparecia enquanto eu andava nos corredores, uma porta que só poderia ser vista pelo canto do meu olho. Ela era nada como uma porta e me olhava, falava comigo, sussurrava que sabia do meu segredo e que ela poderia me dar todo o conhecimento do mundo, durante esse transe o velho Pyke me deu um tapa na cabeça, ele, que era brincalhão e irreverente, ficou sério e com receio, dizendo que aquela sala era fora dos limites até para ele, e que eu nunca deveria entrar alí. Mêses se passaram e desde aquele dia eu tinha sonhos realistas em que via massas cartilaginosas flutuando sobre o céu estrelado, com mil olhos e braços fazendo movimentos estranhos enquanto se arrastava pelas estrelas, essa coisa parecia não me notar, e eu acho que se me notasse eu pereceria alí mesmo. Outros sonhos me mostravam cidades tortas com prédios totalmente estranhos, nunca tinha visto algo como isso, outros seres indescritíveis, alguns com bocas e dentes, outros com cascos de bode, e a cada dia minha curiosidade almentava. Finalmente um dia, o velho Pyke morreu, e o cargo de bibliotecário chefe estava vago, foi para outro homem, um cara de meia-idade que mal se importava sobre o trabalho, apenas o fazia. E então, sem vigilância eu entrei na sala, e fiquei surpreso a ver que ela só guardava um livro, um livro revestido em couro com páginas velhas, o tomo sorria para mim enquanto me chamava, suplicava para que eu o abrisse, desse apenas uma olhada nele e o conhecimento viria. Eu o toquei, e no mesmo momento tive visões que pareciam não acabar, eu voava pelo cosmos descobrindo segredos nunca antes revelados, mostrando quem eram os verdadeiros criadores de nossa realidade, e de muitas outras. Quando a minhas visões acabaram, percebi que nem tinha ao menos tocado no livro, apenas minha intenção de receber seu conhecimento foi o bastante, mas eu já não era mais o mesmo. Notei que minha mão estava áspera, minha língua não cabia mais na boca e minha visão estava mais nítida e longínqua.
  2. O que diabos era isso?- Eu me perguntava em minha mente - Que maldição é essa?
  3. Maldição? - Uma voz respondia e ria - Apenas revelei sua verdadeira identidade, não era conhecimento que você queria?
  4. Eu tentei correr para longe da sala, mas minha vontade de conhecimento não queria deixar o livro para trás, então o coloquei na minha bolsa e corri para casa. As pessoas me olhavam estranho, eu achei que fosse por correr no meio da noite, mas elas estavas me observando como se um monstro passasse pela rua. Ao chegar em casa, minha mãe derrubou um prato que ela estava segurando e começou a chorar. Meu pai me olhou e clamou que sabia, que sua mulher havia mesmo fornicado com monstros. Ele veio em minha direção com a intenção de me matar, mas assim que ele se aproximou, tentaculos brotaram do chão de madeira e o seguraram em cada membro. Eu percebi que eles vieram de mim, do meu reflexo de me defender dele, e o arremessei pelo outro lado da sala, onde mais tentaculos o envoltaram e sufocaram. Toquei na testa de minha mãe ajoelhada no chão e pude ver o que ela havia feito, e o resultado de seus pecados em mim, ela também teve que perecer. Os tentáculos juntaram meus pertences, como eu os mandei, e eu fugi daquela cidade erguida em mentiras, vendo minha casa ser consumida pelas formas que eu criei.
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