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C_Ph

Untitled

Nov 26th, 2014
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Never
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  1. Era mais que real.
  2. Até que aquela pedra caiu de seus dedos, e aquela sensação quente e vivaz foi-se embora quando ela ouviu o alto ruído da porta da frente se abrindo. Antes mesmo de ver quem estava a porta ela rapidamente avaliou os possíveis esconderijos a sua volta e resolveu se esconder atrás do altar de madeira.
  3. Para sua surpresa na parte traseira do altar tinha uma portinha onde ela abriu e se escondeu lá dentro. Era escuro e apertado e tinham alguns fios elétricos ali dentro - provavelmente aqueles que faziam a redoma de vidro ficar iluminada. Estava exprimida lá dentro daquela caixinha escura, apenas ouvindo as vozes que vinham de fora.
  4. - Mas que merda! - gritava uma voz alta e irritada - Como eles ousaram fazer essa brincadeira estúpida conosco! A se eu pego esses putos...
  5. - Chefe - agora era uma voz um pouco mais calma e profunda, que ela reconhecia muito bem como sendo a de Erick - Se lembra da promessa que eles fizeram? Então cadê o marretão de Helena?
  6. - Está aqui, seus trouxas - essa era a voz esdrúxula de Ramon, tinha certeza disso.
  7. O que estavam querendo fazer com o meu marretão, ela pensava. Pegou a bolsa, a abriu, e viu que seu marretão ainda estava lá dentro, ninguém o tinha pegado.
  8. Ouviu um barulho de alguma coisa sendo aberta - provavelmente era a encomenda com cheiro de menta que tinha trazido. Ficou esperando. Esperando alguma palavra, som, suspiro que poderia servir para que ele soubesse o que estava acontecendo.
  9. Depois disso ela pode ouvir gritos irritados e palavrões dos quais não valia a pena reproduzir aqui. Então a primeira voz, ainda mais irritada, voltou a falar.
  10. - O que diabos significa isso? Saquinhos de chá-de-menta, era isso que nós tínhamos combinado com aquele bando de bastardos metidinhos? Não, isso aqui era para ser a merda de uma marreta enorme, onde ela está? - passos pesados foram ouvidos se distanciando do altar onde a aflita Helena estava escondida. Até que uma voz de mulher, fina como a de uma flauta disse calmamente.
  11. - Mestre querido... você deixou a redoma que cobre o colar aberta?
  12. - Como? - então os passos pesados pararam por um segundo e Helena desejou que eles voltassem a andar para longe, mas agora eles se aproximavam com cautela cada vez mais.
  13. - Quem fez isso? - disse sua voz alta e tão próxima quanto os passos pesados - Eu perguntei quem fez? - Helena tremeu toda quando uma forte pancada com som metálico atingiu o altar e balançou o pequeno esconderijo onde se encontrava.
  14. - Não sei chefe, quando chegamos já estava aí - Erick dizia ao longe.
  15. Os passos pesados se aproximaram e um som de metal sendo batido contra o vidro inundou os ouvidos da pequena Helena escondida. Então um som também metálico, mas leve pode ser ouvido e ela se perguntava porque tinha deixado a redoma aberta, porque tinha tirado o colar do lugar, porque tinha desobedecido aquele envelope vermelho, porque duvidara dele. Agora estava sozinha a mercê da sorte, sem ninguém para ajudá-la.
  16. Era o fim.
  17. Estalou os dedos e duas labaredas pequenas e suaves apareceram de seus dedos. Eram leves e o calor que produziam era a única coisa na qual Helena podia se segurar para não cair nas lágrimas teimosas. A luz fraca que produziam iluminava o cubículo onde se encontrava, mas também iluminava aquele pequeno envelope vermelho, logo o que Helena não viu.
  18. Os passos pesados rodeavam o altar, e ele temia pelo pior. A voz dona desses passos voltou a falar.
  19. - Se já estava assim quando vocês chegaram, alguém entrou aqui. Vamos analisar as possibilidades. Aqueles lacaios sujos do Vanya provavelmente estiveram aqui para deixar esse envelope sem sentido, e provavelmente foram eles que estiveram aqui dentro e tentaram pegar esse colar precioso - ele andava, rodeava o altar deixando Helena com os nervos à flor da pele - Se deixou a redoma aberta, sem nem ter levado o prêmio, é porque foi pego no flagra. Meus lacaios - levantou a voz para que todos no enorme galpão ouvissem - seja lá quem tentou roubar-nos ainda está aqui. Procurem, e se acharem, eliminem.
  20. Passos ao longe foram ouvidos, mas o dono do rastro pesado parecia parado. Os segundos mortais cortavam a respiração de Helena e ela não conseguia imaginar como sairia dali. Os passos pesados se distanciaram um pouco e ela mudou de posição e viu aquele envelope vermelho vivo, escondido ali no cantinho.
  21. Pegou-o e o abriu e leu a letra suave e redonda que dizia "Aguente firme. Eu já chego aí". Sim, aquilo só podia ser escrito por Frank. Ele estava ali, em algum lugar, zelando pela segurança dela. Lembrou das noites anteriores quando sua cabeça estava no peito dele, a sensação quente daquele dia invadiu seu interior novamente aquecendo-a por dentro, mas não por muito tempo.
  22. Os passos pesados voltaram, e agora iam diretamente para a portinhola atrás do altar onde Helena colocava a mão na boca para não soltar nenhum grito. Esses passos, pesadamente peculiares iam exatamente para onde ela estava escondida, e ela sabia disso. Parou bem em frente a porta e disse por fim.
  23. - Te ache-ei - a voz estava tão perto que podia sentir seu bafo. Helena viu a portinhola se mover e as pontas finas de dedos feitos de metal e ferro pegarem a borda da porta, e bem lentamente abri-la.
  24. A carta estava errada, ela estava sozinha como sempre esteve. Não existiam super-heróis de verdade, era tudo uma mentira de criança. Helena já não conseguia acreditar em mais nada, nem em si mesma, como ia acreditar numa carta estúpida? Para que ela acreditasse em algo Frank tinha de chegar, mas chegar agora.
  25. - Mestre - uma voz ofegante e descompassada dizia ao longe, provavelmente na porta da frente - Tenho más notícias.
  26. - Mais essa ainda? - disse a voz ao lado de Helena, largando a porta e voltando toda sua atenção para a nova pesso que tinha acabado de chegar - Que foi Lira?
  27. - Lembra que deixamos um grupo cuidando do Vanya e etc?
  28. - Hã, o que tem?
  29. - O Lucas e a Lia morreram.
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