Guest User

Untitled

a guest
May 22nd, 2018
81
0
Never
Not a member of Pastebin yet? Sign Up, it unlocks many cool features!
text 8.13 KB | None | 0 0
  1. CAPÍTULO 6
  2. Kadeny acordou, e já não estava tão confortável como na noite passada. A areia entrara nas vestes da menina e um gosto estranho estava em sua boca. Levantou-se com dificuldade e começou uma lenta caminhada, afundando os pés na areia, que em pouco tempo despertaram dores nas costas que provavelmente se deviam à dormida desconfortável. Tudo que queria agora era encontrar alguma coisa de útil. Estava desesperada, e ao mesmo tempo, tranquila. Parecia se conformar em ficar naquele lugar para sempre.
  3. Andou vinte minutos sob o sol escaldante, e parecia começar a desidratar. Seus lábios ficaram secos e começou a sentir sede. Moe parou de andar. Sob a sombra de uma palmeira, deu uma olhada onde estava. A areia brilhando, as ondas molhando a orla, o mar azulado refletindo sobre o sol que ainda estava nascendo. Nem sinal de habitação.A onda batia e escorria em umas pedras marrons ao longe. Não havia opção se não continuar andando.
  4. Andou mais quinze minutos, a sede aumentando. Sempre que podia descansava um pouco sob a sombra de uma palmeira. Tudo estava estranhamente silencioso; tudo que poderia-se ouvir era o barulho constantes das ondas na areia ou nas pedras e do vento.
  5. De repente, avistou uma barraquinha, feita de palhas marrom. Ao lado, havia uma placa sem nada escrito. Kadeny tinha certeza que era a barraquinha do bairro oriental que vira, só que de costas. A praia continuava deserta. A menina foi correndo até lá, os pés afundando na areia, impedindo-a de ser rápida. Depois de um tempo, finalmente chegou à barraquinha. Estava vazia. A praia, antes habitada, estava deserta também. Kadeny recostou-se na parede da barraca marrom e ficou sentada, esperando algo ou alguém. Um esquadrão de pombos passou, fazendo barulho. Mas era só. Continuava apenas ouvindo o balançar das ondas. Depois de alguns minutos, os olhos cerrados por causa da claridade avistaram, ao longe, uma pessoa vindo para onde estava. Era um homem, um pouco gordo. Kadeny logo reconheceu - era o dono da barraca. Ele acenou para a menina, que levantou-se, esperançosa. Esperou o homem aproximar-se. Ele estava com o rosto protegido com uma viseira.
  6. - O que faz aqui, mocinha? - Perguntou para Kadeny simpaticamente.
  7. - Eu me perdi - ela anunciou tristemente. O homem sorriu.
  8. - Ah sim, espere um pouco. Vou te levar para onde possa tomar um belo banho, e aí te levaremos para casa. Sabe onde fica a sua casa? - O homem começou a organizar a barraquinha de comida oriental, abrindo as portinhas.
  9. - Sei onde fica a minha escola... - Disse, entrando na barraca e sentando-se num banquinho sob a sombra.
  10. - Ah, certo. Espere um pouquinho e vamos lá. A senhora Warao deve chegar daqui a pouco...
  11. Mal terminou a frase, o homem desviou o olhar e sorriu. Kadeny virou o rosto. Ao longe, a velha senhora monocromática vinha sob o sol escaldante. Estava vestida desta vez de azul, com um chapéu torto muito elegante, e um vestido cheio de enfeites azul-escuro e sobreposições de tecidos azul-claro meio transparentes.
  12. - Raila! - O homem cumprimentou, alegremente. - Sente-se.
  13. A senhora sentou-se na única cadeira da barraquinha.
  14. - Obrigada, filho... - Passou a olhar para Kadeny e sorriu. - Está é sua filha? Ou sua sobrinha?
  15. - Ah, não, Raila. - O homem disse, rindo. - Se perdeu, apareceu na minha barraquinha hoje de manhã. Você é filha do senhor Chiang, não é, querida?
  16. Kadeny assustou-se que o rapaz pudesse saber seu nome, e fez que sim com a cabeça, demasiado confusa para dar um sorriso.
  17. - Ah, se perdeu? - A senhora disse, olhando para Kadeny e recolhendo o sorriso. - Você parece estar bem, não está? De qualquer forma, não se preocupe, querida, em pouco tempo estará no conforto do seu lar.
  18. A senhora monocromática levantou-se para sair e despediu-se do homem com um aceno de cabeça. Kadeny seguiu-a, e juntas, caminharam até a rua que ia para o bairro oriental. Raila apontava e acenava para as pessoas, parecia conhecer todos. A praia já estava um pouco mais cheia; já haviam pessoas no mar e outras em família na areia.
  19. Senhora Warao era uma velha bastante simpática e elegante. A medida que caminhavam, ela ia contando a história dos lugares e das pessoas. Andaram meia hora, e pararam em frente ao templo de madeira.
  20. - Entre, querida. Sinta-se em casa. - A senhora disse simpaticamente quando abriu a porta. Havia uma grande sala que de fato parecia um templo, e Raila a levou para uma parte traseira que parecia uma casa normal. Tudo era oriental, desde o sofá, até as luzes, ou o desenho do chão. As portas e janelas eram lindamente decoradas. Raila indicou o sofá. Moe sentou-se. A senhora Warao entrou e apareceu depois com um bule de chá e duas xícaras vazias sobre uma tábua decorada.
  21. - Sirva-se. - Disse, simpaticamente, colocando chá nas duas xícaras e bebendo um pouco. Moe bebeu metade da xícara de chá de uma vez, aliviando a sede.
  22. - Então, querida... Onde fica a sua escola? - A senhora disse, entre os goles de chá.
  23. - Fica... Atravessando o lago Kivu. - Disse, tomando o resto do chá rapidamente.
  24. - Ah, sim, sei onde fica. - Disse, simpaticamente. depois de terminar sua xícara de chá, já abriu a porta para sair.
  25. - É melhor irmos logo. Se não conheço o senhor Chiang, deve estar preocupado.
  26. A menina caminhou até o lado de fora e esperou sob a sombra de um telhado sustentado por duas colunas.
  27. - Você conhece o meu pai? - Disse, acompanhando Raila que já começara a andar em direção ao lago.
  28. - Ah, sim, filha. Quase todos o conhecem... Ele deu grandes festas para você e sua irmã. - Disse, sorrindo. Kadeny não se atreveu a falar muita coisa, apenas admirou a conhecida paisagem até chegarem na escola. Kadeny olhou para a senhora, perguntando-se aonde iriam. Raila não parou de andar em direção a uma rua que a menina desconhecia. Logo em seguida, viu o hospital da cidade, e a senhora Warao entrou nele com Kadeny. A menina sentiu-se tomada por uma onda de nervosismo. Porque estariam ali? Iria fazer exames, estava doente? A senhora andou tranquilamente até o balcão, tão alto que Kadeny não conseguia ver quem estava no outro lado.
  29. - Senhor Kazumi Chiang Khai... Em que quarto está? - A senhora perguntou para seja lá quem estivesse no balcão. Alguém provavelmente checou no computador; Moe ouviu o barulho de alguém digitando e cliques. Uma voz aguda de mulher veio.
  30. - Quarto 51.
  31. - Muito obrigada, filha. - A senhora disse com sua voz tranquila e rouca, e subiu as escadas com Kadeny até o quarto 51. O coração da menina batia forte. Porque o pai estaria no hospital?
  32. A senhora Warao abriu a porta do quarto 51. Kadeny ouviu vozes conhecidas de dentro e arrepiou-se.
  33. - Moe! Ah, Moe...
  34. Kazumi estava deitado em uma cama, coberto por lençóis branco-esverdeados. O ar condicionado mantinha-os em uma temperatura agradável. Kazumi tinha uma expressão desesperada no rosto e estava muito pálido. Um tubo na sua mão levava até um saquinho de soro. Em uma cadeira ao lado da cama, Aiko estava sentada com cara de enterro. Os olhos dos dois brilhavam para Kadeny.
  35. - P-pai? M-mãe? - Kadeny disse, com lágrimas nos olhos ao vê-los nesta situação. - O que houve? - A menina aproximou-se da cama do pai. A mãe saiu da cadeira e agachou-se para abraçá-la.
  36. - Você deu um susto danado no seu pai, querida... - Aiko disse, com a filha em seus braços. - Passou mal. Está aqui desde ontem... Onde você estava?
  37. - E-eu me perdi... - A menina disse, extremamente nervosa.
  38. Kazumi lançou a senhora Warao um olhar que não dizia muita coisa. Deu um suspiro longo.
  39. - Aiko, prometa que não vai deixar as Moe sozinhas... Só têm oito anos...
  40. - Ah, sim...
  41. Depois desse susto... - Aiko olhou da mesma maneira para a senhora Warao. Kazumi começou a olhar para ela também. Pediam explicações. A senhora apenas sorriu.
  42. - Já que está tudo em segurança, já vou me retirando... - A senhora aproximou-se de Kadeny e lançou-lhe um sorriso simpático. - Melhoras para o seu pai, querida. - Disse, em seguida saiu da sala tranquilamente. Kazumi suspirou.
  43. - Moe... Você conhece ela?
  44. - Não... Ela só me achou. - Kadeny sentou-se num sofá dentro da sala e olhou para os próprios pés com um ar de tristeza pelo que tinha provocado ao pai. O casal se entreolhou.
Add Comment
Please, Sign In to add comment