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Business agility

Uma das questões que sempre enfrentamos quando pensamos em business agility e em ser uma empresa ágil ou não é como identificar se o nível de complexidade, de incerteza que tenho no meu negócio realmente justifica um investimento em business agility?

Temos algumas formas de fazer essa avaliação. Uma das formas é avaliar o tipo de informação com que você trabalha. Hoje nós vivemos em uma economia do conhecimento, em que nossa mão de obra é composta por profissionais do conhecimento, então informação é a nossa principal matéria-prima.

A pergunta que fica que é determinante para você identificar seu nível de complexidade é: o quão perecível é sua informação? Ela informa só com o que você está trabalhando no seu contexto? Ela deixa de ser verdadeira ou é substituída em um curto período de tempo ou é estável? Ela continua sendo válida dentro de um longo período de tempo?

Vamos supor, nesse primeiro cenário, que sua informação é estável. A qualidade da sua informação é estável. Eu tenho a informação hoje, e ela vai continuar sendo verdadeira, valiosa durante um bom tempo. Significa que você não tem um alto nível de complexidade. Provavelmente você não precisa de business agility. Você consegue pegar essa informação e fazer um planejamento para daqui três anos, e daqui três anos aquela informação continua com qualidade, continua sendo válida.

Outro cenário é: sua informação começa a se deteriorar, mas depois de um tempo. Fazemos um planejamento não de três em três anos, mas anualmente, porque entendo que a informação que tenho hoje continua sendo válida para o segundo semestre desse ano, mas para o ano que vem, ou para daqui quinze meses, muito provavelmente essa informação não é mais verdadeira ou não tem tanto valor.

O outro cenário é crítico. Você tem essa informação, ela tem qualidade hoje, mas você enxerga que mês que vem talvez ela não valha mais nada. Você enxerga que com certeza no final do trimestre ela não terá mais poder nenhum para o seu negócio, o que significa que nesse contexto, você está trabalhando com informações extremamente perecíveis. Quanto mais perecível a sua informação, maior o seu nível de complexidade. Avaliar essa questão é um dos caminhos que podem te ajudar a identificar o nível de complexidade que você tem no seu ambiente.

Outro cenário é você fazer uma reflexão ou utilizar ferramentas que te ajudam a detectar se você trabalha mais com problemas intelectivos ou com problemas subjetivos dentro do seu ambiente. A maioria dos problemas que você quer resolver são intelectivos ou subjetivos? Intelectivo é o tipo de problema que tem uma resposta certa. Você tem um problema para resolver na sua empresa, um desafio, e há uma única forma certa de resolver aquilo.

Talvez você não saiba, talvez você tenha que fazer um longo processo de investigação, talvez tenha que estudar uma série de documentos, talvez tenha que contratar um consultor, um especialista no assunto para conseguir essa resposta correta, mas há uma resposta. Essa resposta correta ou é a definição de processo, ou uma resposta matemática, científica, enfim. Há uma resposta correta. É como se você perguntasse qual a capital de São Paulo. Há uma resposta correta. Você pode não saber, mas a resposta é São Paulo. Se alguém te perguntar, você vai responder “São Paulo”, a pessoa não pode discordar. Há uma definição de que essa é a capital. Essa é uma pergunta intelectiva onde há uma resposta clara, correta.

Existem também problemas subjetivos, questões subjetivas. As questões subjetivas são aquelas que possuem várias possibilidades. Você tem um problema e não há uma resposta correta. Você pode investir quanto tempo quiser, fazendo pesquisa, estudando documentação, você pode contratar os maiores especialistas do mundo e o máximo que vai conseguir é melhorar sua aposta, mas você não consegue ter garantias de que aquela resposta é correta. Você só consegue avaliar se aquela resposta foi correta ou não após experimentar.

Nesse tipo de contexto, você tem que investir muito em experimentos. Você tem várias opções, faz um trabalho para melhorar suas opções, mas não tem jeito, você precisa de um ambiente em que seja seguro falhar, porque no meio desses experimentos obviamente um ou outro vai falhar até você encontrar o correto.

O que você tem que avaliar aqui é o quanto seus problemas e desafios no seu ambiente são mais intelectivos ou subjetivos. Vamos imaginar que em um primeiro contexto, onde você tem a maioria dos problemas sendo intelectivos e apenas uma parte é subjetivo. Em um cenário desse, não há alta complexidade no negócio. Isso era muito comum século passado, período industrial, etc. A maioria dos problemas que você tinha no dia a dia do trabalho tinha uma resposta definida em um processo, ou com o gerente, ou com o especialista. Era só perguntar para ele, ele iria te dar a resposta certa. A maioria do seu trabalho era guiado, liderado por esses tomadores de decisão dos problemas intelectivos, já que a maioria deles era desse tipo, eram conhecidos, estáveis.

No entanto, o que percebemos é que se tornou muito comum estar envolvido em desenvolvimento de produtos ou desafios de negócios onde cada vez mais você tem problemas subjetivos, onde você terá que experimentar. Você só vai saber se a funcionalidade certa de investir naquele produto era realmente a certa, por exemplo, depois que você lançar seu produto e depois que o mercado te der uma resposta sobre usar ou não usar aquela funcionalidade, comprar ou não o seu produto. Você pode investir muito durante o processo de desenvolvimento, contratar especialistas. Você simplesmente vai melhorar sua aposta, mas não existe a funcionalidade certa ou errada. Você só vai conseguir saber isso depois que experimentar e colocar no mercado.

Mais problemas subjetivos, maior o nível de complexidade. Mais problemas intelectivos, menor o nível de complexidade.

Por fim, vamos supor que você percebe que no seu ambiente a maioria dos problemas que você encontra possui uma resposta correta, e essa resposta é conhecida. Você tem essa informação lá. A resposta é muito rápida. Ou, você entende que a maioria dos seus problemas possui algumas possibilidades de respostas, mas elas são conhecidas.

Você simplesmente tem que investigar, correr atrás, mas você é capaz de pegar essa informação. Em outros cenários, você entende que você tem que experimentar. Você não consegue antever a melhor resposta para aquilo. Você tem que fazer um experimento. Em outros contextos, você tem que resolver o problema, você não tem tempo para pensar se a resposta é correta ou não. Você tem que resolver imediatamente. Depois você analisa se foi a melhor solução ou não.

Eu estou revisitando o modelo CYNEFIN, sobre o qual falei em outras aulas, partindo da identificação dos problemas até chegar na natureza deles, se óbvio, complicado, complexo, caótico ou mesmo se é desconhecida. Como vimos, agilidade organizacional, business agility é indicada para aquela zona entre o complicado e o complexo.

São três formas diferentes de avaliar, identificar o nível de complexidade que você tem no ambiente. Espero que uma delas seja útil para você avaliar o nível de complexidade que você tem no seu negócio e tomar uma decisão sobre o quanto você deve investir em business agility. Nos vemos na próxima aula.