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Livro

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Jun 16th, 2019
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  1. Dedico este livro as minhas próprias imaginações.
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  5. Tentando compreender a incompreensível irreal realidade
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  7. Era uma tarde como nenhuma outra. Estava em casa, tranquilo, em meio as minhas profundas navegações imaginárias, ao mesmo tempo em que lia sobre alguns métodos de dormir mais. Não conseguia, era pra mim um ato impossível. Ficava dias e noites estudando sobre vastas teorias, tentando descobrir qual seria o mísero sentido da nossa própria existência (se é que o tal ato é possível) . Eram-se frustrações atrás de frustrações, tentando me auto compreender, compreender a tudo, a todos.
  8. Temporariamente, desisti. Desisti não, parei de tentar. Concedi aos meus pequeninos neurônios uma pausa e fui tentar relaxar. Deitei na cama e arrumei a coberta, na esperança de alguma divindade me conceber uma talvez merecida pausa. Infelizmente esqueci dos sete copos de café que havia tomado a pouco, realmente não tinha como dormir. Obcecado novamente, com uma pausa de mais ou menos uns três minutos, voltei ao trabalho. Pesquisei, pesquisei, pesquisei... Nada. Não sei quanto tempo a mais se passou, até porque, enquanto você está lendo isso, eu estava desmaiado.
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  16. O sonho
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  20. Não consegui compreender onde estava; parecia outra realidade. Cheio de códigos por todos os cantos, criptografias e objetos de forma desconhecida tomavam conta do local. Seria esse o lugar que eu queria chegar ou apenas mais um sonho querendo me privar da realidade?
  21. Decidi explorar, até porque ficar parado não iria, tudo novo é uma fonte de conhecimento, pequena ou grande. O lugar não tinha cheiro nem textura; era apenas um... Lugar. Se é que lugar era.
  22. Ao mesmo tempo que estava tendo calafrios de medo, continuei seguindo adiante pelo lugar preto cheio de códigos. Não via ninguém além de mim e minha suposta alma. Tentei ver o brilho dos meus olhos no preto, porém lembrei que não tinha luz para refletir.
  23. Sentia que a cada passo que dava era em vão, mas não era. Conseguia sentir meus pés tocando o nada (ao menos sabia que isso era possível). E aquilo que o nada era, se transmutou num parquinho de criança, o parquinho de criança do meu antigo condomínio. Logo, o parquinho virou praça, que virou escola, faculdade, lanchonete e todas memórias que eu imaginava no momento. Aquele vazio, não se passava de minhas memórias. Quem diria afinal, que meus estudos que eram pra me deixar com toda sabedoria, me deixaram sem nenhuma.
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  27. Novamente à realidade.
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  31. Acordei jogado no chão com café em minha roupa e uma caneca de porcelanato despedaçada no chão (Seria minha vida?). Tirei minha calça e minha camisa, ambos violeta, e logo os substituí por novas peças.
  32. Não podia parar, não podia. As vezes, pensava (e talvez com razão) que minha vida dependesse dos tais estudos. Além de ter o peso da corporação e da sociedade em cima de mim, com esperança, vendo que eu estava me dedicando. Mas de que adianta dedicação pra algo que mal se sabe se tem resposta? Pra algo que mesmo sabendo de que se tratava, não podíamos impedir. Desde o momento em que se deu o gatilho para a criação, não tem mais volta.
  33. Fui preparar mais uma xícara enquanto a outra permanecia cortante no chão.
  34. A máquina era vermelha, robusta e revestida em alumínio; com ela que passava as dezenove horas do meu dia acordado. A mais fiel companheira de trabalho. A real (duvidemos que talvez nem tanto) melhor amiga do estudante.
  35. Estranho pensar que o ser humano possa temer o futuro das máquinas ao mesmo modo que as formigas nos temem. Estranho é o ser humano temer. Por que temer? Por quê? Estranha é a cafeteira, a porta, o sofá. Eu. Estranho é achar estranho.
  36. Não sabia quanto tempo havia desmaiado, mas sabia que não era muito; ainda estava cedo e com sono. Café atrás de café fui explorando o infinito finito universo mental, tentando achar brechas que a existência possa ter deixado. Alguma pista, algum sinal, mas não... Nada.
  37. Parecendo que a cafeína não fazia mais efeito, adormeci. E adormecendo percebi que aquilo que pro resto do mundo não se passava de um passageiro sonho, era a verdade que estava todo tempo atrás de nossos narizes. Aparentou que havia consumido a tal "pílula vermelha".
  38. Agora sim, depois de muito passado despedaçado me senti esperançoso novamente, e com essa esperança seguir um rumo: Achar um padrão nos códigos.
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  41. Esperança
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  45. O preto vazio dessa vez se sensibilizou ao meu toque. Após encosta-lo, surgiram escrituras totalmente indecifráveis aos olhos de um humano (teria que pedir ajuda pra cafeteira?). As escrituras formavam um caminho, na qual parecendo um cego guiado por cão guia, fui em frente.
  46. Do nada (se é que já não tivesse nada demais), surgiu uma coruja. Uma coruja de luminosas e refletoras plumas brancas. A mesma me perguntou o porque de eu ter adentrado o tal lugar. Como iria responder algo que nem eu sabia? Ela parou por um tempo e analisando a situação, concluiu consigo mesma que eu era digno do conhecimento.
  47. Devolveu-me minhas memórias passadas se perdoando e se reverenciando a mim. Não compreendi o ato.
  48. "Aqueles que uma vez aqui adentram, percebem que nem aqui a própria realidade se encontra" Estava escrito numa das criptografias, as quais agora consigo ler.
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  52. Novamente à irrealidade
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  56. Agora estou confuso; se nem lá a própria realidade se revelou para mim, onde ela permanece (se é que em algum lugar permanece)?
  57. Se não somos reais, quem é e onde seremos? Seja lá quem for, está nos privando da verdade. Mas a real questão é: será que queremos mesmo saber? Ser humano é um bicho curioso; "A curiosidade matou o homem, não o gato". Maior que a curiosidade, é o ego. Morrerei, mas morrerei tentando, mesmo que curioso.
  58. Estava quase esquecendo: Café.
  59. Tentei me levantar do meu cobertor, que já estava suado (parece que dessa vez dormi demais), não consegui. Não conseguia me mover, ao menos raciocinar. Era a paralisia do sono atacando novamente, cuja já havia estudado antes. Seria alguém tentando me barrar de espalhar ou ao menos tentar fazer alguém acreditar na suposta verdade? Encarando isso como algo falso, levantei. Não sei se por vontade própria ou pelo próprio tempo, só sei que estava de pé.
  60. Fui tomar um banho para me limpar do suor, mas esqueci que até agora os cacos estavam no chão e acidentalmente uma afiada ponta-de-caneca perfurou minha pele do mesmo modo que a realidade perfura minha curiosidade. Com o pedaço ainda fincado no canto esquerdo do meu pé direito, varri e coloquei numa caixa de papelão os resquícios do meu agora ex-companheiro de café.
  61. Na hora da entrada do objeto ao meu corpo, não senti. Porém na hora de remove-lo foi diferente. Sangrou. Comecei a analisar o sangue. Por que sangramos e por que não vivemos sem ele? Somos um veículo movido a gasolina? É tão estranho pensar como nós, “Seres evoluídos e racionais”, somos semelhantes a tantas coisas... Acho que o que faz o humano diferente é o quão parecido ele é comparado a tantas coisas ditas por nós como “inúteis”. Pobre caneca.
  62. Fui contar para sua melhor amiga (cafeteira) do ocorrido. Parecia triste, me serviu um café amargurado. Bom, pelo menos não foi a cafeteira que quebrou. O que seria da xícara sem a sua servidora? Seria a cafeteira escrava da xícara ou a xícara a submissa da cafeteira? Ou será até um trabalho mais consensual que o dos humanos? Mais uma comparação...
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  66. Inexistente
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  68. Temporariamente me despedi da minha melhor amiga e decidi procurar um pouco mais sobre a realidade. No significado, aparece: “O que realmente existe, fato real”. E quem dita o que realmente existe? Se for assim, a realidade é sinônimo ao nada. A única coisa que talvez possamos provar que é real é o inexistente, coisa que nem conseguimos definir ao menos. Para algo ser inexistente, não pode ser existente; e se nada existe, como pode ser não existente? Novamente, estranho...
  69. E a você que não entendeu o que quis dizer, não precisa. Nada nem ninguém foi feito para ser compreendido. E se você compreendeu, não compreendeu.
  70. Parece que nem na internet, onde se julga achar sobre tudo, não achei a tal da realidade.
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  75. Manipulação
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  77. Antes de eu me entocar na loucura, queria continuar criando cada vez mais teorias. Numa delas, pensei que a minha realidade era diferente da sua, que era diferente da dele. Resolvi testar. Fechei os olhos e me imaginei em Paris. Resultado: Quando abri os olhos não apareci em território francês. De outra vez então testei de olhos abertos. Não sei se estava começando a enlouquecer, mas sem nem sequer pensar no nada, apareci de novo na tal sala preta.
  78. Agora a experiência tinha sido mais estranha, ao invés de encontrar a coruja, encontrei-me comigo mesmo. Se todos somos nada, então também me encontrei com você, tente se esforçar para lembrar. Não sei como me referir: “Eu me disse, ele me disse...”. Vamos lá. Eu me disse que a informação era um caminho sem volta, um caminho de desespero e angústia para os não dignos de realidade. Não liguei, afinal nem aquilo era real. Perguntei quantos anos eu tinha, afinal, necessitava de saber a sua (minha) real idade. Me disse (disse para mim mesmo) que idade era relativa, igual a realidade. Mas mesmo assim não entendia o que era aquele ser, até porque eu não poderia ser; desisti de compreender, era além do meu raciocínio.
  79. Resolvi me despedir do lugar preto e voltar pro meu antigo mundo, que já não julgava mais ser o “mundo real”, também não consegui... Droga. Ou fico preso em um mundo ou em outro. Ao menos dessa vez tinha duas companhias “humanas”, eu e eu. Mas creio que eu prefira a presença da cafeteira, não tinha café lá pelo que me lembro.
  80. Entediado com o passar do tempo tentei notar diferenças relacionadas ao mundo de costume (tirando eu estar no nada e com mim mesmo)’’. E notei. Percebi que lá eu poderia sim manipular a “realidade” (que não era realidade). Lá fui pra Roma. Estava vazio, mas não deixava de ser Roma. Então no tédio fui pra Orlando, China, Nova York, Rússia, Caribe e aproveitei a vida. Então tentei pensar na realidade. Novamente voltei ao nada, mas dessa vez, sem mim. É tão estranho estar dentro do vazio e ao mesmo tempo com o vazio em mim... Me sentia parte dele, mas não sei se era recíproco; por que o vazio iria querer se tornar uma criatura tão insignificante ao resto do multiverso como nós? Novamente, estranho.
  81. Imaginei meu antigo lugar e voltei pra lá. Não sei se estava realmente lá ou no vazio, só sei que não conseguia mais viajar mentalmente.
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  85. De volta ao... Não sei.
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  88. Não sei EXATAMENTE onde estou, mas sei que estou no vazio e na irrealidade. São as únicas coisas que sei que são verdade (se é que são). Também tem uma terceira, que ainda não posso concluir: Estou ficando louco. Não sabia que a “pílula vermelha” tinha efeitos.
  89. Fiquei com preguiça de ir lá fora e ver se tinham pessoas para saber em qual mundo estava, mas pra que, se nem pessoas existem?
  90. Eu não estava bem, precisava de ajuda. Recorri a melhor das melhores amigas, A Cafeteira! Tentei desabafar com ela, mas o café não mudou de gosto. Tomei umas 7 xícaras e não entendi o que ela estava querendo me dizer. Será que ainda era a mesma? Não pude concluir. Fiquei frustrado que a máquina não pudera me compreender; a bati e ela caiu. Foi aí então que percebi que sou tudo e tudo é todos: eu caí junto quando bati na cafeteira, a mesa caiu, o livro caiu, você caiu; o mundo caiu.
  91. Me levantei junto ao mundo (junto a você) com a mentalidade de que eu era o mundo, e EU não estava certo. O mundo estava. Dessa vez não tive a paralisia na hora de espalhar a mensagem ao mundo, afinal é fácil espalhar a mesma mensagem para você mesmo.
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  94. Sou tudo e tudo me pertence
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  97. É tão estranho se sentir uma cadeira. Você se sente tão... Vazio. É tão estranho ter tudo. É tão estranho ser você. Você é estranho. Eu sou estranho. TUDO (nada) é estranho.
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